domingo, 16 de agosto de 2015

Donos de cães organizam passeata contra proibição de animais na Ermida Cerca de 2,5 mil pessoas já confirmaram presença no protesto por meio de página criada nas redes sociais

Andre Violatti/Esp. CB/D.A Press


Após o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) anunciar que a entrada de animais de estimação na Ermida Dom Bosco será proibida a partir de 1º de setembro, um grupo de donos de cachorros está organizando um protesto contra a medida. Marcada para 30 de agosto, a manifestação contará com uma passeata pela reserva ambiental e finalizará com um banho coletivo dos cães no Paranoá. Cerca de 2,5 mil pessoas já confirmaram presença no protesto por meio de página criada nas redes sociais. Desde o início da semana, uma faixa na entrada do parque avisa sobre a determinação do Ibram. Som de carros, bebida alcoólica e pescaria também serão vetados.

“Venho à Ermida desde que era adolescente e costumo trazer meu cachorro toda semana. Há uma tendência mundial de tentar levar a população para os parques. Medidas como a do Ibram só afastam os moradores”, critica a funcionária pública Luciane Freitas, 46 anos, moradora do Lago Sul. Dona de uma cadela da raça pastor-alemão chamada Samantha e dois yorkshires, ela criou o evento no Facebook convocando as pessoas para o protesto, com o nome “Ermida Dom Bosco: seu melhor amigo não merece ser excluído”. “Sempre trago meu cachorro com guia e focinheira, além de carregar saquinhos para pôr o cocô. Eu entendo que tenha gente que não faz isso, mas punir todo mundo por causa de alguns é errado.”

Nos passeios com os cachorros na Ermida, Luciane conheceu vários outros donos de cães, que decidiram se somar à causa. “Nesta época de seca, o Lago Paranoá é uma opção refrescante para os cachorros. Ainda mais para quem mora em apartamento. Os bichinhos sofrem”, diz a arquiteta Caroline Christofoli, 23, moradora do Sudoeste. Sempre que pode, ela gosta de levar o pug Chaves para brincar na reserva ecológica. A advogada Mariana Albuquerque, 34, moradora do Park Way, endossa a opinião da jovem. “Acho a proibição um absurdo. A Ermida é um espaço de convivência, onde podemos fazer amigos com os mesmos hobbies que a gente”, reclama. Ela é dona da terranova Noa.

PT: de mais amado a mais odiado Como o maior partido do país se tornou alvo dos maiores protestos desde o fora-Collor

Manifestantes rasgam a bandeira do PT em 20 de junho de 2013. / JOEL SILVA (FOLHAPRESS)
Em 20 de junho de 2013, a avenida Paulista foi tomada por simpatizantes do Movimento Passe Livre (MPL) que comemoravam a queda do aumento da tarifa de transporte público, uma vitória da onda de protestos que durou 13 dias e se espalhou por todo o país. Atrás da massa, seguia um pequeno grupo de militantes petistas, que até então tinham participado timidamente dos atos, constrangidos pelo aumento decretado, na cidade, por um prefeito do partido.
Ao darem os primeiros passos, os petistas foram cercados por homens que se diziam “antipartido”. Após um bate-boca acalorado, a bandeira vermelha que carregavam foi agarrada e queimada. Em protesto ao gesto, chamado de “antidemocrático”, os simpatizantes do MPL se retiraram com os representantes de outras agremiações e as manifestações brasileiras, que se estenderiam ainda por semanas, passaram a ser protagonizadas, ainda que não somente, por um grupo mais conservador, o mesmo que no próximo domingo exigirá o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
A batalha na Paulista foi simbólica. Ela mostrou que o Partido dos Trabalhadores havia perdido seu posto de grande mobilizador popular, adquirido nas décadas de 80 e 90. A vitória do MPL era a primeira conquista de movimentos populares que não contava com a participação ativa dos petistas em décadas. O episódio também deixava claro que o PT tampouco havida sido acolhido pelas camadas mais ricas e conservadoras, apesar de ter implementado, ao longo de sua década de poder, uma série de medidas que beneficiaram essa parcela da população. Criticada por todos os lados, Rousseff mergulharia em uma queda livre de aceitação popular, ao lado de seu partido.
Em março de 2013, três meses antes dos protestos, o PT era o partido preferido de 29% dos entrevistados pelo Instituto Datafolha. A agremiação, que aparecia a frente de todas as demais desde 1989, atingia seu ápice de aceitação. O Governo de Rousseff também nadava em maré favorável: era considerado ótimo ou bom por 65% das pessoas entrevistadas, um índice alavancado pelos programas sociais, como o Bolsa Família, e pelos índices positivos da economia. Neste mês, quando o instituto divulgou sua última pesquisa, apenas 8% dos brasileiros disseram considerar o governo Rousseff bom ou ótimo –uma rejeição recorde desde a redemocratização. E 9% dos brasileiros afirmaram preferir o PT, que ainda aparecia na dianteira, mas colado a PMDB e PSDB, ambos com 6% das preferências. A diferença que é tucanos e peemedebistas exibiam seu patamar histórico e relativamente estável em quase três décadas .
Mas a insatisfação com o Governo também atinge suas bases. Dentre os que afirmavam preferir o PT, 40% disseram considerar o Governo atual ruim ou péssimo e 27% afirmaram que ele é regular. A rejeição é um sintoma do paradoxo que começou a afugentar muitos simpatizantes desde a primeira vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002: o partido que durante muitos anos alavancou as lutas populares dos trabalhadores agora era o que aumentava a tarifa de transportes públicos, o que promovia ajustes que afetavam os trabalhadores, e o que adotava uma política econômica similar a do “neoliberal”Fernando Henrique Cardoso (FHC), que na década de 90 era alvo da fúria dos petistas, que marchavam pela mesma Paulista aos gritos de “Fora já, fora já daqui. Fora FHC e o FMI [Fundo Monetário Internacional]”. Desde que chegou ao poder, o partido também teve sua imagem desgastada por se envolver com escândalos de corrupção, como o mensalão e o petrolão.O ódio pelo PT por parte de um segmento mais rico e conservador se tornou evidente —e até perigoso— nas ruas. Três prédios ligados ao partido foram alvos de ataques de bombas caseiras e comprar um simples isqueiro vermelho se tornou passível de questionamentos raivosos, como presenciou o EL PAÍS.
Outras bandeiras de segmentos históricos da sigla também ficaram em segundo plano. O Governo de Rousseff também foi o que menos demarcou terras indígenas e o que menos promoveu reforma agrárianos últimos 20 anos. “O PT, que surgiu como o partido dos pobres, da ética e das transformações sociais abandonou esse propósito ao chegar ao poder, em 2003”, afirma Frei Betto, um dos fundadores do partido, amigo de Lula, e coordenador no primeiro governo petista do programa Fome Zero, embrião do Bolsa Família. “O PT se afastou das suas bases e adotou uma política de consumismo populista, quando deveria promover seu objetivo de organizar a classe trabalhadora.”
A fórmula funcionou enquanto havia condições favoráveis para financiar esse modelo. O ex-presidente Lula, que governou até 2010, se beneficiou de um cenário internacional positivo, com o auge da China e o boom das matérias primas ao mesmo tempo em que ampliava o crédito popular que multiplicou o consumo dos brasileiros e ajudou a criar quase 20 milhões de empregos. Se vendia uma imagem de prosperidade que parecia não ter fim, inclusive após 2009, quando o mundo entrou em colapso com a crise financeira que começou nos EUA.
Ao suceder Lula, em 2011, Rousseff manteve a mesma política econômica, mas nem tudo funcionou como antes. As despesas públicas aumentaram para que o povo continuasse consumindo e a economia girando, e o cenário externo não voltou aos níveis de antes de 2008. A cobrança desse excesso de otimismo começou este ano, com as desconfianças sobre a capacidade de Rousseff de manipular a economia. A mandatária recorreu, então, a Joaquim Levy, um ministro de Economia de escola ortodoxa, para promover cortes, o ajuste fiscal, um paradoxo para os que defendiam seu Governo e um contraste inclusive com o prometido na campanha da reeleição.

A nova alma de 2002

Depois de alguns anos em que o partido acreditou poder ensaiar uma "nova matriz econômica", de caráter desenvolvimentista, com um pé na exploração do petróleo e corte de juros, o PT voltava à política econômica com a qual havia se comprometido em 2002. Foi nesse ano eleitoral, que antecedeu a primeira vitória de Lula, que o partido divulgou a Carta ao Povo Brasileiro, em que se comprometia com os “sólidos fundamentos econômicos”. O mesmo PT que perdeu a eleição presidencial de 1989 por se negar a fazer aliança com o fisiológico PMDB aliou-se em 2002 a José Sarney, o maior nome peemedebista na época. “Era um verdadeiro mergulho no pragmatismo tradicional brasileiro, cuja recusa fora antes bandeira do partido”, ressaltou o cientista político da USP André Singer, ex-ministro de Lula, em um artigo de 2010 em que analisa tais mudanças.
Com isso, a identidade petista mudou. A classe média, mais conectada à ideologia do partido, se afastou. E as camadas de baixa renda, beneficiadas por programas sociais e pelo crescimento econômico, se aproximou. Em 2010, o Datafolha apontava que a proporção dos apoiadores do PT situados à esquerda teria se reduzido 32%, ao passo que subiu 35% entre os mais à direita, ressalta Singer no artigo. A desconexão crescente com a almaoriginal do partido levou o PT a perder para o PSDB, pela primeira vez, o posto de agremiação com a maior votação na legenda para a Câmara, nas eleições de 2014.
O descontentamento crescente explodiu após a reeleição de Rousseff, quando as investigações da Operação Lava Jato chegaram a nomes de peso do partido, como o tesoureiro João Vaccari Neto. A frente de esquerda que se uniu para assegurar a vitória dela, temendo a eleição de Aécio Neves, também recebeu um balde de água fria. Esperavam que o apoio, que se mostrou crucial na reta final do pleito, faria Rousseff  optar por uma guinada à esquerda em seu novo Governo. Mas ocorreu o oposto. A economia foi dada a Levy, em uma formação ministerial que incluía ainda Kátia Abreu, na Agricultura, uma ruralista contrária à reforma agrária.
Neste primeiro semestre, Rousseff realizou ainda um ajuste fiscal e cortes em direitos trabalhistas. Em meio a um Congresso conservador comandado pelo antipetista Eduardo Cunha, não teve forças, nem uma articulação política hábil, para aprovar a reforma eleitoral pedida pelo partido, que queria o fim do financiamento privado de campanha. Também não conseguiu evitar a aprovação, em primeira votação, da redução da maioridade penal. “A ampla frente de esquerda, democrática, que conquistou a vitória de outubro, se afastou”, resume Paulo Skoromov, de 68 anos, sindicalista que presidiu a assembleia que fundou o partido, em 10 de fevereiro de 1980, no colégio Sion, em São Paulo. “A gente apoia a presidenta, até com a última gota de sangue, contra o golpe do impeachment. Mas é o que dizem: com Levy e Kátia Abreu fica difícil dizer que o Governo é meu.”
Como num último suspiro de confiança e diante do que acreditam ser uma ameaça maior, uma frente de esquerda formada por movimentos sociais e sindicatos promete voltar às ruas no próximo dia 20, quatro dias após a mobilização pró-impeachment. Para evitar o constrangimento de serem acusados de defenderem cegamente o Governo, fazem questão de enfatizar que pedirão respeito à democracia, mas também o fim do ajuste fiscal.
A pedido de Lula, a presidenta recebeu parte desses militantes no último dia 13, em Brasília, em um evento público. Guilherme Boulos, liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), foi convidado a assumir o microfone e, diante de uma Rousseff visivelmente desconfortável, avisou: “A agenda do Brasil é a da distribuição de renda, a de reformas sociais (...) Estaremos firmes e decididos nas ruas para defender essa agenda com unhas e dentes. A saída para o nosso país é com o povo e pela esquerda, presidenta”. 

Movimento Brasil Livre: “Dilma deve cair até o final do ano” MBL diz que Renan Calheiros será alvo de atos e que terão candidatos na eleição de 2016

Fernando Holiday, do MBL, em Brasília. / REPRODUÇÃO / FACEBOOK
Fábio Ostermann tem 30 anos. É loiro, branco e, formado no Rio Grande do Sul, dá aulas de Direito em São Paulo. Fernando Holidaytem 18 anos e acabou de passar no vestibular da PUC São Paulo. É negro, franzino e morador da periferia da cidade. Trancou a matrícula na faculdade recentemente porque, dentre outros motivos, "sofreu críticas do movimento negro por ser contra as cotas raciais", que ambos rejeitam.
A dupla de perfil distinto é espécie de vitrine para que o ultraliberalMovimento Brasil Livre, criado no ano passado, tente se mostrar como um movimento capaz de atrair um público diversos para levantar bandeiras como a extinção dos bancos públicos, o fim do atendimento público na saúde no país (aliado ao fim das regulações e tetos de preços para os planos de saúde), as privatização e críticas aos programas sociais como o Bolsa Família.
No momento, porém, não são as teses liberais que estão no foco. O MBL está obcecado por uma meta concreta: tirar o PT do poder, por ser um partido de esquerda com "alianças espúrias" como movimentos sociais com o MST. Para tal, é preciso derrubar  Dilma. Enquanto tentam atrair sócios no sistema político para a empreitada, eles seguem tentando marcar o passo da crise, com a convocatória dos atos como o deste domingo. Nesta conversa com o EL PAÍS, Ostermann e Holiday contaram que o MBL vai ter candidatos nas próximas eleições e não descartaram fundar um partido.
Fabio Ostermann, Kim Kataguiri e, Gabriel Calamari, do MBL /FACEBOOK/F.O.
P. Podemos dizer que vocês estão em uma espécie de aliança tática com Eduardo Cunha, que é um político investigado por corrupção na Lava Jato, esquema que vocês dizem condenar. Vocês não fizeram nenhuma menção às acusações a Cunha desde que ele foi denunciado. Não é contraditório?
Se vierem a ser comprovadas as denúncias contra Eduardo Cunha, não vamos pestanejar em criticá-lo e possivelmente incluí-lo na nossa pauta de reivindicações
R. A prioridade hoje é retirar do poder a presidente Dilma Rousseff, principalmente porque ela já demonstrou não ter condições políticas, jurídicas e especialmente morais [para permanecer no poder]. Acreditamos que a saída de Dilma possa servir como um sopro de esperança para o futuro político do Brasil. A questão com o Cunha é que o processo de requerimento do impeachment dela tem que ser feito pelo presidente da Câmara. Se vierem a ser comprovadas as denúncias contra ele, não vamos pestanejar em criticá-lo e possivelmente incluí-lo na nossa pauta de reivindicações. Se viermos a ter Michel Temer na presidência, lidaremos com isso. Eduardo Cunha é o presidente da Câmara, ele nem é o chefe do Legislativo. O chefe do poder legislativo é o mais novo cão de guarda de Dilma Rousseff, Renan Calheiros.
P. Podemos esperar cartazes contra Renan neste domingo?
R. Podem esperar. Tomamos a iniciativa assim que ficamos sabendo das tratativas que ele estava tendo com Dilma para fornecer a ela uma certa blindagem. E aí percebemos que ele queria morrer abraçado com ela. E se ele queria morrer abraçado com ela, nós vamos ajudar e dar um empurrãozinho.
P. Um processo de impeachment tem custos políticos e econômicos, é um desgaste grande e a crise econômica irá piorar, segundo afirmam os economistas. Por que é tão crucial a saída da presidenta
R. A gente acha que o que realmente vai piorar é que esse governo se mantenha em frangalhos por mais 40 meses. A gente acha que isso causa uma série de incertezas. Tem gente que fala até que esse acordo realizado agora com Renan significa uma espécie de renúncia da presidente Dilma ao seu próprio governo. A existência de uma presidente de direito, mas que não exerce sua função de fato, é ruim, porque gera uma incerteza inclusive sobre a responsabilização por eventuais maus caminhos que o governo venha tomar. Se ela não renunciar, temos que levar a cabo a nossa bandeira do impeachment.
P. Nos últimos dias, empresários, analistas e atores políticos saíram na arena para jogar água na fervura da crise. De certa forma a aposta do establishment neste momento não é pelo impeachment. Vocês não se veem isolados nessa posição radical?
R. Não. Tanto é que a maioria da população defende o impeachment. Se o establishment não defende, talvez aconteça um descompasso entre o establishment e o sentimento popular. E acho que isso é uma falha democrática, que só pode ser corrigida por meio do livre trabalho da imprensa.
P. Qual é o plano de vocês a médio prazo? Se a Dilma cair pelo impeachment, entraria o Temer. E aí?
Eu acredito muito numa frase do Roberto Campos que dizia que a gente precisa ter perspectiva histórica, senão a gente acaba se tornando refém da perspectiva histérica
R. No dia seguinte, iniciaremos nosso trabalho de pressão popular.
P. Para cair o Temer?
R. Não necessariamente.
P. Temer é moralmente melhor que a Dilma?
R. Sim. Temer é menos ruim que Dilma.
P. Dilma foi eleita pelo PT, que está cheio de acusações de corrupção. Temer, é do PMDB, que tem mais deputados sendo investigados pela Lava Jato. E terceiro ponto: Dilma acaba de reconduzir o procurador-geral Rodrigo Janot, o inimigo número 1 que Cunha está tentando derrubar. Você acha que moralmente Temer é melhor que o PT?
R. Tem uma diferença fundamental entre o PT e o PMDB. O PMDB é um partido fisiológico, com vários casos de corrupção, que a gente deplora obviamente. Mas o PMDB não é um partido como o PT, que se utiliza da corrupção para subverter as instituições democráticas expandir seu projeto de poder.
P. Vocês comparam a crise atual com a queda de Collor, quando o Brasil sofria profunda crise econômica, hiperinflação, confisco de poupança. Não é exagero comparar aquela época com a atual?
R. A Dilma pegou uma casa já arrumada e tratou de desarrumá-la, então ela tem um demérito muito grande, guardadas as devidas proporções. Eu acredito muito numa frase do Roberto Campos [economista, diplomata e político liberal, foi ministro do governo Castello Branco, durante a ditadura] que dizia que a gente precisa ter perspectiva histórica, senão a gente acaba se tornando refém da perspectiva histérica.
P. Uma das coisas que a gente mais tem ouvido aqui é um dos fatores da paralisia do Brasil é a histeria, discursos inflamados de parte a parte. Você não acha que hoje estamos sob uma perspectiva histérica?
R. Eu não acredito que o Movimento Brasil Livre seja um movimento histérico. Possivelmente temos em algumas das manifestações uma abordagem mais efusiva ou com um pouco mais de sentimento, mas de forma alguma se caracteriza como histérico. Acho que a gente vive um momento de polarização, causado por tudo o que o governo tem feito nos últimos 12 anos e meio. Lula é um dos maiores artífices dessa polarização que se criou, justamente por essa questão de tratar todos aqueles que fazem oposição como inimigos do Brasil, algo que ele certamente pegou emprestado do período da ditadura, que é um período que nós deploramos. Da nossa parte, fazemos uma oposição pacífica, responsável e pautada por princípios e valores. Se existem pessoas que têm um discurso mais exaltado, fazendo oposições mais extremas...
P. Como nos vídeo que vocês divulgam, por exemplo. Na Internet vocês criticam programas sociais recebidos por milhares de pessoas, falaram que a justiça social "é gozar com o pau dos outros". Isso não ajuda a jogar lenha na fogueira? Vocês acham que estão isentos dessa responsabilidade de participar de uma perspectiva histérica?
R. Responsabilidade é uma coisa que as pessoas atribuem a quem elas quiserem. Eu não considero que nós somos responsáveis por uma exacerbação negativa dos ânimos ou uma histeria generalizada. Somos responsáveis e temos muito orgulho por engajar a oposição a esse Governo, a se manterem vigilantes a maus feitos públicos em relação a qualquer governo, inclusive no âmbito municipal e estadual.
P. Qual o prazo de vocês para Dilma cair?
Para o ano que vem, especificamente, pretendemos apoiar candidatos que saiam dentre as nossas lideranças que vão vir a optar por partidos políticos
R. Acreditamos que provavelmente até o recesso do final do ano Dilma já vai estar sob suspensão, o que é praticamente uma queda já. O ideal seria que no dia 16, ela sensibilizada pelas manifestações e diversas demonstrações de desapreço do povo brasileiro, ela simplesmente tivesse a dignidade de renunciar no dia 16 e permitisse que o Brasil se recuperasse e se organizasse um governo de transição. Mas a gente sabe que essa possibilidade é um tanto quanto improvável.
P. Se forem convocadas novas eleições, quem vocês vão apoiar?
R. Não temos posição formada em relação a isso.
P. Quais os planos políticos de vocês? Pretendem participar das eleições municipais?
R. Para o ano que vem, especificamente, pretendemos apoiar candidatos que saiam dentre as nossas lideranças que vão vir a optar por partidos políticos, mas em nenhum momento nós pretendemos fazer um apoio institucional a esses partidos. Não somos um movimento antipartidários, somos suprapartidários. Podemos apoiar candidatos, claro que não os de esquerda, mas que defendam as nossas ideias. Apoiamos pessoas comprometidas com as nossas ideias, não apoiamos partidos porque nenhum partido hoje apoia as nossas ideias.
P. Estamos falando de quais eleições?
R. 2016 e 2018.
P.É possível que o MBL se torne um partido futuramente?
R. Não descartamos essa possibilidade, dado o fato de que hoje não encontrarmos eco das nossas reivindicações e posições em nenhum partido. Até porque, não existe um partido liberal hoje no Brasil.
Com a colaboração de Carla Jiménez e Flávia Marreiro.

MANIFESTAÇÕES ANTI-DILMA » Uma Dilma frágil encara outra vez a prova de fogo das manifestações Os anti-PT querem mostrar força para por fim ao alívio momentâneo do Planalto na crise

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Protesto em Brasília, em abril. / LULA MARQUES/ FOTOS PÚBLICAS
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) sintetizou como poucos uma das maiores dificuldades da presidenta Dilma Rousseff nos últimos meses. “O Governo está falando uma linguagem que a sociedade não está entendendo”, disse ele em entrevista à Folha de São Paulo neste sábado. Diante de uma das maiores crises políticas em quase duas décadas, e com os protestos que cobram o impeachment da presidenta de volta às ruas neste domingo, Jucá só vê uma saída: “Ou o Governo muda ou o povo muda o Governo”.
Pelas movimentações nas redes sociais, é possível deduzir que os atosdeste domingo devem ser menores do que os anteriores. Mas, isso não refresca a situação da presidenta, que além dos protestos, virou alvo constante de panelaços cada vez que faz um pronunciamento na TV. Por ora, o Planalto tenta enviar sinais de tranquilidade. “Vamos preservar a relação que sempre tivermos, de respeito às manifestações. Temos manifestações favoráveis aos governos e manifestações críticas. Faz parte do aprendizado democrático do nosso país”, diz o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto. Por via das dúvidas, os ministros foram aconselhados a evitar atos públicos no dia de hoje, para não acirrar ânimos já exaltados com a gestão petista.É essa a expectativa dos manifestantes que irão a atos emcentenas de cidades. Com somente oito meses no poder após ser reeleita, é a terceira vez que a presidenta encara o “Fora Dilma” e “Fora PT”, termômetro nas ruas de seus inacreditáveis 8% de apoio. O cálculo é o seguinte: quanto mais altos forem os gritos contra Dilma, maior será a força dos atores políticos que, no Congresso e fora dele, pressionam por uma saída radical para crise, após uma semana em que o Planalto conseguiu alívio momentâneo com vitórias políticas e jurídicas.
Da última manifestação organizada pelos grupos anti-Dilma, no dia 12 de abril, para cá, a economia só piorou. O número de desempregados cresceu —a taxa de desocupados passou de 6,4% para 6,9% nas principais capitais—, ao mesmo tempo em que a inflação subiu, aumentando o mau humor dos brasileiros, que já estavam contrariados com a sequência de denúncias contra o PT pela Operação Lava Jato.

Um 'primeiro-ministro' novo por semana. O da vez é Renan

C. J.
Sem força para manter firme o leme do país, Dilma Rousseff abre espaço para que a imprensa eleja, a cada dois meses, um novo primeiro-ministro informal, um verdadeiro choque para um país de presidencialismo forte como o Brasil. O primeiro a assumir esse protagonismo foi o titular da Fazenda, Joaquim Levy, escolhido para restabelecer a credibilidade do Governo, depois de oito anos de Guido Mantega, alinhado com a proposta da expansão de gastos públicos para garantir a manutenção de empregos, que agora cobra a sua conta.
Eduardo Cunha foi outro, alçado ao posto deprimeiro ministro ao assumir a presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro deste ano, e comandar votações importantes, muitas delas contrárias ao Governo. A sanha vingativa de Cunha também acabou por beneficiá-la. O presidente da Câmara estendeu demais a corda no cabo de guerra com a presidenta, e assustou o establishment com sua voracidade para colocar em prática o plano de manter o Palácio do Planalto sob as ordens da sua “Câmara independente”.
A bola da vez, agora, é o presidente do Senado, Renan Calheiros, que fechou um acordo de estabilidade com a presidenta pela execução de uma agenda fiscal e econômica, que vão da facilitação para repatriar recursos no exterior até incentivo aos exportadores. Calheiros ganhou mais poder na semana que passou, depois que o Supremo decidiu que qualquer análise de contas públicas, uma das apostas da oposição para o impeachment, tem de ser encaminhada pelo presidente do Congresso, ou seja, Renan, e ainda, precisa ser debatida por senadores e deputados, e não só pelos membros da Câmara, como queria Cunha. O risco de ter Renan como primeiro ministro para Dilma  ter o constrangimento de ver seu velho-novo aliado denunciado na Operação Lava Jato —o senador e Cunha estão entre os investigados.
Em três meses, as investigações comandadas pela Polícia Federal também avançaram, escancarando ainda mais as operações ilícitas em que estavam envolvidos grandes nomes do partido, como o ex-ministro José Dirceu. “Temos que mudar este país, não podemos aguentar mais esse Governo que está aí”, diz o jurista Modesto Carvalhosa em vídeo gravado para o movimento Vem Pra Rua, um dos organizadores dos protestos deste domingo.
A mensagem que une os principais organizadores dos protestos — o Vem pra Rua, os Revoltados onLine e Movimento Brasil Livre—, é defender que Dilma Rousseff precisa cair, antes de concluir seu mandato, para começar a colocar o país nos trilhos novamente. “A saída de Dilma pode servir como um sopro de esperança para o futuro político do Brasil”, diz Fabio Ostermann, um dos líderes do MBL, que sustenta um pedido de impeachment da presidenta na Câmara argumentando que ela cometeu crime de responsabilidade por manobras fiscais nas contas do Governo, a chamadas pedaladas fiscais.
A promessa de que tudo vai melhorar no dia seguinte à queda de Dilma é o que inflama os seguidores dos movimentos, uma ideia que foi incorporada ao discurso de representantes mais radicais de vários partidos, inclusive do PSDB que vai participar mais ativamente dos atos deste domingo, e até de empresários. Essa tese, no entanto, refluiu um pouco nas últimas semanas. Grandes empresários e editoriais na grande imprensa começaram a discutir publicamente os riscos de apostar pelo impeachment, e a alternativas que se abrem após a eventual saída da presidenta não são claras. Tirar Dilma fortaleceria o PMDB —um partido também no coração do escândalo da Lava Jato—  ou abriria espaço para o PSDB em caso de novas eleições, e os dois partidos não encontraram um pacto nesta crise que satisfaça todos os envolvidos. Seja como for, o fato é que há sinais de que a crise é mais profunda e mesmo essas duas legendas, ou quaisquer outras, não parecem ser confiáveis para os brasileiros.
No último protesto de abril, uma pesquisa coordenada por Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, e Esther Solano, professora de relações internacionais da Unifesp,mostrou que mais de 70% dos que tomaram a avenida Paulista não confiam em partidos ou em políticos. Para 96% das pessoas entrevistas, o PT não é confiável, mas o PMDB não ficava tão atrás: 82% também não confiam no partido do vice-presidente, Michel Temer.
Em resumo, Dilma parece ir ganhando tempo nesta crise não por suas virtudes, mas porque as alternativas a ela, caso seu mandato seja abreviado, são fracas até o momento. Mas como seguir até 2018 sem o apoio minúsculo, seja dos partidos aliados ou das ruas? Para muitos analistas, e agora Jucá, a dificuldade da presidenta está em não ouvir o recado da população para além dos gritos de impeachment. Entra na insatisfação difusa um discurso anticorrupção e pelo "corte na carne" no Governo em meio às dificuldades econômicas. “Algumas medidas poderiam ser adotadas para que ela restaurasse o respeito popular, como a redução do número de ministérios. Um gesto que não geraria tanta economia, mas tem um poder simbólico enorme”, diz Renato Meirelles, do instituto Data Popular.

AT&T ajudou EUA a espionarem dados na internet, diz jornal Documentos mostram que gigante de tecnologia colaborou com a NSA. Segundo o NYT, empresa deu acesso para agência espionar emails.

A Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês), responsável por espionar uma vasta quantidade de informações na internet pelos Estados Unidos, contou com a ajuda a gigante de telecomunicações AT&T, informou o jornal "The New York Times" neste sábado (15). Leia aqui.
Operadora AT&T é a segunda maior em número de assinantes nos EUA (Foto: Etienne Franchi/AFP)Operadora AT&T é a segunda maior em número de
assinantes nos EUA (Foto: Etienne Franchi/AFP)
Segundo a publicação, ainda que se saiba de longa data que empresas norte-americanas tiveram uma estreita relação com agências de espionagem, documentos recém descobertos da NSA mostram que a relação entre a AT&T foram considerados "incomparáveis" e "especialmente produtivos".
Um desses documentos foi descrito como "altamente colaborativo", enquanto outro destaca a "extrema boa vontade da empresa em ajudar", diz o NYT. A colaboração da companhia envolveu um vasto leque de atividades, mostram os documentos, datando de 2003 a 2013.
Ainda de acordo com o jornal, a AT&T deu acesso à NSA, "através de diversos métodos cobertos por diferentes normas legais, a bilhões de emails que fluíam por redes domésticas".
A empresa "fornecia assistência técnica em levar a cabo uma decisão judicial permitindo espionar todas as comunicações pela internet na sede das Nações Unidas nos Estados Unidos, um cliente da AT&T".

Avião da Indonésia com 54 a bordo perde contato com centro de controle Aeronave da Trigana Air Service desapareceu em Papua-Nova Guiné. Buscas foram temporariamente suspensas por causa da falta de visibilidade.

Um avião de passageiros da Indonésia transportando 54 pessoas perdeu o contato com o controle de tráfego aéreo neste domingo (16) na região leste da Papua-Nova Guiné, segundo a Agência Nacional de Pesquisa e Resgate da Indonésia (Basarnas).
"Perdemos o contato com o avião", disse Bambang Soelystyo, chefe da Basarnas, à Reuters por telefone.
As buscas foram suspensas por conta da chegada da noite e da baixa visibilidade, e serão retomadas apenas na próxima manhã, segundo a agência. O tempo é ruim na região, que é montanhosa.
De acordo com o perfil oficial da agência no Twitter, a aeronave pertencente à Trigana Air Service, um ATR 42, levava 44 passageiros adultos, cinco tripulantes e cinco crianças e bebês.
Ela havia saído do aeroporto Sentani, em Jayapura, capital de Papua, com destino a Oksibil. O voo teria duração prevista de de 45 minutos e teria desaparecido 30 minutos depois de decolar.
O porta-voz do Ministério dos Transporter, J.A. Barata, disse que ainda não se sabe o que ocorreu com o avião.
Outros acidentes
Um avião da AirAsia que viajava da cidade indonésia de Surabaia para Cingapura caiu em dezembro do ano passado no mar de Java durante uma tempestade, matando os 162 ocupantes. O Airbus desapareceu cerca de 40 minutos após decolar.
Em junho deste ano, mais de 140 pessoas morreram na queda de um avião militar Hércules na Indonésia. O avião decolou de uma base militar e explodiu dois minutos depois sobre uma zona residencial.

sábado, 15 de agosto de 2015

Segurança Pública no Brasil: O caos à caminho!