sexta-feira, 1 de julho de 2016

Beto Mansur diz que Cunha está cada vez mais perto de renunciar à presidência 1º secretário da Casa acha que deputado pode tomar posição na próxima semana, quando se completam dois meses do seu afastamento pelo STF. Intenção é deixar cargo para evitar cassação

GUSTAVO LIMA/CÂMARA DOS DEPUTADOS
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De acordo com Mansur, Cunha está estudando a possibilidade de renunciar na próxima semana
Brasília – O 1º secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), confirmou hoje (30) especulações dos últimos dias feitas por peemedebistas de que o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está mais próximo de renunciar ao cargo. Segundo Mansur, o deputado afastado está estudando a possibilidade de fazer este anúncio na próxima semana, quando serão completados dois meses da determinação do seu afastamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A renúncia de Cunha está sendo articulada há meses pelos colegas mais próximos dele, mas o parlamentar vinha se mantendo relutante. Caso aconteça, ele deixará apenas o cargo de presidente da Câmara, conforme explicou Beto Mansur. “Eduardo Cunha pode abrir mão da presidência, mas já disse que não abrirá mão da vaga de deputado, pois quer garantir o seu mandato até o final”, afirmou.
A declaração do 1º secretário foi a primeira confirmada por um parlamentar considerado mais próximo a Cunha. Ex corregedor-geral da Câmara e ocupando a 1ª Secretaria pela segunda vez, Mansur é considerado um parlamentar experiente e bom conhecedor das normas regimentais da Casa. Ele tem tido seu nome cotado como um dos possíveis candidatos à sucessão do deputado afastado na presidência da Câmara.

Trapalhadas de Maranhão

As articulações em curso têm dois objetivos: primeiro, afastar de vez da presidência o presidente interino, Waldir Maranhão (PR-MA), que se envolveu em várias trapalhadas desde que assumiu o cargo. A mais recente foi a decretação de uma espécie de recesso branco esta semana, para que os deputados pudessem ficar direto nas festas juninas dos seus estados para, logo em seguida, recuar e fazer uma convocação aos deputados, de emergência, para realização de duas sessões com pauta cheia na Câmara. Como o recesso branco já tinha sido determinado, não houve quórum suficiente para que as sessões ocorressem – e a confusão foi considerada mais um motivo pelo qual Maranhão não pode presidir a Casa.
O outro assunto é de desgaste do Legislativo em si. Parlamentares de várias legendas acham que o assunto Eduardo Cunha já desgastou a Câmara mais do que o limite esperado e é preciso definir, o quanto antes, como ficará a sucessão dele na presidência. De acordo com Beto Mansur, caso Cunha renuncie, o regimento interno da Casa estabelece prazo de cinco sessões plenárias para ser feita a eleição de um novo presidente.
O parlamentar que assumir a presidência, no entanto, terá um mandato tampão de pouco mais de seis meses, uma vez que em fevereiro haverá nova eleição para a presidência da Casa.

Encontro com Temer

Eduardo Cunha, que na semana passada disse, em entrevista coletiva, que não renunciaria de forma alguma, tem mandado cada vez mais acenos para os colegas no sentido contrário, conforme informações de bastidores. Ele conversou com o presidente interino Michel Temer, no último domingo, numa reunião secreta que terminou sendo vazada para a imprensa. Segundo contaram alguns deputados ligados ao governo provisório, o próprio Palácio do Planalto está trabalhando no sentido de convencê-lo a renunciar.
Na avaliação de políticos do PT, Psol, Rede e PCdoB há poucas possibilidades, atualmente, de o deputado escapar da cassação, mesmo deixando a presidência da Câmara para tentar negociar sua manutenção no mandato.
“Em se tratando de Eduardo Cunha, esperamos que ele tente fazer manobras até o fim, embora consideremos que a estratégia de evitar a cassação seja tardia. A cassação está cada vez mais selada”, disse Chico Alencar (Psol-RJ), autor do pedido de representação contra Cunha no Conselho de Ética.

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