O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou em entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira (15/3), que "jamais tentou impedir" o senador Delcídio do Amaral de firmar um acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR). O caso veio à tona com a divulgação da delação premiada do ex-líder do governo de Dilma Rousseff.
Segundo o ministro, trata-se de uma tentativa do assessor de Delcídio de "induzir esse assunto". Mercadante leu trechos em que, segundo ele, deixa claro na conversa que não tem intenção de interferir na delação. O ministro observou que a conversa foi um gesto de solidariedade ao senador, cuja filha estava sofrendo uma "campanha brutal", e também afirmou que toda a responsabilidade do ato é própria, não da presidente Dilma Rousseff ou do governo. Ele afirma que sugeriu somente consultas a consultores jurídicos do Senado.
"'Não vou me meter na defesa dele. Não sou advogado, não tenho o que fazer, não sei do que se trata, não conheço o que foi feito'. Mais claro do que isso, impossível, citou o ministro diversas vezes sobre a gravação. "Jamais tratei com qualquer ministro do Supremo".
Mercadante adicionou que se coloca a disposição para prestar esclarecimentos e espera que o fato não interfira na missão do ministério. "Eu acho que a solidariedade, a generosidade humana, são fundamentais, mesmo quando uma pessoa erra -- e ele errou muito. A minha atitude foi sobretudo em relação à família", disse. "Os valores que me inspiraram são mais fortes são essas tentativas de delação a qualquer preço, de incriminação", criticou Mercadante.
Entenda
A gravação foi feita pelo assessor de imprensa do senador, Eduardo Mazargão. Segundo a delação de Delcídio, Mercadante tentou entrar em contato com sua mulher. "A mensagem de Aloízio Mercadante, a bem da verdade, era no sentido do depoente não procurar o Ministerio Público Federal para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava-Jato", disse o senador em depoimento prestado em 12 de fevereiro de 2016.
Delcídio Amaral disse em sua delação premiada que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tentou convencê-lo a não fazer colaboração com os investigadores da Polícia Federal. Ele apresentou gravações feitas por assessores em que o ministro teria feito promessas de pagar advogados para a família. Segundo Delcídio, Mercadante "agiu como emissário" da presidente Dilma.
Para Delcídio, Mercadante fez os contatos em nome da presidente Dilma. "Entendeu o depoente que Aloízio Mercadante agiu como emissário da presidente da República e, portanto, do Governo", disse ele. O senador continuou. “QUE esclarece melhor o depoente que considera Aloízio Mercadante o principal vetor de relacionamento político de Dilma Roussef; QUE o depoente esclarece que, até por isso, Aloízio Mercadante era o ministro-chefe da Casa Civil, de moda que sabe que Dilma Roussef relutou bastante em tira-lo do posto; QUE Aloízio Mercadante, a despeito disso, prossegue sendo conselheiro político privilegiado de Dilma Roussef, tanto que continua a exercer tarefas delegadas diretamente pela presidente da República, a exemplo de missões relativas a Tribunais Superiores e Tribunal de Contas da União."
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