Quando dois homens fortemente armados invadiram, na quarta-feira, a redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo, matando 12 pessoas, incluindo o diretor e os principais cartoonistas, desencadearam 53 horas de tensão sem precedentes em França, que terminaram esta sexta-feira com a intervenção das forças especiais francesas.
Depois de dia e meio em fuga, os irmãos Kouachi, apontados como autores do ataque ao Charlie Hebdo, estiveram desde esta manhã cercados pela polícia em Dammartin-en-Goële, a norte de Paris, no interior de uma gráfica, onde se refugiaram depois de uma troca de tiros com a polícia e fizeram um refém. O impasse terminou por volta das 17h00 (mais uma hora em Paris), com o assalto das forças especiais, que resultou na morte dos dois suspeitos. Ouviram-se várias explosões e fumo a sair do edifício. O refém foi libertado ileso.
Em simultâneo, a polícia avançou também sobre o supermercado jucaico em Porte de Vincennes, onde um sequestrador identificado como Amedi Coulibaly, igualmente abatido, mantinha cinco reféns.  Horas antes, a polícia confirmou que o sequestrador é o mesmo que matou a mulher-polícia quinta-feira de manhã, em Montrouge, e que tem ligações aos irmãos Kouachi. A agente da polícia municipal e outro agente da brigada de trânsito foram atingidos a tiro, na sequência de um aparente acidente de trânsito, no dia seguinte ao massacre do Charlie Hebdo. 
Na operação em Porte de Vincennes morreram quatro dos reféns, segundo fontes policiais à France Press.
O Presidente francês, François Hollande, afirmou que a França "enfrentou" mas "ainda não pôs fim às ameaças de que está a ser alvo", após três dias de atentados que fizeram 17 mortos e 20 feridos. Numa declaração solene transmitida em direto pela televisão, Hollande sustentou que "a França, apesar de estar consciente de as ter enfrentado, apesar de saber que pode contar com as forças de segurança, com homens e mulheres capazes de atos de coragem e bravura, ainda não acabou com as ameaças de que está a ser alvo".
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, e a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, vão representar Portugal na manifestação de domingo em Paris, convocada em solidariedade com as vítimas dos atentados e contra o extremismo.