segunda-feira, 30 de maio de 2016

Antes de assumir cargo, ministro da Transparência criticou a Lava-Jato


Daniel Ferreira/Metrópoles

As críticas foram gravadas na casa de Renan Calheiros pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado




O atual ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, criticou a operação Lava-Jato – que apura desvios bilionários na Petrobras – antes de ser nomeado pelo presidente interino Michel Temer. As críticas foram gravadas pelo ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo,  neste domingo (29/5).
As conversas foram gravadas na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na época, Silveira era conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – cargo para o qual ele foi indicado por Renan. Originalmente, o atual ministro é funcionário de carreira do Senado.


As avaliações são especialmente contundentes pelo fato de o ministério chefiado por Silveira ter como objetivo justamente zelar pela fiscalização e controle contra a corrupção. No áudio, também há trechos em que Silveira orienta o presidente do Senado a como lidar com a Lava-Jato.
ÁudioSegundo depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e delator do esquema, e do doleiro Alberto Youssef, a campanha de Renan teria sido contemplada com duas doações no valor total de R$ 400 mil. Na gravação, Renan diz a Fabiano, sem entrar em detalhes, que está preocupado com um recibo. Machado diz que ele foi incluído em um processo de R$ 800 mil. Uma voz que não é possível identificar pergunta se foi Youssef quem disse que o dinheiro foi pra Renan. Machado diz que não.
A qualidade do áudio estava bastante ruim e o diálogo truncado. Renan, em um momento, diz estar preocupado com um recibo de R$ 800 mil que poderia surgir nas investigações. Não são dados detalhes desse recibo. “Cuidado, Fabiano! Esse negócio do recibo… Isso me preocupa pra c******”, disse Renan. Fabiano não comenta o assunto na sequência, mas dá recomendações sobre como o senador poderia reagir à PGR (Procuradoria Geral da República).
“A única ressalva que eu faria é a seguinte: está entregando já a sua versão pros caras da… PGR, né. Entendeu? Presidente, porque tem uns detalhes aqui que eles… (inaudível) Eles não terão condição, mas quando você coloca aqui, eles vão querer rebater os detalhes”, disse ao presidente do Senado.
Fabiano ainda comenta a atuação da PGR com relação à Lava-Jato. Segundo ele, os procuradores estavam perdidos. “Eles, desde o início, Sérgio, eles estão jogando verde para colher maduro”, afirmou. “Eles foram lá buscar o limão e saiu uma limonada”, prosseguiu.
Na semana passada, as gravações feitas por Machado culminaram no afastamento do então ministro do Planejamento, Romero Jucá, do cargo. Ele citava a possibilidade de um acordão com a chegada de Temer para barrar a Lava-Jato.

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