segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Justiça inocenta oito investigados em ação penal da Operação G7 no Acre

26/09/2016 19h58 - Atualizado em 26/09/2016 19h58

Grupo era investigado por fraude em licitação na obra do Hospital de Brasileia.
3ª Vara da Justiça Federal alegou falta de fundamento nas acusações.

Quésia MeloDo G1 AC

Operação G7 (Foto: Rayssa Natani / G1)Oito foram absolvidos em uma ação penal da
Operação G-7 (Foto: Rayssa Natani / G1)
Oito pessoas, entre empresários e um ex-secretário, investigadas na Operação G-7foram absolvidas pela Justiça Federal em uma ação penal movida pelo Ministério Público Federal (MPF-AC). A sentença foi dada na última sexta-feira (23).

O grupo era investigado por suspeita de fraude para beneficiar uma construtora no processo de licitação da construção de um hospital no município de Brasileia, interior do Acre.

Na decisão, o juiz da 3ª Vara da Justiça Federal, Jair Araújo Facundes, alegou falta de fundamentos na acusação. Entre os absolvidos estão o ex-secretário de Obras do Acre, Wolvernar Camargo e os empresários Acrinaldo Pontes, Delcimar de Souza, João Albuquerque, João Braga Campos Filho, João Salomão, Mário Yonekura e Sérgio Murata.
Ao G1, o MPF-AC e a 3ª Vara da Justiça Federal informaram que estão temporariamente sem acesso ao sistema devido a uma manutenção, por isso, não podem afirmar se os absolvidos nesta ação penal permanecem sendo investigados ou não em outros processos. O MPF-AC não informou também se deve recorrer da decisão.
Os órgãos também informaram que o inquérito inicial da Operação G7 foi desmembrado em ao menos 30 partes. Dessas, algumas foram arquivadas, outras declinaram para a competência da Justiça Estadual ou foram transformadas em ações penais, como neste caso.

O grupo teria, segundo o órgão, criado condições para que a construtora recebesse a obra com valor maior que R$ 50 milhões. As outras empresas, através dos seus sócios e administradores, teriam participado do processo somente para dar legitimidade a fraude.


Denúncia
Na ação penal, o MPF-AC disse que o então secretário de Obras se uniu a agentes públicos e empresários da construção civil para favorecer uma das empresas.
O MPF-AC disse ainda, que a acusação se apoiou em interceptações telefônicas e perícia técnica, que teria apontado irregularidades como a ratificação do edital para impedir a participação de consórcios, habilitação de empresas sem motivação suficiente ou sem observação das regras do edital, além de diferença inferior a 0,5% nas propostas oferecidas pelos licitantes.
A denúncia se baseava também na alegação de que apenas empresas locais poderiam participar das licitações. Porém uma construtora de outro estado participou não apenas da concorrência pública para o hospital de Brasileia, como também em outros processos licitatórios.
Mesmo com as informações apresentadas na denúncia, a Justiça alegou que os indícios expostos, entre outros relatos, eram "frágeis e pouco plausíveis e não autorizavam sequer o recebimento da denúncia".
O MPF -AC argumentou ainda, que o indício mais robusto de fraude era a declaração de um empresário da construção civil que relatou ter sido procurado por dois dos acusados para que deixasse propositalmente de participar da licitação pois as obras seriam "deles".
Porém, a mesma testemunha apresentou uma outra versão em juízo. Ele chegou a ser indagado sobre ter sido coagido ou recebido ofertas para mudar o depoimento, mas, segundo a Justiça, manteve a declaração e os réus foram absolvidos.
Entenda o caso
Em maio de 2013, a Polícia Federal deflagrou a Operação G-7, que investigava fraudes em licitações públicas. Na época, foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão e 15 de prisão. Chegaram a ser presos na época servidores públicos, secretários e empreiteiros.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, sete construtoras estavam sendo investigadas desde 2011 sob suspeita de atuar em conjunto para fraudar licitações em obras públicas.
O esquema se dava da seguinte forma: as construtoras simulavam concorrer entre si, com a finalidade de uma delas vencer o processo licitatório. Os concorrentes que se recusassem a participar eram eliminados pelo grupo ainda na fase de habilitação.
Em 20 de março de 2015, o juiz federal Jair Araújo Facundes, da 3ª Vara, já havia determinado o desindiciamento de sete suspeitos de envolvimento em esquema. Na ocasião, Facundes enfatizou que a ação não significava o fim das investigações.
Em maio deste ano a Justiça designou as datas para as audiências de instrução e julgamento de 19 acusados pela operação. De acordo com o documento divulgado pela 3ª Vara Federal, ao menos 43 testemunhas deveriam ser ouvidas na ocasião.

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