Diversas lideranças indígenas de todo o país foram recebidas no plenário do Senado durante a sessão especial, que antecipou as comemorações do Dia do Índio.
“A busca que nós temos, de fato, hoje, no País afora, na prestação de serviços essenciais, é o modelo que a gente lutou aqui nesta Casa em 2000, que foi a aprovação da Lei Arouca, criando o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. Nós defendemos o subsistema também para a educação indígena em todo o País, mas um subsistema que respeite as especificidades e respeite as diferenças”, disse Truká.
A coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, também aproveitou a oportunidade para criticar o projeto do novo Marco da Biodiversidade, que foi aprovado ontem (15) no Senado. Sônia lembrou que o projeto, que trata diretamente dos interesses dos povos indígenas, foi aprovado na Câmara sem que eles fossem ouvidos. Quando chegou ao Senado, segundo ela, os representantes dos índios apresentaram emendas ao texto, mas elas foram desconsideradas, como a que propunha a modificação do termo “populações indígenas” por “povos indígenas”.
“Ontem, o Senado aprovou o texto, desconsiderando-nos, simplesmente nos negando nossa identidade, quando retirou desse projeto de lei a palavra povos, colocando-nos como população. O conceito de povos já é garantido na Constituição Federal. Então, quero lamentar esse fato acontecido aqui ontem”, disse. Logo após o discurso, Sônia seguiu para encontro com o vice-presidente da República e novo articulador político do governo, Michel Temer.
As queixas sobre a forma como os índios foram tratados no Marco da Biodiversidade se reproduziram ainda em outros discursos de lideranças indígenas e foram apoiadas pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). “Vocês são povos diferentes, não são população, como querem denominar na marra, na força, porque população é um conceito demográfico, está na geografia. Povo é um conceito da história que cada um de vocês construiu muito antes de os brancos aqui chegarem, muito antes”, disse o senador ao plenário repleto de indígenas.
O presidente dos trabalhos foi o senador João Capiberibe (PSB-AP), autor do requerimento para que a sessão solene ocorresse. Ele comemorou que os índios tenham tido acesso aos microfones do Senado. “Muito importante participar deste momento, um momento fantástico de ver um descendente assumir da tribuna do Senado essa condição de indígena. Isso é muito forte e pedagógico. Este é o povo brasileiro. Somos nós, povo brasileiro”, disse Capiberibe.
No entanto, apesar de ainda haver espaço no plenário, parte dos índios que estavam acampados no gramado em frente ao Congresso Nacional não pode entrar no prédio. A Polícia Militar fez um cordão de isolamento para garantir que o grupo não entrasse.
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