sábado, 8 de agosto de 2015

Deputado tucano: “Se Dilma antecipar eleições, ficará melhor na história”

Marcus Pestana em audiência na Câmara. / A. LOYOLA - PSDB
Tido como um dos parlamentares mais próximos da cúpula nacional do PSDB e do ex-candidato à presidência Aécio Neves, o deputado federal mineiro Marcus Pestana se tornou um dos porta-vozes da ideia de que o Brasil precisa passar por nova eleição presidencial. O caminho, que provocou polêmica até entre os tucanos, beneficiaria, em tese, Aécio, por causa da proximidade das eleições do anos passado. Ex-presidente do diretório do PSDB em Minas Gerais, e ex-secretário de Saúde da gestão Aécio Neves, Pestana tem conversado com lideranças de outras legendas, como o PMDB, para que também defendam essa proposta. A ideia é forçar a presidenta Dilma Rousseff (PT) a antecipar as próximas eleições o que, na visão do tucano, ajudaria a preservar a imagem dos oposicionistas da pecha de "golpistas". "Sentimos que, se ela for afastada com base nas pedaladas fiscais, vai passar para a população a imagem de que houve um conchavo político. Aí, o PT se vitimiza, diz que foi golpe. Não é o melhor caminho. Por isso, nós do PSDB defendemos que um novo Governo surja por meio das urnas."
Resposta. O ambiente está muito confuso e as versões ficam muito confusas. Tem uma crise gravíssima, com recessão, desemprego, estrangulamento fiscal, desindustrialização, crise econômica aguda, desorganização de alguns setores. Tem uma Lava Jato que é uma caixa de Pandora, que parece que se se abrir, cai a máquina estatal toda. Tem uma crise política que se materializou nesta semana e, misturada com a prisão do José Dirceu, faz com que Brasília, se transforme num caldeirão de conspirações.Pergunta. Quais são as alternativas para a crise política?
P. Muitas delas vindas da própria Câmara dos Deputados.
R. Sim. No plenário da Câmara parecia que a Dilma ia cair na semana que vem. O Governo perdeu o respeito. Perdeu a credibilidade. Parece que nem existe mais. Além disso, há uma constatação generalizada entre as lideranças políticas e empresariais de que a Dilma não dá conta de tirar o país desta crise.
P. E você é um dos defensores dessa tese?
R. Não só eu. Nove entre dez pessoas pensam assim. Não é um posicionamento, é uma constatação.
Sentimos que, se ela for afastada com base nas pedaladas fiscais, vai passar para a população a imagem de que houve um conchavo político. Aí, o PT se vitimiza, diz que foi golpe. Não é o melhor caminho. Por isso, nós do PSDB defendemos que um novo Governo surja por meio das urnas
P. Então, o que fazer?
R. Temos três hipóteses. Uma é o afastamento dela. A outra é viver mais três anos melancólicos em uma crise aguda, com o país perdendo os trilhos. Ou, a terceira hipótese, ela mesma ter a lucidez, a clareza de administrar sua própria transição, que seria menos traumática. Ela poderia ter a clareza e admitir que perdeu as bases para a governabilidade e convocar as lideranças políticas.
P. O que seria administrar sua própria transição? Uma renúncia?
R. Ela poderia antecipar o calendário eleitoral. Ela sairia melhor para a história do que se for afastada. Mas isso ainda não quer dizer que ela será afastada nem que ela vá antecipar a eleição. Agora, pode ser muito ruim para o país ficar três anos e meio com uma Dilma governando aos farrapos e o Brasil perdendo oportunidades, agravando sua crise estrutural. Achamos que uma crise deste tamanho, só um governo eleito, ungido pelas ruas tem condição de enfrentá-la. Sentimos que, se ela for afastada com base nas pedaladas fiscais, vai passar para a população a imagem de que houve um conchavo político. Aí, o PT se vitimiza, diz que foi golpe. Não é o melhor caminho. Por isso, nós do PSDB defendemos que um novo Governo surja por meio das urnas. Uma nova eleição permitiria o PT de concorrer e, quem sabe, até ganhar a eleição.
P.  Vocês já a compartilharam com outros partidos? Qual foi a recepção deles?
R. Já falamos com o PPS, Democratas, PMDB, todos os grandes. Está todo mundo perplexo e preocupado. Todos sabem que precisamos construir alternativas. Há muitas coisas para acontecer nas próximas semanas. É preciso discutir a crise, porque até o momento o Governo não vinha fazendo isso. Iniciou um ajuste e cometeu um estelionato eleitoral.

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