Preços na zona do euro caem pela primeira vez em cinco anos
Taxa de inflação fechou 2014 em -0,2% devido ao petróleo e à debilidade econômica
A Europa flerta com a deflação. Os preços na zona do euro terminaram 2014 com sua primeira queda interanual em cinco anos, segundo dados publicados hoje pela agência estatística europeia Eurostat. A inflação fechou o ano com uma taxa negativa (-0,2%) devido à debilidade da economia da eurozona e à queda brusca nos preços do petróleo. A redução chega a ser maior que a esperada pelos analistas.
A Eurostat explica que a taxa negativa se deve, sobretudo, à queda de 6,3% nos preços da energia (em comparação com -2,6% de novembro). A variação nos preços de alimentos, álcool e tabaco é de 0,0% (em comparação com 0,5% em novembro) e só os serviços aumentaram (1,2%, a mesma taxa que em novembro). A taxa de inflação excluindo a energia é de 0,6%, a menor desde julho de 2014, de 0,5%. O fato de a inflação subjacente estar em positivo e de que só tenha passado um mês com taxa negativa impede que se fale em deflação, definida em termos econômicos como uma queda prolongada e generalizada dos preços.
A taxa é a mais baixa desde setembro de 2009. Naquele ano, como consequência da eclosão da Grande Recessão e do desabamento dos preços do petróleo, a taxa de inflação interanual ficou negativa por cinco meses, de junho a outubro, marcando um mínimo do -0,6% em julho.
Embora uma queda dos preços causada pelo barateamento dos custos da energia não seja, em princípio, negativa para a Europa, importadora de petróleo, o fato de a variação de preços ter entrado em terreno negativo coloca mais pressão para que o Banco Central Europeu (BCE) atue tentando reanimar os preços. O objetivo do BCE é que, em longo prazo, a inflação fique perto, mas abaixo, de 2%. A inflação está há muito tempo longe dessa zona e embora a entrada em negativo possa ser atribuída ao petróleo, o longo período de baixa inflação tem mais a ver com a debilidade da zona do euro.
Essa debilidade, entretanto, varia de país para país. Enquanto na Alemanha a taxa de desemprego atingiu um mínimo de 6,5%, na Itália bate recordes acima de 13% e na Espanha e Grécia está acima de 20%. A velocidade de crescimento também varia, o que complica a resposta do BCE. A isso se une a incerteza política na Grécia e o ruído sobre o risco de o país sair do euro.
O Conselho do BCE reúne-se em 22 de janeiro (este ano as reuniões de política monetária ocorrem a cada seis semanas e não na primeira quinta-feira de cada mês, como até agora). Espera-se que o BCE dê um passo para a compra maciça de dívida pública, conhecida como expansão quantitativa (QE, na sigla em inglês para quantitative easing), a medida que os bancos centrais dos Estados Unidos e do Japão usaram para combater a crise.
Na Espanha, a inflação já se encontra em terreno negativo. Segundo o informe publicado na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o IPC acelerou sua queda no final do exercício com uma redução de 1,1% na taxa interanual. A baixa não tem precedentes para um mês de dezembro no último meio século.
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