- 10/07/2017
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pretende contratar o ex-procurador suíço Stephan Lenz que liderava as investigações sobre a Petrobrás e a Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato no país europeu. Considerado pelo Ministério Público (MP) suíço o “cérebro” das investigações do caso brasileiro, Lenz pediu demissão do cargo no fim do ano passado.
Com o trabalho de Lenz, a PGR espera repatriar a fortuna ainda bloqueada em mais de 40 bancos do país europeu. Ele atuaria como uma espécie de consultor e advogado dos interesses da PGR na Suíça. O pedido da PGR aguarda ainda posição da Advocacia-Geral da União.
Durante dois anos de trabalho, Lenz bloqueou mil contas com US$ 1 bilhão. Cerca de US$ 190 milhões já foram repatriados ao Brasil. A cooperação suíça também foi responsável pelo envio de extratos bancários do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba.
Passaram também pela mesa de Lenz casos como o do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, do ex-ministro Henrique Eduardo Alves, de doleiros, bem como o dossiê de 2 mil páginas relativas aos extratos bancários de empresas de fachada usadas pela Odebrecht.
Ele tem sido procurado para colaborar com o Ministério Público do Peru para repatriar dinheiro suspeito de ter sido usado em corrupção.
SUÍÇO SABE DA ‘REORGANIZAÇÃO’ OPERAÇÃO
Enquanto no Brasil a Polícia Federal extinguiu o grupo de trabalho da Lava Jato em Curitiba, o MP afirmou que espera manter a colaboração com a PGR. Em um comunicado enviado ao Estado, o escritório do procurador-geral da Suíça, Michael Lauber, afirmou que “tomou nota” da “reorganização” ocorrida no Brasil com a Lava Jato. “O escritório está confiante de que, baseado em um entendimento mútuo sobre a importância de combater crimes econômicos internacionais e lavagem de dinheiro, a atual cooperação entre as autoridades do Brasil e Suíça continuará a gerar resultados concretos”, afirmou.
“Chave para isso é a cooperação internacional em andamento, em especial em processos complexos”, disse. “Graças a essa cooperação, ativos foram desbloqueados com o consentimento do dono da conta e acordos foram feitos para que os ativos pudessem ser retornados às partes que sofreram perdas”, destacou, em referência aos entendimentos para a devolução de dinheiro de ex-diretores da Petrobrás que chegaram a acordos de delação premiada.
Os suíços ampliaram a equipe de investigadores na medida em que o caso começou a aumentar de proporção. Segundo Lauber, a equipe envolve cerca de dez pessoas.
O grupo suíço inclui analistas forenses, analistas de tecnologia da informação, especialistas em lavagem de dinheiro, advogados e especialistas em corrupção internacional. Segundo o MP, a força-tarefa ainda é reforçada pela presença da Polícia Federal suíça, além do Escritório Federal de Justiça.
BANCOS CONGELARAM CONTAS INVESTIGADAS
Em pouco mais de três anos, o MP de Berna determinou o congelamento de dezenas de contas, em um processo que envolveu operações nos principais bancos do sistema suíço, entre eles o J. Safra Sarasin, UBS, HSBC, Julius Baer, Pictet, Lombard Odier e Credit Suisse.
Com o congelamento também vieram milhares de páginas de extratos e a constatação de que os suíços teriam de transferir alguns dos casos ao Brasil. Esse foi, por exemplo, o caminho adotado para o processo criminal contra Cunha na Suíça e que foi integralmente enviado à PGR. Berna, naquele momento, optou por abrir mão de processar o ex-deputado, mas entregou aos procuradores brasileiros um caso praticamente pronto, até mesmo revelando o padrão de compras de sua família. De acordo com um procurador em Brasília, foi preciso “apenas” traduzir o documento.
VIA ESTADÃO
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