O curta-metragem " USP 7%" fará sua pré-estreia nesta segunda-feira (13) no Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo (veja o trailer no vídeo acima). O documentário que debate o racismo e luta pela reserva de vagas na USP surgiu da observação de dois ex-alunos da universidade que constataram que os estudantes negros são minoria no universo acadêmico. Em 15 minutos, o filme traz o relato de quatro pessoas negras que levantam discussões sobre o papel do negro na sociedade.
O objetivo do filme é dar visibilidade à questão dos negros na USP e à dificuldade do acesso. “Olhando o filme e parando para pensar, nós vemos que o problema sempre é com o ingresso. Seja para entrar em um prédio, para ter um espaço no prédio ou mesmo para passar no vestibular”, define o diretor.Bruno Bocchini, de 35 anos, é um dos diretores do filme. Ele explica que o interesse pelo tema apareceu quando viu em uma pesquisa do IBGE que 2,4% dos calouros eram pretos e 11,3%, pardos. “Ou seja, uma das principais universidades do país tinha menos de 15% de negros. Fizemos um recorte e vimos que 7% vinha de escola pública”, destaca.
Histórias
Uma das histórias apresentadas no documentário é da estudante Mônica Gonçalves. Em 2014, ela foi impedida de entrar no prédio da Faculdade de Medicina da USP, mesmo apresentando sua carteirinha de aluna. “Ela mostra como é ser negro na USP e quais coisas fazem ela sentir que não é bem vinda ali”, afirma Bocchini.
Fernanda Moreira também relata sua experiência. Filha de uma faxineira que trabalha na universidade, é uma das alunas do cursinho pré-vestibular mantido pelo Núcleo de Consciência Negra. “Ela é uma vestibulanda que está tentando fazer parte de uma faculdade. No filme, quando ela começa a falar, chora”, relata.
Uma das histórias apresentadas no documentário é da estudante Mônica Gonçalves. Em 2014, ela foi impedida de entrar no prédio da Faculdade de Medicina da USP, mesmo apresentando sua carteirinha de aluna. “Ela mostra como é ser negro na USP e quais coisas fazem ela sentir que não é bem vinda ali”, afirma Bocchini.
Fernanda Moreira também relata sua experiência. Filha de uma faxineira que trabalha na universidade, é uma das alunas do cursinho pré-vestibular mantido pelo Núcleo de Consciência Negra. “Ela é uma vestibulanda que está tentando fazer parte de uma faculdade. No filme, quando ela começa a falar, chora”, relata.
Também participam do filme Luís Carlos e Regina Lúcia, antigos militantes, que falam sobre a ocupação, nos anos 80, do barracão onde hoje funciona o Núcleo de Consciência Negra e sobre os caminhos que o movimento negro fez para se firmar dentro da universidade.
Meritocracia x desigualdade
Embora o documentário não seja sobre cotas, elas fazem parte do filme. “Fala-se muito sobre as cotas e a importância da meritocracia, mas só existe mérito quando há pé de igualdade. A meritocracia do vestibular só seria válida se todos tivessem tido as mesmas condições de vida”, afirma Bocchini, que acrescenta que a solução seria educação de qualidade para todos, mas que as cotas são uma medida paliativa.
Embora o documentário não seja sobre cotas, elas fazem parte do filme. “Fala-se muito sobre as cotas e a importância da meritocracia, mas só existe mérito quando há pé de igualdade. A meritocracia do vestibular só seria válida se todos tivessem tido as mesmas condições de vida”, afirma Bocchini, que acrescenta que a solução seria educação de qualidade para todos, mas que as cotas são uma medida paliativa.
Em 2012, o governo federal publicou o decreto que regulamenta a lei que garante a reserva de 50% das vagas nas universidades federais, em um prazo progressivo de até quatro anos, para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas. O critério de seleção será feito de acordo com o resultado dos estudantes no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
A USP não faz reserva de vagas, mas adota no seu vestibular, organizado pela Fuvest, uma política de bônus para alunos de escolas públicas que pode chegar a 15% da nota. E mais 5% para os que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas.
O G1 entrou em contato com a reitoria da USP para falar sobre as histórias relatadas no filme, mas a universidade não quis se pronunciar sobre o assunto.
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