sábado, 8 de agosto de 2015

Ontem aqui em Brasília, onde eu moro ouvir uma barbaridade que nunca pensei em ouvir e levando em conta que quem me disse é pai de família, evangélico e empresário. “A pessoa me disse que o empresário brasileiro foi levado a estas circunstancias da lava jato!” Quem tem índole denuncia e mesmo sendo destruído não aceita enriquecimento indevido considerando que o setor privado não pode ganhar dinheiro com o Estado!


Debate republicano bate recorde de audiência Embate atraiu 24 milhões de telespectadores

Scott Walker (esquerda), Donald Trump (centro) e Jeb Bush (direita) estão entre os primeiros colocados nas pesquisas para as primárias republicanas (foto: AP)
Scott Walker (esquerda), Donald Trump (centro) e Jeb Bush (direita) estão entre os primeiros colocados nas pesquisas para as primárias republicanas (foto: AP)NOVA YORKZLR
(ANSA) - O primeiro debate entre os candidatos republicanos à Casa Branca, transmitido pela "Fox News", bateu recorde de audiência nos Estados Unidos.
    O embate entre os 10 nomes do partido mais bem colocados nas pesquisas atraiu a atenção de 24 milhões de telespectadores, número mais alto já registrado por um evento não esportivo na TV a cabo.
    O bilionário Donald Trump, líder das sondagens até aqui, foi o grande destaque do confronto, recusando-se a voltar atrás em diversas posições polêmicas. (ANSA)
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'Não vou polemizar com pessoas que estou investigando', afirma Janot Afirmação se refere a ataques do senador Collor, investigado na Lava Jato. Na tribuna do Senado, ele proferiu palavrão para xingar procurador-geral.

Janot apresenta aula magna na faculdade Dom Helder Câmara (Foto: Michele Marie)

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta sexta-feira durante evento em Belo Horizonte que não polemiza com pessoas que está investigando.
Nesta quinta-feira, em discurso na tribuna do Senado, o senador Fernando Collor (PTB-AL) usou um palavrão para xingar Janot. Collor é um dos políticos denunciados pelo procurador e investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Operação Lava Jato.
"Olha, eu não vou polemizar com pessoas que eu estou investigando. [...] Eu não polemizo nem sobre esse fato nem sobre outros fatos que ele atacou contra minha honra e contra a honra da minha mãe também", declarou o procurador-geral, em resposta a um aluno, durante a aula magna que foi convidado a proferir na Faculdade de Direito Dom Helder Câmara.
Na últma quarta-feira (5), Janot foi indicado por procuradores da República para mais um mandato de dois anos à frente da Procuradoria Geral da República.
Ele foi o primeiro colocado na eleição que definiu a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República.
A lista foi entregue à presidente Dilma Rousseff, que escolherá um dos três nomes para novo mandato na Procuradoria Geral da República – o mais provável é que Janot seja reconduzido.
Em uma conversa informal com os alunos, Janot respondeu a questões sobre corrupção e afirmou que se baseia em questões técnicas nas investigações Operação Lava Jato.

Ele foi questionado pelo reitor da Dom Helder, Paulo Umberto Stumpf, se há risco de golpe no país, levando em consideração as "acusações da Lava Jato", e se considera que as instituições brasileiras estão "maduras" para enfrentar este tipo de movimento.

"A primeira coisa é deixar bem claro: a atividade do Ministério Público, ela não tem nada a ver com a atividade política. O que a gente faz é uma investigação técnica, e nós somos retos no atuar enquanto Ministério Público. Tudo aquilo que não é questão de Ministério Público e de investigação, a gente não trata. Então não tem nenhuma atuação política. A gente não faz atuação escolhendo investigado. Mesmo porque só podemos investigar o que é fato", respondeu.

"Eu acho que é visível que as instituições brasileiras estão maduras. Eu acho que é visível que as instituições brasileiras agem de forma profissional. Tem um exemplo, é que nós cumprimos, e aí não vai crítica a ninguém, mas não por acaso, o STF deferiu 56 mandados de busca e apreensão de pessoas com prerrogativa de foro. Isso não faz uma decisão política, isso não foi uma decisão partidária. Isso foi uma decisão técnica", completou.
No evento, Janot também criticou a falta de vagas no sistema penitenciário e o projeto de lei que pede a redução da maioridade penal. Para ele, reduzir a idade de 18 para 16 anos é um "contrasenso". 
 Sobre a crise política e econômica e os frequentes escândalos de corrupção, o procurador disse ainda ter esperança de que o país melhore.

"A gente não pode, por uma circunstância de momento, achar que a gente chegou ao final do mundo. É nessas horas de desafio que o país tem que se reafirmar. Nós somos muito mais fortes do que essas crises. E a prova está nas outras graves crises que a gente superou”, avaliou Janot ao final da palestra.

Deputado tucano: “Se Dilma antecipar eleições, ficará melhor na história”

Marcus Pestana em audiência na Câmara. / A. LOYOLA - PSDB
Tido como um dos parlamentares mais próximos da cúpula nacional do PSDB e do ex-candidato à presidência Aécio Neves, o deputado federal mineiro Marcus Pestana se tornou um dos porta-vozes da ideia de que o Brasil precisa passar por nova eleição presidencial. O caminho, que provocou polêmica até entre os tucanos, beneficiaria, em tese, Aécio, por causa da proximidade das eleições do anos passado. Ex-presidente do diretório do PSDB em Minas Gerais, e ex-secretário de Saúde da gestão Aécio Neves, Pestana tem conversado com lideranças de outras legendas, como o PMDB, para que também defendam essa proposta. A ideia é forçar a presidenta Dilma Rousseff (PT) a antecipar as próximas eleições o que, na visão do tucano, ajudaria a preservar a imagem dos oposicionistas da pecha de "golpistas". "Sentimos que, se ela for afastada com base nas pedaladas fiscais, vai passar para a população a imagem de que houve um conchavo político. Aí, o PT se vitimiza, diz que foi golpe. Não é o melhor caminho. Por isso, nós do PSDB defendemos que um novo Governo surja por meio das urnas."
Resposta. O ambiente está muito confuso e as versões ficam muito confusas. Tem uma crise gravíssima, com recessão, desemprego, estrangulamento fiscal, desindustrialização, crise econômica aguda, desorganização de alguns setores. Tem uma Lava Jato que é uma caixa de Pandora, que parece que se se abrir, cai a máquina estatal toda. Tem uma crise política que se materializou nesta semana e, misturada com a prisão do José Dirceu, faz com que Brasília, se transforme num caldeirão de conspirações.Pergunta. Quais são as alternativas para a crise política?
P. Muitas delas vindas da própria Câmara dos Deputados.
R. Sim. No plenário da Câmara parecia que a Dilma ia cair na semana que vem. O Governo perdeu o respeito. Perdeu a credibilidade. Parece que nem existe mais. Além disso, há uma constatação generalizada entre as lideranças políticas e empresariais de que a Dilma não dá conta de tirar o país desta crise.
P. E você é um dos defensores dessa tese?
R. Não só eu. Nove entre dez pessoas pensam assim. Não é um posicionamento, é uma constatação.
Sentimos que, se ela for afastada com base nas pedaladas fiscais, vai passar para a população a imagem de que houve um conchavo político. Aí, o PT se vitimiza, diz que foi golpe. Não é o melhor caminho. Por isso, nós do PSDB defendemos que um novo Governo surja por meio das urnas
P. Então, o que fazer?
R. Temos três hipóteses. Uma é o afastamento dela. A outra é viver mais três anos melancólicos em uma crise aguda, com o país perdendo os trilhos. Ou, a terceira hipótese, ela mesma ter a lucidez, a clareza de administrar sua própria transição, que seria menos traumática. Ela poderia ter a clareza e admitir que perdeu as bases para a governabilidade e convocar as lideranças políticas.
P. O que seria administrar sua própria transição? Uma renúncia?
R. Ela poderia antecipar o calendário eleitoral. Ela sairia melhor para a história do que se for afastada. Mas isso ainda não quer dizer que ela será afastada nem que ela vá antecipar a eleição. Agora, pode ser muito ruim para o país ficar três anos e meio com uma Dilma governando aos farrapos e o Brasil perdendo oportunidades, agravando sua crise estrutural. Achamos que uma crise deste tamanho, só um governo eleito, ungido pelas ruas tem condição de enfrentá-la. Sentimos que, se ela for afastada com base nas pedaladas fiscais, vai passar para a população a imagem de que houve um conchavo político. Aí, o PT se vitimiza, diz que foi golpe. Não é o melhor caminho. Por isso, nós do PSDB defendemos que um novo Governo surja por meio das urnas. Uma nova eleição permitiria o PT de concorrer e, quem sabe, até ganhar a eleição.
P.  Vocês já a compartilharam com outros partidos? Qual foi a recepção deles?
R. Já falamos com o PPS, Democratas, PMDB, todos os grandes. Está todo mundo perplexo e preocupado. Todos sabem que precisamos construir alternativas. Há muitas coisas para acontecer nas próximas semanas. É preciso discutir a crise, porque até o momento o Governo não vinha fazendo isso. Iniciou um ajuste e cometeu um estelionato eleitoral.

Temer nega que tenha deixado a articulação política do governo

Presidente Dilma Rousseff fala com o vice-presidente, Michel Temer, durante cerimônia no Palácio do Planalto. 24/06/2015. REUTERS/Bruno Domingos
Por Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello
SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente da República, Michel Temer, negou nesta sexta-feira que tenha deixado a articulação política do governo, conforme publicado em reportagem do ValorPro, serviço do jornal Valor Econômico.
"São infundados os boatos de que deixei a articulação política. Continuo. Tenho responsabilidades com meu país e com a presidente Dilma", disse Temer em sua conta na rede social Twitter.
De acordo com fontes do Planalto que pediram para não serem identificadas, o vice adiou embarque para São Paulo para reunir-se com a presidente, na quinta-feira, ocasião em que negou que estivesse fazendo um "jogo duplo" na articulação do governo.
Durante a conversa, o vice sustentou que tem trabalhado para garantir a governabilidade e apaziguar a base, já conturbada, e neste contexto, deixou a presidente à vontade para destituí-lo do cargo de articulador, caso não estivesse satisfeita.
Ainda segundo essas fontes, o vice ouviu de Dilma que ela confia em sua atuação do vice e que é muito importante que ele permaneça na articulação.
Segundo uma das fontes, a conversa entre os dois foi motivada por teoria que circula entre alguns ministros petistas segundo a qual seu recente apelo por unidade e para evitar o agravamento da crise política seria uma tentativa de colocar-se como uma alternativa a Dilma.
Na quarta-feira, Temer fez uma declaração à imprensa em que pediu unidade a todos os setores da sociedade e disse ser necessário que "alguém tenha a capacidade de reunificar a todos", referindo-se ao Congresso Nacional.

Outra fonte próxima do núcleo de articulação, assim como um parlamentar petista, disseram não acreditar que o vice esteja fazendo "jogo duplo". 

Sem unidade, uma ala do PSDB quer nova eleição e outra espera por 2018

Serra, Aécio e Alckmin ainda não se entenderam. / MARCOS FERNANDES
O momento seria propício para a oposição. O Governo de Dilma Rousseff enfrenta a maior crise política desde que o PT assumiu o Executivo, sofrendo derrota após derrota nas mãos de seu desafeto declarado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Para piorar, o Planalto cada vez mais vê sua base no Congresso se esfacelar, com debandada de partidos aliados e petistas votando contra o Governo. Seria o cenário perfeito para que o maior partido de oposição, o PSDB, conseguisse capitalizar a crise do Governo a seu favor, mostrando-se como alternativa. Mas o tucanato se encontra dividido com ao menos quatro discursos, embora unidos em desestabilizar o Governo Dilma.
A aposta dos líderes é conseguir o impeachment de toda a chapa - Dilma e Temer -, e não apenas da presidenta. Isso depende do Tribunal Superior Eleitoral julgar procedente a ação de impugnação contra a petista e seu vice, o que destituiria os dois. Neste caso haveriam novas eleições para o Executivo. É uma hipótese pouco provável, segundo analistas.  Caso Dilma tenha as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União, um outro caminho para o impeachment, ela apenas seria afastada, e o peemedebista assumiria até o final do mandato, em 2018.Na Câmara, a bancada do PSDBtem se alinhado com Cunha e apostado no quanto pior melhor, segundo especialistas. Nesta quinta-feira, os líderes das bancadas tucanas na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), por exemplo, defenderam a convocação de novas eleições “para a salvação do país”. “Concordamos com o vice Michel Temer de que precisamos identificar uma pessoa que construa um projeto nacional para salvar o país”, disse Sampaio, fazendo referência à declaração de Temer feita na tarde de quarta. “Mas estamos convencidos de que essa pessoa (...) teria que ser legitimada pelo voto popular”, afirmou. A bancada foi apelidada de “os cabeças pretas” por alguns parlamentares, devido à impetuosidade e à idade inferior aos dos 'cabeças brancas' do Senado, mais ponderados.
Além do grupo da Câmara, os tucanos contam ainda com três grandes correntes internas, diz Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos. Uma delas é liderada pelo ex-candidato do partido à presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Ele poderia se beneficiar do recall relacionado à eleição de 2014. É do seu interesse manter a temperatura da crise alta”, diz Dias. Caso a chapa Dilma/Temer seja impugnada, o tucano pode contar com essa visibilidade para ser conduzido ao cargo caso uma nova eleição seja convocada. Inicialmente reticente em apoiar abertamente os atos de rua pedindo o impeachment de Dilma, Neves aos poucos se alinha com os cabeças pretas. Esta semana ele afirmou que “a presidente Dilma e o PT perderam a capacidade de governar”.
O PSDB nunca foi um partido, sempre foi muito mais uma reunião de caciques que têm as suas próprias posições
Do outro está o grupo liderado pelo Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que tem se mostrado cauteloso quanto a assumir um discurso de enfrentamento com a presidenta e pró-impeachment. “O horizonte do Alckmin é a eleição de 2018. Ele não tem o menor interesse em um fato que altere estas perspectivas”, afirma o professor. De acordo com ele, um impedimento de Dilma do poder ou até mesmo da chapa inteira seria prejudicial ao tucano, uma vez que abriria o caminho para que outros caciques do partido assumissem uma posição de preponderância na legenda. Comandando a vitrine do segundo maior orçamento do país, “ele quer ver o Governo fritar até as próximas eleições para que ele tenha chances de disputar novamente o Planalto”, avalia Dias.
Correndo por fora está o senador José Serra (SP). O parlamentar está próximo de Temer e do PMDB, e muitos já avaliam que ele pode deixar o seu partido. A coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo informou que ele poderia estar costurando um acordo para assumir a pasta da Fazenda caso Dilma seja afastada e Temer fique com a presidência. Ele também se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outras lideranças tucanas para tratar do impeachment de Dilma. Na ocasião, ele teria criticado os deputados e as pautas-bomba da Câmara, consideradas por ele "irresponsabilidades fiscais".
Se as coisas continuarem neste ritmo, em breve o partido de Temer, Cunha e Renan pode ser responsável por infligir o quinto tento contra a maior legenda de oposição
O PSDB nunca foi um partido, sempre foi muito mais uma reunião de caciques que têm as suas próprias posições. A ideologia não é o forte dos tucanos”, afirma José Arthur Giannotti, professor de Filosofia da USP. Amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ele é considerado uma referencia teórica dentro do partido. “Você acha que Aécio Neves e José Serra tem alguma coincidência ideológica? Nunca houve”, afirma. Na avaliação de Giannotti, “isso não apenas enfraquece o partido, mas faz com que ele seja mais um tiroteio do que uma oposição política”. No final “não fazem política responsável. Estão apenas empenhados em derrubar a Dilma”.
Não por acaso, é o PMDB quem tem crescido mais na condição de opositor ao Governo, carregando os tucanos a reboque. Diferente do PT, que após três derrota seguidas nas eleições para a presidência conseguiu afinar o discurso, os tucanos ainda se digladiam após quatro fracassos nas urnas. Se as coisas continuarem neste ritmo, em breve o partido de Temer, Cunha e Renan pode ser responsável por infligir o quinto tento contra a maior legenda de oposição.

TCU: saiba nas mãos de quem está possível 'faísca' para impeachment Mariana Schreiber Da BBC Brasil em Brasília

Caso decida recomendar que o Congresso Nacional rejeite contas do governo, Tribunal de Contas da União pode dar combustível aos pedidos de impeachment de Dilma
Sob forte pressão política e em meio a denúncias de irregularidades, os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) preparam-se para dar seu parecer sobre as contas de 2014 do governo Dilma Rousseff neste mês.
A expectativa é que o julgamento ocorra na segunda quinzena do mês e, por hora, o resultado está em aberto.
Caso o plenário recomende ao Congresso Nacional a rejeição das contas, algo inédito desde o primeiro governo de Getúlio Vargas, em 1937, sua decisão dará mais combustível aos pedidos de impeachment da presidente.
O principal motivo de polêmica é o atraso nos repasses aos bancos públicos de recursos para pagamento de benefícios sociais, as chamadas "pedaladas fiscais".
O governo argumenta que esses atrasos já ocorreram em outros anos e nunca haviam sido criticados pelo tribunal antes. Quem defende a rejeição das contas diz que o problema só foi detectado agora porque o uso do mecanismo cresceu muito.

Holofotes

A BBC Brasil apurou que a intensificação da atenção da mídia sobre o tribunal – composto principalmente por indicações políticas – tem causado desconforto entre os ministros, que vêm se reunido privadamente com mais frequência neste ano.
É tema de discussão não só o julgamento das contas federais, mas também a continuidade do atual presidente do órgão, ministro Aroldo Cedraz, no cargo, após denúncias de que seu filho, o advogado Tiago Cedraz, teria recebido propina para influenciar os julgamentos do TCU.
Seu atual mandato à frente do tribunal tem duração de um ano e acaba em dezembro, mas é praxe que o presidente seja reconduzido por mais um ano. Cedraz, porém, não é o único suspeito de condutas irregulares no tribunal. Acusações mais ou menos graves atingem outros ministros, como Raimundo Carreiro e Walton Alencar.
Há ao menos 21 propostas de emendas à Constituição (PEC) tramitando no Congresso com o objetivo de alterar o funcionamento do tribunal, substituir as indicações políticas por concurso público ou limitar os poderes dos ministros em favor da área técnica do órgão.
No entanto, como essas mudanças retiram poder do próprio Congresso, responsável por escolher seis dos nove ministros, as propostas não avançam no Parlamento.
Saiba como funciona o TCU e quem são os ministros que julgarão as contas de Dilma Rousseff.

Para que serve o tribunal?

Apesar do nome, o TCU não faz parte do Poder Judiciário. É um órgão que integra o Poder Legislativo e tem como função auxiliar o Congresso na fiscalização do uso de recursos públicos federais.
O órgão é mais conhecido por fiscalizar obras públicas, mas também deve acompanhar a regularidade de outros gastos, como por exemplo a concessão de aposentadorias.
Além disso, tem a atribuição de avaliar a eficácia de políticas públicas.
Ao detectar irregularidades, o TCU pode multar os responsáveis e recomendar que a Justiça Eleitoral proíba os condenados de disputar eleições por oito anos.
Anualmente, o órgão também emite um parecer das contas do governo federal, recomendando ao Congresso sua aprovação ou rejeição. A rejeição das contas abre espaço para que a Casa discuta e eventualmente vote o impeachment da presidente.

Quem são os ministros?

O plenário é composto por nove ministros, sendo que seis são escolhidos pelo Congresso (três indicações do Senado e três da Câmara dos Deputados).
Os outros três são indicados pela Presidência da República, mas apenas um é de livre escolha. Outros dois devem ser funcionários de carreira do TCU e do Ministério Público, que atua junto ao tribunal.
Nesses dois casos, o plenário do tribunal elabora uma lista tríplice da qual a Presidência escolhe um.
O cargo é muito valorizado, não só pelo seu poder, mas também pelos benefícios que oferece. Os ministros recebem salário de R$ 32.074,85, têm direto a dois meses de férias por ano e a um plano de saúde vitalício que cobre dependentes (pais e filhos).

Os indicados pela Câmara

1. O baiano Aroldo Cedraz é o atual presidente do TCU. Quando foi eleito, em 2006, pelo plenário da Câmara para o cargo de ministro, era deputado do PFL (hoje DEM), ligado ao senador Antônio Carlos Magalhães, falecido em 2007. Teve seu nome envolvido na Operação Lava Jato por dois delatores que afirmaram ter entregado dinheiro ao seu filho, o advogado Tiago Cedraz.
Segundo Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, Tiago receberia pagamentos de R$ 50 mil mensais para repassar à empreiteira informações do tribunal que envolvessem seus interesses. Além disso, Pessoa disse que pagou R$ 1 milhão para Cedraz com objetivo de que a quantia chegasse ao ministro Raimundo Carreiro, relator de um processo que analisava a licitação da construção da usina nuclear Angra 3.
A decisão do TCU acabou sendo favorável à UTC.
Antes, o policial federal Jayme de Oliveira já havia contado, também em delação premiada, que levou dinheiro do doleiro Alberto Youssef duas vezes ao escritório de Tiago. O advogado nega as acusações.
2. Deputado pelo PP do Rio Grande do Sul, Augusto Nardes foi eleito pela Câmara para o TCU em 2005. Na ocasião, o Ministério Público Federal tentou impedir sua nomeação, sob argumento de que o ministro não tinha "conduta ilibada", conforme exige a Constituição.
A justificativa era uma denúncia contra ele apresentada ao STF em 2013 por supostas irregularidades nas contas de sua campanha para deputado. O processo acabou sendo suspenso.
Nardes é o relator do processo que analisa as contas de 2014 do governo Dilma Rousseff. Ele tem sido o ministro mais crítico à presidente e defende abertamente que o TCU recomende a rejeição das suas contas.
3. Deputada pelo PSB de Pernambuco,Ana Arraes foi eleita pela Câmara em 2011 após intensa campanha feita por seu filho, Eduardo Campos.
Sua nomeação acabou gerando críticas de nepotismo a Campos durante a campanha presidencial de 2014.
Ele morreu em um acidente de avião em agosto passado, no meio da corrida eleitoral.

Os indicados pelo Senado

4. Escolhido para o TCU em 2007,Raimundo Carreiro é maranhense, bastante próximo do ex-presidente José Sarney. Ele foi secretário geral do Senado quando Sarney presidia a casa. Apesar disso, não se costuma declarar impedido quando analisa casos que envolvem seu padrinho político e a instituição a que pertencia.
Em 2013, quando o tribunal analisou o pagamento de supersalários a 464 funcionários do Senado, Carreiro defendeu que diretores da casa não fossem punidos e que o dinheiro recebido acima do teto do funcionalismo público não precisava ser devolvido, porque, na sua avaliação, os servidores não haviam agido de "ma fé". O TCU acabou determinando a devolução de parte desses valores.
5. Próximo de Sarney e do atual presidente do senado, Renan Calheiros, o baiano Bruno Dantas foi o mais novo ministro a assumir o cargo, aos 36 anos de idade, em 2014.
Consultor jurídico concursado do Senado, ele foi escolhido depois que a indicação do senador Gim Argello (PTB-DF) gerou forte resistência dentro do TCU e teve que ser retirada.
Quando foi indicado, com apoio do Palácio do Planalto e da base aliada no Congresso, Argello já havia sido condenado pela Justiça por irregularidades na época em que presidiu a Câmara Legislativa do Distrito Federal.
6. Vital do Rêgo foi senador pelo PMDB da Paraíba. Ele é alvo de denúncias envolvendo desvio de recursos na prefeitura de Campina Grande (PB), quando seu irmão, Veneziano Vital do Rêgo, era prefeito.
Os recursos supostamente desviados teriam irrigado a campanha de Vital do Rêgo ao Senado, segundo acusações do ex-tesoureiro da prefeitura Rennan Trajano Farias.

Os indicados pela Presidência

7. O pernambucano José Múcio foi indicado ao TCU pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em 2009. Antes disso, foi ministro das Relações Institucionais no governo petista. Ele era líder do PTB na Câmara quando o presidente do partido, Roberto Jefferson, denunciou o esquema do Mensalão, em 2005.
Múcio foi relator do parecer – aprovado pelo plenário do TCU em abril – que considerou crime de responsabilidade fiscal as chamadas "pedaladas" (quando o governo atrasa repasses para bancos públicos destinados ao pagamento de benefícios como o Bolsa Família).
Apesar disso, seu voto pela rejeição das contas do governo não é dado como certo dentro do tribunal.
8. Funcionário de carreira do TCU e tido como um ministro de perfil técnico, o carioca Benjamin Zymler foi nomeado em 2001 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
A BBC Brasil apurou que Zymler tem sido o ministro mais engajado em defender a aprovação das contas de Dilma Rousseff.
Procurado para comentar, não quis conceder entrevista.
9. O ex-procurador goiano Walton Alencar foi nomeado por FHC em 1999 na vaga que cabe ao Ministério Público junto ao TCU. Ele tem se alinhado com os interesses do governo.
No ano passado, reportagem da revistaVeja revelou uma troca de e-mails ocorrida entre Alencar e Erenice Guerra, de 2008 a 2010, quando ela era secretária executiva da Casa Civil, então chefiada por Dilma Rousseff.
As mensagens indicavam que o ministro negociou apoio aos interesses do governo no TCU em troca da nomeação de sua mulher, Isabel Gallotti, como ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o que se confirmou em agosto de 2010