sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Haddad dribla 'parceria' de João Doria, Marta e Russomanno no último debate





Diante de provocações de adversários, prefeito de São Paulo e candidato a reeleição fez adversários ouvirem várias vezes que estavam "mal informados"


por Redação RBA publicado 30/09/2016 08:18, última modificação 30/09/2016

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Doria, Russomanno, Haddad, Erundina, Marta e Major Olímpio: último confronto antes da votação
São Paulo – O último debate antes do primeiro turno da eleição municipal em São Paulo reuniu os candidatos Fernando Haddad (PT), Luiza Erundina (Psol), Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), João Doria (PSDB) e Major Olímpio (SD). O atual chefe do Executivo paulistano demonstrou segurança e didatismo diante das alfinetadas. Os adversários do prefeito ouviram o eficiente "você está mal informado", seguido da devida explicação, como resposta a provocações dirigidas ao candidato à reeleição em várias oportunidades.
Russomanno, por exemplo, afirmou defender polos de emprego com impostos "mais baratos" e quis saber por que Haddad não baixou tributos para incentivar a economia do município.
"Você está mal informado", rebateu o prefeito. Ele lembrou a Russomanno o Programa de Incentivos Fiscais para a Zona Leste. Citou o Passe livre do Estudante, que beneficia 700 mil jovens e tem uma função de subsídio, ajudando no orçamento doméstico na medida em que o aluno economiza nas passagens. Sancionada em dezembro de 2013, a Lei 15.931 estabelece incentivos fiscais para instalação de empresas na zona leste de São Paulo.
Mais adiante, Russomanno falou em saúde e prometeu que tudo o que Haddad não terminou "eu vou terminar". Repetiu, como vem afirmando na campanha, que a solução para a saúde é a informatização e falou em colocar prontuários em chips. Haddad respondeu: "temos (atualmente) 550 mil paulistanos com prontuário eletrônico. Hoje tem a tecnologia de nuvem, que talvez você não conheça. Chip está ultrapassado, a pessoa pode inclusive perder". Russomanno, na tréplica, aparentemente desconcertado, garantiu: "Vou ter o prontuário no chip e vou ter na nuvem".
Major Olímpio repetiu a vinculação entre PT e corrupção e perguntou o que o prefeito vai fazer contra a corrupção. Também ouviu que está mal informado. Haddad citou a Controladoria Geral do Município e afirmou: "Nós desbaratamos a máfia do ISS", disse, lembrando que existem nomes ligados às gestões dos ex-prefeitos José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) acusados de participar do esquema.
Erundina foi a candidata que se lembrou de vincular Marta ao presidente Michel Temer e sua pauta de retrocessos em direitos trabalhistas, civis e humanos. Ela quis saber da peemedebista o que tinha a dizer sobre a medida provisória com que "o presidente ilegítimo, seu presidente", pretende mudar o ensino médio no país.
Após Marta dizer que as iniciativas da MP da educação foram bem recebidas por especialistas, Erundina atacou: "Não sei de que especialistas você está falado. Tirar filosofia, sociologia, artes e educação física (do currículo) vai empobrecer a educação. O debate não chegou na Câmara, onde eu milito, nem na sociedade".
Haddad parece ter percebido a "parceria" entre os três principais adversários e os acusou de demagogos por combater a redução da velocidade em São Paulo. "Doria, Marta e Russomanno fazem demagogia pela caça ao voto, o que coloca em risco a vida das pessoas. É covardia subir a velocidade e matar pessoas para ganhar votos. Temos que impedir que as pessoas usem a velocidade como arma. São Paulo é mais do que a demagogia barata", disse o prefeito.
Segundo o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, os adversários do atual prefeito não atuaram contra Haddad por acaso. "Doria, Russomanno e Marta estabelecendo parcerias contínuas no debate para criticar Haddad, firmaram um pacto entre eles e não se criticam, centraram fogo na atual gestão. Se alguém tinha dúvida sobre o crescimento das intenções de voto em Haddad, está aí a prova", comentou Marchetti, em sua página no Facebook.
Além de reforçar inúmeras vezes o bordão "não sou político, sou gestor", que tem dado certo em sua campanha, o tucano João Dória destacou em vários momentos no debate o caráter repressivo e policialesco que pretende dar ao seu governo, se eleito. "Não vamos mais permitir invasões de propriedades públicas ou privadas. Vamos agir junto com o governo do estado", afirmou, citando a Polícia Militar. Depois, voltou a falar na polícia como necessária para combater pichações, por exemplo.
Em tabela com Russomanno, o candidato do PSDB foi convidado a falar sobre drogas. "O primeiro que vamos fazer é acabar com o programa De Braços Abertos", enfatizou Doria. Ele prometeu que o problema das drogas vai ser enfrentado com internação clínica e parcerias entre as polícias estadual, Federal e Guarda Civil Metropolitana.
Erundina chamou a atenção para outra faceta do candidato de Geraldo Alckmin. "É incrível como sua preferência é pela privatização das ações públicas", disse, dirigindo-se a Doria. "Isso se tornou um mantra", emendou a ex-prefeita. Ela ainda afirmou ao tucano que ele desenvolve "ação lobista" e usa "recursos públicos para produzir fóruns (privados)". "O senhor está praticando ação política como lobista."

Encerramentos

Em suas considerações finais, cada um dos candidatos despediu-se da campanha do primeiro turno reafirmando otimismo em relação às votações de domingo e tentando imprimir uma marca à sua candidatura.
Erundina lembrou que já foi prefeita e saiu bem avaliada e prometeu "inversão de prioridades", garantindo a participação popular nas questões mais importantes. Também prometeu combater as desigualdades. "No primeiro turno, escolham a melhor proposta, em relação à qual tenham maior confiança. E essa proposta é a do Psol."
Marta classificou suas propostas como "realistas e transparentes" e ressaltou a disputa entre ela, Russomanno e Haddad pela vaga no segundo turno contra Doria, que lidera as pesquisas. "Haddad é o prefeito que você conhece. Está de costas para a periferia, promete e não entrega. Russomanno tem vários escândalos com trabalhadores", e citou o caso dos garçons demitidos de um restaurante de Russomanno que brigam por direitos na Justiça.
"Ao longo de toda a minha vida, sempre dei a cara a tapa para defender as pessoas", afirmou Russomanno, alegando que Marta se esconde em comerciais de televisão com ataques contra ele. Prometeu fazer gestão "olhando nos olhos", defendendo e cuidando do cidadão/eleitor.
"Sou um gestor, um administrador, um empresário que vai atuar na política para resolver os problemas da cidade de São Paulo", afirmou Doria, que prometeu "um olhar de eficiência e realização", principalmente para a população mais humilde que precisa de ajuda na educação, saúde, mobilidade urbana e geração de empregos.
Major Olímpio disse que a decisão do futuro da cidade está na ponta dos dedos do cidadão e ressaltou que as propostas dos demais candidatos são, em sua maioria, "inexequíveis" diante do orçamento. Ele ressaltou ter "currículo, e não ficha corrida" e pediu oportunidade para recuperar a cidade. "Tolerância zero em relação ao ilegais."
Último a falar, Fernando Haddad afirmou que há dois projetos em disputa "um projeto privatista que quer vender a cidade, dos cemitérios aos corredores de ônibus, das ciclovias ao futuro parque de Interlagos. E outro projeto, que vê a cidade como um bem público", e ressaltou a necessidade de encurtar as distâncias entre o centro e as periferias, levando equipamentos públicos, como hospitais e escolas, para as áreas mais afastadas. "Você sabe o número que leva os benefícios para a periferia. Esse número é 13."

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