Por Ricardo Moreira
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Policiais militares deixam entrada da Câmara dos Deputados, em Brasília (Foto: Isabella Formiga/G1). |
Em
nota, governo fala em 'expectativa de relaxamento da prisão' de PMs.
Comando da PM ordenou a prisão de 12 por incitar atos de desobediência.
O
governo do Distrito Federal divulgou nota na noite desta quarta-feira
(26) informando que "reconhece como legítima" a preocupação manifestada
pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, sobre o
protesto de policiais militares realizado durante à tarde no Congresso.
Um
grupo de PMs ocupou a entrada da Câmara dos Deputados para pedir que 12
PMs presos por suposto envolvimento na operação tartaruga sejam soltos.
O grupo, que também manifestou contra a proposta de reajuste salarial
apresentada pelo GDF, deixou o prédio cerca de uma hora depois.
O
GDF esclareceu na nota que há "expectativa de relaxamento da detenção
dos policiais militares" e que diante disso, "as autoridades que
presidem os inquéritos policiais militares (IPMs) e o Poder Judiciário"
são responsáveis por analisar o caso.
PMs presos estão na Papuda
O
estudante de aviação civil Elienai Meireles Sanches, de 22 anos, afirma
que o pai, Valdez Sanches da Costa, 1° sargento do Batalhão de Polícia
Militar Ambiental, foi preso injustamente por incitar outros policiais a
aderirem a atos de desobediência e desordem.
O
PM foi preso na sexta-feira passada (21) depois de ter se recusado,
segundo o filho, a dirigir uma viatura da PM. O pai diz que concluiu um
curso para direção de veículos, mas que essa habilitação não vale para
um tipo de caminhonete nova adquirida recentemente pela corporação,
segundo o relato de Sanches.
O
estudante conta que o pai estava com a família em casa quando recebeu
uma ligação do comando da PM solicitando que ele comparecesse no
batalhão onde servia. Costa saiu de casa por volta das 16h. Chegando ao
batalhão, foi chamado para uma reunião que só terminou à noite. Foi
quando o filho conversou com o PM por telefone. "Ele disse que não iria
voltar para casa naquele dia e pediu que nós não nos preocupassemos com a
situação. Ele acreditava que iria ficar preso por pouco tempo".
Sanches
diz que o pai está na PM há 27 anos e que nunca cometeu atos de
indisciplina. O policial está numa ala do presídio da Papuda, chamada de
Papudinha, onde ficam presos os policiais militares. As visitas só são
liberadas aos sábados.
Costa
e outros sete policiais militares, que também foram presos por incitar
atos de desobediência, disse Sanches, ocupam celas individuais. "Eles
tem autorização para pedir que funcionários comprem comida de fora. As
refeições são preparadas lá mesmo", contou o estudante. "Meu pai está
num estado emocional muito abalado e já emagreceu bastante. Em toda
minha vida, o vi chorando poucas vezes. Após saber que minha mãe e minha
irmã tiveram que ficar nuas durante a revista antes de visita-lo ele
desabou", afirma o filho do PM.
Reajuste
No
último dia 18, uma assembleia marcada por oficiais, realizada no Clube
de Oficiais da PM, decidiu aceitar a proposta de reajuste feita pelo
governo do DF à categoria. Na manhã da mesma data, outra reunião em
frente ao Palácio do Buriti havia rejeitado o plano de reajuste e
reestruturação da categoria.
O
GDF ofereceu aos policiais militares reajuste de 22% nos salários
escalonado em três anos, para aproximar os salários da PM com os da
Polícia Civil. No caso dos benefícios, os reajustes variam entre R$ 560,
para praças, e R$ 1,2 mil, para oficiais. Pela proposta, o pagamento
será feito com recursos do governo local, por meio de decreto.
Operação tartaruga
Policiais
militares entraram em operação tartaruga em outubro do ano passado para
reivindicar reajuste salarial, reestruturação da carreira e pagamento
de benefícios a PMs em atividade e policiais reformados. O governador
Agnelo Queiroz afirmou que o movimento tinha caráter político.
Por
participação no movimento, doze policiais militares foram presos entre a
última quinta e sexta (20 e 21). Os policiais presos são suspeitos de
vários crimes militares, incluindo incitação à desobediência, incitação à
violência e publicações indevidas. O primeiro deles, preso na noite de
quinta, é um soldado suspeito de desacatar ordens de superiores.
Segundo
o corregedor-geral da PM, Civaldo Florêncio, os policiais divulgaram
postagens em redes sociais e espalharam e-mails sobre a operação
tartaruga. "Não se tratam de bandidos ou marginais. Essas medidas visam
reestabelecer a ordem e a hierarquia dentro da PM", disse.
A
previsão é que os policiais fiquem presos por 30 dias, período que pode
ser estendido até o fim do inquérito. Foram abertos processos
administrativos contra os policiais presos nesta sexta. Os processos
podem originar de advertência até a expulsão da corporação, explicou o
corregedor. Além disso, os policiais podem pegar até dois anos de prisão
caso sejam condenados.
A
categoria ficou dividida depois que o GDF encerrou as negociações sobre
reajustes salariais publicando, na quarta, dois decretos. Os líderes
das associações decidiram em reunião não se posicionar contra a medida,
mas anunciaram que vão enviar carta de repúdio a Agnelo Queiroz.
Em
um e-mail divulgado na noite de quarta, havia orientações para que a
categoria boicote as atividades. Entre elas, está até mesmo dar
informações incorretas a turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo,
orientando-os a ir a lugares a mais de 40 quilômetros do centro de
Brasília, onde ocorrerão os jogos.
"[Sobre]
informações aos turistas estrangeiros: oriento-os de maneira incorreta
(mande-os para o Sol Nascente, Águas Lindas, Planaltina, Vale do
Amanhecer etc.), e só os ajudem, claro, de forma incorreta, se ele
(estrangeiro) souber falar português (mesmo que o policial saiba falar
outra língua)", diz o e-mail que circula entre os PMs. O texto não é
assinado.
Fonte: Portal G1 DF - 26/02/2014
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