sábado, 13 de agosto de 2016

AMÉRICA LATINA Esquerda tem desafios para enfrentar ressurgimento da direita no continente

Em debate promovido pela Contag, professor Salvador Schavelzon diz que progressistas precisam fazer autocrítica sobre por que perderam bandeiras para a direita, como no caso da corrupção

por Redação RBA publicado 12/08/2016 19:28, última modificação 12/08/2016 19:34
Manifestação - Frente Brasil Popular
Para professor, "o que tem que ser reconstruído no atual contexto é a capacidade de reação nas ruas”
São Paulo – São enormes os desafios da esquerda da América Latina, e particularmente no Brasil, no contexto de retomada do poder por forças conservadoras no continente. Os desafios são grandes porque enfrentam o ressurgimento da proposta de se construir, a partir de interesses norte-americanos, um modelo como o da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que volta à pauta latino-americana. No Brasil, esse projeto está contido na “Ponte para o Futuro”, que o governo interino de Michel Temer tenta implementar no país.
“Quando voltam os projetos do tipo Alca, é preciso uma reação multinível da esquerda. É preciso pensar, por exemplo, como o movimento sindical pode conseguir dialogar com movimentos como os protestos de junho de 2013 com sua ambiguidade difícil de entender”, disse o professor Salvador Schavelzon, pesquisador na Universidade Federal de São Paulo, no seminário “Internacional Movimentos Sociais e Educação Popular na América Latina: perspectivas e desafios da atualidade”, realizado hoje (12), em Brasília, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Escola Nacional de Formação (Enfoc).
No momento em que há uma crise do ciclo em que governos progressistas da América Latina trabalharam por reformas sociais de Estado, “não há um caminho claro (para a esquerda). É preciso tentar resistir o máximo possível ao que vem; como resistir e qual sociedade se quer construir, é parte do debate”, afirmou.
Schavelzon lembrou que, além do Brasil, a reversão política no continente se mostra clara na Argentina, com o “governo de direita” de Mauricio Macri. Na Bolívia e no Equador, ainda permanecem os governo progressistas, mas o presidente Evo Morales perdeu referendo e não poderá concorrer a novo mandato e, entre os equatorianos, há incertezas sobre o futuro de Rafael Correa.
Na Venezuela, a crise política cresce. O presidente da Contag, Alberto Broch, afirmou ser preciso refletir sobre “o que aconteceu na Argentina, o que está acontecendo no Brasil e o que vai acontecer na Venezuela”.
Para Schavelzon, a esquerda precisa fazer uma autocritica sobre o porquê de ter perdido bandeiras para a direita, principalmente no caso da corrupção. “Precisamos mostrar como a corrupção e o narcotráfico se vinculam aos cortes de direitos sociais como saúde e educação. Nossa resposta não pode ser apenas ataque à mídia golpista”, disse. “Na Venezuela, crescem as manifestações por bandeiras que deveriam ser da esquerda. O que tem que ser reconstruído é a capacidade de reação nas ruas.”
De acordo com ele, é preciso “construir alternativas que passem pela ideia” de que a política não pode ser feita apenas por “especialistas da política, parlamentares e funcionário públicos”. Os exemplos, disse, estão no cotidiano. “A questão do machismo, por exemplo, não vai ser resolvida de cima para baixo por especialistas. A ideia de autonomia tem de estar aliada à ideia de como se pode construir um contrapoder.”
Os desafios da esquerda, segundo Schavelzon, enfrentam ainda o debate sobre como as organizações clássicas, a exemplo dos sindicatos de trabalhadores, podem se relacionar com uma nova forma de organização “não clássica”.
Nesse contexto, o professor entende que a esquerda precisa compreender como se posicionar numa realidade em que há uma transformação das relações entre classes sociais. “As classes sociais têm mudado. Muitos trabalhadores não têm emprego. Os povos indígenas nem entram na produção. A produção industrial tem cada vez menos peso na economia. Hoje, a classe não é mais o que se entendia na teoria clássica.”
A tese tem sido evocada pelo economista Marcio Pochmann. “O problema é que estamos com dificuldade de mobilizar os trabalhadores e as grandes massas. Temos feito mobilizações com presença preponderante da classe média”, disse à RBA em junho.

Política Dividido, PT encara novos rumos após as eleições

No comando do país há 13 anos, sigla enfrenta tensão de descontentes que avaliam debandar do partido

Por: Carlos Rollsing
13/08/2016 - 02h02min | Atualizada em 13/08/2016 - 02h02min


Dividido, PT encara novos rumos após as eleições Reproduções/Agencia RBS
Rui Falcão, presidente nacional do PT, e Tarso Genro, representam lados opostos no atual momento do partidoFoto: Reproduções / Agencia RBS
Os próximos meses serão decisivos para a história do PT, potência partidária construída em mais de três décadas de existência e 13 anos de poder no governo federal.
As avaliações indicam que, independentemente do lado vencedor da disputa que se avizinha, a sigla sairá do processo modificada: ou o campo majoritário deixa o comando absoluto do partido ou os crescentes quadros de oposição partirão em debandada.
O movimento, se confirmado, poderá se transformar em uma fuga que culminará com a fundação de nova legenda de esquerda. Atentos ao cenário, PSB, Rede, PDT e PSOL estão de olho nos insatisfeitos.
O impeachment de Dilma Rousseff, que avançou à etapa final no Senado com vantagem ao presidente interino Michel Temer, as prisões de petistas decorrentes das denúncias de corrupção e o profundo desgaste da imagem catapultam a insatisfação contra Rui Falcão, presidente nacional do PT, e o campo majoritário, que sempre esteve na condução da sigla, liderado por figuras como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu.
O debate se intensificará somente após as eleições municipais, que terão poder de influenciar nos resultados. O futuro do petismo será decidido nos dias 9, 10 e 11 de dezembro, quando ocorrerá o "Encontro Extraordinário". 
Antes dele, serão escolhidos delegados em 27 de novembro, por meio de voto direto nos municípios. Os descontentes, abrigados em um grupo denominado "Muda PT", avaliam ter hoje aproximadamente 46% do partido.
Críticas internas indicam que partido se afastou das origens
Na bancada federal, esse bloco de oposição já é maioria, com 36 dos 59 parlamentares em exercício. A estratégia é reunir grande parte no encontro e aprovar a antecipação das eleições internas para a direção nacional. O mandato de Rui Falcão vai até fevereiro de 2018. O Muda PT quer chamar votação para o primeiro semestre de 2017, encurtando o período de quatro anos a que Falcão teria direito.
— Existe inconformidade grande com os rumos da direção nacional. Há quase consenso de que sucumbiu à apatia e tem grande dificuldade para oferecer rumos ao partido no período mais difícil da sua existência. Essa direção não tem mais condições — assevera a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
No último dia 4, quando a sigla reuniu a executiva nacional, o Muda PT aprovou nota em que exige séries de mudanças, reconhecimento de erros e reaproximação com ideias "socialistas", remontando ao pensamento que antecedeu a chegada ao poder. Em momento tenso, as críticas internas indicam que o PT se afastou das origens e corrompeu as práticas.
"O encontro deve concluir um balanço autocrítico sobre erros cometidos, dentre os quais o esgotamento da estratégia de conciliação com o capital, a não realização de reformas estruturais e do Estado, as alianças conservadoras, o eleitoralismo e a contaminação com o financiamento empresarial", diz trecho da nota.
Migrar para novo partido vira opção
Os integrantes do Muda PT sabem que a derrota no Encontro Extraordinário é possível. O campo majoritário ainda detém hegemonia e, na direção executiva, tem amplo domínio.
— Se perdermos o encontro, vamos ter muita gente jogando a toalha — diz um dirigente.
"Jogar a toalha" significaria migrar para outro partido e, sobretudo, fundar outra sigla de orientação esquerdista, opção que já foi discutida nos bastidores pelo ex-governador Tarso Genro.
— Se não houver mudança de nomes, não houver uma recomposição política, é bem possível que uma parte do PT migre para um novo partido — diz um influente deputado federal.
Alguns dos quadros mais respeitados da sigla estão no Muda PT. A eventual debandada poderia enfraquecer definitivamente a legenda.
— Não trabalho com essa hipótese (sair do PT). Sair seria como abandonar a base social maravilhosa que temos. Me vinculo a isso. Vamos fazer a disputa do rumo — pondera Maria do Rosário.
Embora tenha a pretensão de assumir o comando da sigla, o Muda PT já enfrenta processo de divergência em diversos temas. Exemplo foi a eleição para a presidência da Câmara, quando houve divisão entre os que votaram em Rodrigo Maia (DEM-RJ) — para derrotar Rogério Rosso (PSD-DF), candidato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — e os que se retiraram do plenário em protesto. O único tema em que o coletivo ainda mantém unidade é na disputa interna do partido.
Ligado ao campo majoritário, o deputado estadual Adão Villaverde (PT-RS) diz não ser contrário à antecipação das eleições internas e à reestruturação da direção. Mas pondera ao avaliar que é preciso fazer diagnóstico dos acontecimentos que levaram o partido até a situação atual:
— O fundamental é fazer um bom balanço. Temos de fazer uma caracterização do golpe, dessa aliança para derrubar o governo Dilma montada por adversários políticos, Judiciário, empresários e a mídia. E verificar os erros do PT. A partir deste debate, reorganizamos o partido.
QUEM SÃO OS LÍDERES DO CAMPO MAJORITÁRIO
O ex-presidente Lula, embora transite em todas as áreas do partido, sempre foi vinculado a esse grupo, exercendo liderança. Atual presidente da sigla, Rui Falcão, integra movimento. O ex-ministro José Dirceu ainda hoje é cultuado e mantém influência. No RS, a corrente que apoia o campo é a Unidade na Luta, do deputado Adão Villaverde.
QUEM SÃO OS LÍDERES DO MUDA PT
Grande parte é da Mensagem ao Partido, agrupamento de correntes políticas integradas por nomes como o ex-governador Tarso Genro, o deputado federal Paulo Teixeira (SP) e os ex-ministros Miguel Rossetto e José Eduardo Cardozo. Há, ainda, nomes de outras tendências, como Maria do Rosário, da recém fundada Avante Socialismo 21.
O QUE SIGNIFICA O MOMENTO DO PARTIDO?
— Quase metade da legenda se reuniu em um agrupamento chamado Muda PT. A crítica é de que o partido, comandado pelo campo majoritário, afastou-se do programa original e aderiu à corrupção como método. Os descontentes cobram retomada de ideias socialistas e mudança na direção, com antecipação de eleições internas.
— Já o campo majoritário se define como responsável pelo sucesso das políticas sociais que levaram o PT ao auge no segundo mandato de Lula, com quatro vitórias seguidas à Presidência. Deste embate, resultará um novo PT, que poderá retomar radicalização de esquerda ou se fracionar e gerar a fundação de novos partidos. São fatos que irão influenciar o futuro da política nacional.




Lua de mel balançada Empresariado e economistas mostram sinais de preocupação com ação de Temer na economia

Após três meses do governo interino, setor produtivo apresenta sintomas de receio devido a concessões do Planalto em medidas consideradas fundamentais para o ajuste fiscal e reformas estruturais no país


Empresariado e economistas mostram sinais de preocupação com ação de Temer na economia DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO/ESTADÃO CONTEÚDOPor: Cadu Caldas

13/08/2016 - 02h03min | Atualizada em 13/08/2016 - 02h03min


precioso de empresários e analistas que depositam no presidente interino — e em sua equipe — esperança para dar guinada na economia brasileira. Mas após recuo em várias decisões e sucessivas concessões a parlamentares e sindicalistas, a relação começa a dar os primeiros sinais de desgaste.
Confirmado o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, o governo terá de ser bastante ágil na aplicação do ajuste fiscal prometido. Caso contrário, a acalentada lua de mel com a iniciativa privada pode estar com os dias contados.

Até o momento, o bom humor do mercado com a gestão Temer está mais ancorado na impopularidade de Dilma — que retornará caso o impeachment venha a ser barrado — do que em resultados propriamente ditos. Apesar da fama de negociador habilidoso, calcada em décadas de articulação política nos bastidores, o interino tem enfrentado resistência na base aliada e colecionado derrotas parciais no Congresso.
Foi obrigado a sancionar aumento de 41,4% a servidores do Judiciário em troca de apoio, e precisou fazer concessões importantes para aprovar projeto de renegociação da dívida dos Estados: retirou do texto trecho que restringia reajustes ao funcionalismo estadual por dois anos. Uma semana antes, havia suprimido o parágrafo que obrigava os Estados a reduzirem gastos com pessoal para se enquadrarem na Lei de Responsabilidade Fiscal.
A condescendência do Planalto representou a primeira grande derrota de Henrique Meirelles.
Espécie de fiador do governo interino para o mercado, o ministro da Fazenda afirmou em diversas entrevistas que considerava "essencial" a limitação de gastos públicos nos Estados para realização do ajuste fiscal prometido.
— O episódio demonstrou que o ministro não tinha toda a força imaginada ou que, pelo menos, todo o simbolismo que tem no mercado não se reflete na Câmara. Mesmo assim, é um caso diferente do que aconteceu com Joaquim Levy, que era frequentemente desautorizado pela própria Dilma. Meirelles tem apoio do presidente. Apesar de concordar sobre o que precisa ser feito, Temer cedeu para conseguir aprovar o texto-base. Entregou os anéis para ficar com os dedos — avalia José Luís da Costa Oreiro, professor de economia da UFRJ.
Condição de temporário estica paciência de investidores
Com receio de perda de apoio do setor produtivo na fase final do impeachment, Temer iniciou ofensiva na tentativa de garantir legitimidade. Promoveu, além de audiência com grandes empresários, evento público com representantes da construção civil. E já prepara agenda de encontros com executivos de outros setores, como do agronegócio e da indústria.
Por ora, a leitura é de que a tolerância com o Planalto deve durar mais algum tempo.
O entendimento é de que a interinidade e a herança deixada pelo PT limitam os movimentos do governo, mas que o caminho apontado como norte — o ajuste fiscal — está correto. O relógio deve começar a contar de fato a partir do eventual momento em que Dilma for oficialmente afastada do cargo. A expectativa é de que, uma vez efetivado com a faixa presidencial, Temer adote postura mais contundente.
— Todo mundo sabe que reformas na Previdência e na legislação trabalhista não sairão da noite para o dia, ainda mais tendo eleições logo adiante. Mas é esperado que até o final do ano o governo mostre capacidade de fazer mudanças. Bom termômetro será a votação do teto dos gastos federais, em novembro — diz Bruno Piagentini, analista da corretora CoinValores.
Perfil parlamentar alimenta desconfiança
No meio acadêmico, o prestígio do interino também não é unânime. Após falhar na implantação de medidas de ajuste, já passa a ter o governo considerado "frágil" por economistas como Monica de Bolle, do Peterson Institute for International Economics, nos EUA. Ela avalia que o reequilíbrio das contas públicas só ocorre com reformas dependentes de pulso firme que Temer não tem nem terá.
E que apesar da área técnica forte, o lado político é tão complicado quanto o do governo Dilma.
— O teto de gastos sozinho não significa nada, porque para você fazer realmente teto que tenha efeito no crescimento das despesas precisa fazer junto as outras reformas, como a da Previdência, que, por enquanto, ainda estão longe de sair do papel — avalia Monica, ressaltando que é ilusório acreditar que Temer agirá de forma completamente diferente caso saia vitorioso ao fim do processo de impeachment.
O interino, que inicialmente fez questão de ressaltar o contraponto à intransigência da antecessora, começa a ser encarado por alguns analistas como pessoa que foge do confronto, com estilo demasiadamente parlamentar para quem ocupa cargo no Executivo.
— Os anos no Congresso moldaram o jeito dele (Temer) de agir. Avança dois passos para recuar um. Acontece que no Planalto é diferente. Ninguém governa se quiser agradar a todo mundo.
O risco que se corre é ficar dois anos paralisado pela falta de disposição de comprar brigas — afirma o analista da Pezco Mycroanalysis, João Ricardo Costa Filho.
Os testes mais importantes ainda estão por vir. A emenda constitucional que impõe aos gastos federais o teto da inflação e o debate das mudanças no regime de Previdência só devem avançar no Congresso após a sentença a Dilma. Caso Temer se mantenha no Planalto, as duas questões, consideradas prioridades pela equipe econômica, têm potencial explosivo, capaz de azedar qualquer clima de lua de mel.

Melhora tímida por acerto na escolha da equipe e uma pitada de sorte
Embalada pelo aumento na produção industrial e pelo avanço nos índices de confiança empresarial, a economia começa a dar sinais embrionários de reação com Michel Temer no Planalto.
Diferentemente da bolsa e do dólar, que refletem a animação de investidores com as mudanças de comando em Brasília, o avanço em outros indicadores tem menos relação com o trabalho do governo interino. Já apareciam, mesmo que de maneira discreta, antes de Dilma Rousseff ser afastada em razão do processo de impeachment. Mas três meses depois, o maior desafio segue em aberto: reduzir o rombo bilionário nas contas públicas.
E o entrave enfrentado pela gestão Temer tem sido o mesmo que afligia a equipe econômica anterior: convencer o Congresso a aprovar projetos que causam enorme desgaste com o eleitorado.
No últimos meses, a economia tem mostrado sinais irregulares de melhora. Após registrar crescimento marginal em abril, o nível de atividade voltou ao terreno negativo em maio conforme o IBCBr, indicador criado pelo Banco Central para monitorar a atividade econômica no país. Em junho, o índice retomou alta, com 0,23%, mas, na comparação entre o segundo trimestre e o primeiro, a queda foi de 0,53%.
A inflação voltou a ganhar força em julho em relação a junho, mas continua a recuar no acumulado em 12 meses.
— Avaliando os indicadores de forma mais ampla, é possível dizer que paramos de piorar. O próprio discurso dos empresários, que sentem o ritmo da economia no dia a dia, mudou, está mais otimista. Isso é mérito do presidente interino, que soube escolher nomes de credibilidade na Fazenda e no Tesouro — avalia Sérgio Goldman, da gestora de patrimônio Maximizar.
Recuperação do cenário internacional ajudou
Temer também contou com um pouco de sorte. Depois de um início de ano desastroso nas bolsas de valores ao redor do mundo, o segundo trimestre foi marcado por recuperação nos mercados internacionais, impulsionados pela elevação nos preços de matérias-primas como petróleo e aço. Somado ao otimismo gerado pelo afastamento de Dilma do poder, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, prosseguiu escalada durante a semana, alcançando o maior patamar do ano na quinta-feira, com 58.299 mil pontos.
O dólar segue caminho contrário e não para de cair — atingiu na quarta-feira o valor mais baixo (R$ 3,13) desde julho de 2015. Depois, entre quinta e sexta-feira, registrou elevação, fechando a semana a R$ 3,18. A maior confiança estrangeira com o governo conta a favor do real, e o cenário externo também ajuda. Bancos centrais adotaram medidas para prevenir efeitos negativos da saída do Reino Unido da União Europeia, deixando mais recursos disponíveis.
— O apetite pelo Brasil tem aumentado, já que tem muita liquidez no mundo e os juros aqui são altos, o que é atrativo. A sinalização do governo de que haverá privatizações deverá trazer mais capital estrangeiro — projeta Pedro Raffy Vartanian, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.



De bike, fotógrafa cruza o Vietnã para mostrar costumes dos nativos

13/08/2016 07h00 - Atualizado em 13/08/2016 07h00

Bell Boniatt usou a bicicleta para registrar os nativos do país turístico.
Imagens da aventura poderão ser conferidas em exposição em Porto Alegre.

Lisiane LisboaDo G1 RS

Bell Boniatti reúne fotos da experiência de 30 dias no Sudoeste Asiático e apresenta o material a partir de terça-feira (16/08), no espaço Nevermore (Foto: Divulgação)Bell Boniatti percorreu mais de mil km de bicicleta do Sul a Norte do Vietnã para mostrar como vivem os nativos no Vietnã  (Foto: Divulgação)
Aos 27 anos, a publicitária e fotógrafa Bell Boniatti, de Porto Alegre, circula o mundo para fazer o bem por meio do voluntariado e resgatar a essência cultural dos povos através das lentes de sua máquina fotográfica.
“O Vietnã vive uma ditadura difícil. Vi que na periferia eles estavam lá de verdade, sem fantasias. Por isso, escolhi a bicicleta.”
Bell Boniatti
Entretanto, uma das viagens despertou a necessidade de registrar um olhar mais íntimo e verdadeiro de um país já conhecido por estereótipos pós-guerra: o Vietnã.

Em 2015, Bell chegou ao país asiático na expectativa de conhecer um lugar com cenários marcados pelas cicatrizes de mais de 16 anos de guerra com os Estados Unidos. Ao perceber que o turismo da região ofuscou o encantamento dos costumes nativos, a fotógrafa passou a visitar as periferias de Ho Chi Minh, no Sul do país, em busca de olhares mais profundos sobre como vivem os vietnamitas. Para alcançar objetivo, pedalou mais de 1,4 mil km do Sul até Hanói, capital do Norte do Vietnã, em 22 dias.
Bell Boniatti reúne fotos da experiência de 30 dias no Sudoeste Asiático e apresenta o material a partir de terça-feira (16/08), no espaço Nevermore (Foto: Divulgação)Publicitária e fotógrafa encarou altas temperaturas durante a travessia do país asiático (Foto: Divulgação)
“O Vietnã vive uma ditadura difícil e com a influência do turismo faz com que os nativos só trabalhem para servir os estrangeiros. Vi que na periferia eles estavam lá de verdade, sem fantasias. Por isso, escolhi a bicicleta”, lembra Bell.
Após viajar acompanhada de um amigo que conheceu durante uma de suas viagens, a gaúcha conta que a percepção  das paisagens sob a ótica do ciclista trouxe uma série de descobertas sobre o país.

“O país é lindo e temos uma impressão muito ruim deles. O simples não é o pobre e a Ásia se torna linda por isso. Todo mundo compartilha tudo, jantares de comida local com a vizinhança toda reunida”, relata com nostalgia.
Bell e Fabio Puccini durante a pedalada de mais de 1,4 mil quilômetros no Vietnã  (Foto: Arquivo Pessoal)Bell e Fabio Puccini durante a pedalada de mais de 1,4 mil quilômetros no Vietnã (Foto: Arquivo Pessoal)
Para vencer o cansaço e o calor com sensação térmica de mais de 40º C, Bell e o amigo mochileiro Fábio Pucinni faziam breves paradas e se alojavam em casas dos nativos, otimizando a imersão nas comunidades.
“Era comum trocar fotografias por hospedagem ou comida. Aprendi muito com eles e me senti acolhida pelas famílias. Os vietnamitas são muito solidários e se preocupam uns com os outros”, afirma a voluntária.
Bell procurou registrar os costumes verdadeiros dos vietnamitas durante viagem  (Foto:  Bell Boniatti )Bell procurou registrar os costumes verdadeiros dos vietnamitas (Foto: Bell Boniatti/Divulg )
O resultado da experiência da publicitária e fotógrafa pode ser visto na exposição VIÊT, no Espaço Nevermore, na Alameda Major Francisco Barcelos, 127, bairro Boa Vista, na capital gaúcha, na próxima terça-feira (16), a partir das 19h, com entrada franca.
Bell Boniatti reúne fotos da experiência de 30 dias no Sudoeste Asiático e apresenta o material a partir de terça-feira (16/08), no espaço Nevermore (Foto: Bell Boniatti)De acordo com Bell, vietnamitas vivem uma difícil rotina de atender turistas (Foto: Bell Boniatti/Divulgação)
“São 30 fotos que mostram um outro lado dessas regiões para que todos entendam, até os mais leigos, que um país com traumas pós-guerra pode ser encantador e seus costumes podem ser exemplos para nações mais desenvolvidas”, resume Bell.

Após três meses, governo Temer coleciona frases polêmicas; relembre

13/08/2016 06h00 - Atualizado em 13/08/2016 06h00

Falas do presidente em exercício e de ministros repercutiram negativamente.
Ricardo Barros disse que homem cuida menos da saúde por trabalhar mais.

Lucas SalomãoDo G1, em Brasília

O governo do presidente em exercício Michel Temer, que completou três meses nesta sexta-feira (12), vem colecionando frases polêmicas. Declarações de ministros e do próprio Temer geraram intensa repercussão negativa, especialmente nas redes sociais.
O último episódio da série de escorregadas dos integrantes do governo interino ocorreu na última quinta-feira (11), quando o ministro da Saúde, Ricardo Barros, gerou polêmica ao fazer um comentário sobre a atuação de homens e mulheres no mercado de trabalho. A declaração foi interpretada como "machista".
Em algumas situações, o presidente em exercício chegou a desautorizar ministros publicamente devido a falas que constrangeram o Palácio do Planalto.
Relembre algumas polêmicas do governo Temer:
Homens 'trabalham mais'
Um dos principais protagonistas de frases polêmicas no primeiro escalão tem sido o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Na última quinta, ele voltou a movimentar as redes sociais depois de afirmar que os homens "trabalham mais", são os "provedores da maioria das famílias", e, por isso, cuidam menos da própria saúde porque "estão fora trabalhando".
A declaração repercutiu negativamente e foi contestada, inclusive, pela própria filha do ministro, a deputada estadual Maria Victoria Borghetti Barros (PP-PR).
Barros, então, divulgou nota na qual se desculpou pela fala e esclareceu que se referiu não à jornada de trabalho, mas, sim, ao número de homens no mercado de trabalho.
CARD: Ministro da Saúde, Ricardo Barros (1) (Foto: Card/G1)
Mulheres no Senado
Em viagem ao México no final de julho, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, foi duramente criticado após uma brincadeira com o número de senadoras no país latino-americano.
Serra “alertou” a chanceler mexicana Claudia Ruiz Massieu sobre o "perigo" que o alto número de parlamentares mexicanas pode oferecer aos políticos brasileiros.
— Devo dizer, cara ministra, que o México, para os políticos homens no Brasil, é um perigo, porque descobri que aqui quase a metade dos senadores são mulheres — disse o ministro, de acordo com a agência de notícias AFP.
CARD: Ministro das Relações Exteriores, José Serra (Foto: Card/G1)
Programa 'generoso'
O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse em julho, em entrevista ao jornal "O Globo", que o programa Ciência sem Fronteiras é "caríssimo" e "generoso". O governo Temer suspendeu a concessão de novas bolsas para o programa.
"Nem Finlândia, Suécia ou Dinamarca, que são países riquíssimos e muito bem resolvidos na questão de equidade, ofertariam um programa tão generoso como esse, sem qualquer acompanhamento", declarou.
"É um programa caríssimo, e para atender 35 mil alunos. Sem avaliação, sem acompanhamento. Boa parte dos cursos são de terceira linha, sem sequer compatibilidade curricular com nossas universidades. Foi feito e moldado de forma absolutamente amadorística", concluiu o ministro.
CARD: Ministro da Educação, Mendonça Filho (Foto: Card/G1)
'Benzedeira'
Outra declaração polêmica do ministro da Saúde, Ricardo Barros, foi dada durante uma entrevista coletiva na qual ele falava sobre o programa Mais Médicos. Na ocasião, ele disse que prefere ter médicos cubanos do que farmacêuticos ou benzedeiras atuando em locais de difícil acesso no país.
"Se tiver algum ponto em que médicos brasileiros não queiram ir, teremos lá um médico cubano. É melhor ter um médico cubano do que um farmacêutico ou uma benzedeira", afirmou, em junho.
CARD: Ministro da Saúde, Ricardo Barros (2) (Foto: Card/G1)
'Mundo feminino'
Em maio, somente três dias após tomar posse, Michel Temer disse, em entrevista ao Fantástico, que buscava nomes do "mundo feminino" para compor o primeiro escalão do governo federal.
Ele sofreu duras críticas de movimentos sociais por não ter nomeado nenhuma mulher para chefiar ministérios em seu governo.
"Você sabe que eu fiz a junção de vários ministérios. E agora, em pelo menos em três deles, a Cultura – Educação e Cultura. Mas para a Cultura eu quero trazer uma representante do mundo feminino. Para a Ciência e Tecnologia e Comunicações, quero trazer uma representante do mundo feminino. E também na chamada Igualdade Racial, mulheres e etc., que passou a ser Cidadania, eu quero trazer uma mulher. Portanto, eu terei, no mínimo, quatro mulheres integrantes do ministério", disse Temer.
CARD: Presidente em exercício, Michel Temer (Foto: Card/G1)
'A fé move montanhas'
Outra declaração de Ricardo Barros bastante criticada, especialmente nas redes sociais, foi dada quando o ministro da Saúde falava sobre a liberação da fosfoetanolamina sintética, substância conhecida como "pílula do câncer".
Em fase de testes, a pílula causou polêmica entre especialistas. Barros, então, defendeu que o produto seja utilizado mesmo sem efetividade comprovada.
"Na pior das hipóteses, é efeito placebo. Dentro dessa visão, se ela não tem efetividade, mas as pessoas acreditam que ela tem, a fé move montanhas", disse Barros na ocasião.
CARD: Ministro da Saúde, Ricardo Barros (3) (Foto: Card/G1)

Maior levantador de peso dos Estados Unidos é vegano


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O que os americanos Serena Williams (tênis) e Kendrick Farris (levantamento de peso) e a australiana Morgan Mitchell (velocista) têm em comum, além de serem atletas de ponta e disputarem os Jogos Olímpicos do Rio? Todos os três são veganos.


De todos o que mais chama a atenção é Kendrick Farris. Por conta de seu esporte, muitos acham que o maior levantador de peso dos Estados Unidos --e o único homem a representar o país na modalidade nos Jogos do Rio-- tem uma dieta 100% vegana.


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

José Dirceu acha pouco propina de 11 milhões de reais


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A defesa do ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, recorreu a uma comparação para rebater a acusação do Ministério Público Federal na qual ele é apontado como um dos chefes do esquema de corrupção na Petrobras. Em documento apresentado à Justiça, Dirceu sustenta que jamais ocupou posição de liderança ou de comando no petrolão.
“Ainda que se admita que houve pagamentos de propinas não se poderia explicar que o ex-ministro receberia ‘pixulecos’ enquanto pessoas quase que anônimas recebiam valores expressivos, inclusive devolvendo valores exorbitantes, como se deu com o delator e corréu Pedro José Barusco”, escreveram os advogados.
Para reforçar a tese de que o ex-ministro não é o cabeça da organização criminosa, a defesa fez cálculos: “Os valores supostamente recebidos por ele (valor de 11.884.205,50 de reais) não chegam perto nem de 2% do montante desviado pelo corréu e colaborador Pedro Barusco”. O ex-diretor da Petrobras, em acordo de delação premiada, se comprometeu a devolver quase 100 milhões de dólares em propinas.
Os defensores do ex-ministros recorrem a outras comparações financeiras para justificar a tese: “Justamente José Dirceu teria recebido valores menores, quase que inexpressivos se comparados aos recebidos por Barusco, um gerente executivo? E perto dos 80 milhões de reais que o corréu Milton Pascowitch admitiu ter ganhado?”. Dirceu já foi condenado a 20 anos e 10 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro.