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Chérif Kouachi nasceu a 29 de novembro de 1982, em Paris, e também responde pelo nome de Abu Issen. É um velho conhecido das autoridades francesas. Saïd Kouachi, dois anos mais velho (7 de setembro de 1980) deu menos nas vistas. Mas como é que estes dois descendentes de argelinos, nascidos em Paris e criados em Rennes, chegam à redação do Charlie Hebdo, onde, alegadamente, foram responsáveis pelo ataque que matou 12 pessoas e feriu outras onze?
Os irmãos Kaouchi perderam os pais muito cedo. Daí que se perceba o percurso errante, sobretudo do mais novo. Chérif passou por diversos empregos antes de se converter ao radicalismo. De entregador de pizas a instrutor defitness. Em 2005 chegou mesmo a aparecer na televisão francesa na pele de rapper. Pouco tempo depois de se mudar para Paris, na altura com cerca de 18 anos, foi preso por tráfico de droga e roubo. Contam, aliás, que também gostava de as fumar.
De acordo com a informação avançada, Chérif terá residência em Gennevilliers, onde vive com a mulher. Durante as buscas a sua casa, a polícia terá encontrado vídeos com conteúdo associado a atividades radicais terroristas, bem como pornografia infantil (informação foi difundida pelo Le Point).
As ligações de Chérif à Al Qaeda e outros grupos de células com atividade terrorista eram conhecidas e vigiadas pelas autoridades. As referências a atos criminosos dos dois irmãos são acompanhadas desde há dez anos, antes de terem ligações a atividades terroristas.
De Saïd, o mais velho, pouco se sabe. Há referência que tinha residência na localidade de Reim, partilhada com a presumível companheira e dois filhos menores
Não há ainda confirmação a qual célula ou grupo estes irmãos pertencem, embora testemunhas garantam que os suspeitos terão alegado pertencer à célula da Al Qaeda no Iemen (esta célula é liderada por Nasser Abdul Karim Al-Wuhayshi, antigo discípulo de Osama Bin Laden).
Importa referir que a França tem a maior comunidade muçulmana da Europa, com cerca de 5 milhões de pessoas.
CRONOLOGIA 
  • 2003 - Presumível ano em que os irmãos se radicalizaram, logo após a segunda Guerra do Iraque.
  • 2005 - O The New York Times noticia a detenção de Chérif, na altura com 22 anos. À data, quando questionado sobre as suas motivações, Chérif referiu que o fazia para vingar os abusos cometidos aos prisioneiros de Abu Ghraib. Embora não tenha negado a sua intenção de lutar no Iraque, confessou que começava a duvidar da decisão de o fazer.
  • 2005 - O Liberation publicava um artigo em que mostrava Chérif como um muçulmano não devoto, referindo que não seguia os preceitos da religião (do seu dia-a-dia fazia parte o consumo de álcool e canábis, ambos proibidos pela religião).
  • 2008 - A Associated Press noticiava a detenção de Chérif Kouachi. Alegadamente, este preparava-se para embarcar para a Síria com a intenção de treinar e combater no Iraque. Junto com outros dois detidos, Chérif foi sentenciado a três anos, que se traduziram em apenas 18 meses. Foram acusados de atividades terroristas.
  • 2010 - Chérif e Saïd foram associados a um outro radical islamita, Smain Ait Ali Belkacem (membro do Grupo Islâmico Armado Argelino). Este foi sentenciado a prisão perpétua em 2002 por envolvimento num atentado à estação de metro parisiense em 1995, do qual resultaram 30 feridos. Embora Chérif tenha ficado detido durante quatro meses as acusações de associação caíram por falta de provas.
  • 2014 - Um antigo associado de Chérif apareceu num vídeo de propaganda do Estado Islâmico, o que poderá indiciar a ligação dos irmãos ao autoproclamado grupo do EI.