O exercício da atividade policial exige, inúmeras vezes, o uso da violência como forma legítima de exercício da profissão. Seja para proteger um cidadão inocente ou um colega de trabalho o policial precisa estar pronto para, em frações de segundos, tomar uma decisão que poderá levar a morte de outra pessoa. Mesmo nos casos onde esta outra pessoa é um marginal, um assassino, o policial, quando tem uma formação cristã, acaba se ressentindo de seus atos, mesmo que justificados juridicamente, pelo menos nas primeiras vezes em que é preciso utilizar tais medidas.
O problema do uso da violência é que, como toda situação desagradável, acabamos nos acostumando com ela e, algumas vezes, podemos chegar a tomar gosto por sua utilização. O evangelho já nos alertava sobre isso, o perigo de termos nossas mentes cauterizadas pelo pecado. Uma vez nesta situação perdemos a capacidade de discernir entre um comportamento adequado e um inadequado, ou melhor, entre o certo e o errado. E podemos ver policiais, antes empenhados no combate ao crime, se sujando em grupos de extermínios, grupos de vigilantes ou em qualquer outra atividade ilícita que julguem necessárias para atingir os seus “nobres” objetivos.
Na minha ótica abrimos espaço para este tipo de comportamento quando nosso coração está aberto a um sentimento mórbido e escuro, a vingança. Se o uso frequente da violência dessensibiliza nosso olhar ao sofrimento do próximo, mesmo que este seja uma pessoa má. A vingança permite que utilizemos nossos extintos mais baixos para expelir violência e ódio contra aqueles que, de alguma forma nos causaram dor, sofrimento, prejuízo ou dano.
No início concentramos essa violência nos “verdadeiros bandidos” aqueles que machucaram ou mataram um colega de serviço, que violentaram uma criança ou cometeram algum tipo de crime que, na nossa ótica, não merece perdão. Para eles a lei deve ser cobrada com o sangue dos inocentes. Contudo, em pouco tempo, este sentimento começa a contaminar todas as nossas relações e todos aqueles que nos causaram algum sofrimento acabam sendo dignos de nosso ódio e vingança. Alma e espírito doentes, se antes devíamos usar a violência de forma controlada, para ajudar as pessoas, agora ela nos controla e consome nossa alma.
Na nossa atividade é fundamental estarmos com as palavras do mestre sempre em nossas mentes:
Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas. Marcos 11:26
Perdoar não significa que a pessoa não irá sofrer a consequência por seus atos. Por exemplo, se um amigo marretar o para-brisas do seu carro, apenas para te irritar, é fundamental que liberar o perdão e não revidar a agressão. Entretanto, o prejuízo pode ser cobrado, de forma legal e sem violência, a confiança não será reestabelecida da noite para o dia, a relação de vocês precisará ser reconstruída.
Jesus estabelece uma condição para que sejamos perdoados de nossas iniquidades é que perdoemos aqueles que nos fazem mal. É importante lembrar que o perdão não é um sentimento, mas uma decisão. Não envolve vontade, mas decisão. Precisamos decidir perdoar, depois os sentimentos seguirão nossas ações. E se os sentimentos não vierem nossas ações devem falar mais alto. Senão fosse assim o Senhor não nos daria uma ordenança que não pode ser cumprida.
A caserna é prodiga em fabricar injustiças, podemos sentir isso na pele todos os dias, mas se desejamos proteger nossas mentes e almas do domínio da violência das armadilhas da vingança é preciso que estejamos comprometidos com o perdão, mesmo que os objetos de nosso perdão não o mereçam. Por que, afinal, nos mesmos não merecemos o perdão e a salvação de Deus, recebemos por sua maravilhosa graça.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. 1 João 1:9
Fonte: Blitz Digital
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