Ele disse que candidatura de Castro mostra que governo não interveio.
Mais cedo, Eliseu Padilha admitiu que Planalto trabalha por candidato único.
O presidente da República em exercício, Michel Temer, declarou nesta terça-feira (12) que a candidatura do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) à presidência da Câmara é uma demonstração de que o Palácio do Planalto "não entrou" na disputa pelo comando da Casa.
A declaração de Temer foi dada quatro horas após o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, ter declarado que o governo "está trabalhando" para que a base aliada apoie um candidato único na corrida na Câmara para evitar qualquer "divisão" entre os partidos.
"[A candidatura do Castro] é uma demonstração de que nós não entramos na disputa da Câmara", limitou-se a dizer o presidente em exercício, após ser questionado sobre se apoiaria Castro na disputa pela presidência da Casa.
Ex-ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, Castro votou contra o impeachment da presidente afastada.
Ele já havia registrado oficialmente a sua candidatura avulsa e agora conta com o apoio formal da bancada peemedebista.
Diante da proliferação de candidaturas e para tentar chegar a um nome de consenso, a bancada decidiu buscar um acordo para evitar um racha no partido de Temer.
Nas últimas semanas, com a possibilidade de o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciar à presidência da Câmara, o que se concretizou no último dia 7, Temer passou a ser procurado por parlamentares de diversos partidos em busca do apoio do Planalto às suas eventuais candidaturas.
Segundo relatos de assessores do presidente em exercício, Temer respondia, em todas as ocasiões, que não iria interferir no processo de eleição do novo presidente da Câmara. A avaliação do governo era a de que não podia "carimbar" o apoio a um candidato, o que poderia desgastar a relação do Executivo com partidos que integram sua base de apoio.
O Planalto passou a articular, contudo, nos bastidores, uma saída para evitar um racha na base e essa saída encontrada foi aconselhar os líderes partidários a chegar a um consenso por uma candidatura única. Nesta segunda (11), contudo, o governo passou a reconhecer que "dificilmente" a disputa será decidida no primeiro turno.
Embora o deputado Marcelo Castro seja do PMDB, partido do presidente em exercício e dos ministros responsáveis pela articulação política – Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) –, o Planalto tinha, pelo menos até esta segunda, os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) como favoritos para suceder Cunha.
Conforme assessores do governo, Rosso era visto, entre os dois, "com mais simpatia" pelo Planalto.
Base de apoio e 'medidas impopulares'
Durante um almoço com a Frente Parlamentar Agropecuária nesta terça, Temer voltou a dizer que faz um governo “quase semiparlamentarista” porque não há “uma matéria” enviada ao Congresso que não tenha sido discutida previamente com os parlamentares da base.
Durante um almoço com a Frente Parlamentar Agropecuária nesta terça, Temer voltou a dizer que faz um governo “quase semiparlamentarista” porque não há “uma matéria” enviada ao Congresso que não tenha sido discutida previamente com os parlamentares da base.
“E vocês sabem que, evidentemente, estou numa situação de interinidade, mas, às vezes, me esqueço disso e ajo como efetivo. Então, vou fazendo algo que me permite fazer a distinção entre o presidente da República e a Presidência da República. Uma coisa é o ocupante, outra é a instituição. Portanto, quando você assume, mesmo que interinamente, não pode deixar de executar as ações próprias da Presidência da República”, afirmou.
Temer acrescentou ainda que sua base de apoio no Congresso é “muito sólida”, mas que registra problemas “aqui e acolá, o que é natural”.
O presidente em exercício voltou a falar que tomará “mais à frente” as chamadas “medidas impopulares”, mas que, disse, “são a favor do povo, embora possam ser em desfavor momentâneo a determinado setor”.
Ao se referir a essas medidas “impopulares”, o presidente em exercício citou o déficit para a Previdência Social para o ano que vem, estimado pela equipe econômica em R$ 183 bilhões, e disse que é necessário adotar ações. “É um tema fácil? Não, não é”, disse. “Haverá resistência, mas esperamos que seja menor que aquela que costuma ocorrer em temas como este”, acrescentou.
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