- 30/07/2017
Cláudia Trevisan, Correspondente / Washington, O Estado de S.Paulo
29 Julho 2017 | 05h00
Os EUA congelaram US$ 500 milhões em dinheiro e ativos atribuídos ao vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, e a Samark Lopez Bello, apontado como seu testa de ferro. O bloqueio reforça a pressão que Washington exerce sobre o governo de Nicolás Maduro na tentativa de forçá-lo a respeitar a oposição, convocar eleições e libertar presos políticos.
“Os recursos passaram a ser bloqueados em fevereiro, quando o Departamento do Tesouro designou El Aissami como narcotraficante internacional”, disse Michael Fitzpatrick, subsecretário assistente para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado. Segundo ele, os ativos são fruto do tráfico de drogas e de corrupção.
Na quarta-feira, os EUA anunciaram sanções a 13 indivíduos ligados ao governo de Maduro. Entre eles, estão os responsáveis pela organização da eleição da Assembleia Constituinte, marcada para amanhã. Os EUA e 12 países da região condenaram a consulta e afirmaram que ela levará à concentração de poderes nas mãos de Maduro
Nesta sexta-feira, o vice-presidente americano, Mike Pence, conversou por telefone com o líder opositor Leopoldo López, que está em prisão domiciliar. Segundo relato divulgado pela Casa Branca, Pence afirmou que os EUA imporão sanções econômicas caso o governo Maduro mantenha a votação de amanhã.
Até agora, Washington adotou sanções contra indivíduos, as primeiras das quais em 2015, ainda no governo de Barack Obama. Em maio, foram anunciadas medidas contra o presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Maikel Moreno, e sete integrantes da câmara constitucional da corte envolvidos na decisão que usurpou poderes da Assembleia Nacional.
Na quarta-feira, autoridades americanas alertaram que as 545 pessoas que serão eleitas para a Constituinte também estarão sujeitas a sanções caso assumam os cargos. A penalidade é o congelamento de bens que tenham nos EUA, a proibição de entrar em território americano e o veto a qualquer transação com residentes no país.
Em consulta promovida pela oposição, há duas semanas, 7,6 milhões de venezuelanos se manifestaram contra a convocação da Constituinte. A expectativa é que ela seja totalmente controlada pelo governo.
O congelamento dos ativos de El Aissami são resultado de uma investigação de anos sobre tráfico de drogas e não fazem parte das sanções adotadas pelos EUA em razão da situação política da Venezuela. Ainda assim, a medida aumenta a pressão sobre Maduro e foi mencionada durante o anúncio das novas sanções, na quarta-feira.
El Aissami assumiu o cargo de vice-presidente em janeiro. Antes, ele havia sido governador do Estado de Aragua e comandou o Ministério do Interior e Justiça no governo de Hugo Chávez. Seu nome está na lista de procurados da Interpol.
Segundo os EUA, El Aissami facilitou o transporte de drogas a partir de bases aéreas e portos da Venezuela e supervisionou múltiplos carregamentos de mais de uma tonelada de narcóticos, alguns dos quais destinados aos EUA.
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