Cristã evangélica, Lauane Destro Viana demorou apenas oito meses para manuscrever a Bíblia (Foto: Arquivo pessoal)
A estudante Lauane Destro Viana, de 19 anos, bateu o recorde de manuscrever mais rápido a Bíblia, informou o RankBrasil, empresa que registra recordes exclusivamente brasileiros. A jovem deSanto André(SP) copiou à mão o livro em oito meses, de 17 de fevereiro a 17 de outubro deste ano.
O recorde anterior pertencia ao mineiro Sidney Mendonça, que copiou a Bíblia em nove meses, em 2013. Na ocasião, o rapaz, que já havia lido a Bíblia duas vezes, estava de férias da faculdade de engenharia e afirmou ter encarado a empreitada para "fazer algo diferente".“Sou cristã evangélica e leio a a Bílbia todo ano desde que me converti. Quando preparava um cronograma para relê-la, ouvi a voz do Espírito Santo me pedindo para que daquela vez eu copiasse o livro”, contou.
Para ir do Gênesis ao Apocalipse, Lauane utilizou 22 canetas, três corretivos e 2.923 folhas de papel. “Estudava o livro entre 8 e 10 horas em média, todos os dias. Só no último mês reduzi a intensidade da transcrição porque comecei a trabalhar como auxiliar administrativa", explicou.
De acordo com o RankBrasil, a estudante teve que enviar fotografias, vídeos e declarações reconhecidas em cartório para garantir que ela mesma realizava o desafio. Lauane, que será premiada com um trófeu, disse que após ter manuscrito a Bílbia, compreendeu melhor seu livro favorito.
“Li com a atenção dobrada, já que também estava escrevendo. Desta vez percebi como o livro apresenta os erros que as pessoas cometem, não só os acertos. Isso é importante porque os sábios aprendem com os erros dos outros”, acredita Lauane.
Para ir do Gênesis ao Apocalipse a paulista utilizou 22 canetas, três corretivos e 2.923 páginas de caderno universitário (Foto: Arquivo pessoal)
Sexta maior cidade da Síria, Raqqa não tem sítios arqueológicos como a vizinha Aleppo e não figurava em roteiros de visita para turistas. Mas há mais de um ano seu nome aparece constantemente ao redor do mundo muito mais do que qualquer outro ponto do país: Raqqa foi escolhida à força pelo "Estado Islâmico" como a "capital" do califado que o grupo extremista muçulmano diz ter criado em partes do território sírio e do Iraque.
E desde os atentados que mataram 129 pessoas e feriram centenas em Paris, a cidade síria de cerca de 400 mil habitantes se tornou um alvo ainda mais preferencial dos bombardeios aéreos realizados pela coalizão comandada pelos EUA (que inclui a França) e em incursões da Força Aérea Russa.
Nesta quarta-feira, grupos de monitoramento informaram que foram mortos 33 supostos militantes do "EI" nos últimos três dias de bombardeios aéreos franceses contra Raqqa.
Ao mesmo tempo, o acirramento das tensões aprofunda a rotina de terror vivida pela ampla maioria de quem mora lá - gente que não apoia as ações do "EI", mas que tampouco pode fugir delas.
Chibatadas
Sob controle ferrenho dos militantes, Raqqa é área proibida para a imprensa. Sua escolha pelo "EI" não foi aleatória: a cidade foi capital de um imenso império muçulmano entre os anos de 796 e 809.
As poucas informações sobre a rotina da "capital" vêm de habitantes e ativistas que arriscam a vida para transmiti-las. Ou de relatos de refugiados sírios que conseguiram escapar de uma região que o "EI" transformou em laboratório para seu estilo implacável de governo.
"Durante alguns meses após a chegada deles (os militantes), tínhamos internet em casa. Agora precisamos ir para cybercafés para conseguirmos entrar online. E eles verificam que páginas acessamos", contou à BBC em setembro um ex-morador de Raqqa que conseguiu entrar na Turquia.
Identificado apenas como Mohamed, ele relatou com detalhes a rotina da população vivendo sob controle dos radicais islâmicos.
Se inicialmente a vitória dos militantes contras as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, foi bem-recebida em Raqqa, a cidade logo se viu diante de um "regime" ainda mais opressor, em que o extremismo religioso que marca as posições do "EI" leva a punições rígidas para atividades como fumar em público.
Mohamed, por exemplo, ficou preso por um dia e levou 20 chibatadas pela "transgressão".
A julgar por outros relatos, no entanto, o rapaz deu sorte. Segundo informações obtidas por ativistas, execuções são uma ocorrência diária em Raqqa, tendo como "palco" específico a Praça do Paraíso, a principal da cidade. Decapitações e crucificações são os métodos preferidos dos militantes, que também governam com pulso firme aspectos da vida diária como o funcionamento do comércio e das escolas.
E, sobretudo, dos hospitais. Apesar de as informações sobre os bombardeios aliados ressaltarem a destruição de alvos do "EI" e morte de militantes, os relatos são de que civis também estão na linha de fogo. Mas ao contrários dos "soldados" do grupo extremista, que contam com hospitais exclusivos e os melhores médicos, baixas comuns precisam ser tratadas em locais com sérios problemas de funcionamento.
Inclusive na hora de cumprir com as doações compulsórias de sangue exigidas pelos militantes para ajudar no tratamento de feridos em combates ou bombardeios.
"A população é aterrorizada pelo 'EI' e ao mesmo tempo precisa lidar com bombardeios aéreos. Todos estão cansados, famintos e com medo", disse recentemente a diversos veículos de comunicação britânicos Abu Ibrahim, porta-voz do Raqqa Está Sendo Chacinada Silenciosamente, um grupo de ativistas que denuncia violações de direitos humanos na região.
Ainda segundo Ibrahim, mulheres com menos de 45 anos de idade não podem sair de Raqqa. Mulheres jovens são frequentemente forçadas a se casar com militantes.
Os ataques contra o "EI" tiveram efeito nos preços de alimentos. O pão, por exemplo, sofreu reajustes de 150%. Há racionamento de energia elétrica e de água.
Embora ativistas tenham relatado que os ataques feitos pela aviação francesa nos últimos dias não atingiram civis, há relatos de que cinco foram mortos em bombardeios russos. E que o "EI" estaria usando populações como escudos humanos, movendo centros de comando para áreas civis e mesmo "mascarando" prédios estratégicos - anteriormente pintados de preto, a cor oficial do grupo, as construções teria sido redecoradas para se parecerem mais com prédios comuns.
Polícia francesa detém suspeito em Saint-Denis, ao norte de Paris (Foto: AP Photo/Peter Dejong)
Ao menos dois jihadistas morreram nesta quarta-feira durante uma operação contra o islamismo radical na localidade de Saint-Denis, na região metropolitana de Paris, segundo confirmaram Ministério de Interior. Um dos mortos é uma mulher que levava um cinto com explosivos e se detonou. A operação, que tinha o objetivo de localizar os jihadistas relacionados com os atentados da última sexta em Paris, foi finalizada às 12h (9h em Brasília), depois de sete horas. Pelo menos sete pessoas foram detidas. Cinco agentes e um transeunte ficaram feridos.
Agentes especiais haviam ido ao local em busca de Abdelhamid Abaaoud, considerado um dos organizadores dos atentados de sexta-feira passada, que mataram 129 pessoas. Abaaoud, 28 anos, belga de origem marroquina, havia passado vários meses com os jihadistas na Síria. Ele vivia em Molenbeek, o bairro de Bruxelas de onde saíram alguns dos participantes diretos da matança, e, segundo a polícia, teve relação com outros ataques jihadistas ocorridos na França —inclusive o de janeiro contra a revista Charlie Hebdo.
Abaaoud não está entre os detidos, mas, segundo a Polícia, o homem e a mulher mortos ainda não foram identificados. O promotor de Paris, François Molins, assegurou ainda que era "impossível" comunicar a identidade dos sete detidos para preservar a confidencialidade das investigações. "Por sia organização e determinação, esse comando podia passar à ação”, afirmou Molins nesta quarta à noite.
Agentes de forças especiais francesas haviam ido a Saint-Denis à procura de suspeitos alojados em um apartamento situado entre as ruas République e Corbillon. Quatro pessoas estavam dentro do imóvel: uma mulher, que se detonou com um cinturão de explosivos, e pelo menos três homens.
60 detidos e 118 confinados
GABRIELA CAÑAS, PARIS
Graças ao estado de emergência decretado após os ataques da última sexta-feira, 60 pessoas foram detidas e 118 estão confinadas (isto é, em prisão domiciliar preventiva ou sob vigilância). Em apenas quatro dias, os agentes das forças de segurança francesa fizeram 414 registros e apreenderam 75 armas de fogo.
O confinamento permite que as autoridades mantenham sob vigilância ou controle os suspeitos de terrorismo ou de colaboração com o terrorismo. Podem ficar imobilizados em suas próprias casas ou em um lugar que as autoridades decidam. Trata-se de uma medida excepcional que só pode ser aplicada quando o país se encontra em estado de emergência, o qual o Governo Hollande quer prolongar até fevereiro do ano que vem.
A mobilização nas ruas da capital francesa é enorme, principalmente nos transportes públicos. Segundo os dados do Governo, 58.000 policiais e 50.000 gendarmes [forças militares] foram mobilizados pela Promotoria de Paris.
Enquanto isso, continua em vigor a proibição de se manifestar nas vias públicas. A medida foi imposta no sábado e seguirá em vigor até quinta-feira.
Um dos terroristas que estavam dentro do apartamento morreu no meio do tiroteio e das explosões, segundo confirmou depois o ministro de Interior, Bernard Cazeneuve, e o promotor Molins —ambos levados até o local das operações. O cadáver do suposto jihadista foi descoberto quando os agentes entraram no apartamento. Alguns detidos também ficaram feridos e um deles foi encaminhado para o hospital.
No total, sete pessoas foram detidas na operação, segundo o Ministério Público parisiense. Três delas estavam dentro do apartamento. No lado de fora, as forças de segurança também prenderam um homem e uma mulher. No final da manhã (hora local), a polícia interrogou outros dois suspeitos. Um deles é a pessoa que alugou o apartamento aos terroristas e outro um amigo desta. O Ministério de Interior acredita que pelo menos dois terroristas que participaram dos ataques de sexta estão foragidos.
A operação policial, da qual participaram franco-atiradores das forças especiais, começou de madrugada. Às 4h20 (1h20 em Brasília) foram ouvidas as primeiras detonações ou explosões nos arredores da rua République, perto da praça Jean-Jaurès. Vários supostos jihadistas trocaram tiros com as forças de segurança. Às 7h30, as detonações e explosões continuavam sendo ouvidas. No meio da amanhã, os policiais ainda revistavam o apartamento dos supostos terroristas. Procuravam explosivos e acreditavam que algum jihadista permanecia escondido na área.
As autoridades haviam pedido aos moradores que não saíssem de suas casas. Os colégios do bairro permanecem fechados, e dezenas de militares com coletes à prova de balas foram enviados ao local para organizar um cordão de isolamento. Pelo menos dois voos intercontinentais da Air France procedentes dos Estados Unidosforam desviados para outros aeroportos. Seu destino era o aeroporto Charles de Gaulle, muito perto de Saint-Denis. O presidente François Hollande, o primeiro-ministro Manuel Valls e o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, estão no Palácio do Eliseu acompanhando a operação.
“A terra tremia”, disse à emissora France Info um morador que vive perto do apartamento ocupado pelos supostos jihadistas, e que escutou as fortes explosões ao longo da manhã. “Houve muitos disparos e uma explosão. A polícia gritava: ‘Saiam das janelas’”, contou outro.
Uma moradora que vive no mesmo prédio relatou que, pouco depois das 4h, ouviu uma primeira explosão. “O prédio inteiro se mexia”, disse ela. A mulher se atirou ao chão com seu bebê, até ser retirada do local pela polícia. Outro morador comentou que havia uma contínua substituição de moradores no apartamento atacado.
Saint-Denis, um município nos arredores de Paris com população majoritariamente imigrante, foi onde três kamikazes se explodiram simultaneamente na sexta-feira, em frente ao Stade de France, enquanto outros grupos de jihadistas assassinavam dezenas de pessoas no centro de Paris. Três morreram após detonar cinturões explosivos na casa de shows Bataclan, e um sétimo se matou dentro de um restaurante no bulevar Voltaire.
A operação policial desta quarta-feira também acontece muito perto do emblemático estádio de futebol, a cerca de 1,5 quilômetro. O prefeito de Saint-Denis, Didier Paillard, havia marcado para as 18h desta quarta-feira (hora local) uma manifestação junto ao estádio, com a presença da prefeita de Paris, Anne Hidalgo.
Considerada ficha suja no Ceará, Maria da Conceição Paula não teve problemas ao ingressar nos quadros do GDF, com ganhos que se aproximam dos R$ 12 mil mensais. Subsecretária do Sistema Socioeducativo, da Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, Maria da Conceição teve a nomeação publicada no Diário Oficial do Distrito Federal de 23 de outubro, apesar dos problemas no estado de origem.
Em 2008, o então presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), conselheiro Ernesto Sabóia, apresentou uma lista com os nomes de 1.701 gestores que tiveram as contas desaprovadas de 1º de janeiro de 2003 a 29 de maio de 2008. Nessa relação — que inclui os casos em que não há mais possibilidade de recurso administrativo no TCM —está o nome da nova subsecretária do GDF.
Segundo o TCM, esses 1.701 gestores estão na lista “por decisão definitiva, como também por tomadas de contas especiais ou processos de natureza semelhante, instaurados para exame de atos de gestão praticados em decorrência da aplicação de recursos públicos, e que tenham sido julgados pela procedência ou pela procedência parcial, com indicação de nota de improbidade administrativa”.
Por meio de assessoria de imprensa, Maria da Conceição Paula se limitou a dizer ao Metrópoles que, na ocasião da posse, “apresentou toda a documentação necessária para a investidura em cargo público, tais como certidões negativas com as Justiças local, Federal e Eleitoral”.
postado em 18/11/2015 14:50 / atualizado em 18/11/2015 18:08
Barulhos de bombas e tiros acabaram com a Marcha das Mulheres Negras, no início da tarde desta quarta-feira (18/11), na Esplanada dos Ministérios. Cerca de 10 mil pessoas participam do ato, que incluiu uma caminhada entre o Ginásio Nilson Nelson e o Museu da República, ao lado da Catedral de Brasília.
Um policial civil do Maranhão e outro do DF são responsáveis pelos disparos. O primeiro agente também foi preso durante manifestações de estudantes em 13 de novembro, na Esplanada dos Ministérios, por estar armado.
Um servidor público, que não quis se identificar, revelou que manifestantes de um acampamento em favor da intervenção militar lançaram rojões na Esplanada, o que causou pânico entre as manifestantes.
A reportagem do Correio estava no local quando policiais militares fizeram um cordão de isolamento em frente ao Congresso Nacional e a confusão começou no gramado. Pessoas começaram a correr e mulheres pediram calma.
A deputada federal Érika Kokay (PT-DF), integrante da Comissão de Direitos Humanos, estava presente no ato. Em uma rede social, ela relata os momentos de pânico na Esplanada dos Ministérios e expõe fotos de mulheres do movimento ao chão. Há ainda fotos da prisão do suspeito e de uma das balas encontradas no local.
Marcha
É a primeira vez que a marcha nacional acontece no Distrito Federal. O objetivo é reunir o máximo de organizações de mulheres negras, assim como outras entidades do movimento negro e mobilizar essas pessoas em homenagem aos ancestrais e em defesa da cidadania plena das negras brasileiras. Em 20 de novembro se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra.
Quando o Estado Islâmico matou o piloto jordaniano Moaz al Kasasbeh no começo de fevereiro, a reação de Amã foi imediata: executou a prisioneira iraquiana Sayida al Rishawi, encarcerada desde novembro de 2005 por tentar se explodir dentro do hotel Radisson da capital jordaniana. Al Rishawi era a carta na manga do EI para libertar o piloto jordaniano, ainda que muitos acreditem que o jovem militar foi assassinado brutalmente – no vídeo de sua morte aparece enjaulado e queimado dos pés à cabeça – pouco depois de sua captura e até mesmo antes do pedido de troca pela iraquiana. Mas por que Al Rishawi era tão importante para o EI?
A iraquiana tentou acionar o cinturão de explosivos dentro do complexo hoteleiro em 9 de novembro de 2005. Falhou e foi presa. Seu marido Ali Hussein al Shamari, entretanto, não fracassou ao realizar o atentado que vitimou 57 pessoas. Al Rishawi foi a primeira mulher a receber e cumprir a palavra da então grande referência da Al Qaeda no Iraque, Abu Musab al Zarqaui. O líder terrorista de Zarqa (Jordânia) havia dado um passo à frente na interpretação do papel da mulher na jihad – ao contrário da organização de Bin Laden – somente quatro meses antes.
Em julho de 2005, Al Zarqaui, em um áudio de uma hora captado pelo grupo de inteligência Site, dizia o seguinte: “A mulher jihadista é a mulher que cria seus filhos para se unirem à jihad, para lutar e morrer pela jihad”. Até aqui, Al Zarqaui seguia a doutrina de seus correligionários da Al Qaeda. Mas acrescentou: “Lamento pela situação da nação, dizendo a mim mesmo que não existem homens suficientes para as operações, o que leva as mulheres a pedir por sua honra…”. O jordaniano elevou em vários níveis o papel das jihadistas no campo de batalha – enquanto o egípcio Al Zawahiri, número dois de Bin Laden, continuava negando qualquer intervenção na jihad combativa.
Antes de Al Zarqaui abrir as portas às mulheres combatentes, o papel das jihadistas dentro da Al Qaeda – como defendia sua cúpula central – se limitava a criar as crianças, estar junto aos homens e alimentá-los, sempre dentro dos lares. Facções armadas como a milícia palestina Hamas, grupos do Cáucaso, curdos e organizações terroristas africanas como a Al Shabab outorgaram às milicianas um papel mais ativo.No mesmo dia em que Rishawi tentava acionar seu cinturão de explosivos a belga Muriel Degauque fazia a mesma coisa. E conseguiu: explodiu sua carga de bombas contra soldados norte-americanos nos arredores de Bagdá. Não deixou vítimas mortais, mas se transformou na primeira terrorista suicida identificada no Iraque. Outras mulheres ocuparam lugares de destaque no jihadismo, como a norte-americana Jihad Jane, detida por planejar um atentado contra o artista sueco Lars Vilks e a saudita Lady Al Qaeda (Haylah al Qassir), uma da mais ativas na propaganda e proselitismo.
Por que o EI segue o caminho aberto por Al Zarqaui em sua visão das mulheres? O jordaniano foi o grande impulsor da filial iraquiana da Al Qaeda; a grande referência, ainda mais após sua morte por um projétil norte-americano. Em 2010, o iraquiano de Samarra Abu Bakr al-Baghdadi tomou o controle da Al Qaeda do Iraque, que passaria a ser Estado Islâmico do Iraque e Levante (ISIS) e mais tarde Estado Islâmico, responsável pelos últimos ataques em Paris e suspeito de comandar a mulher que na quarta-feira explodiu sua carga no município francês de Saint-Denis.
“O EI desenvolveu uma campanha muito mais deliberada e extensiva para atrair as mulheres”, disse a analista norte-americana Tricia Bacon, em uma conversa realizada em fevereiro após a morte de Al Rishawi, “ao contrário da Al Qaeda, que não fez muito esforço nesse sentido”. “Existem informações”, disse Bacon, “sobre o treinamento de uma brigada somente de mulheres”.
Uma dessas brigadas do EI se chama Al Khanssaa Brigade. Em um comunicado público, traduzido pelo analista Charlie Winter para a Quilliam Foundation, a brigada diz: “As mulheres poderão sair [de casa]” se ocorrerem situações como “realizar a jihad, se o inimigo atacar seu país e se não existirem homens suficientes para protegê-lo e os imãs promulgarem uma fatwa (pronunciamento legal no Islã emitido por um especialista em lei religiosa, sobre um assunto específico), como no caso do Iraque e Chechênia, com muita tristeza, estejam ou não os homens presentes [poderão combater]”.
A incrível história de um segurança muçulmano que teria impedido a entrada de um homem-bomba no Stade de France na sexta-feira, o que teria salvado centenas de vidas, está sendo amplamente compartilhada nas redes sociais.
Há, no entanto, um porém: ela não é verdadeira.
O boato surgiu de um relato sobre o que aconteceu nos arredores do estádio, publicado pelo jornal Wall Street Journal no domingo. A reportagem citou um segurança que pediu para ser identificado apenas pelo seu primeiro nome, Zouheir.
Ele disse que um dos homens-bomba tinha um ingresso para o amistoso França e Alemanha, mas foi impedido de entrar no estádio quando seguranças descobriram que ele usava um cinto com explosivos. O suspeito, então, se afastou dos guardas e se explodiu.
No total, três suicidas detonaram seus explosivos nos arredores do estádio.
A versão de Zouheir foi confirmada ao jornal por um policial. Mas, apesar da reportagem ter se baseado na sua versão das fotos, na verdade, não foi ele quem impediu a entrada do homem-bomba, disse à BBC Joshua Robinson, um repórter do Wall Street Journal.
Zouheir, na verdade, estava em outro local do estádio, e contou o que havia ouvido de outros colegas que estavam mais perto do local da explosão. E, apesar de seu nome ser de origem árabe, sua religião nunca foi citada na matéria.
Nada disso, no entanto, impediu Zouheir de ser considerado um herói - e, em algumas vezes, um herói muçulmano - nas redes sociais e em sites de notícias, como o do jornal britânico Mirror e o Huffington Post.
Em uma manchete publicada no britânico Mail Online, o jornalista Piers Morgan elogiou um "muçulmano corajoso chamado Zouheir", mas o texto foi, depois, editado.
"Zouheir" foi citado mais de 8 mil vezes no Twitter, e a maioria das mensagens mais populares se referia à história de Paris.
Diversos usuários afirmaram haver alguma tentativa de acobertar o caso, ou que estava sendo ignorado devido a uma suposta posição anti-muçulmana da imprensa.
Outros compartilharam a versão para demonstrar que era uma história "importante" e um "fio de esperança" em meio a uma situação difícil. Mensagens também foram postadas do Facebook e no Instagram, e algumas mensagens foram compartilhadas centenas de vezes.
Mas há uma história autêntica de um herói muçulmano dos ataques de Paris: Safer, um garçom no restaurante Casa Nostra, contou à BBC como levou a tirar duas mulheres feridas ao porão em meio ao tiroteio na rua.
Sua história, no entanto, foi citada apenas algumas vezes nas redes sociais.