terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

ALVO DA LAVA JATO, RENAN PROPÕE 'REGULAMENTAR' DELAÇÕES NO BRASIL




SEM VAZAMENTOS


NA TV, SENADOR SUGERE QUE LAVA JATO 'CONFUNDE OPINIÃO PÚBLICA'

Publicado: 20 de fevereiro de 2017 às 22:36 - Atualizado às 08:00


Davi Soares




O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) decidiu iniciar um esforço para tentar recuperar a imagem desgastada e consequente queda de popularidade em seus redutos políticos, após seu envolvimento em investigações da força-tarefa da Operação Lava Jato. Nesta segunda-feira (20), ele deu uma rara entrevista a um programa de notícias policiais da emissora alagoana afiliada à Rede Record, na qual disse apoiar a Lava Jato.
Réu no Supremo Tribunal Federal, citado em diversas delações e investigado em nove inquéritos da Lava Jato, Renan defendeu “aprimoração e regulamentação” das delações. Em outras palavras, o ex-presidente do Senado quer impor limites à principal ferramenta utilizada pelas instituições que conduzem a mais bem sucedida operação contra a corrupção.
O senador alagoano expôs a proposta em entrevista ao programa Fique Alerta, do jornalista e ex-vereador de Maceió Oscar de Melo, na TV Pajuçara. Quando questionado sobre os rumos da Operação Lava Jato e suas consequências para o país, Renan disse que “qualquer operação que vise esclarecer qualquer denúncia deve ser apoiada”.
“Eu sempre defendi a Operação Lava Jato e qualquer outra operação. Quando ministro da Justiça, nós incentivamos, nas investigações, a utilização de delação quando a delação ainda não fazia parte da legislação brasileira. Como presidente do Senado, nós aprovamos as delações. É óbvio que a delação precisa ser aprimorada, regulamentada. Nós precisamos levar em consideração o que acontece no mundo todo, nos países civilizados que já avançaram bastante com relação à investigação”, disse o senador.


‘CONFUSÃO’


RÉU QUER LIMITAR AS DELAÇÕES.



Há pouco mais de dois meses, Renan Calheiros viu o depoimento de quatro delatores se converter em denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) ao STF, pela acusação de cometimento de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. E, sem ser incomodado por perguntas específicas sobre os casos de que é acusado, reclamou de confusão da opinião pública.
“Eu acho que é fundamental apoiar as investigações, apoiar as operações. O que eu não acho e não posso defender é que essas operações aconteçam, fazendo confusão na opinião pública, que sejam priorizadas a partir de determinados vazamentos e que suprimam, na prática, as garantias individuais contidas na Constituição. Eu acho que essa compatibilização tem que se fazer”, disse o senador, ao finalizar sua proposta.
A denúncia apresentada ao STF em 12 de dezembro de 2016 contra o ex-presidente do Senado nasceu do primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. A partir das informações de Costa, a PGR acusou Renan e o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) de receber propina, durante a suposta viabilização de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, na contratação da empresa Serveng Civilsan pela Petrobras.
Segundo a ação penal proposta pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, outros três delatores da Lava Jato – o doleiro Alberto Youssef; Fernando Soares, o “Fernando Baiano”; e o senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) – confirmaram a informação de Paulo Roberto Costa de que, em troca do suborno, Renan e Aníbal teriam oferecido apoio para manter o ex-diretor da Petrobras no comando da diretoria de Refino e Abastecimento da estatal.
A contrapartida seria permitir que Costa agisse para que a Petrobras preservasse contratos com a Serveng Civilsan, cujo diretor Paulo Twiaschor também foi denunciado. Ele sempre negou as denúncias.

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