domingo, 1 de novembro de 2015

GOVERNO ISENTA IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO DE AUTOMÓVEIS ELÉTRICOS E A HIDROGÊNIO Veículos importados movidos a propulsão elétrica, elétrica plug-in e por meio de células de combustível estão isentos da alíquota de 35% por REDAÇÃO AUTOESPORTE

Nissan Leaf (Foto: Reprodução)
As vendas de automóveis elétricos, elétricos plug-in (carregável em tomadas) e movidos a hidrogênio podem ganhar um empurrãozinho. De acordo com a resolução aprovada pela Câmera do Comércio Exterior (Camex) divulgada hoje (27) no Diário Oficial da União, os veículos importados elétricos, elétricos plug-in e a células de combustível, como hidrogênio, estão isentos da alíquota de 35% do Imposto de Importação.
Em nota, a Camex informa que "a decisão foi tomada após amplo debate sobre o tema e que a medida busca inserir o Brasil em novas rotas tecnológicas, disponibilizando ao consumidor veículos com alta eficiência energética, além de baixo consumo de combustíveis e emissão de poluentes". Segundo o órgão, essas medidas estão alinhadas à política de fomento para novas tecnologias de propulsão e atração de novos investimentos para produção nacional desses veículos.

O texto atual complementa a medida aprovada em setembro do ano passado, que reduzia o Imposto de Importação para veículos híbridos, dos quais os modelos com dispositivo de recarga externa não estavam contemplados. Isso agora também mudou. O Comitê Executivo de Gestão da Camex (Gecex) alterou o texto para incluí-los também no benefício. Vale lembrar que, no caso dos automóveis híbridos como Toyota Prius e Ford Fusion Hybrid, o imposto foi reduzido de 35% para valores que variam de 0 a 7%, dependendo da eficiência energética do modelo. 

A isenção total do imposto para os automóveis 100% elétricos pode aumentar oferta desse tipo de tecnologia no país. Já os carros movidos célula de combustível a hidrogênio, como o Toyota Mirai estão mais longe do radar, mesmo porque a tecnologia começa a chegar aos veículos de massa agora. O Toyota Mirai é o primeiro representante comercial da tecnologia. Já vendido no Japão, o modelo começa à chegar ao mercado europeu este mês e não tem previsão de vir ao Brasil.
Mais benefícios

Na mesma semana em que o Camex decidiu pela isenção do Imposto de Importação para os automóveis elétricos, a Comissão de Meio Ambiente (CMA) no Senado também aprovou um projeto que beneficia o segmento. O projeto, que agora segue para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), quer conceder isenção total do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos veículos elétricos a bateria ou híbridos a etanol que forem produzidos no Brasil.

Essa medida, sim, abriria caminho para viabilizar a produção nacional de modelos como o Toyota Prius no país. O texto prevê a isenção também para peças que precisem ser importadas para a posterior produção dos veículos no Brasil, assim como para equipamentos de recarga. Hoje, os carros híbridos e elétricos são taxados em até 25% no Brasil. Modelos nacionais a combustão com motores acima de 1.0 e até 2.0 flex, por exemplo, tem imposto de 11%.

BNDES dribla normas e beneficia amigo do ex-presidente Lula com milhões

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que vai sobreviver aos ataques e à crise que passa o Partido dos Trabalhadores. A declaração foi feita durante a convenção nacional do PT que acontece em Brasília.O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que vai sobreviver aos ataques …
O Banco Nacional do Desenvolvimento concedeu a José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e investigado da operação Lava Jato um crédito de R$ 101,5 milhões. A ação contrariou uma das regras internas da instituição que veta qualquer tipo de empréstimo a empresas que tenham sido falidas frente á Justiça, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.
Os créditos foram liberados em julho de 2012, quando a falência de Bumlai já havia sido requerida, devido ao calote de R$ 532 milhões que sua empresa deu em um dos fornecedores. Passados nove meses do pedido de ajuda, a empresa, São Fernando Energia 1, ainda assim precisou entrar na Justiça por não conseguir quitar todas as dívidas que tinha no mercado.
A companhia tem como produto básico a produção de energia proveniente da cana-de-açúcar e faz parte de um grupo de outras cinco empresas, todas pertencentes ao amigo de Lula.
Incluindo os empréstimos anteriores a 2012, o grupo deve cerca de R$ 330 milhões ao BNDES, além de acumular uma dívida total de R$ 1,2 bilhão, que foi a causa da falência. Tanto o banco quanto o acusado negam ter havido qualquer tipo de favorecimento nos créditos.
Em nota, o Banco do Brasil também nega que tenha agido de maneira a burlar a análise financeira da São Fernando Energia: "A operação de julho de 2012 foi efetuada exclusivamente para liquidar crédito contratado junto ao BB em 2010. Não houve qualquer liberação de recursos novos para a Usina São Fernando em 2012".
Lava Jato
O pecuarista José Carlos Bumlai foi citado na delação de Fernando Soares, o Fernando Baiano e de Eduardo Musa. Ele teria sido um dos responsáveis por acertar o pagamento de uma propina fe R$ 5 milhões para o ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró, além de outros ex-funcionários da estatal.

O padre católico que escapou do Estado Islâmico Jack Murad foi sequestrado e ameaçado de morte por grupo extremista na Síria; dezenas de cristãos de sua paróquia continuaram sob o domínio do EI. Assaf Abboud e Rami Ruhayem Do Serviço Árabe da BBC

Jack Murad ficou em poder do EI durante 84 dias (Foto: BBC)Jack Murad ficou em poder do EI durante 84 dias (Foto: BBC)
Um padre católico sírio que foi sequestrado e ameaçado de morte pelo grupo que se autodenominaEstado Islâmico escapou após três meses sob o domínio dos extremistas e relatou à BBC o que viveu nesse período.
Jack Murad fora capturado em maio, na cidade síria de al-Qaryatain, junto com Botros Hannah, um voluntário do antigo Monastério de Mar de San Elián.
O padre conta que teve os olhos vendados e as mãos amarradas e que o colocaram em um carro que acelerou rumo a um lugar desconhecido nas montanhas ao redor de Qaryatain.
Depois de quatro dias, voltaram a vendar seus olhos e amarrar suas mãos e mais uma vez o levaram para uma viagem, só que desta vez para um destino mais distante.
Eles acabaram em uma cela em algum lugar em Raqqa, bastião do EI, onde foram mantidos por 84 dias. O padre conta que foram bem alimentados, receberam tratamento médico e que nunca foram torturados.
No entanto, Murad e Hannah ouviram com frequência que eram "infiéis" e estavam "longe da verdadeira religião" do Islã e, particularmente, da "interpretação do Estado Islâmico sobre o Islã".
Mas o padre afirma que, apesar disso, os carcereiros pareciam ter curiosidade sobre suas crenças cristãs.
"Perguntavam para mim sobre teologia, Deus, a Santíssima Trindade, Cristo e a Crucificação", disse.
Murad achava inútil responder. "De que servirá debater com alguém que te coloca na prisão e te aponta uma arma na cabeça?", questiona. "Quando me forçavam a responder, eu dizia: 'Não estou preparado para mudar minha religião'."
Ameaça de morte
Os extremistas que Murad conheceu assustavam os prisioneiros dizendo que os matariam se eles se recusassem à conversão ao Islã.
"Para eles, a minha fé e o fato de eu me recusar a me converter era a morte. Para nos assustar, eles descreviam com detalhes como morreríamos. Eles são realmente talentosos para usar as palavras e as imagens para te aterrorizar", recorda o padre.
Ele conta que achava que realmente iriam decapitá-lo.
"No 84º dia que eu estava ali, chegou um deles e nos disse: 'Os cristãos de Qaryatain estão nos incomodando por causa de vocês e os querem de volta, então vamos, movam-se'."
"Passamos por Palmira e Sawwaneh (na Síria), depois o carro desapareceu em um túnel. Tiraram-nos do carro e um deles me tomou pelas mãos diante de uma porta enorme de ferro. Quando ele a abriu, vi dois homens da minha paróquia ali parados."
Murad abraçou os dois e depois virou a cabeça e viu todos os que estavam ali detidos. "Todos os cristãos de Qaryatain, toda a minha paróquia, meus filhos, estavam ali. Fiquei emocionado. Todos se aproximaram e me abraçaram."
No período em que Murad havia estado preso pelo EI, toda a cidade de al-Qaryatain foi tomada pelo grupo extremista. Todos ficaram detidos por mais 20 dias.
Finalmente, no dia 31 de agosto, o padre Murad foi convocado para se apresentar diante de vários clérigos do EI.
Eles queriam lhe contar que o líder do grupo, Abu Bakr al Baghdadi, havia tomado uma decisão sobre os cristãos de Qaryatain.
Entre as opções apresentadas estavam planos de assassinar os homens e escravizar as mulheres.
Em vez disso, porém, o líder do EI escolheu dar aos cristãos "o direito de viver como cidadãos em território controlado pelo Estado Islâmico", o que significava deixá-los voltar para suas terras em troca da proteção condicional do grupo.
"Terra de blasfêmia"
Murad respondeu a tudo o que perguntaram sobre a igrejas e o monastério de Qaryatain, mas optou por não falar sobre a tumba de San Elian, com a esperança de que pudesse salvá-la da destruição. Mas era difícil enganar os extremistas do EI.
"Eles sabem tudo, cada detalhe. Nós tendemos a pensar que eles são beduínos incultos. Mas, na verdade, é exatamente o contrário. Eles são inteligentes, educados, têm graduação universitária e são meticulosos no planejamento", afirma o padre.
No tempo que ele ficou preso, o monastério foi confiscado pelo EI como "espólio de guerra" durante a batalha pelo controle de Qaryatain e acabou destruído. Os clérigos do grupo extremista leram os termos do acordo entre os cristãos da cidade e o "Estado Islâmico".
Pelo acordo, os cristãos podiam viajar a qualquer lugar dentro do território do EI até Mossul, mas não a Homs ou Mahin (duas cidades próximas a Mossul, mas fora do controle do grupo), "porque para eles aquilo era a terra da blasfêmia".
Ainda assim, Murad conseguiu fugir do território controlado pelo EI. Botros Hanna, o voluntário, também escapou.
Qaryatain ficou parecendo um "campo de batalha"
"Aquela área agora é um campo de batalha. De um lado, vem sofrendo com ataques aéreos. Do outro, não nos sentimos seguros em Qaryatain. Senti que quanto mais permanecesse ali, mais as pessoas ficariam. Então decidi fugir para encorajar os outros a fazer o mesmo".
Mas nem todos seguiram os passos do religioso.
"Na verdade, muitos decidiram ficar porque não têm para onde ir. Alguns não aceitam a ideia de ficarem desabrigados e preferem morrer na própria casa. Outros estão convencidos de que o EI, com quem têm um acordo, vai protegê-los."
Murad diz que ainda há cerca de 160 cristãos em Qaryatain.
"Eles ficaram porque quiseram. Pedimos a Deus para protegê-los porque nossa cidade é um campo de batalha perigoso. Não há abrigo, nenhum lugar é seguro"

Simpatizantes do leão Cecil comemoram morte de caçador na África do Sul

(Reprodução)(Reprodução)
Simpatizantes do leão Cecil, morto por um dentista norte-americano meses atrás no Zimbábue, comemoraram nesta semana o fim trágico de um caçador em Limpopo, na África do Sul.  Segundo o “Washington Post”, homem foi morto ao lado de seus cães por dois leões. 

Matome Mahlale, de 24 anos, estava caçando no local sem licença com um grupo de cinco pessoas. Andando pela meta, ele e seus colegas se depararam com os animais, que rapidamente os atacaram. 

Três homens conseguiram escapar subindo em uma árvore, enquanto outro se escondeu na mata. Entretanto, Matome não teve a mesma sorte. Foi encurralado com seus cães e foram mortos pelos felinos. 

"Não haverá muitas pessoas lamentando a morte. Isso está sendo visto como uma justiça poética pela morte de Cecil", comentou um morador da região próxima a Hwange, onde Cecil foi abatido. 

Macho dominante do parque, Cecil, famoso por sua juba preta, era objeto de estudo pela universidade britânica de Oxford - que inclusive havia equipado o animal com uma coleira especial, como parte de uma pesquisa sobre a longevidade dos leões. 

O organizador do safári, um experiente caçador local, Theo Bronkhorst, foi acusado por "não ter impedido uma caça ilegal" e está em liberdade condicional enquanto aguarda julgamento, adiado para 28 de setembro. 

Segundo uma ONG do Zimbábue, o leão teria sido atraído para fora da reserva de Hwange, depois caçado, ferido com uma flecha e finalmente morto após ficar 40 horas encurralado.

Ao descobrirem que o animal possuía uma coleira com GPS, os caçadores decapitaram o felino e o cortaram em pedaços.

Por esta diversão, Palmer teria gasto 55.000 dólares, o que também foi refutado pelo dentista na entrevista, embora ele não tenha indicado quanto desembolsou para conquistar o questionável troféu.

Pai de menino sírio morto em praia fala a brasileiro sobre tragédia familiar Foto de Alan Kurdi na areia sendo observado por guarda comoveu o mundo. Pai da criança relembra naufrágio e conta como tenta reconstruir a vida. Flávia Mantovani Do G1, em São Paulo

Abdullah Kurdi com brinquedos e outros objetos dos filhos Alan e Galib; ele deu entrevista na casa de sua sogra em Kobane (Foto: Gabriel Chaim/G1)Abdullah Kurdi com brinquedos e outros objetos dos filhos Alan e Galib; ele deu entrevista na casa de sua sogra em Kobane (Foto: Gabriel Chaim/G1)
O constante toque do celular de Abdullah Kurdi interrompe o silêncio no cemitério civil da cidade de Kobane, na Síria. Enquanto conta sua história, o sírio de 39 anos limpa a superfície dos três túmulos enfileirados onde estão enterrados sua mulher e seus dois filhos.
Os pedidos de entrevista não param de chegar. Abdullah ficou mundialmente conhecido por uma tragédia pessoal: sua família morreu no naufrágio de um bote que levava refugiados da Turquia para a Grécia no dia 2 de setembro deste ano.
Foto icônica mostra o sírio Alan Kurdi, de 3 anos, após morrer em naufrágio na Turquia (Foto: Nilüfer Demir/AP)Foto mostra o sírio Alan Kurdi, de 3 anos, após
morrer em naufrágio (Foto: Nilüfer Demir/AP)
A imagem do filho caçula, Alan (inicialmente identificado pela imprensa mundial como Aylan), chocou o planeta quando foi divulgada.
Caído de bruços na areia da praia de Bodrum, o corpo do menininho de três anos vestindo blusa vermelha e bermuda azul tornou-se um símbolo da crise migratória que já matou milhares de refugiados na travessia da Turquiapara a Grécia.
Agora, dois meses depois da tragédia, Abdullah aceitou falar com Gabriel Chaim, fotógrafo brasileiro que viajou à Síria pela quinta vez para cobrir a guerra civil que já dura mais de quatro anos. O relato da entrevista foi passado por ele ao G1.
Na conversa, ele agradeceu as mensagens de solidariedade enviadas por brasileiros, reclamou de aproveitadores que usaram o nome do seu filho para arrecadar dinheiro em benefício próprio e contou como tenta reconstruir a vida depois da perda.
No início, Abdullah falava à imprensa mundial sobre o episódio. Mas, em seguida, ele se fechou. Às cicatrizes da perda traumática se somaram outras. Após a repercussão do caso, o sírio foi acusado de ser o capitão do barco que fazia a travessia ilegal – ele nega e diz que só assumiu o controle depois que o piloto pulou no mar, quando a embarcação foi atingida por uma forte onda.
O fato de Chaim ser brasileiro ajudou a convencê-lo a dar a entrevista. “Ele disse que recebeu muitas, muitas mensagens de solidariedade de brasileiros. Agradeceu por todas elas. E também me contou que os filhos dele eram fãs do futebol do nosso país”, relata o fotógrafo.
VEJA NESTE DOMINGO, NO FANTÁSTICO, REPORTAGEM EXCLUSIVA COM O PAI DE  ALAN KURDI
Depois de enterrar a mulher e os filhos na Síria, Abdullah se mudou para a cidade de Erbil, no Curdistão iraquiano. Hoje, sobrevive graças a uma ajuda de custo que recebe do governo local e da administração de Kobane – no dia da entrevista, em 21 de outubro, ele estava no município sírio para resolver questões pessoais.
Ursos de pelúcia e roupas infantis
Selo frase pai alan (Foto: Gabriel Chaim/G1)
A conversa aconteceu na casa dos sogros de Abdullah, pais de Rihan, sua mulher, que morreu no mar junto com Alan e o outro filho do casal, Galib, de 5 anos.
Ursos de pelúcia, roupas das crianças e um porta-retratos com a foto dos três são alguns objetos que lembram a época em que eles ainda moravam juntos por lá. Ao falar sobre os filhos e relembrar o que aconteceu, Abdullah esteve a ponto de chorar em vários momentos.
A jornada que levou a família Kurdi até o barco com destino à Grécia é longa e remete ao começo da guerra na Síria, em 2011. Abdullah tinha uma barbearia em Damasco, mas, com o início dos confrontos, decidiu se mudar com a mulher para Kobane, onde tinham familiares.
Mulher em meios aos escombros em Kobane (Foto: Gabriel Chaim/G1)Mulher em meios aos escombros em Kobane (Foto: Gabriel Chaim/G1)
Abriu outra barbearia lá, mas a economia local estava fraca. Com um filho para criar (o mais novo ainda não tinha nascido), ele decidiu, então, ir para a Turquia tentar algo melhor.
No país vizinho, o barbeiro trabalhou em lava-jatos e em uma fábrica de roupas. A cada dois ou três meses, viajava ilegalmente a Kobane para visitar a família.
Até que a guerra chegou até eles. A cidade foi conquistada pelo Estado Islâmico e ficou destruída após quatro meses de violentos combates com soldados curdos, que conseguiram expulsar os terroristas de lá.
Para deixar a família a salvo, Abdullah levou todo mundo para a Turquia. "Eu não tinha dinheiro para alugar uma casa, então pedi para o dono da fábrica para minha família dormir comigo lá. Toda manhã eu mandava os três para um parque, para que deixassem o tempo passar e voltassem só à noite. Mas depois de uma semana tivemos que sair de lá", lembra Abdullah.
Os quatro foram, então, morar em um bairro pobre de Istambul. Mas o custo de ficar no país era alto demais, então decidiram tentar chegar ao Canadá, onde mora a irmã de Abdullah.
Segundo Abdullah, o Canadá negou o visto a eles -- na época da repercussão do caso, o governo canadense negou que isso tivesse acontecido. Foi então que ele decidiu ir para a Europa.
Relato de um naufrágio
Abdullah Kurdi ao lado dos caixões estão enterrados os filhos, Alan e Galib, e a mulher, Rihan (Foto: Gabriel Chaim/G1)Abdullah Kurdi ao lado dos caixões estão enterrados os filhos, Alan e Galib, e a mulher, Rihan (Foto: Gabriel Chaim/G1)
Os parentes do casal foram contrários à travessia de barco. Acharam que seria perigoso. "Mas eles não me culpam [pelo que aconteceu]", afirma Abdullah.
O sírio diz que pagou a um traficante de pessoas 1.600 euros (R$ 6,7 mil)  por adulto e 700 euros (R$ 2,9 mil) por criança para embarcar em um bote até a Grécia. Mas, seis minutos depois da partida, o motor do bote parou de funcionar e eles foram resgatados, voltando a terra. O dinheiro foi devolvido.
“Comecei então a procurar outro 'coiote' melhor”, relatou ele, que diz ter pagado mais 2 mil euros (R$ 8,4 mil) por adulto e 1.000 (R$ 4,2 mil) por criança para subir nesse segundo barco. “Éramos 13 pessoas, falei que era gente demais, mas ele disse que não, porque a Grécia era muito perto. Só que depois de cinco minutos vieram ondas fortes, e, na segunda onda, o piloto fugiu nadando”, afirma.
Abdullah Kurdi, pai de Aylan Kurdi, menino de 3 anos encontrado morto em uma praia na quarta-feira (2), chora ao deixar um necrotério em Mugla, na Turquia. A família tentava migrar para o Canadá após fugir de Kobanî, cidade devastada pela guerra  (Foto: Murad Sezer/Reuters)Abdullah logo depois do acidente onde morreu sua família (Foto: Murad Sezer/Reuters)
Abdullah diz que, sem ver outra opção, assumiu o comando do barco. Ele demonstra raiva ao falar sobre as insinuações que recebeu de que ele seria o capitão do barco. “Fiquei triste e com muita raiva. Isso é uma mentira”, disse a Gabriel Chaim.
Na época, ele rebateu as acusações em uma entrevista a um jornal britânico. “Por que um traficante de pessoas levaria sua família no mesmo barco? Por que eu estaria morando em uma casa tão pobre em Istambul se estivesse ganhando dinheiro como traficante?”, questionou.
Ele também se queixa de pessoas que se aproveitaram da situação para ganhar dinheiro, como uma canadense que abriu uma fundação em nome de Alan Kurdi e, segundo ele, embolsou as doações recebidas. “Ela nunca mandou nada para Kobane. Está apenas usando o nome do meu filho”, diz.
A última coisa que Abdullah conta do dia do naufrágio é que, quando o barco começou a balançar, Galib se abraçou a ele e Alan, à mãe. “Foi a primeira vez que eu os vi com cara de pavor”, lembra.
O relato para por aí. A emoção não o deixa continuar.
“Eu queria ter morrido com eles”, diz, em outro momento.

Apesar disso, Abdullah tenta reconstruir a vida da forma que dá. E diz que ao menos a história de sua família serviu para chamar a atenção do mundo para o drama dos sírios que fogem da guerra. "Isso tudo pelo menos contribuiu para que o mundo olhe diferente para a situação dos refugiados", afirma. "Porque todo dia tem vários Alans que morrem na praia tentando chegar à Europa."
Mulher e crianças em meios aos destroços na cidade síria de Kobane (Foto: Gabriel Chaim/G1)Mulher e crianças em meios aos destroços na cidade síria de Kobane (Foto: Gabriel Chaim/G1)
Mulher e crianças em meios aos destroços na cidade síria de Kobane; cidade foi destruída em combates com Estado Islâmico (Foto: Gabriel Chaim/G1)Mulher e crianças em meios aos destroços na cidade síria de Kobane; cidade foi destruída em combates com Estado Islâmico (Foto: Gabriel Chaim/G1)
Mulher em Kobane, na Síria (Foto: Gabriel Chaim/G1)Mulher em Kobane, na Síria (Foto: Gabriel Chaim/G1)
Mulheres choram na cidade de Kobane, destruída pela guerra síria (Foto: Gabriel Chaim/G1)Mulheres choram na cidade de Kobane, destruída pela guerra síria (Foto: Gabriel Chaim/G1)

PMIs oficiais de indústria e serviços da China mostram que economia ainda vacila

Por Xiaoyi Shao e Nicholas Heath

PEQUIM (Reuters) - A atividade do setor industrial da China contraiu de forma inesperada em outubro pelo terceiro mês seguido, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial neste domingo, alimentando temores de que a economia ainda pode estar perdendo ímpeto.
Ampliando as preocupações, o setor de serviços da China, que tem sido um dos poucos pontos favoráveis na economia, também mostrou sinais de desaceleração no mês passado, expandindo no ritmo mais fraco em quase sete anos.
"Embora o PMI tenha estabilizado, é cedo demais para confirmar que saiu do nível mais baixo", escreveram economistas do ANZ Bank em nota.
"Conforme os riscos de deflação se intensificam, mais um corte da taxa de compulsório antes do final deste ano é ainda possível", disse o ANZ.
O PMI oficial de indústria atingiu 49,8 em outubro, repetindo o ritmo do mês anterior e abaixo das expectativas do mercado de 50,0, de acordo com a Agência Nacional de Estatísticas. Leitura abaixo de 50 sugere contração.
Em relação ao setor de serviços, cujo crescimento tem ajudado a compensar a persistente fraqueza na indústria, o PMI oficial caiu para 53,1 em outubro ante 53,4 em setembro. Embora ainda seja um ritmo sólido de expansão, foi a leitura mais baixa desde o final de 2008, durante a crise financeira global.

Mulheres usam dados como arma para deter ‘epidemia de cesáreas’ Ativistas criam listas com as taxas de cirurgias feitas pelos médicos em várias cidades ANS desenvolverá um projeto-piloto que busca remunerar mais os partos normais

Laiz Zotovici descobriu nas lista que o médico era um 'cesarista'. / ARQUIVO PESSOAL
As novas regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)para estimular o parto normal, que entraram em vigor em junho passado, uniram mulheres ativistas pela modalidade. As normas determinam que operadoras de saúde devem informar qual a taxa de cesáreas praticada por seus médicos credenciados. A partir disso, militantes se organizaram em mutirões para pedir os dados em diversos Estados e disponibilizá-los em planilhas na Internet para quem quiser consultá-los.
Com as informações em mãos, houve casos de mulheres que acabaram trocando seus obstetras no meio da gestação, porque as taxas de cesáreas do médico eram altas demais. Outras descobriram que seus médicos, que se diziam pró-parto normal, provavelmente as induziram para uma cesárea desnecessária. “Quando fui ter meu filho, há cinco anos, escolhi um médico que todo mundo na cidade dizia que era a favor do parto normal. Diziam que eu podia confiar. Duas semanas antes da data prevista para o parto, ele disse que o bebê não podia mais esperar e que eu não tinha dilatação suficiente. Acreditei e acabei em uma cesárea”, conta a fotógrafa Laiz Zotovici, de 35 anos. Há duas semanas, quando viu a lista com as taxas de diversos médicos da cidade, ela percebeu o que pode ter acontecido: “96% de cesáreas! Ele era um cesarista! Fui enganada”, indigna-se.
O incômodo dos profissionais tem explicação. Pela planilha é possível saber, por exemplo, que de 1.020 médicos de São Paulo cujos dados já foram disponibilizados, 720 praticaram as cirurgias todas as vezes que fizeram um parto. No Rio, dos 696 médicos cadastrados, 472 tem taxa de 100% de cesáreas.As listas têm gerado tanto furor que grupos de médicos já chegaram a ameaçar as mulheres de processo. “Eles afirmavam que as associações médicas iriam acionar o Ministério Público”, conta a obstetriz e ativista Ana Cristina Duarte. A própria ANS esclarece que não há nada de errado em divulgar os dados, já que eles são, de fato, públicos.
Em um país onde oito de cada dez mulheres que engravidam terminam em um parto cesárea na rede privada, os dados não deveriam espantar. Mas eles serviram como um alerta importante, porque podem indicar que a taxa de cirurgias é tão elevada porque a maioria dos médicos agenda as cesáreas de todas as suas pacientes, alertam as militantes.
“O único jeito de um médico fazer cesárea todas as vezes é marcando. E marcando para antes do tempo previsto do parto. Porque não é possível que ele não tenha tido nunca nenhuma paciente que entrou em trabalho de parto e já chegou ao hospital com o bebê prestes a nascer”, diz Duarte. “Isso mostra que as taxas são elevadas porque o médico quer organizar sua agenda e acaba marcando todos os partos precocemente”, complementa ela, que defende que as medidas adotadas pela ANS são inócuas e que a forma mais eficaz de reduzir as cirurgias seria proibir as cesáreas agendadas.
O tema é polêmico. Os que defendem as cesáreas agendadas afirmam que a proibição interferiria no direito de escolha da mulher. Mas o agendamento é condenado por muitos especialistas, que afirmam que é necessário, pelo menos, que a mulher entre em trabalho de parto para que o bebê nasça, já que antes disso o pulmão dele, que amadurece por último, pode não estar completamente pronto, aumentando as chances de que a criança tenha que ser internada em uma UTI neonatal.
As listas têm gerado tanto furor que grupos de médicos já chegaram a ameaçar as mulheres de processo
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma que o país é o campeão neste tipo de cirurgias, não há motivos que expliquem uma taxa de cesarianas maior do que 10% a 15%. Como todas as cirurgias, elas só deveriam ser feitas quando há necessidade. Ou seja, quando a mulher entra em trabalho de parto e, por complicações, o parto se torna uma emergência.
Para tentar tocar no assunto, ainda que de forma bastante delicada, as normas da ANS que passaram a vigorar em junho também trouxeram algumas outras limitações para as cesáreas. Cirurgias só poderão ser marcadas quando a mulher completar 39 semanas de gestação –muitos médicos marcavam para 37 semanas, quando o bebê já deixa de ser considerado prematuro, apesar de nem sempre estar com o pulmão pronto. Os obstetras também têm que preencher um partograma, que registra informações detalhadas do trabalho de parto. Eles deverão apresentar ainda uma justificativa por escrito quando não for possível fazer o documento porque a mulher não entrou em trabalho de parto. Até agora, entretanto, nada mudou na incidência global de cesáreas do país, afirma a diretora de desenvolvimento setorial da ANS, Martha Regina de Oliveira, que ressalta que ainda é cedo para tirar conclusões.
A agência, no entanto viu indícios de sucesso em um projeto-piloto, implementado em 42 hospitais e 30 operadoras de saúde há seis meses. Ele identificou os procedimentos que levavam às cesáreas nessas unidades e adotou algumas medidas, entre elas a de esclarecer as futuras mães sobre os riscos de cesáreas desnecessárias, capacitar médicos e enfermeiros, reduzir intervenções dolorosas desnecessárias, como a episiotomia (corte cirúrgico na região do períneo, entre a vagina e o ânus), e substituir salas cirúrgicas por salas de parto. A taxa de partos normais nesses hospitais passou de uma média de 19,8%, em 2014, para 27,2%, em setembro de 2015.
“A gente tenta lidar com essa situação desde 2005. Durante esses dez anos só vimos as taxas aumentarem independentemente das ações implementadas. Isso mostra que a gente vai precisar mudar a forma como essa cadeia de atendimento está organizada”, afirma a diretora da ANS. Uma nova estratégia que será testada no grupo-piloto é mudar a forma como a remuneração dos partos é feita. Uma das ideias é que as operadoras passem a pagar mais pelo parto normal, para compensar a perda financeira que os hospitais terão ao reduzir as cesáreas. “Com menos cesáreas, se reduz também a quantidade de internações nas UTIs neonatais, que é algo caro. Os hospitais vão receber menos ao mudar para os partos normais. Por isso, é preciso reorganizar o financiamento e pagar mais pelos partos bem-feitos”, diz.