postado em 14/03/2016 07:41
Em menos de 48 horas, entre quinta-feira e sábado, dois crimes bárbaros chocaram os brasilienses. Os homicídios de Louise Maria da Silva Ribeiro, 20 anos, na Universidade de Brasília (UnB), e de Jane Carla Fernandes Cunha, também de 20, em Samambaia, trouxeram à tona a importância das discussões sobre a violência contra a mulher e o crescimento de casos de feminicídio na capital, além da questão sobre a segurança no câmpus. O ex-namorado de Louise Vinícius Neres, 19, assassino confesso, foi levado ontem para o Complexo Penitenciário da Papuda. No caso de Jane, morta por Jonathan Pereira Alves, 23, o assassino cometeu suicídio depois de matar a ex-namorada.
Para reacender a discussão do desrespeito ao gênero e prestar homenagens à jovem estudante morta no Laboratório de Anatomia do Instituto de Ciências Biológicas (IB), pelo menos quatro manifestações e rodas de conversa estão previstas para a semana (leia Programe-se). Um protesto oficial de repúdio à violência foi convocado para hoje, às 15h30. O evento deve ocupar o Teatro de Arena do Câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte — a UnB é responsável pela convocação. A ideia é de que toda a comunidade acadêmica se una em uma homenagem a Louise, assassinada na noite de quinta-feira. Também devem participar do evento representantes da ONU Mulheres Brasil.
A diretora do IB, Andréa Maranhão, disse que o objetivo do ato de repúdio é reunir as pessoas que gostavam da Louise para celebrar a vida dela. “Vamos reiterar a indignação e o pesar pela morte violenta da nossa aluna. Queremos estar juntos das pessoas que tanto gostavam dela. Como o pai da jovem mesmo disse, ela amava a UnB e merece essa homenagem. É claro que queremos segurança sempre, mas o que aconteceu independe da questão de insegurança. É um ato violento praticado por uma pessoa que estava insana”, explicou.
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Pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero da UnB, Débora Diniz ponderou a necessidade de a instituição abrir a discussão sobre a segurança no câmpus e evidenciou a urgência de se discutir crimes ligados a questões de gênero. Ela definiu a morte da jovem como uma tragédia. “Não temos nenhuma dúvida de que o crime é classificado como feminicídio. Não importa agora saber se a vítima tinha ou não um relacionamento com o assassino. Em vez de pensarmos em uma discussão sobre histórias amorosas, sabemos que se trata de um homem que matou uma mulher, apenas por uma desilusão”, disse.
Para ela, é preciso tomar iniciativas efetivas de segurança. “O que me interessa neste momento é saber qual é o papel que a universidade pública pode assumir a partir de agora. Temos de pensar como poderemos encontrar, urgentemente, medidas de esclarecimento e de prevenção para que outros casos trágicos não ocorram. Sem esquecer o que aconteceu, precisamos olhar para a frente e agir. Estudantes, professores e servidores necessitam de segurança”, defendeu.
Programe-se
Homenagem à Louise, pela paz e
contra a violência dirigida a mulheres
Onde: Instituto de Ciências
Biológicas da UnB
Quando: hoje
Horário: às 10h
Roda de Conversa: Louise,
feminicídio e segurança na UnB
Onde: Instituto Central de
Ciências Norte (ICC Norte)
Quando: hoje
Horário: às 12h30
Ato contra a violência em
homenagem à estudante Louise Maria
Onde: Teatro de Arena, no
Câmpus Darcy Ribeiro (Asa Norte)
Quando: hoje
Horário: às 15h30
Segurança na UnB
violência nunca mais
Onde: Instituto Central de
Ciências Norte UnB (ICC Norte)
Quando: amanhã
Horário: às 12h
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