Música de apologia ao estupro, cantada por estudantes, gera revolta na UFMG
Alunos entoaram o brado "não é estupro, é sexo surpresa" em um bar de Belo Horizonte
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BELO HORIZONTE - Um grupo supostamente formado por estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) flagrado entoando coros de apologia ao estupro gerou revolta nas redes sociais e reação da direção da universidade. A reitoria, que já havia declarado tolerância zero contra manifestações ofensivas após um trote de cunho racista na instituição, condenou o episódio, mas não informou se abrirá uma investigação sobre o caso.
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No mais novo episódio, alunos com uniforme da Bateria Engrenada, uma charanga da Escola de Engenharia da UFMG, geraram protestos após apoiar o estupro em cantos entoados em um bar da Zona Sul de Belo Horizonte no último sábado. "Não é estupro, é sexo surpresa", cantou parte de um grupo de aproximadamente 40 pessoas, segundo relato de outros alunos da universidade.
"Hoje o Rei do Pastel (nome do estabelecimento) foi dominado por uma turma de idiotas, componentes da Bateria da Engenharia da UFMG (que vergonha!), que em coro cantavam: "Não é estupro, é sexo surpresa", dentre outras imbecilidades machistas, misóginas e homofóbicas. Mais triste ainda foi ver mulheres envolvidas na cantoria. E mais triste ainda perceber que ninguém mais se sentiu incomodado", escreveu no Facebook a aluna de mestrado Luísa Turbino, em post com mais de 500 curtidas.
Ao GLOBO, a aluna disse que ficou constrangida com a manifestação dos colegas e saiu do bar, onde estava com o namorado e dois amigos, logo após a cantoria.
- Quando chegamos, por volta das 21h, já percebemos um grupo exaltado com cerca de 40 pessoas. Antes da apologia ao estupro, eles já haviam cantado músicas agressivas, elitistas, machistas e com muitos palavrões. Acho que a UFMG tinha que repensar o papel dessa charanga, já que a universidade cede espaço para os ensaios - afirmou.
Por nota, a direção da UFMG afirmou que "desaprova qualquer tipo de comportamento discriminatório, seja ele de caráter machista, sexista, racista, homofóbico, entre outros que desrespeitem a dignidade humana". A reitoria, no entanto, não definiu se abrirá alguma sindicância para apurar o caso.
A Bateria Engrenada foi criada em fevereiro de 2013 para apoiar os times esportivos da Escola de Engenharia. O projeto cresceu e, hoje, o grupo, que conta com aproximadamente 100 integrantes, faz shows profissionais. No sábado, eles haviam se apresentado momentos antes do episódio.
- Cheguei um pouco depois ao bar porque precisei resolver algumas coisas do show. Essas músicas não são do nosso repertório e nem foram escritas por qualquer integrante. Sempre repudiamos esse tipo de atitude. Ainda não sei se eram membros do grupo, mas vamos apurar - explica o capitão da bateria, Bruno Saúde.
Outra medida que a Bateria Engrenada afirmou tomar foi restringir a confecção de camisas do grupo. Segundo Saúde, a distribuição do uniforme era feita sem controle, para qualquer um que tivesse interesse.
TOLERÂNCIA ZERO
Em março do ano passado, um trote realizado por alunos da Faculdade de Direito gerou grande repercussão nas redes sociais. Ao menos duas imagens foram compartilhadas nas quais estudantes faziam manifestações de cunho racista. Em uma delas, um veterano acorrentou uma caloura, a pintou de preto, além de colocar um cartaz no pescoço dela com os dizeres "Caloura Chica da Silva". Na outra, três alunos faziam a clássica saudação nazista ao lado de um calouro amarrado a uma pilastra.
Em maio deste ano, a UFMG publicou uma resolução na qual proíbe qualquer trote que envolva ou incite agressões físicas, psicológicas ou morais. O texto prevê ainda a punição aos estudantes que promovam ridicularização ou humilhação e manifestações que evidenciem práticas discriminatórias.
Em agosto, a universidade decidiu expulsar o estudante Gabriel de Vasconcelos Spínola Batista, além de suspender por um semestre os alunos Gabriel Augusto Moreira Martins, Gabriel Mendes Fajardo e Giordano Caetano da Silva pelo envolvimento do trote de março de 2013.
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