quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Com Nicolas Cage, "O Apocalipse" traz visão conflitante do fim dos tempos

Por Reuters 
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Filme é baseado na série de livros "Left Behind", escritos por Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins

Reuters
Inspirado na série de livros “Left Behind”, com nada menos que 12 best-sellers escritos por Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins, “O Apocalipse” (em uma tradução de título um tanto equivocada) vai ao centro de uma das mais polêmicas crenças evangélicas, protestantes e cristãs: o arrebatamento, quando os verdadeiros crentes são elevados ao céu. Fica-se então com o conflito, no livro e filme, daqueles que foram “deixados para trás”.
Nos vários textos bíblicos que dão base a essa crença (Apocalipse, Mateus, Tessalonicenses etc.), para aqueles que seguem a Bíblia como fonte de revelação suprema, a história retratada é conflitante. Principalmente no que se refere às crianças, colocadas aqui como inocentes que são diretamente arrebatadas, enquanto nas escrituras apenas as de famílias fiéis são elevadas.
Imagem do filme 'O Apocalipse'. Foto: Divulgação
A escolha dos autores tornou o produto mais popular (quem quer ver bebês sofrendo?), para além da literatura digestiva, mas repleta de suspense. No filme, o pop ficou por conta da escolha de Nicolas Cage, como um dos protagonistas, ao lado do ator Chad Michael Murray (que fez sucesso em séries de TV como “One Three Hill”).
Mas a nova produção, contrariamente à franquia realizada a partir da mesma fonte em 2000, apenas se inspira no livro. Desta vez, vemos as agruras da família Steele, quando a filha Chloe (Cassi Thomson) vai passar uns dias com seus pais.
No aeroporto, onde o pai, Rayford (Cage), trabalha como piloto, conhece o jovem jornalista investigativo Buck Williams (Murray), com quem inicia um comportado flerte. O rapaz tem um voo marcado para Londres, coincidentemente pilotado por Rayford.
Quando vai para casa, Chloe encontra a mãe Irene (Lea Thompson), que segue de forma mais fundamentalista os textos bíblicos. Como se trata de uma obra de cunho religioso, a moça é refratária às crenças (demonstrando uma intolerância crônica) e, assim, quando o arrebatamento chega, percebe não apenas que a mãe estava certa, como também o erro em suas escolhas de vida.
Enquanto isso, o pai, que está em pleno voo transatlântico, deve lidar com passageiros enfurecidos pelo sumiço de alguns amigos e familiares, em especial das crianças. E pior: precisa desviar de outros aviões que vagam, no automático, pelo céu, já que seus pilotos também foram arrebatados.
Com baixo orçamento, algo em torno de 16 milhões de dólares, a crise que se instaura na Terra, que remete ao caos apocalíptico, mostra-se muito mal-ajambrada, com cenas que lembram as realizadas em estúdios de atrações de parques temáticos. Porém, o que mais chama a atenção negativamente são os diálogos, feitos para o filme (muito longe do que se mostra nos livros), pouco críveis nas performances de seus limitados atores.
Da enigmática série de TV “The Leftovers” (de HBO, baseada no livro de Tom Perrotta), ao estapafúrdio “É o Fim” (com Seth Rogen e James Franco), as recentes produções sobre o arrebatamento parecem todas superiores na forma e conteúdo. Algo bastante frustrante, seja para quem segue as escrituras, seja para os fãs dos 12 volumes de “Left Behind”.
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