sábado, 29 de outubro de 2016

Ex-morador de rua, jovem se formará em direito. E precisa da sua ajuda


Giovanna Bembom/Metrópoles


Wallisson viveu na Rodoviária por quatro anos. Voltou a estudar e hoje cursa direito. O sonho agora é conseguir pagar o baile de formatura




Quem vê Walisson dos Reis Pereira de terno e camisa social no ponto de ônibus lendo um livro de direito logo percebe mais um entre os universitários à espera da condução na W3, perto da Faculdade Upis, na 712/912 Sul. A diferença é que, para o rapaz de 30 anos, a vida sempre foi muito mais complicada. Se hoje o paletó incomoda sob o calor de Brasília, teve épocas em que o dia a dia do futuro advogado era marcado pela falta de um cobertor e pelas noites ao relento, sobre o chão frio da Rodoviária do Plano Piloto.
“Eu cresci com meus avós em uma fazenda no interior de Minas Gerais. Quando fiz 18 anos, me mudei para Brasília, pois queria estudar e trabalhar. Vim morar com o meu pai, mas ele me batia muito, me agredia sem motivo. Acabei fugindo de casa em 2008 e indo morar na Rodoviária do Plano Piloto. Passei muito frio e comi restos de comida que as pessoas deixavam para trás. Foi assim durante uns quatro anos”, lembra.

Naquele tempo, o que o ajudou a não se envolver com o crime ou as drogas foi o antigo sonho de infância: a vontade de cursar direito. Certo dia, quando Walisson ainda vivia nas ruas, um senhor resolveu pagar um lanche para ele, e os dois engataram uma conversa. O jovem contou que sonhava em voltar a estudar e havia procurado uma escola para terminar o ensino médio, mas como não tinha residência fixa, não conseguia ser matriculado.
Sensibilizado pelo relato, o homem tirou uma conta de luz do bolso e entregou para Walisson, que, no mesmo dia, se matriculou com o comprovante de endereço do desconhecido em um Centro de Educação de Jovens e Adultos na Asa Sul.
De volta aos estudos em 2012, o rapaz ia para a escola pela manhã. Depois, passava a tarde na biblioteca. À noite, voltava para a Rodoviária, onde dormia e pedia dinheiro. No mesmo ano, concluiu o ensino médio, continuou estudando na biblioteca da escola e conseguiu um bico de entregador de panfleto. Passou a ganhar R$ 20 por dia e, assim, alugou um quartinho na casa de uma senhora em Samambaia.

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