sexta-feira, 15 de julho de 2016

Militares tentam golpe de Estado na Turquia; governo nega perda de poder

15/07/2016 16h55 - Atualizado em 15/07/2016 20h26

Primeiro-ministro diz que tentativa de golpe é de parte dos militares do país.

Aviões sobrevoam Ancara e tanques vigiam aeroporto de Istambul.

Do G1, em São Paulo
Militares da Turquia disseram nesta sexta-feira (15) em comunicado que assumiram o poder no país. O presidente Tayyip Erdogan disse à CNN turca, por telefone, que se trata de uma tentativa de revolta de uma minoria dentro das forças militares, um ato encorajado por uma “estrutura paralela” e que terá a resposta necessária.
Erdogan convocou o povo a ir às ruas. “Iremos superar isso”, afirmou. Ele disse ainda que aqueles que estão tentando um levante irão pagar preços altos na corte e que em um curto período de tempo a situação deve ser resolvida. O presidente disse também que está voltando para Ancara.
Caso a tentativa de derrubada de Erdogan, que governa a Turquia desde 2003, tenha sucesso, seria uma das maiores mudanças de poder no Oriente Médio nos últimos anos.
Segundo a imprensa internacional, o Exército está dividido, e há áreas dele que não apoiam a tentativa de golpe. O comandante das forças especiais da Turquia disse que “um grupo se envolveu em traição, eles não serão bem sucedidos, estamos a serviço do povo”. Ele disse ainda que as forças armadas não concordam com essas ações.
O comunicado dos militares diz que o poder foi tomado “em prol da ordem democrática” e que os direitos humanos vão permanecer. O comunicado diz ainda que todas as relações exteriores existentes vão continuar e que o respeito às leis deve ser prioridade.
O Ministro da Justiça turco diz que integrantes de um movimento que é leal ao clérigo opositor Fethullah Gulen, que mora nos EUA, organizaram a tentativa de golpe. Mas o grupo de Gulen disse condenar qualquer intervenção militar na política doméstica da Turquia.
A agência estatal Anadolu informou que 17 policiais foram mortos no quartel-general das forças especiais em Ancara.
Testemunhas disseram à Reuters que tanques abriram fogo contra o prédio do Parlamento turco e que helicópteros abriram fogo na agência nacional de inteligência. Um tiroteio foi ouvido também no aeroporto de Istambul e um helicóptero militar abriu fogo sobre Ancara.
Pessoas que protestam nas ruas sobem em tanques que se movem para tentar detê-los em Ancara, na Turquia (Foto: Burhan Özbilici/AP)Pessoas que protestam nas ruas sobem em tanques que se movem para tentar detê-los em Ancara, na Turquia (Foto: Burhan Özbilici/AP)
O primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, afirmou à emissora local NTV que o país sofre uma tentativa de golpe militar e que a ação está sendo levada a cabo por um grupo de militares "fora da cadeia de comando", mas que nada vai ameaçar a democracia turca. Ele afirmou que os responsáveis vão pagar "um alto preço".
Yildirim afirmou ainda que forças de segurança estão fazendo o necessário para resolver a situação. Ele pediu calma. “O governo eleito pelo povo continua no comando. Esse governo só sairá quando o povo disser”, disse.
Um pouco mais tarde, ele afirmou que prédios importantes estavam sendo cercados.
A população foi às ruas em várias cidades. Tiros foram ouvidos perto da Ponte do Bósforo, em Istambul (veja abaixo).
Invasão e pronunciamento na TV estatal
A emissora de televisão turca TRT foi tomada pelos militares. A rede foi tirada do ar. Jornalistas que estavam dentro do prédio relataram que tiveram os telefones confiscados
Uma jornalista leu um pronunciamento do grupo, dizendo que uma nova constituição vai ser preparada o antes possível. O comunicado diz também que o estado de direito foi erodido pelo governo atual e que o país agora está sendo comandado por um “conselho de paz”, que vão assegurar a segurança da população.
Mapa Turquia 2 (Foto: Editoria de Arte/G1)

Aeroporto fechado
Uma fonte de União Europeia disse que os militares tomaram o controle de aeroportos e outros pontos estratégicos em Istambul. Voos com destino a cidades da Turquia estão sendo desviados.
Um piloto disse à agência Reuters que todos os voos foram cancelados no Aeroporto Ataturk, o principal de Istambul e do país.
O acesso ao Facebook, ao Twitter e ao Youtube está restrito, afirmam grupos de monitoramento da internet.
A CNN diz ainda que reféns foram tomados em quartéis militares de Ancara. Segundo a agência estatal Anadolu, o chefe das Força Armadas está entre os reféns.
 
Pontes fechadas
Militares turcos fecham o acesso à Ponte do Bósforo em Istambul, na Turquia (Foto: Stringer/Reuters)Militares turcos fecham o acesso à Ponte do Bósforo em Istambul, na Turquia (Foto: Stringer/Reuters)
Aviões e helicópteros militares estão sobrevoando a capital, afirma a AFP. Testemunhas relataram à agência Reuters que houve um tiroteio na cidade. Segundo o jornal turco "Hurriyet", a polícia de Ancara convocou todo o pessoal em serviço.
Em Istambul, forças de segurança fecharam parcialmente as pontes do estreito de Bósforo. As duas pontes foram fechadas pela divisão do exército turco encarregada da segurança interna. A NTV mostrou também imagens de tanques na entrada do aeroporto de Istambul.
O presidente da Turquia Tayyip Erdogan fala com a imprensa no lobby de um hotel em Marmaris, na Turquia (Foto: Kenan Gurbuz/Reuters)O presidente da Turquia Tayyip Erdogan fala com a imprensa no lobby de um hotel em Marmaris, na Turquia (Foto: Kenan Gurbuz/Reuters)
Segundo a NBC, a base militar dos EUA em Incirlik recebeu ordem de ampliar sua proteção e teve todas as suas missões paralisadas.
Autoridades dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Israel e Rússia alertaram seus cidadãos que estão na Turquia a não deixarem suas casas e hotéis.
A Casa Branca disse que Obama está sendo informado da situação na Turquia e vai receber atualizações periódicas.
O Ministro das Relações Extreriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que o derramamento de sangue deve ser evitado na Turquia e que qualquer assunto deve ser resolvido dentro da estrutura da constituição.
O chefe da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo por calma na Turquia e afirmou que as Nações Unidas estão tentando esclarecer a situação.
Apoiadores do presidente Recep Tayyip Erdogan protestam na frente de soldados na praça Taksim em Istambul, na Turquia (Foto: Emrah Gurel/AP)Apoiadores do presidente Recep Tayyip Erdogan protestam na frente de soldados na praça Taksim em Istambul, na Turquia (Foto: Emrah Gurel/AP)

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