segunda-feira, 24 de agosto de 2015

24/08/2015 10h26 - Atualizado em 24/08/2015 16h22 Bovespa chega a cair quase 6%, acompanhando exterior Índice voltava aos seus menores níveis de abril de 2009. Bolsa é puxada por temor de que economia chinesa esteja desacelerando.

O principal índice da Bovespa chegou a recuar quase 6% no começo do pregão desta segunda-feira (24), voltando aos seus menores níveis de abril de 2009, puxado pelo temor global de que a economia chinesa esteja em desaceleração. O comportamento da bolsa brasileira acompanha o dos mercados do exterior, como os da Europa e dos Estados Unidos.
Na sexta-feira (21), o Ibovespa recuou 1,99%, a 45.719 pontos. Foi o menor patamar de fechamento desde março de 2014. Na semana passada, a bolsa caiu 3,77%.Às 16h20, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de São Paulo, caía 3,27%, a 44.224 pontos. Veja cotação.

A Bovespa reduziu as perdas após a forte queda inicial. "A queda foi abrupta demais e, na medida em que as bolsas americanas recuperaram um pouco, isso sinalizou para os operadores que o problema não era tão agudo quanto a reação inicial. Isso não significa que está tudo bem: apenas uma acomodação", explicou o professor Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em entrevista ao G1.
China
A forte queda na Bovespa é influenciada pela desaceleração das bolsas asiáticas nesta segunda-feira, que fecharam em forte baixa preocupadas com a desaceleração da economia chinesa, apesar dos esforços das autoridades para tentar tranquilizar os investidores.
Na China, as bolsas de Xangai e Shenzhen desabaram mais de 8% cada nesta sessão, reforçando o quadro de preocupações com a segunda maior economia do mundo, que vem afetando o apetite por ativos de risco.
Principais quedas
Perto do mesmo horário, a Vale perdia mais de 7% nas ações preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) e mais de 6% nas ordinárias (com direito a voto).

Já a Petrobras caía mais de 4% nas preferenciais e 3% nas ordinárias.

As ações de ambas as empresas chegaram a desvalorizar mais de 9% durante o pregão, em meio ao declínio acentuado dos preços do petróleo no exterior e temores de que desaceleração na China traga impactos relevantes sobre o preço das commodities. Os preços do minério de ferro na China recuaram nesta segunda-feira, com os contratos futuros atingindo limite diário de queda.
Outras empresas que tinham forte queda eram Gol, OI, TIM, Gerdau, Braskem, Usiminas, Siderúrgica Nacional, Rumo Logística e Embraer.
David Vadala perapara para o dia de negócios no saguão da bolsa de valores de Nova York (Foto: Richard Drew/AP)Homem prepara o dia de negócios no saguão da bolsa de valores de Nova York. Wall Street abriu em queda nesta segunda (Foto: Richard Drew/AP)
Motivos
"Todos os dados de atividade da economia chinesa apontam para uma desaceleração maior do que vem indicando o PIB (Produto Interno Bruto) oficial. E essa é a grande questão de fundo por trás dessa deterioração do mercado acionário", disse o analista Marco Aurelio Barbosa, da CM Capital Markets.

A decisão chinesa de permitir que fundos de pensão administrados por governos locais invistam no mercado acionário pela primeira vez não trouxe alívio ao mercado. Conforme nota do Credit Suisse, havia expectativa de corte da taxa de depósito compulsório dos bancos chineses para estimular a economia, o que não aconteceu.

Entre as commodities, o minério de ferro caiu 4% na China e o petróleo perdia cerca de 5%.
Em nota a clientes, Barbosa, da CM Capital Markets, escreveu que as medidas do governo chinês visam estancar o pânico entre investidores pessoas físicas e evitar o contágio da economia real pela perda de lastro para o consumo devido à redução da poupança.

"O que vem ocorrendo é que as medidas de 'socorro' à bolsa (chinesa) vêm afastando os poupadores e atraindo mais especulação. Há uma sensação de que o governo chinês está perdendo o controle da situação", afirmou.

O Credit Suisse destacou que o movimento recente do banco central da China de desvalorizar o iuan levou a um choque negativo no apetite de risco e, em caso de piora, poderia afetar negativamente também o crescimento global.

Na cena local, era visto como novo elemento de incerteza a decisão do vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, de pedir investigação das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff, assim como o risco de saída do vice-presidente Michel Temer da articulação política.

EUA e Europa
As bolsas nos Estados Unidos protagonizavam uma dramática recuperação após as mínimas desta segunda-feira, ajudadas por uma recuperação nas ações da Apple, mas os principais índices acionários permaneciam em território de correção ou perto dele, em meio a receios sobre a desaceleração do crescimento da China.

O Dow Jones chegou a perder mais de 1 mil pontos nesta sessão, a maior perda em pontos de sua história. O Dow Jones nunca tinha caído mais de 800 pontos em um dia.

Às 13h45 (horário de Brasília), o índice Dow Jones caía 0,7%, a 16.329 pontos, com os investidores em busca de barganhas. O S&P 500 recuava 1%, a 1.950 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq operava em baixa de 0,43%, a 4.685 pontos.

"Os fundamentos dos EUA são fortes, e assim como a confiança pode ir embora, ela pode voltar rapidamente se os fundamentos são sólidos", disse o diretor de investimentos da Commonwealth Financial Network, Brad McMillan.

"Investidores estão começando a olhar as coisas racionalmente e ver que as coisas não estão tão ruins e começando a comprar ações como as da Apple."

As ações da Apple, que chegaram a cair 13%, reverteram o rumo e subiam cerca de 1,9%.

A alta da Apple ajudou os índices Nasdaq e o S&P 500 a voltarem de níveis que os teriam colocado no território de correção. Um índice é considerado em território de correção quando fecha 10% abaixo de sua máxima em 52 semanas.
Na Europa, o índice FTSEurofirst 300 fechou com queda de 5,44%, a 1.349 pontos e perdeu cerca de € 450 bilhões (521,42 bilhões de dólares) em valor de mercado -- pior performance de fechamento desde novembro de 2008.

O índice chegou a cair 7,8% durante a sessão, maior queda intradia desde outubro de 2008, pouco depois da falência do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers. O termômetro fechou acima das mínimas mas permaneceu em vias de marcar a pior queda mensal desde 2002. Seu valor de mercado diminuiu em mais de um trilhão de euros desde o início do mês.

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