quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

As grandes frases de 2017 (por Ayrton Centeno)






Temer: “Ninguém fez tanto pelo país como eu nos últimos 20 anos”. (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
Ayrton Centeno (*)
Apoiado em seu cajado, 2017 ruma trôpego e combalido para sua última morada. É hora de garimpar as tiradas que podem sobreviver ao ano em estado terminal. Como todas as listas, esta merecerá todas as críticas do mundo por incluir o que não deveria ou por esquecer o que não poderia. São frases que podem revelar ironia, inteligência, cinismo, indignação, desprezo mas também desfaçatez, que tem sido o pano de fundo do nosso drama nesses tempos estúpidos. Vamos a elas:
“A minha expulsão não é uma punição. É biografia”
(Senadora Kátia Abreu ao ser expulsa do PMDB por ser oposição ao golpe e a Michel Temer)
“Romero Jucá, esse canalha, esse crápula do Brasil, esse ladrão de vidas e almas alheias”
(Idem, em seu primeiro discurso na tribuna do Senado após ser expulsa)
“Tem que manter isso, viu?”
(Temer sendo gravado por Joesley Batista e concordando com o “tratamento especial” dado pelo empresário ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, preso em Curitiba)
“O Rodrigo. Pode passar por meio dele, viu? Da minha mais estrita confiança”
(Temer dizendo a Joesley que, na ausência de Geddel Vieira Lima, o contato seria através de outro deputado, Rodrigo Rocha Loures, do PMDB, do Paraná, seguido, filmado e preso dias depois com mala contendo R$ 500 mil entregues pela JBS de Joesley)
“Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão”
(Ministro Luis Roberto Barroso, do STF, discutindo com seu colega Gilmar Mendes e enfatizando que ouviu a fita que incrimina Temer, a mala de dinheiro e a “corridinha” de Rocha Loures antes de ser preso)
“Uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção”
(Diretor da PF, Fernando Segóvia, em sua primeira entrevista, referindo-se à mala dos 500 mil reais entregue a Rocha Loures, representante de Temer junto à empresa)
“Só pode ser brincadeira”
(Ex-procurador-geral da república, Rodrigo Janot, ironizando a declaração de Segóvia)
“Nós vamos (gravá-lo) só porque ele é bandidão mesmo”
(Joesley Batista explicando ao executivo da JBS, Ricardo Saud, por que iria gravar o então presidente do PSDB, Aécio Neves)
“Adoraria disputar com alguém com o logotipo da Globo na testa”
(Lula, comentando a então possível candidatura do apresentador Luciano Huck à presidência)
“Bolsonaro é filho legítimo do casamento entre a Lava Jato e a Rede Globo”
(Sociólogo Jessé de Souza, autor de A Elite do Atraso, em entrevista)
“Se pegar dez Bolsonaros e espremer não cabe num pires”
(Ministro Aloysio Ferreira Nunes prevendo que Jair Bolsonaro não tem a menor chance contra Lula em um eventual segundo turno)
“A elite da comunicação, a elite empresarial e a elite política é que farão as reformas tão necessárias. Delegar isso ao “seu João” e à “dona Maria” é irresponsabilidade”
(Prefeito Nelson Marchezan Junior (PSDB), de Porto Alegre, mandando a plebe procurar o seu lugar)
“Ele é um bunda mole”
Vereador Cláudio Janta (Solidariedade), de Porto Alegre, ex-líder do governo na câmara municipal, respondendo ao prefeito Marchezan Junior, que chamou os vereadores de “cagões”)
“O Temer é aquele marido desempregado que, em vez de procurar emprego, sai vendendo as coisas da casa”
(Lula, sobre a privataria temerária)
“Sabe o que é isso? É coisa de preto…”
(Apresentador William Waack, então na TV Globo, em vídeo vazado que foi parar no Youtube. Waack irritara-se com o barulho de buzinas nas ruas de Washington/DC antes de começar uma entrevista)
“Eu quero ouvir o William Bonner pedindo desculpas na Globo. [Imita o apresentador do Jornal Nacional]: “Boa noite. Queríamos pedir desculpas para o Luiz Inácio Lula da Silva porque tudo o que se falou dele foi mentira”.
(Lula, em coletiva em dezembro de 2017)
“Meu filho não é ladrão, ele é doente”
Marluce Lima, mãe de Geddel Vieira Lima, logo após a descoberta de que o filho guardava R$ 51 milhões em malas em um apartamento de Salvador)
“Se denunciaram Aloysio por 500 mil eu tô fodido”
(Lucio Vieira Lima, deputado do PMDB e irmão de Geddel, refletindo sobre o futuro e citando a denúncia contra o chanceler Aloysio Ferreira Nunes)
“Minha morte foi decretada no dia do meu afastamento da universidade”
(Reitor Luis Carlos Canciller de Olivo, da UFSC, em bilhete deixado no bolso de sua calça, encontrado no dia em que suicidou por não suportar a humilhação a que foi submetido ao ser preso com estardalhaço pela PF e submetido, inclusive, a revista íntima)
“Quando a humanidade errou e não parou Hitler no momento certo? Quando a humanidade errou e não parou Mussolini no tempo certo? E fiquei pensando: eles estão de volta”
(Desembargador Lédio de Andrade discursando no velório de Canciller)
“É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular”
(Trecho de nota da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior sobre a ação da PF e a morte de Cancillier)
“O pobre tem fome, não tem hábito alimentar”
(Prefeito de São Paulo, João Dória, quanto ainda tentava distribuir a farinata, produzida a partir de alimentos próximos da data de vencimento, aos pobres.
“Eu só não te dou um soco agora, porque você é um merda”
(Deputado Sergio Zveiter, então no PMDB-RJ, após ler seu relatório contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e ser provocado pelo colega Darcísio Perondi, do PMDB/RS)
“Ninguém fez tanto pelo país como eu nos últimos 20 anos”
(Temer em discurso demonstrando preocupante afastamento do mundo real)
(*) Ayrton Centeno é jornalista.

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