quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Tentáculos da Lava Jato chegam ao Ministério do Planejamento

Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. / EFE
Em mais uma fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira o ex-vereador petista de Americana Alexandre Correa de Oliveira. Ele seria o operador de um esquema de arrecadação ilícita envolvendo 50 milhões de reais em contratos de crédito consignado junto ao Ministério do Planejamento. De acordo com o Ministério Público Federal, o crime foi praticado até julho, o que foi considerado pelos procuradores uma “audácia” por parte dos suspeitos, que continuaram agindo mais de um ano após o início da operação.

A Polícia Federal não informou o nome do funcionário da pasta do Planejamento que participava do esquema junto com o ex-vereador, e disse apenas que ele já faleceu e que foram identificados pagamentos feitos à sua viúva, cujo nome também não foi divulgado. Segundo os investigadores, os repasses de dinheiro do esquema eram feitos a companhias indicadas por intermediários ligados ao PT, com o uso de empresas de fachada. Uma delas era a Jamp, do delator Milton Pascowitch, que disse ter feito remessas de dinheiro também para o ex-tesoureiro petista João Vaccari. Foram cumpridos também 10 mandados de busca e apreensão em Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Curitiba. Uma das empresas que foi alvo dos agentes foi a JD2 Consultoria, de Dirceu.O suposto envolvimento de Oliveira foi descoberto durante a 17a fase da operação, a Pixuleco —termo usado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa para designar propina— , desencadeada no início de agosto e que terminou com a prisão de José Dirceu, seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e outras cinco pessoas. O ex-vereador foi citado por sócios da Consist, também detidos. O presidente da empresa, Pablo Kipermist, afirmou à PF que emitiu várias notas fiscais em nome de companhias de fachada de Oliveira referentes a serviços que jamais foram prestados. O empresário chegou a ser detido, mas foi liberado ontem.
"Com certeza esse esquema acontece em outros setores que ainda não foram identificados", disse em entrevista coletiva o delegado Márcio Adriano Anselmo. Segundo ele, a Lava Jato pode estar “diante de um novo modelo” de desvio de dinheiro e pagamento de propinas.
Em depoimento à Polícia Federal, o irmão de José Dirceu disse que entre 2012 e 2013 recebeu 30.000 reais mensais da empresa Jamp, de propriedade do lobista Milton Pascowitch, a título de “ajuda para despesas variadas”. Foi um pagamento espontâneo, segundo seu depoimento, e que na prática seriam descontadas das pendências financeiras entre a Jamp e a JD.
O Ministério do Planejamento divulgou nota anunciando "a rescisão em 30 dias do Acordo de Cooperação Técnica (...) assinado pela então Secretaria de Recursos Humanos com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar e a Associação Brasileira de Bancos". A pasta informou também que foi aberta uma sindicância para investigar "possíveis irregularidades".

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