No Brasil, os sistemas do Tribunal de Justiça e o Ministério Público de São Paulo foram retirados do ar.
Computadores do MP sofreram também com o ciberataque (Foto: Reprodução/TV TEM)
O ciberataque mundial iniciado na sexta-feira (12) deixou 200 mil vítimas, principalmente empresas, em ao menos 150 países, afirmou o diretor da Europol, Rob Wainwright, em uma entrevista à rede britânica ITV neste domingo.
"Realizamos operações contra 200 ciberataques por ano, mas nunca havíamos visto nada assim", ressaltou o chefe da Europol, que teme que o número de vítimas siga crescendo "quando as pessoas voltarem ao trabalho na segunda-feira (15) e ligarem o computador", divulgou a agência France-Presse.
Wainwright alertou que o setor de saúde está especialmente exposto a ataques similares, e recomendou que todas as organizações priorizem medidas para proteger seus sistemas e atualizem as versões do software com o qual trabalham, publicou a EFE.
"Advertimos já há algum tempo que o setor de saúde em muitos países é particularmente vulnerável, e é responsável por processar uma grande quantidade de informação sensível", detalhou o diretor da Europol.
O ataque
O ataque foi feito por um vírus de resgate, um ransomware. Ele embaralha os arquivos do computador, impedindo seu funcionamento normal. Para restaurar os arquivos e recuperar o sistema, a vítima precisa fazer um pagamento. Imagens do vírus divulgadas na sexta-feira indicavam que a praga estava pedindo US$ 300 (cerca de R$ 950, mas os valores têm variado) para serem pagos pela criptomoeda anônima Bitcoin (que dificulta o rastreamento realizado por autoridades) até uma data limite.
O diretor do Serviço Europeu de Polícia indicou ainda que os investigadores trabalham com a hipótese de que o ataque de sexta-feira foi cometido por criminosos, não por terroristas, e assegurou que os responsáveis receberam uma quantidade "notavelmente baixa" de pagamentos em conceito de recompensa para desbloquearem os computadores, segundo a EFE.
A ministra do Interior do Reino Unido, Amber Rudd, recomendou aos numerosos hospitais e centros de saúde afetados no Reino Unido que "não pagassem" o valor exigido pelos criminosos cibernéticos, ainda de acordo com a agência.
O vírus chega às máquinas por e-mail e por meio de uma brecha do Windows, vazada na internet em abril. O defeito existia no Windows até 14 de março, quando uma atualização da Microsoft corrigiu o problema. Quem não atualizou o computador está vulnerável ao ataque. A brecha permite que o vírus contamine outros computadores, em especial na mesma rede, sem precisar de nenhuma interação do usuário.
Os primeiros relatos do problema envolviam computadores do sistema de saúde público britânico. O segundo grande caso reportado foram máquinas de funcionários da Telefônica na Espanha. Os ataques chegaram ao Brasil no início da tarde de sexta-feira, quando os sites do Tribunal de Justiça e do Ministério Público de SP foram tirados do ar. Funcionários da Vivo, empresa da Telefônica no Brasil, também foram orientados a desligar seus computadores.
Além disso, sistemas de internet do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país foram desligados após sofrerem ataque, e foram confirmados incidentes pontuais em estações de trabalho de servidores. A Petrobras também adotou medidas preventivas para "garantir a integridade da rede e seus dados".
De acordo com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, "o ataque também ocorreu no Brasil em grande quantidade por meio de e-mails com arquivos infectados".
Os responsáveis pelas invasões ainda não foram identificados. Por conta do número de países e dos alvos similares, suspeita-se que seja uma ação coordenada por um grupo.
*Com agências.
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