- 05/02/2018
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o marqueteiro e delator João Santana afirmou, na tarde desta segunda-feira, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intermediou pagamentos da Odebrecht em 2009 para a campanha vitoriosa do presidente Mauricio Funes em El Salvador, na América Central. As declarações foram feitas no âmbito do processo em que o petista é acusado de receber propina da Odebrecht por meio de reformas num sítio em Atibaia. Lula nega as acusações.
Santana disse que, numa reunião no Palácio do Planalto, o ex-presidente mandou que o marqueteiro procurasse Emílio Odebrecht para que a empreiteira fizesse os pagamentos, já que o dinheiro para a eleição de Funes havia acabado faltando menos de um mês e meio para o fim da disputa eleitoral.
O marqueteiro, que na época coordenava a campanha de Funes em El Salvador, contou que voltou ao Brasil para encontrar Lula e pedir que o petista resolvesse o problema de falta de recursos na eleição:
— Eu vim conversar com o presidente Lula. Eu disse: “presidente, a situação é como se a gente tivesse comprado um Boeing e não tivesse querosene. Falta um mês para acabar. E, se não entrar dinheiro para mídia, não tem chance” — contou o marqueteiro, que em seguida completou: — O presidente (Lula) disse: “você vai ligar para o Emilio Odebrecht, que ele resolve”.
Segundo o marqueteiro, o patriarca da empreiteira respondeu que trataria do repasse com o ex-ministro Antonio Palocci:
O Emilio afirmou: “você diz ao nosso chefe que eu prefiro tratar isso com o italiano (Antonio Palocci)”. Eu voltei a El Salvador, e, dez dias depois, o problema estava resolvido — relatou Santana.
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