A gripe deste ano está aí e é forte e feia
Um vírus Influenza particularmente agressivo e diferente do que está na vacina poderá vir a fazer estragos
Sara Sá (artigo publicado na VISÃO 1137 de 18 de dezembro)
12:00 Sábado, 3 de Janeiro de 2015 |
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Última atualização há 15 minutos
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Acontece duas vezes a cada década - e esta é uma delas. O vírus da gripe que parece ser o dominante nesta estação não é exatamente aquele que está contemplado na vacina.
Todos os anos, os centros de vigilância gripal, espalhados pelo mundo, estimam quais serão as três estirpes de vírus da gripe que irão afetar mais as pessoas, para que sejam incluídas na vacina sazonal. Normalmente são contempladas três estirpes diferentes - duas A, este ano o H1N1 e o H3N2, e uma B. Mas entre fevereiro, altura em que se fazem as previsões, e agora, o início da época gripal, percebe-se que o vírus trocou as voltas aos cientistas.
As primeiras pistas neste sentido chegam dos EUA, onde o Influeza já está ativo em quase todo o território. Domina o H3N2, sim senhor, mas numa estirpe ligeiramente diferente da que está presente na vacina. O suficiente para que, na semana passada, o CDC (Centro de Controlo de Doenças) tenha emitido um comunicado avisando que a estação da gripe vai ser dura, com previsão de elevada taxa de internamentos e até de mortalidade. De uma eficácia de 60%, poderá passar-se para uma proteção de 40 por cento.
O dobro das mortes
"Nos EUA verificou-se que não há uma concordância total entre a vacina e a estirpe dominante. O que significa menor eficácia", conclui o consultor da Direção-Geral da Saúde Filipe Froes. Uma boa concordância ocorre quando os vírus na vacina e os vírus circulantes entre a população, durante uma época gripal, estão muito próximos e os anticorpos produzidos pela vacina são capazes de proteger contra a infeção.
É inevitável que, de vez em quando, aconteça um desfasamento, já que nos quatro a seis meses que separam a decisão sobre o conteúdo da vacina e o início da época gripal, o vírus está sempre em mutação. Mesmo assim, os especialistas do CDC e da Organização Mundial de Saúde, responsáveis pela previsão, acertam em 80 a 85% das vezes. E esta não é sequer uma razão para se ignorar a vacina, alerta o pneumologista: "Há sempre algum nível de proteção e é muito importante que não haja desperdício de vacinas, para que o País consiga assegurar as encomendas do ano que vem."
Além da fraca concordância, os especialistas do Centro americano temem uma época gripal especialmente grave, uma vez que o H3N2, que tudo indica vir a ser o mais comum este ano, é conhecido por ser muito agressivo. Sobretudo entre os mais idosos, as crianças muito pequenas e os doentes crónicos, duplicando as taxas de hospitalização e a mortalidade, nesta população. Este ano, por exemplo, já morreram cinco crianças americanas.
"Isto quer dizer que o ciclo do H1N1, o da pandemia de 2009, está a chegar ao fim. O que é normal, já que a população foi ganhando imunidade. Agora, durante alguns anos, teremos o H3N2", nota Filipe Froes.
O pneumologista salvaguarda o "caráter previsivelmente imprevisível da gripe", mas avisa que o pico, e mantendo-se a regra da incerteza associada ao Influenza, deverá chegar lá para o final de janeiro.
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