Num relatório, que intitulou "Círculos do Inferno: Violência Doméstica, Pública e do Estado contra as Mulheres", a Amnistia Internacional relata casos que vão do assédio sexual nas ruas às torturas sofridas por muitas detidas nas esquadras e prisões.
"A realidade é que as mulheres e as raparigas no Egito confrontam-se com o omnipresente espetro da violência física e sexual em todas as facetas da sua vida", lamentou a diretora adjunta do programa da Amnistia para o Médio Oriente e o Norte de África, Hasiba Hadj Sahraui.
Esta dirigente da Amnistia Internacional detalhou que, em casa, muitas mulheres são submetidas a agressões e abusos por parte dos maridos e familiares, ao passo que em público sofrem "um assédio sexual constante e o risco de ataque por grupos, quando não são vítimas da violência dos funcionários públicos".
Nos últimos meses, as autoridades tomaram algumas iniciativas para travar o fenómeno, como a promulgação de uma lei que penaliza o assédio, ma a Amnistia considera-as apenas "simbólicas".
"As autoridades fizeram grandes promessas, mas na realidade avançaram muito pouco na reforma em profundidade que é preciso com urgência", considerou Sahraui, que defendeu a colocação no assunto "no coração da agenda política" a propósito do aproximar das eleições legislativas de março.