sábado, 2 de julho de 2016

Grupo cobra que Kroton preserve preço e metodologia da Estácio

- Atualizado em 

Fusão anunciada dia 1° resultará em uma empresa com quase 1,6 milhões de universitários. Negócio só será fechado após aprovação do Cade.

Por Mariana Nogueira*Do G1, em São Paulo
A entidade estudantil que representa alunos e ex-alunos da Estácio de Sá cobra a manutenção da atual política de reajuste das mensalidades e da metodologias de ensino da universidade caso seja efetivada a fusão anunciada entre Kroton e Estácio , líder e vice-líder no mercado de ensino superior no país.

Segundo ele, a Kroton ouviu e aceitou a série de reivindicações feitas por alunos e ex-alunos em carta. O grupo teria sinalizado, segundo ele, em aceitar os pedidos feitos pela Fenede para o período de transição, preservando direitos dos atuais alunos.
Victor Travancas, advogado constitucionalista e presidente da Federação Nacional de alunos e ex-alunos da Estácio Participações (Fenede), aponta que a associação de alunos deu parecer favorável à fusão e avalia um cenário positivo com a mudança. 
O negócio divulgado nesta sexta-feira (1º) depende, entre outros pontos, da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Além da liderança no mercado interno, a fusão ainda vai consolidar a Kroton como a maior empresa educacional do mundo .
Modelos de gestão 
Travancas afirma que os alunos da Estácio não devem se preocupar com futuras mudanças que a fusão pode causar, como por exemplo, no modelo de gestão, pois ambos os padrões são “extremamente” parecidos.
Segundo o presidente da entidade, ambas trabalham com capital pulverizado e têm como “finalidade o lucro”. Já os sistemas de educação são próprios.
“Caso haja alguma alteração no sistema educacional, reivindicamos que esse sistema só possa ser novo com os novos alunos. A Kroton falou que irá manter o sistema da Estácio”, diz Travancas.
Mensalidades 
Quanto à política de reajuste de mensalidade, o grupo Kroton concordou, segundo ele, que a manutenção do reajuste semestral das atuais mensalidades não seja superior ao maior índice usado pela Estácio nos últimos dois semestres anteriores à fusão.
De acordo com ele, o novo presidente da Estácio, Chaim Zaher, empossado no mês de junho, não aceitou conversar com a Federação, única entidade legalizada estabelecida na Estácio. “Ele está mais preocupado em vender a universidade do que em criar contato com os alunos. Ficamos muito chateados. Já a Kroton tem dialogado com os estudantes e eles estão tentando fazer uma proposta de acordo com o que os alunos querem”, afirma Victor.
Segundo ele, a Estácio não travou diálogo com os alunos, apenas com o mercado, e isso está gerando desconforto nos estudantes.
Em relatório de posicionamento dos alunos e ex-alunos, a associação entidade exige que o nome da Universidade Estácio de Sá seja mantido. Porém, Travancas afirma que muitos alunos estão sendo manipulados por grupos envolvidos na disputa para acreditar que o nome possa ser mudado e que a fusão seja insatisfatória aos alunos.
“Do ponto de vista legal, a mudança de nome é praticamente impossível. São apenas boatos. A Kroton é uma multimarca e todas as universidades que eles já compraram mantiveram o nome”, diz.
Marca e posicionamento 
A Kroton tem operações de ensino presencial mais concentradas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, e é a responsável pelas marcas Anhanguera, Fama, LFG, Pitágoras, Unic, Uniderp, Unime e Unopar. Já a Estácio possui campi em todos os Estados do Nordeste e em alguns da região Norte, e opera no mercado basicamente com a marca Universidade Estácio de Sá.
A Kroton, que já era a maior empresa de educação superior privada do país, encerrou março com 1,01 milhão de alunos, enquanto a Estácio, segunda maior do setor, tinha base total de 588 mil estudantes. A Unip tinha cerca de 350 mil alunos.
Travancas é enfático ao colocar que se qualquer reivindicação for descumprida, a entidade estará preparada para defender os alunos. “Nós temos como nos defender. Sabemos das dificuldades de estudar em uma faculdade particular”, afirma.
O presidente avalia que o “verdadeiro motivo” para a Kroton fechar o acordo com a Estácio é se estabelecer no Rio de Janeiro. “Eles não vêm para destruir e, sim, para investir. Claro que eles querem lucro. Mas eles podem gerar lucro com bons produtos.”
Segundo ele, o atual Centro Acadêmico da Estácio do Rio de Janeiro não tem um espaço de convivência e que o grupo Kroton se comprometeu a criá-lo. “Temos que parar de tratar empresário com pessimismo”, diz.
Travancas reconhece que a racionalização de recursos deve ser uma preocupação da sociedade como um todo. “A abertura do capital permitiu e fez crescer o investimento educacional e cabe a sociedade controlar isso”, afirma.
(*Sob supervisão de Ardilhes Moreira) 

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