terça-feira, 15 de março de 2016

Dilma se diz 'indignada' com tentativa de envolvê-la em ato de Mercadante Segundo Delcídio, ministro lhe ofereceu ajuda para não fechar delação. Em coletiva, ministro negou e criticou tentativa de envolvê-lo na Lava Jato. Filipe Matoso Do G1, em Brasília

15/03/2016 17h04 - Atualizado em 15/03/2016 17h38
A Secretaria de Comunicação Social divulgou nota nesta terça-feira (15) na qual informou que a presidente Dilma Rousseff ficou “indignada” com a tentativa de envolvimento do nome dela na iniciativa do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, de procurar o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS).

Em acordo de delação premiada, Delcídio afirmou que Mercadante lhe ofereceu ajuda política e financeira para que o senador não fechasse acordo com o Ministério Público Federal. Aos procuradores, Delcídio declarou também acreditar que o chefe da Educação havia o procurado como "emissário de Dilma", por contar com a confiança da presidente. Nesta terça, Mercadante negou ter feito essa oferta a Delcídio.
“A presidenta da República, Dilma Rousseff, repudia com veemência e indignação a tentativa de envolvimento do seu nome na iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante, no episódio relativo à divulgação, feita no dia de hoje, pela revista Veja”, diz a nota divulgada pela Secretaria de Imprensa.

No acordo de delação firmado com Delcídio, a Procuradoria Geral da República (PGR) recebeu do senador uma gravação de uma conversa que revelaria uma tentativa de Mercadante de oferecer ajuda a fim de evitar o acordo no âmbito da Operação Lava Jato.
As conversas de Mercadante reveladas nos depoimentos do ex-líder do governo não foram diretamente com Delcídio, mas com um assessor de confiança do senador do PT chamado José Eduardo Marzagão. As conversas foram gravadas por Marzagão e entregues à PGR, que investiga o envolvimento de políticos no esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Em entrevista coletiva nesta terça, o ministro disse que a responsabilidade das conversas com o assessor de Delcídio são dele e que não agiu como “emissário” da presidente.

Tentativa de obstruir Lava Jato
Delcídio do Amaral foi preso pela Polícia Federal no ano passado suspeito de tentar obstruir o andamento das investigações da Operação Lava Jato. Neste ano, após 87 dias, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu ao senador o recolhimento domiciliar.

Mais cedo, antes de soltar a nota, a presidente Dilma chamou ao seu gabinete no Palácio do Planalto os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), além do assessor especial da Presidência Giles Azevedo, para avaliar o impacto da delação.
Nesta terça (15), Delcídio teve sua delação premiada homologada pelo ministro Teori Zavascki, do STF. Também nesta terça, o senador enviou uma carta ao diretório estadual do PT-MS na qual pediu sua desfiliação da legenda.

Repercussão
Em razão das notícias da delação de Delcídio relacionadas a Mercadante, líderes de partidos de oposição e dissidentes da base aliada anunciaram nesta terça que vão entregar uma representação na Procuradoria Geral da República para que seja pedida a prisão do ministro.
Por outro lado, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), avaliou que a delação de Delcídio não é motivo para a prisão de Mercadante. “A oposição está no lugar dela. Portanto, não me atormenta essa postura da oposição”, afirmou o petista.

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