O advogado José Yunes, amigo do presidente Michel Temer, disse em depoimento ao Ministério Público que recebeu um envelope em 2014 a pedido de Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil.
Em entrevista ao blog, por telefone, ele disse que o "envelope" foi deixado em seu escritório por Lúcio Funaro, doleiro que hoje está preso pela Lava Jato e que ele diz que não conhecia.
Yunes disse que avisou a Temer sobre o depoimento ao Ministério Público.
Ele pediu demissão do governo após ser citado no depoimento de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht.
O escritório de advocacia de Yunes, em São Paulo, foi, segundo o delator, o endereço da entrega de parte do dinheiro da empreiteira para a cúpula do PMDB.
Melo disse que Temer, em um jantar no Jaburu, solicitou a Marcelo Odebrecht pagamento ao PMDB. Parte desses pagamentos, no valor de R$ 4 milhões, foram realizados via Eliseu Padilha, sendo que um dos endereços de entrega foi o escritório de José Yunes.
Veja os principais trechos da entrevista:
O senhor já esteve com Claudio Melo?
Nunca, nunca. A atividade dele foi em Brasília a minha sempre foi em São Paulo.
O senhor encontrou o presidente Temer nesta quinta em Brasília. O senhor falou sobre este depoimento ao Ministério Público?
Fui tratar de outro assunto e abordei este depoimento. Falei a ele o que eu tenho falado para todo mundo. Ele já sabia disso. Para ele não foi surpresa nenhuma.
Que assunto?
Um outro assunto particular.
Na delação, Melo relata uma reunião no Palácio do Jaburu onde foi discutido dinheiro para a campanha de 2014 com Temer e Marcelo Odebrecht.
Perfeito. Mas eu não participei dessa reunião. Nem frequentava Brasília naquela época.
Com essas declarações do senhor, a situação do ministro Padilha vai ficar grave. O que o senhor está dizendo é que foi uma "mula" do ministro.
Sim, sim.
O que mais foi perguntado ao senhor nesse depoimento ao MP?
Foi um depoimento sigiloso, né? O que eu deixei bem claro foi que eu me afastei do trabalho na Presidência porque quero provar minha inocência, para não usufruir da amizade que tenho com o presidente. Deixei bem claro.
Perguntaram para o senhor se em algum momento o senhor arrecadou dinheiro para a campanha de Temer em 2014?
Não, não. Até porque eu nunca tive essa função.
Nunca tratou de doação?
Nunca. Eu sempre advoguei.
Sobre o envelope, o senhor falou ao MP para quem era?
Nada, nada. Não sabia. Não foi declinado o destinatário.
O senhor não imaginava que tinha dinheiro lá?
Não porque o destinatário não era eu. Como posso violar uma correspondência? Seria uma descortesia e até falta de ética. Não imaginei, honestamente não imaginei.
O senhor falou para as autoridades que não conhecia Lucio Funaro?
Não conhecia. Está correto: não conhecia mesmo.
Quando o senhor fez esse relato a Temer, ele disse que conhecia Funaro?
Não comentou nada comigo. Eu falei à época tudo o que aconteceu.
Funaro disse ao senhor que estava fazendo campanha para deputados?
Eu me lembro que ele comentou que ele estava fazendo campanha de mais de 100 deputados.
E ele contou isso a troco de nada?
Ele estava falando sobre política. Eu não o conhecia. Eu confesso a você que depois que ele saiu eu fui no Google e fiquei estarrecido com a figura. Eu não tinha histórico dele. Até porque ele era do mercado financeiro e eu, do imobiliário.
Mas ele era uma figura que circulava no PMDB. Achei que o senhor pudesse conhecê-lo.
Não, não. Acho que não é do PMDB. Nunca o vi no PMDB.
Ele falou do Eduardo Cunha? Era ligado a Cunha?
Ele disse que estava fazendo a campanha de Eduardo para a presidência da Casa. Eu: que Eduardo? Ele: Eduardo Cunha. Aí me caiu a ficha que era uma pessoa ligada ao Eduardo Cunha.
Depois de pedir pelo pacote, o ministro Padilha nunca ligou para perguntar se tudo tinha ocorrido bem?
Não, não, não.
O senhor nunca falou com ele sobre isso?
Não. Eu acho que ele deveria falar comigo.
Ele presumiu que o envelope foi entregue?
Eu realmente não sei. Eu imagino que sim porque ninguém reclamou. Foi um negócio muito rápido. É comum entre nós advogados. Não fiquei preocupado com conteúdo do envelope.
Foi só um depoimento?
Depoimento é sigiloso. Me prejudicaria se tornasse público.
Mas agora está público.
É, é. Eu nunca falei em dinheiro.
E foi isso, então?
E outra coisa: o Claudio Melo fala de R$ 3 milhões: está na cara que alguém ficou com esse dinheiro, né? Nunca ninguém falou em dinheiro para mim. Nunca.
Não entendi. Como assim?
Claudio fala que R$ 3 milhões... R$ 1 milhão...
Ele fala em R$ 4 milhões.
Isso. Disseram que R$1 milhão teria um destinatário. E os outros R$ 3 milhões, foram para quem? [É] Isso que indago. Quero apuração rigorosa porque depois vou tomar providências cabíveis. Eu não vou deixar barato.
Em entrevista ao blog, por telefone, ele disse que o "envelope" foi deixado em seu escritório por Lúcio Funaro, doleiro que hoje está preso pela Lava Jato e que ele diz que não conhecia.
Yunes disse que avisou a Temer sobre o depoimento ao Ministério Público.
Ele pediu demissão do governo após ser citado no depoimento de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht.
O escritório de advocacia de Yunes, em São Paulo, foi, segundo o delator, o endereço da entrega de parte do dinheiro da empreiteira para a cúpula do PMDB.
Melo disse que Temer, em um jantar no Jaburu, solicitou a Marcelo Odebrecht pagamento ao PMDB. Parte desses pagamentos, no valor de R$ 4 milhões, foram realizados via Eliseu Padilha, sendo que um dos endereços de entrega foi o escritório de José Yunes.
Veja os principais trechos da entrevista:
O senhor já esteve com Claudio Melo?
Nunca, nunca. A atividade dele foi em Brasília a minha sempre foi em São Paulo.
O senhor encontrou o presidente Temer nesta quinta em Brasília. O senhor falou sobre este depoimento ao Ministério Público?
Fui tratar de outro assunto e abordei este depoimento. Falei a ele o que eu tenho falado para todo mundo. Ele já sabia disso. Para ele não foi surpresa nenhuma.
Que assunto?
Um outro assunto particular.
Na delação, Melo relata uma reunião no Palácio do Jaburu onde foi discutido dinheiro para a campanha de 2014 com Temer e Marcelo Odebrecht.
Perfeito. Mas eu não participei dessa reunião. Nem frequentava Brasília naquela época.
Com essas declarações do senhor, a situação do ministro Padilha vai ficar grave. O que o senhor está dizendo é que foi uma "mula" do ministro.
Sim, sim.
O que mais foi perguntado ao senhor nesse depoimento ao MP?
Foi um depoimento sigiloso, né? O que eu deixei bem claro foi que eu me afastei do trabalho na Presidência porque quero provar minha inocência, para não usufruir da amizade que tenho com o presidente. Deixei bem claro.
Perguntaram para o senhor se em algum momento o senhor arrecadou dinheiro para a campanha de Temer em 2014?
Não, não. Até porque eu nunca tive essa função.
Nunca tratou de doação?
Nunca. Eu sempre advoguei.
Sobre o envelope, o senhor falou ao MP para quem era?
Nada, nada. Não sabia. Não foi declinado o destinatário.
O senhor não imaginava que tinha dinheiro lá?
Não porque o destinatário não era eu. Como posso violar uma correspondência? Seria uma descortesia e até falta de ética. Não imaginei, honestamente não imaginei.
O senhor falou para as autoridades que não conhecia Lucio Funaro?
Não conhecia. Está correto: não conhecia mesmo.
Quando o senhor fez esse relato a Temer, ele disse que conhecia Funaro?
Não comentou nada comigo. Eu falei à época tudo o que aconteceu.
Funaro disse ao senhor que estava fazendo campanha para deputados?
Eu me lembro que ele comentou que ele estava fazendo campanha de mais de 100 deputados.
E ele contou isso a troco de nada?
Ele estava falando sobre política. Eu não o conhecia. Eu confesso a você que depois que ele saiu eu fui no Google e fiquei estarrecido com a figura. Eu não tinha histórico dele. Até porque ele era do mercado financeiro e eu, do imobiliário.
Mas ele era uma figura que circulava no PMDB. Achei que o senhor pudesse conhecê-lo.
Não, não. Acho que não é do PMDB. Nunca o vi no PMDB.
Ele falou do Eduardo Cunha? Era ligado a Cunha?
Ele disse que estava fazendo a campanha de Eduardo para a presidência da Casa. Eu: que Eduardo? Ele: Eduardo Cunha. Aí me caiu a ficha que era uma pessoa ligada ao Eduardo Cunha.
Depois de pedir pelo pacote, o ministro Padilha nunca ligou para perguntar se tudo tinha ocorrido bem?
Não, não, não.
O senhor nunca falou com ele sobre isso?
Não. Eu acho que ele deveria falar comigo.
Ele presumiu que o envelope foi entregue?
Eu realmente não sei. Eu imagino que sim porque ninguém reclamou. Foi um negócio muito rápido. É comum entre nós advogados. Não fiquei preocupado com conteúdo do envelope.
Foi só um depoimento?
Depoimento é sigiloso. Me prejudicaria se tornasse público.
Mas agora está público.
É, é. Eu nunca falei em dinheiro.
E foi isso, então?
E outra coisa: o Claudio Melo fala de R$ 3 milhões: está na cara que alguém ficou com esse dinheiro, né? Nunca ninguém falou em dinheiro para mim. Nunca.
Não entendi. Como assim?
Claudio fala que R$ 3 milhões... R$ 1 milhão...
Ele fala em R$ 4 milhões.
Isso. Disseram que R$1 milhão teria um destinatário. E os outros R$ 3 milhões, foram para quem? [É] Isso que indago. Quero apuração rigorosa porque depois vou tomar providências cabíveis. Eu não vou deixar barato.
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