quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Sete são colocados sob custódia após ataque em Paris Ataque terrorista deixou 10 jornalistas mortos e iniciou uma caçada por várias cidades francesas

08 de janeiro de 2015 • 05h57 • atualizado às 06h22

Sete são colocados sob custódia após ataque em Paris

Ataque terrorista deixou 10 jornalistas mortos e iniciou uma caçada por várias cidades francesas

Policiais franceses iniciaram uma caçada após o ataque desta quarta-feira
Foto: Christian Hartmann / Reuters
Sete pessoas foram colocadas sob custódia nesta quinta-feira sob suspeita de participação no ataque contra a revista satírica Charlie Hebdo em Paris, que deixou 12 mortos, indicou o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve.
"Sete pessoas", respondeu na rádio Europe 1 o ministro, em resposta a uma pergunta sobre o número de pessoas atualmente sob custódia. Uma fonte judicial que não quis se identificar afirmou que homens e mulheres próximos aos dois irmãos identificados como os autores do ataque estão atualmente sendo interrogados pela polícia, sem informar onde foram detidos.
Durante a madrugada, a polícia francesa deteve o jovem Murad Hamyd, de apenas 18 anos, e seguia caçando pelo menos outros dois suspeitos. Após a captura de Hamyd, os policiais - especialmente as unidades de elite - seguiam à procura dos irmãos franceses nascidos em Paris Said Kuachi, 34, e Cherif Kuachi, 32, o último um jihadista conhecido pelos serviços antiterroristas.
Hamyd, que é cunhado de Cherif, se entregou à polícia na cidade de Charleville-Mézières "ao ver que seu nome circulava nas redes sociais", explicou à AFP uma fonte ligada ao caso.
Os policiais divulgaram fotos dos irmãos em busca de informações que possam levar a sua captura, e advertiram que Cherif e Said Kuachi "estão armados e são perigosos". Uma grande operação foi deflagrada a princípio em Reims, no nordeste da França, e se estendeu posteriormente para várias cidades do país.
A unidade de elite da polícia Raid participa da caçada, revelou um oficial, advertindo para o risco de tiroteio e pedindo "a máxima prudência" aos jornalistas na região.
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Segundo o jornal "Le Monde", a caçada aos suspeitos envolve mais de três mil policiais. Cherif Kuachi é um jihadista muito conhecido pelos serviços antiterroristas franceses, condenado em 2008 por participar de uma rede de recrutamento de combatentes para o Iraque.
Na noite de ontem,  TV americana NBC News, afirmando ter dois oficiais de alta patente do contraterrorismo americano como fonte, disse que dois dos suspeitos de participar do tiroteio já haviam sido capturados e o terceiro havia sido morto. A NBC News, no entanto, não informou qual deles teria sido morto.
Nascido em 28 de novembro de 1982 em Paris, francês de nacionalidade e apelidado Abu Isen, Cherif Kuachi integrava a chamada "rede de Buttes-Chaumont", sob a autoridade do "emir" Farid Benyettu, encarregada de enviar jihadistas para combater no braço iraquiano da Al-Qaeda, então liderado por Abu Mussab al Zarkaui.
Cherif é suspeito de ser ligado a outra figura do Islã radical francês, Djamel Beghal, que cumpriu dez anos de prisão por preparar atentados, com quem teria treinado.
Suspeitos com idades entre 34 e 32 anos seriam irmãos, cidadãos franceses, nascidos no 10º distrito de Paris, chamados Saïd e Cherif Kouach
Foto: Twitter / Reprodução
Segundo testemunhas, os agressores carregavam fuzis de assalto Kalashnikov e um lança-foguetes quando invadiram a redação do Charlie Hebdo, agindo com sangue-frio e de forma coordenada para executar as pessoas no local.
O ataque deixou 12 mortos a tiros, incluindo os chargistas Wolinski, Charb, Cabu e Tignous, e 11 feridos. De acordo com fontes policiais, os autores do ataque gritaram "Vingamos o Profeta!", em referência a Maomé, alvo de charges publicadas há alguns anos pela revista. O episódio provocou revolta no mundo muçulmano.
A redação do semanário, surpreendida em plena reunião de pauta, foi dizimada. Além dos chargistas Charb, Cabu, Tignous e Wolinski - muito conhecidos na França - dois policiais estão entre os 12 mortos, incluindo um agente executado a sangue-frio quando estava caído no chão, ferido.
Paris: de prédio próximo, cinegrafista registra tiroteioClique no link para iniciar o vídeo
Paris: de prédio próximo, cinegrafista registra tiroteio
A ação impressionou a polícia por sua frieza e objetividade, levantando suspeitas de que os agressores passaram por treinamento militar intenso. "Observamos claramente pela maneira que portam suas armas e agem discretamente, bem ao estilo militar, com frieza. Eles receberam treinamento. Eles não agiram por impulso", afirmou um oficial.
"O mais impressionante é a sua atitude. Eles foram treinados na Síria, no Iraque ou em outro lugar, talvez até mesmo na França, mas o certo é que eles foram treinados", enfatizou, destacando também o sangue-frio.
Vídeo mostra homens atirando em policial em ataque em ParisClique no link para iniciar o vídeo
Vídeo mostra homens atirando em policial em ataque em Paris
A autoria do atentado não foi reivindicada por nenhum grupo, mas pode estar ligada ao grupo Estado Islâmico (EI). A França está envolvida na campanha militar internacional contra o EI no Iraque.
O ataque sem precedentes, o mais sangrento cometido na França em décadas, também fez pensar rapidamente em uma vingança dos radicais islâmicos contra o jornal, que publicou caricaturas do profeta Maomé em 2006.

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