MP vai apurar se comandante do Choque cometeu crime de incitação ao nazismo
O procurador de Justiça Marcio Mothé, coordenador de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual, vai solicitar à Central de Inquéritos do órgão que investigue se o coronel Fábio Souza de Almeida, comandante do Batalhão de Choque, e outros policiais - entre eles oficiais - cometeram o crime de incitação ao nazismo. Em conversas num grupo do WhatsApp, os agentes fazem referências e mostram simpatia ao regime autoritário alemão. Nas mensagens, eles defendem a “caça” aos chamados peito de ladrilho - policiais que não possuem cursos especiais e classificam-se como uma “raça pura e sem defeitos”.
- É lamentável, em pleno século 21, se deparar com tamanha violação ao estado democrático de direito. É preciso impor limites à PM - comentou Mothé.
Ex-presidente da Federação Israelita do Rio e ex-vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil, Osias Wurman, diz que independente de quem seja, alguém que pregue o nazismo está cometendo um crime:
- As referências ao nazismo destoam de toda a comunidade do Rio e do Brasil. Venha de quem vier a declaração, práticas, exemplos, símbolos, referências, tudo isso é crime federal, inafiançável e imprescritível.
Nas conversas, o coronel Fábio ainda defende o uso da violência contra manifestantes, durante os protestos no Rio, além de ironizar e criticar a gestão do coronel Márcio Rocha, que o sucedeu após sua primeira passagem pelo Choque, em agosto de 2013. Os diálogos foram anexados ao Inquérito Policial Militar que investiga um atentado no qual 14 tiros foram disparados contra o prédio de Rocha, em janeiro de 2014, cinco meses após ele ter assumido a unidade. Os diálogos que estão no inquérito ocorreram entre dezembro de 2013 e janeiro do ano seguinte.
Na época dos diálogos, coronel Fábio era comandante do Bope, para onde foi após sua exoneração do Choque. Lá, ficou até março do ano passado, quando chegou ao conhecimento do comando da PM o conteúdo das conversas envolvendo o oficial. O oficial foi então transferido para a escolta do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.
O coronel Luís Castro, que era comandante da PM à época, disse nesse domingo ao site da Revista “Veja” que na ocasião avisou a Beltrame sobre a existência da troca de mensagens entre o coronel Fábio e outros policiais.
— Quando tomei conhecimento do fato determinei a abertura de um procedimento apuratório e a substituição do coronel Fábio no Bope. Depois estive pessoalmente na sala do secretário de Segurança e informei o que tinha ocorrido. Ele só me pediu que o transferisse para a Secretaria de Segurança — explicou Castro à revista.
A transferência do coronel para a secretaria foi publicada no mesmo boletim interno que anunciava sua saída do Bope, em 24 de março de 2014. Oito meses depois, Fábio foi novamente nomeado comandante do Choque. No último dia 25, foi promovido a coronel por merecimento.
Em nota à “Veja”, a secretaria de Segurança informou que o “coronel Fabio substituiu o chefe da segurança do secretário no período em que este saiu para fazer curso de major; e que Fábio não é indiciado em nenhum Inquérito Policial Militar".
O procurador Marcio Mothé vai ainda pedir aos promotores da Auditoria Militar que aprofundem as investigações no IPM ao qual as conversas foram anexadas. Segundo a PM, o coronel Fábio e outros policiais que participam das conversas figuram apenas como testemunhas do inquérito. O coronel Fábio não foi localizado pelo EXTRA.
Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/mp-vai-apurar-se-comandante-do-choque-cometeu-crime-de-incitacao-ao-nazismo-14965068.html#ixzz3O7PqYhtd
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