quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Ataque a sede de semanário francês em Paris mata ao menos 12 a tiros

Ataque a sede de semanário francês em Paris mata ao menos 12 a tiros

Tiroteio deixa autoridades em alerta máximo. Periódico já havia sofrido um ataque em 2011

Stéphane Charbonnier, o diretor da revista que vivia sob escolta, está entre os mortos

Polícia francesa faz buscas por três terroristas fortemente armados em Paris

Ao menos 12 pessoas morreram e quatro correm risco de morte em consequência do ataque com fuzis automáticos ocorrido na manhã de quarta-feira contra a sede da revista semanária satírica Charlie Hebdo, em Paris, segundo dados oficiais. Os autores do atentado, um dos mais graves da história da França, foram três homens vestidos de preto, encapuzados e armados com fuzis Kalashnikov ao grito de "Alahu al akbar" ("Deus é grande"). O presidente François Hollande afirmou que a França vive “um momento extremamente difícil”. A polícia francesa identificou três dos supostos autores do atentado, segundo a informação que remeteu à polícia espanhola e à qual o EL PAÍS teve acesso, informa Alfonso L. Congostrina. Segundo essa documentação, dois dos três supostos terroristas são irmãos de nacionalidade francesa (Saïd e Chérif, de 34 e 32 anos). O terceiro homem é Hamyd M, de apenas 18.
O ataque ocorreu pouco depois das 11h (8h, no horário de Brasília). Os dois terroristas já entraram atirando no hall do jornal. Durante mais de dez minutos, os agressores efetuaram pelo menos 30 disparos contra os jornalistas e funcionários da publicação. Em alguns momentos, segundo uma testemunha citada por vários veículos da França, eles gritavam os nomes de jornalistas. Dezenas de funcionários refugiaram-se na terraço do edifício, situado no bulevar Richard Lenoir, no 11º distrito da capital francesa.
Entre os mortos já confirmados está o diretor da revista, Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, e os cartunistas Georges Wolinski (um dos mais famosos desenhistas do mundo, conhecido como símbolo da revolução maio de 1968), Jean Cabut e Tignous. Também foi confirmada a morte do economista e colunista Bernard Maris, membro do Conselho Geral do Branco da França. Foi confirmada também as mortes de dois policiais, um deles identificado como Franck D. (assassinado dentro da redação), e Ahmed Merabet, morto na rua; Michel Renaud, um visitante que estava no jornal naquele momento; e uma pessoa que estava na recepção do edifício quando os terroristas invadiram o local, mas cujo nome não foi revelado.
Charb dirigia a revista desde 2009 e vivia sob escolta policial desde 2011, ano em que a editora sofreu um ataque. Tanto ele quanto outros funcionários do semanário recebiam ameaças constantes. A última capa da Charlie Hebdo  foi dedicada ao livro Soumission(Submissão,em português), de Michel Houellebecq, que descreve o futuro da França caso o presidente fosse muçulmano.
O último tuíte da revista é uma caricatura do Estado Islâmico.
Após o atentado, os criminosos gritaram "Alá é grande" e fugiram em um carro -- que foi abandonado a algumas quadras do local. Eles ainda não foram identificados nem presos. De acordo com testemunhas, eles falavam em francês "sem sotaque".
O presidente francês, François Hollande, visitou o local pouco após o atentado. "É um ato excepcional de barbárie”, declarou Hollande, para onde foi acompanhado do ministro do Interior, Bernard Cazaneuve. À imprensa, Hollande disse ainda que as autoridades vão se empenhar para "perseguir" os responsáveis e levá-los à Justiça. O chefe de Estado convocou uma reunião extraordinária do Governo, que elevou ao nível máximo o “alerta de atentados” --o alerta antiterrorista. A segurança foi reforçada em veículos de imprensa, grandes estabelecimentos comerciais e no transporte público.
Charlie Hebdo estava especialmente protegida porque já havia sido alvo de ameaças e ataques menores nos últimos anos, especialmente por ter publicado, em 2006, caricaturas do profeta Maomé. Em 2011, foi atacada com coquetéis molotov e teve de fechar seus escritórios durante várias semanas. Entre as vítimas fatais do ataque de quarta-feira estão dois policiais que vigiavam a área. Uma das viaturas foi atingida por 15 tiros.
Fontes do Ministério do Interior optaram por não divulgar oficialmente nenhuma pista sobre os autores do atentado, mas consideram que a possibilidade de se tratar de um ataque de origem de fundamentalistas islâmicos “é uma opção possível”. Segundo a rede de televisão BFM, um dos terroristas teria afirmado em vídeo que estariam “vingando” Maomé.
O último tuíte publicado pela revista é uma caricatura do autoproclamado chefe do Estado Islâmico, Abu Bakr al Baghdadi, acompanhado do comentário “meilleurs voeux” (boas festas).
A França está em alerta antiterrorista desde que iniciou sua participação nos bombardeios contra o Estado Islâmico no Iraque em setembro passado. Pelo menos 1.200 militares participam do dispositivo de alerta. Porta-vozes do EI pediram em diversos vídeos que os franceses sejam atacados em qualquer lugar do mundo.

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