Escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça dentro da Operação Zelotes, da Polícia Federal, revelam como funcionava o suposto esquema de venda de decisões dentro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Em um dos telefonemas gravados, um dos conselheiros do órgão, Paulo Roberto Cortez, diz que o Carf se transformou em um "balcão de negócio."
No áudio, Cortez diz: "[...] tem que acabar com o Carf imediatamente [...] tem que fechar aquilo, mudar, vai pro judiciário, não pode, não pode isso aí. Virou balcão de negócio. É de dar vergonha, cara".
No áudio, Cortez diz: "[...] tem que acabar com o Carf imediatamente [...] tem que fechar aquilo, mudar, vai pro judiciário, não pode, não pode isso aí. Virou balcão de negócio. É de dar vergonha, cara".
Segundo as investigações, conselheiros suspeitos passavam informações privilegiadas de dentro do Carf para “escritórios de assessoria, consultoria ou advocacia.” Pelo menos 24 conselheiros, ex-conselheiros, advogados e lobistas são investigados na
Operação Zelotes.
Esses escritórios, apontam as investigações, procuravam empresas multadas pela Receita Federal e prometiam controlar o resultado dos julgamentos de recursos. Para isso, a PF diz que além de promover tráfico de influência, o grupo corrompia conselheiros envolvidos com o julgamento dessas multas e manipulava o andamento dos processos com a venda de pedidos de vista ou alteração da pauta de julgamentos.
Muitas dessas consultorias, ainda segundo as investigações, tinham como sócios conselheiros e ex-conselheiros do Carf. A PF suspeita que, em troca dessas facilidades, empresas multadas pagavam propina. Segundo os investigadores, boa parte dos supostos honorários pagos pelas empresas a título de consultoria era, na verdade, repasse de propina.
A PF diz que há indícios de que conselheiros e ex-conselheiros do Carf também receberam dinheiro. De acordo com um relatório da Polícia Federal, em um telefonema Paulo Roberto Cortez e um sócio comentam que um ex-conselheiro “teria se corrompido para decidir a favor de um banco.”
Ele relata ainda que esse mesmo ex-conselheiro, para evitar chamar a atenção no aeroporto, chegou a voltar de ônibus de São Paulo para Brasília com uma “mala cheia de dinheiro”, de acordo com a PF.
No áudio captado pelas investigações, Cortez diz: "Entendeu? Você entendeu o espírito da coisa?" O sócio responde "No aeroporto, como é que vai justifica uma mala cheia de dinheiro?"
Em outro trecho gravado, Cortez explica como agia a suposta organização criminosa.
"Quem paga imposto é só os coitadinho, quem não pode fazer acordo, acerto. [...] eles tão mantendo absurdos lá contra os pequenininho e esses grandões aí tão passando tudo livre, tudo isento de imposto, é só pagar, passa."
Segundo a Polícia Federal, Cortez chegou a ser sócio do advogado José Ricardo da Silva, ex-conselheiro. José Ricardo é filho de Eivany Antonio da Silva, que teve sociedade com o conselheiro Jorge Victor Rodrigues numa consultoria. Todos são investigados.
As decisões suspeitas reduziram ou anularam mais de R$ 5 bilhões em multas e débitos de empresas. A Operação Zelotes apreendeu R$ 800 mil na casa de Leonardo Manzan, ex-conselheiro do Carf e genro do ex-presidente do órgão, Otacílio Cartaxo, que também já ocupou o cargo de secretário da Receita Federal e é citado em conversas dos investigados.
Procurada, a defesa de Manzan afirmou que o dinheiro é proveniente de honorários advocatícios
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Operação Zelotes.
Esses escritórios, apontam as investigações, procuravam empresas multadas pela Receita Federal e prometiam controlar o resultado dos julgamentos de recursos. Para isso, a PF diz que além de promover tráfico de influência, o grupo corrompia conselheiros envolvidos com o julgamento dessas multas e manipulava o andamento dos processos com a venda de pedidos de vista ou alteração da pauta de julgamentos.
Muitas dessas consultorias, ainda segundo as investigações, tinham como sócios conselheiros e ex-conselheiros do Carf. A PF suspeita que, em troca dessas facilidades, empresas multadas pagavam propina. Segundo os investigadores, boa parte dos supostos honorários pagos pelas empresas a título de consultoria era, na verdade, repasse de propina.
A PF diz que há indícios de que conselheiros e ex-conselheiros do Carf também receberam dinheiro. De acordo com um relatório da Polícia Federal, em um telefonema Paulo Roberto Cortez e um sócio comentam que um ex-conselheiro “teria se corrompido para decidir a favor de um banco.”
Ele relata ainda que esse mesmo ex-conselheiro, para evitar chamar a atenção no aeroporto, chegou a voltar de ônibus de São Paulo para Brasília com uma “mala cheia de dinheiro”, de acordo com a PF.
No áudio captado pelas investigações, Cortez diz: "Entendeu? Você entendeu o espírito da coisa?" O sócio responde "No aeroporto, como é que vai justifica uma mala cheia de dinheiro?"
Em outro trecho gravado, Cortez explica como agia a suposta organização criminosa.
"Quem paga imposto é só os coitadinho, quem não pode fazer acordo, acerto. [...] eles tão mantendo absurdos lá contra os pequenininho e esses grandões aí tão passando tudo livre, tudo isento de imposto, é só pagar, passa."
Segundo a Polícia Federal, Cortez chegou a ser sócio do advogado José Ricardo da Silva, ex-conselheiro. José Ricardo é filho de Eivany Antonio da Silva, que teve sociedade com o conselheiro Jorge Victor Rodrigues numa consultoria. Todos são investigados.
As decisões suspeitas reduziram ou anularam mais de R$ 5 bilhões em multas e débitos de empresas. A Operação Zelotes apreendeu R$ 800 mil na casa de Leonardo Manzan, ex-conselheiro do Carf e genro do ex-presidente do órgão, Otacílio Cartaxo, que também já ocupou o cargo de secretário da Receita Federal e é citado em conversas dos investigados.
Procurada, a defesa de Manzan afirmou que o dinheiro é proveniente de honorários advocatícios
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