quarta-feira, 29 de julho de 2015

Qual vale mais? Um coronel que só tem o 2º grau ou um soldado pós graduado ou com curso de mestrado em qualquer área e dentro dos quadros da polícia?

Pão de Açúcar tem prejuízo no 2o tri por menores vendas da Cnova e da Via Varejo

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Grupo Pão de Açúcar teve prejuízo no segundo trimestre, afetado por retração econômica do país, aumento de despesas e menor geração de caixa operacional.
O caixa operacional teve impacto dos fracos resultados de Cnova e Via Varejo, os braços que abrigam as operações de móveis e eletrodomésticos e de comércio eletrônico, disse a varejista em seu relatório de resultados divulgado nesta terça-feira.
"Além disso, o ambiente macroeconômico; maiores patamares de despesas, que sofreram reajustes em linha ou acima da inflação; e o crescimento da taxa de juros...contribuíram para o resultado", disse a companhia.
As despesas operacionais totais subiram 11,9 por cento na comparação anual, a 3,216 bilhões de reais, enquanto o resultado financeiro líquido ficou negativo em 413 milhões de reais, 14,4 por cento maior ano a ano.
A varejista teve prejuízo de 30 milhões de reais no segundo trimestre, ante lucro de 358 milhões de reais um ano antes. Excluindo o resultado consolidado da Cnova, o lucro líquido da companhia alcançou 123 milhões de reais.
No segmento alimentar, o lucro caiu 44,1 por cento, para 102 milhões de reais, enquanto as despesas subiram 12,9 por cento.
Na manhã desta terça-feira, a Via Varejo, empresa de móveis e eletrodomésticos do Grupo, informou prejuízo líquido de 13 milhões de reais entre abril e junho frente a lucro de 187 milhões obtido um ano antes.
A Cnova, que reúne ativos de comércio eletrônico do francês Casino e também do Pão de Açúcar, informou na semana passada prejuízo de 40,2 milhões de euros, ante resultado negativo um ano antes de 21,3 milhões.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado do Pão de Açúcar foi de 665 milhões de reais, queda de 39 por cento na comparação anual. 

Ex-dirigente da Eletronuclear recebeu R$ 4,5 milhões em propina Othon Pinheiro foi preso e é suspeito de receber dinheiro da empreiteira Andrade Gutierrez, que executa obras na usina de Angra 3. %u201CCorrupção é endêmica e está em estado de mestástase%u201D, diz procurador

O Ministério Público e a Polícia Federal suspeitam que o ex-presidente da estatal Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu R$ 4,5 milhões das empreiteiras Andrade Gutierrez (AG) e Engevix, que executam obras na usina de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). Nesta sexta-feira (28/7), a PF prendeu o ex-dirigente o presidente global da AG Energia Flávio David Barra, além de conduzir cinco representantes de outras empreiteiras para prestar depoimento, na 16ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Radioatividade.

Os subornos foram pagos entre 2009 e 2014. O procurador da força-tarefa do caso Atahyde Ribeiro Costa destacou que a criminalidade descoberta se alastrou para além da Petrobras. “A corrupção no Brasil, infelizmente, é endêmica e está em estado de metástase”, reforçou ele, em entrevista coletiva em Curitiba (PR). O delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF no Paraná, Igor Romário de Paula, disse que os presos devem chegar a Curitiba até o início da noite.

O procurador disse que a Andrade obteve um contrato em Angra 3 e conseguiu um aditivo de R$ 1,4 bilhão em 2009 graças ao pagamento de propinas. O dinheiro era pago pela AG e pela Engevix, que também tem obras na usina, por meio de quatro empresas intermediárias, até chegar à Aratec, de propriedade de Othon Pinheiro.

Os pagamentos continuaram até recentemente. A força-tarefa obteve uma nota fiscal da Aratec para receber dinheiro da Engevix em 12 de dezembro do ano passado. Para a PF e o Ministério, as empresas são de fachada, por não terem quadro de pessoal para prestarem qualquer tipo de serviço e por utilizarem suas contas bancárias apenas como canal de passagem em operações de lavagem de dinheiro.

Em setembro do ano passado, o consórcio Angramon fechou contrato com a usina. O consórcio é formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Construtora Norberto Odebrecht (CNO), UTC Engenharia, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, EBE (do grupo MPE Montagens) e Techint. A Engevix não faz parte do consórcio, mas também fechou negócios por meio de subornos, segundo Athayde Ribeiro. Em depoimento prestado em delação premiada, o então presidente da Camargo Dalton Avancini, disse que havia reuniões em que se discutiu o pagamento de propina a Othon Pinheiro: o negociador na AG seria Flávio Barra.

De acordo com o procurador, as acusações do delator foram confirmadas por outras provas descobertas pela PF e pelo Ministério Público. Os investigadores pediram a prisão preventiva de Othon e Barra, mas o juiz Sérgio Moro entendeu que os indícios não eram tão fortes e decretou apenas a detenção temporária, por cinco dias. Com base nos mandados de busca – em que se vasculharam computadores de executivos de várias empreiteiras em busca de emails – a PF e o MPF devem pedir a conversão da medida em prisão preventiva nos próximos dias.

A PF conduziu forçadamente para depor os executivos Cloves Renato Nuna Peixoto, aposentado da AG, Fábio Adriani Gandolfo, da Odebrecht, Petrônio Brás Júnior, da Queiroz Galvão, Renato Ribeiro Abreu, da MPE Montagens , e Ricardo Ouripes Marques, da Techint. Todos eles participaram de reunião para combinar o pagamento de suborno a Othon Pinheiro, segundo o Ministério Público.

Pré-qualificação
Athayde Ribeiro disse que houve um ajuste para que só determinadas empresas fossem admitidas na fase de pré-qualificação da obra em Angra 3. Havia dois consórcios, que depois se fundiram no consórcio Angramon. “Houve direcionamento na licitação para que essas empresas concorressem sozinhas”, afirmou ele. “Os ganhadores já sabiam que ganhariam de antemão a licitação.”

Em nota, a Andrade Gutierrez afirmou que sempre esteve à disposição da Justiça e que seus advogados ainda analisam o caso. A Eletronuclear afirmou ao Correio que a empresa estatal que a controla – a Eletrobrás – é que comentaria o caso. A Eletrobrás solicitou pedido de esclarecimentos por escrito ao jornal, mas ainda não respondeu a nenhuma pergunta da reportagem.

Íntegra da nota da Andrade Gutierrez
“A Andrade Gutierrez está acompanhando a 16ª fase da Operação Lava Jato e destaca que sempre esteve à disposição da Justiça. Seus advogados estão analisando os termos desta ação da Polícia Federal para se pronunciar.”

MP pede suspensão de item que aborda cotas para negros em concurso da PF Concurso já foi realizado, mas Procuradoria considera procedimento de verificação das cotas inconstitucional

AGU/Divulgação
O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) ajuizou ação civil pública com pedido de liminar contra a Fundação Universidade de Brasília (FUB/UnB) e a União. O órgão pede a suspensão parcial imediata do concurso para agente da Polícia Federal em todo o país. Para a Procuradoria, a Lei nº 12.990/2014, que reserva cotas para negros em concursos públicos federais, é inconstitucional e inaplicável. A 4ª Vara Federal de Vitória/ES autuou o processo, nesta terça-feira (28/7), para apreciação e, caso o pedido de liminar seja concedido, o concurso ficará suspenso até decisão final da Justiça, segundo o próprio MP. 

O edital do concurso pede, no item 5.1, que 20% das vagas destinadas ao cargo de agente de Polícia Federal sejam providas na forma da Lei nº 12.990/2014, ou seja, preenchidas por candidatos negros ou pardos. O critério utilizado para concorrência nas vagas reservadas aos negros foi o preenchimento da autodeclaração conforme quesito cor ou raça utilizado pelo IBGE.

Para o procurador da República Carlos Vinicius Cabeleira, autor da ação, as cotas para ingresso no serviço público são inconstitucionais. “Além disso, a lei só poderia ser aplicada se e quando o IBGE instituir critérios objetivos para definição de cor e de raça, já que, pela autodeclaração, todos podem ser cotistas, o que inviabiliza o sistema de cotas”, explica.


A ação alega que também houve ilegalidade nas decisões tomadas pela banca de verificação. “A banca eliminou todos os candidatos que considerou não se enquadrarem na raça negra, sendo que a lei diz que somente seriam eliminados os candidatos que comprovadamente apresentassem declaração falsa. Como não existe critério objetivo para a classificação racial, a autodeclaração não poderia ser considerada falsa em nenhuma hipótese”, explica Cabeleira.


O concurso tem 600 vagas para agentes da PF com remuneração de R$ 7.514,33. Participaram das provas 98.101 candidatos de nível superior. Ao todo, 30 vagas estavam reservadas a pessoas com deficiência e outras 120 a candidatos negros ou pardos
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Crise chinesa leva as matérias-primas aos menores preços em 13 anos Debilidade prejudica as cotações de produtos como ouro, ferro, soja, petróleo e cobre O ouro, um caso diferente: valor refúgio influenciado pelos juros

cae la bolsa de China
Produção de petróleo em Dakota do Norte / KAREN BLEIER (AFP)
O mundo desenvolvido entrou na Grande Recessão com as matérias-primas em máximos históricos e sai da crise com as commodities em níveis de mais de uma década atrás. O Bloomberg Commodity Index, que mede a variação de toda espécie de matérias-primas, do ouro,petróleo e gás natural ao milho, soja, ferro e cobre, caiu quase 11% em 2015. Diversos especialistas consultados indicam várias razões para explicar essa queda brusca – a fortaleza do dólar e a próxima elevação dos juros nos EUA –, mas estão de acordo com uma no topo da lista: os sinais de fragilidade emitidos pela economia chinesa.
O que existe por trás dessa queda? A visão dos analistas consultados tem, com variações, um denominador comum. “A China é o maior consumidor mundial de matérias-primas e suas oscilações internas afetam o resto”, explica Gabriel Stein, da Oxford Economics. “Existe uma preocupação sobre o crescimento da economia chinesa”, acrescenta Ole S. Hansen, chefe de matérias-primas do Saxo Bank. As mostras de “debilidade” da segunda maior economia global, que compra e processa matérias-primas para transformá-las em produtos que depois vende a meio mundo, acrescidas pelas recentes quedas em suas Bolsas “derrubaram o mercado”, diz Dan Smith. Esse analista independente descarta, entretanto, que a economia chinesa tenha entrado “em colapso”, já que neste caso os mercados de matérias-primas teriam afundado. E recomenda utilizar como termômetro a evolução recente do cobre, nos menores preços em seis anos. “A queda foi forte, mas em relação a outros momentos da história recente o preço continua sendo relativamente alto”.“Após analisar todas as opções chegamos à inevitável conclusão de que essa mina chegou ao seu final”. Há menos de duas semanas o executivo-chefe da Kumba, um dos maiores produtores mundiais de ferro e filial da multinacional Anglo American, explicou dessa forma o fechamento da mina de Thabazimbi (norte da África do Sul) após 84 anos de atividade. Paralelamente, a 11.000 quilômetros de distância, os gestores das minas de carvão da Abel e Austar (sudeste da Austrália) anunciaram grandes cortes de pessoal e uma redução drástica de sua produção como antessala ao seu mais do que provável fechamento. As duas decisões, aparentemente desconexas, têm uma origem comum: a queda nos preços das matérias-primas.
Nicholas J. Johnson, vice-presidente executivo e responsável pelas matérias-primas da companhia de investimentos Pimco reconhece a debilidade da demanda chinesa, mas a atribui à transição de uma economia orientada ao investimento e à produção – intensiva em commodities – à outra baseada no consumo. E opta por buscar outras explicações além do gigante asiático. “É preciso levar em consideração a fortaleza do dólar, que tem um efeito importante”. Eugen Weinberg, do Commerzbank, é da mesma opinião.
Nitesh Shah, analista da ETF Securities, afirma sem rodeios que a queda dos preços tem origem no próprio funcionamento do mercado – “o excesso de oferta e a percepção de que a demanda se manterá frágil está por trás disso” –, mas alerta que o mercado “ignora” as boas notícias econômicas, como o acordo com o notável desempenho recente da UE. “Continua sendo teimosamente pessimista pela acumulação de anos de baixo rendimento”, explica.
Essa queda das matérias-primas se traduz em dificuldades para os países exportadores. Nos últimos meses as turbulências derivadas dessa queda sacudiram meio globo: desde o Brasil e o Chile, onde o menor valor das exportações desembocou em uma forte retração de suas economias, à Austrália e Nova Zelândia, cujos bancos centrais lutam sem trégua contra a paralisia econômica abaixando os juros. “É um problema sério para eles”, afirma Stein, da Oxford Economics.
O efeito dominó alcançou também as divisas desses países, em sua maioria emergentes. Após uma década dourada, levadas pelo aumento do preço do petróleo, ferro, cobre, carvão e alimentos, as moedas desse grupo de Estados sofreram severas quedas em 2015: o real brasileiro caiu quase 20% frente ao dólar, o peso mexicano caiu 8% e o chileno 7%.
Nesses sete meses somente o rublo russo resistiu, valorizando 5% após um 2014 de forte retrocesso e somente depois de seu banco central decretar a maior elevação de juros desde a crise de 1998. “A desvalorização de suas moedas ajuda esses países a recuperar competitividade, mas não é o remédio. Nada faz pensar que essa tendência irá mudar”, conclui Chris Weston, estrategista chefe da IG Markets.

O ouro, um caso diferente: valor refúgio influenciado pelos juros

O caso do ouro, que caiu mais de 8% em 2015 e que já está cotado nos menores preços em cinco anos e meio, tem pouca relação com o restante das matérias-primas. Diferentemente dessas, que têm uso industrial ou econômico, o ouro é fundamentalmente um valor refúgio. “Não oferece nenhum retorno e o investidor depende de que seu valor suba no mercado”, lembra Gabriel Stein, da Oxford Economics. Em um momento como o atual, no qual as dúvidas sobre a lenta melhoria das economias ocidentais começam a se dissipar e os bancos centrais contam os dias para elevar os juros, os investidores buscam alternativas para encontrar uma rentabilidade maior.
Stein acrescenta uma razão puramente monetária para explicar a queda: “O ouro protege contra a deflação e contra a debilidade do dólar. Quanto mais a moeda norte-americana sobe [não tinha cotação tão alta frente ao euro desde 2003], mais o ouro deveria baixar”. Nic Johnson, vice-presidente da Pimco, acredita que a correção continuará à medida que os juros saiam dos níveis atuais, historicamente baixos. “O mercado reagiu tarde; acredito que ainda irá continuar em baixa”, enfatiza.

Operação Lava Jato, capítulo 16: chegou a hora da energia nuclear Fase Radioatividade investiga contratos da Eletronuclear e detém presidente licenciado Operação Lava Jato, grande demais para ‘acabar em pizza’?

Complexo nuclear de Angra dos Reis, a 240 km do Rio. / RICARDO MORAES (REUTERS)
Após 15 etapas devassando os contratos de grandes empreiteiras no setor de óleo e gás, a interminável Operação Lava Jato chegou nesta terça-feira à área de energia nuclear. Em sua 16ª fase, chamada Radioatividade e deflagrada para investigar contratos firmados entre as empresas já investigadas na operação com a Eletronuclear, foram cumpridas duas prisões temporárias no Rio de Janeiro. Um dos detidos é Othon Luiz Pinheiro, presidente licenciado da Eletronuclear, que é subsidiária da Eletrobras. Também foi preso o executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra.

Segundo o procurador federal Athayde Ribeiro Costa, Othon Luiz Pinheiro, que se afastou da Eletronuclear em abril após denúncias de irregularidades, recebeu 4,5 milhões de reais em propina. Durante a entrevista, Costa disse que a corrupção no Brasil é endêmica, e que está em "processo de metástase". Em nota, a Eletronuclear se limitou a dizer que está ciente das informações apuradas pela Lava Jato e se comprometeu a investigar possíveis desvios. Já a Andrade Gutierrezinformou que acompanha as ações da Polícia Federal e sempre se colocou à disposição da Justiça.Em entrevista coletiva realizada em Curitiba na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) informaram ter encontrado indícios de pagamento de propina para dirigentes da Eletronuclear por meio da Engevix e de empreiteiras do consórcio Angramon, que possuem contratos com a subsidiária da Eletrobras para obras na usina Angra 3. O consórcio é formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, EBE e Techint.
A 16ª fase da operação envolve o cumprimento de 30 mandados judiciais, 23 deles de busca e apreensão, 2 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva em cinco cidades (Brasília, Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo e Barueri). São alvo de apuração da Radioatividade a formação de cartel e o prévio ajustamento de licitações, além do pagamento indevido de vantagens financeiras a empregados da Eletronuclear. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde permanecerão à disposição da Justiça Federal.

Delação

O MPF informa que solicitou essas medidas à PF após encontrar evidências que corroboram o conteúdo da colaboração de Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa, que revelou expansão do esquema de cartel da Petrobras para a Eletronuclear e indícios de pagamento de vantagens indevidas nos contratos para construção de Angra 3. Segundo os procuradores, há indicativos de que parte dos 4,5 milhões de reias recebidos pelo presidente licenciado da Eletronuclear foi recebida em 12 de dezembro de 2014, mesmo após a prisão de executivos de grandes empreiteiras.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos primeiros a fechar acordo de delação premiada na Lava Jato, já havia dito que empresas privadas também formaram cartéis para atuar em outras áreas do Governo, como a Eletrobras, a estatal de energia elétrica, além da construção de hidrelétricas, de portos e de aeroportos. É por isso que ainda são esperadas outras etapas da operação como a realizada nesta terça, fora do escopo da Petrobras.

Marcelo Odebrecht e outros 12 viram réus no caso Petrobras

R. B.
Marcelo Odebrecht, quando detido pela polícia. / EFE
O juiz Sergio Moro aceitou nesta terça-feira a denúncia do Ministério Público Federal contra o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros 12 por crimes como organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro nacional e internacional. Entre os denunciados, estão o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O grupo, que ainda conta com quatro ex-diretores da Odebrecht e os ex-executivos da Petrobras Pedro Barusco e Renato Duque, foi denunciado pelo MPF na última sexta-feira. A partir de agora, todos eles são considerados réus na ação penal. Ao aceitar a denúncia, Moro considerou que as provas apresentadas até o momento justificam a abertura do procedimento. "Há, em cognição sumária, provas documentais significativas da materilidade dos crimes, não sendo possível afirmar que a denúncia sustenta-se apenas na declaração de criminosos colaboradores", escreveu no despacho.

Freada chinesa já cobra fatura no real e nas exportações do Brasil Novo cenário exige que país reduza dependência de vendas de matérias primas Crise chinesa leva as matérias-primas aos menores preços em 13 anos

A Bolsa de Xangai registrou a maior queda dos últimos anos na segunda/ / FRED DUFOUR (AFP)
Os sinais da temida desaceleração da economia chinesa se intensificaram após a Bolsa de Xangai registrar a maior queda dos últimos oito anos e lançaram um alarme para a economia brasileira. O forte recuo de 8,5% da bolsa chinesa, na segunda-feira, influenciado pela divulgação de dados ruins da indústria, teve impacto nos preços das commodities e levou à desvalorização de várias moedas emergentes como o real, que chegou à cotação mais baixa em 12 anos.
A freada do gigante asiático, maior comprador do Brasil, e a própria mudança de rumo no modelo da economia chinesa, que aposta agora no consumo interno, já se reflete na balança comercial brasileira deste ano. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, de janeiro a junho deste ano, as exportações para a China registraram uma queda de 22,6% em receita, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Ao todo, a China comprou 18,4 bilhões de dólares no período, equivalente a 19,6% do total das vendas ao exterior do Brasil, mantendo-se como o maior comprador do país.

“Claramente, a produção chinesa vai reduzir e, consequentemente, diminuirá a demanda por commodities nos países exportadores, como o Brasil”, diz o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Além da queda de volume exportado, o Brasil sofrerá pela queda no preço do minério de ferro, soja e o petróleo enviados a Pequim.Vários indicadores ruins divulgados recentemente voltaram a mostrar que os esforços do Governo chinês para retomar o bom desempenho das Bolsas do país, que caíram cerca de 28% nos últimos 45 dias, não foram suficientes. Um deles foi a notícia de que o lucro das maiores companhias do país caiu 0,7% no semestre em relação ao mesmo período de 2014. Pelas novas estimativas do FMI, a segunda maior economia do planeta deve seguir um ritmo mais lento neste ano e crescer 6,8%. No ano passado, a expansão foi de 7,4%.
“O modelo chinês está mudando, dando uma ênfase maior no consumo com o avanço do processo de urbanização. Eles estão colocando um freio em novos investimentos já que há uma descompasso entre a oferta e a demanda. Desacelerar é uma estratégia, mas claramente essa transição não poderá ser abrupta”, explica o professor André Nassif, da FGV.
Para o Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, o fundamento da economia ainda é sólido, porém a preocupação com um crescimento mais sustentável faz o país desacelerar economicamente. "O Governo já não está preocupado com uma expansão de dois dígitos, ele está focado na qualidade do crescimento. Os investimentos serão mais sofisticados nos próximos anos", explica Tang que acredita que o país asiático ainda tem interesse de investir no Brasil e exportar seus produtos para o mercado brasileiro.
"A China possui hoje uma produção que ultrapassou a demanda e vê no Brasil a possibilidade exportar os seus excessos”, prevê. Ele lembra que mesmo com desaceleração, a China também ainda precisa dos grãos e do petróleo brasileiro.

Mudança de rumo

Apesar do recuo chinês impactar a economia brasileira, Nassif pondera que o novo cenário mundial de queda dos valores das commodities indica que o modelo brasileiro tão dependente da exportação de matérias-primas já não é sustentável e precisa ser alterado. “Se o Brasil continuasse assim, entraríamos em um ciclo da doença holandesa (que, em economia, refere-se à relação entre o aumento da exportação de recursos naturais e o declínio do setor manufatureiro”, explica Nassif.
A saída do Brasil para retomar o crescimento, segundo o professor, é incentivar o desenvolvimento industrial e do setor manufatureiro. “Só assim é possível reverter esse quadro de dependência de vendas de minério e de produtos agrícolas”, diz. Nos primeiros seis meses deste ano, os manufaturados representaram apenas 37% das exportações brasileiras.
No entanto, o caminho para essa transformação do setor exportador não é fácil já que o Brasil enfrenta uma situação adversa interna e está imerso em uma conjuntura de crescimento mundial rastejante. Ainda que o atual patamar da taxa de câmbio favoreça a competitividade de produtos exportados pelo Brasil, o país depende da volta de um crescimento mundial mais robusto, que não tem dado grandes sinais de recuperação, com exceção dos Estados Unidos.