sexta-feira, 7 de junho de 2013


Flávio Cadegiani Endocrinologia · 2.875 curtiram isso
há 14 horas · 
  • OVERTRAINING - O QUE É, QUAIS OS SINTOMAS, COMO TRATAR E COMO PREVENIR

    POR FLÁVIO CADEGIANI

    (Divulguem e compartilhem, o assunto é atual e muito importante)

    A exigência dos outros e de nós mesmos sobre nossa performance em todos os aspectos da vida, desde o profissional, social, sentimental até o físico, implica em rotinas cada vez mais duras associada à rigidez nos treinos e na dieta (nem sempre adequada para o ritmo de vida e das atividades físicas], para gerar uma imagem mais próxima ao do ser humano perfeito. Isso propicia ao aparecimento de uma doença que tornou-se uma verdadeira epidemia em academias e outros meios desportivos no século XXI: o overtraining.
    Overtraining trata-se simplificadamente de uma fadiga generalizada devido ao excesso de treinamento sem o devido descanso e possivelmente associado a alimentação insuficiente e/ou de má qualidade.
    Mas, do ponto de vista médico, por que acontece? Como posso saber se tenho isso? Como identificar? Qual o melhor tratamento? O que fazer para prevenir?
    O corpo humano apresenta uma série de respostas hormonais e sinalizações toda vez que o corpo se exercita, descansa e quando come.
    Mecanismos compensatórios ocorrem em diversos níveis celulares em praticamente todos os tecidos durante o repouso e a alimentação adequada. Quanto mais exaustivo, intenso e prolongado for um treino, maior será a demanda por reparar todo o processo inflamatório e de degradação que houve durante o exercício. O corpo apresenta diversas formas de adaptação, criando formas de otimizar a recuperação, permitindo ao organismo praticar atividades cada vez mais intensas com menor necessidade de recuperação. Porém, como tudo nesta vida, existe um limite. E este limite....
    Como mecanismo de proteção
    Os sinais e sintomas clínicos do overtraining são vários:
    1. Aumento da quantidade de gordura e perda de músculos a despeito de dietas drásticas e de intensa atividade física
    2. Diminuição da resistência física mesmo em evolução no treinamento
    3. Sensação de fadiga constante
    4. Piora da qualidade do sono
    5. Sintomas depressivos
    6. Queda da libido e do volume ejaculatório
    7. Diminuição da capacidade cognitiva
    8. Sintomas gripais que duram muito tempo
    9. Tender points da fibromialgia positivos (mas raramente culminando com diagnostico de fibromialgia)
    O corpo emite sinais sutis ealguns sinais claros de que irá “quebrar”, porém muitas vezes nossa determinação e motivação nos cegam destes sinais. Assim caminhamos para o processo de fadiga chamado overtraining.
    E as alterações laboratoriais (nem sempre tão floridas) incluem:
    1. Queda do eixo tireotrófico e principalmente do T3 (imitando Síndrome do Eutireoidiano Doente)
    2. Hipogonadismo hipogonadotrófico (diminuição dos hormônios sexuais por queda do LH e FSH)
    3. Aumento da produção de cortisol
    4. Diminuição do IGF-1 (em resposta à queda de liberação de GH)
    5. Aumento de marcadores inflamatórios (incluindo IL6 e TNFalfa)
    6. Diminuição das células de defesa como células NK (nem sempre dosáveis)

    O tratamento é claro e consiste em descanso completo de qualquer atividade física de no mínimo uma semana e a depender da gravidade pode ser de mais tempo. Além disso, é necessário que se aumente a quantidade de alimento ingerida, mas sempre mantendo-se a qualidade dos alimentos consumidos. E ao retornar, é importante reiniciar de forma mais lenta nos primeiros dias.
    A prevenção do overtraining consiste em estabelecer planos no campo alimentar e de exercícios físicos adequados para o ritmo de vida, capacidade física e que sejam coerentes e equilibrados entre si. Quanto mais intenso é o treino, maior é a necessidade de acompanhamento de um profissional no campo de educação física e no campo de nutrição, com profissionais com capacidade técnica e experiência no assunto de atletas de alta performance. Para a prevenção é também importante saber reconhecer os sinais precoces que o corpo dá para evitar que ele “quebre” e você perca semanas ou meses de trabalho árduo.

    Grande abraço,

    Dr. Flávio Cadegiani
    Endocrinologista
    Fellow pela UNIFESP/EPM
    CRM/DF 16.219 e CREMESP 160.400

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