Em relação a questão da politização dos militares podemos afirmar que estamos caminhando, a passos lentos, é verdade, mas caminhando. A politização de uma categoria não é algo que ocorre de maneira rápida, ainda mais em se tratando de militares.
Não podemos esquecer as lutas travadas por instituições criadas por militares com o fim de defender seus interesses. As associações e os dirigentes, geralmente praças, foram atacados por todos os lados pelas instituições e até por alguns dos colegas. Uma das acusações mais freqüentes era que eles queriam se eleger, como se isso fosse algo ruim para as categorias.
Outra acusação, a que mais pesou na justiça, foi a que dizia que se tornariam sindicatos militares e haveria greves e mobilizações ilegais. Sabemos que essa nunca foi a intenção. Graças às associações e seus sites que muitos de nós fomos esclarecidos sobre nossos direitos e como responder legalmente em caso de abuso de autoridade, assédio moral etc.
A politização da categoria está ocorrendo, e numa velocidade bem maior do que na verdade poderíamos supor, e exemplo maior tivemos na eleição passada onde segundo levantamentos houve treze militares eleitos para vereadores e um para prefeito. O que falta, e é urgente, é uma associação em nível nacional, mesmo que virtual, mas que atue racional e regionalmente para congregar as categorias.
Atualmente, ao contrário do que se pensa, não vivemos em uma democracia e sim em uma abertura política, talvez caminhando para democracia plena, isso, se deixarem.
Os militares em todo este conceito político, apesar de terem um poder de voto significativo, ainda não são capazes de se organizarem para poderem buscar no contexto político algo que lhes seja favorável. Muitos segmentos não são apolíticos, mas continuam apartidários e sem um verdadeiro líder sucumbem as vontades políticas daqueles que elegem os seus.
Infelizmente é um paradigma a ser quebrado e enquanto os que exercem função de gestores não tiverem consciência da necessidade de politizar as categorias, sempre estarão em posição de sentido e prestando continência aqueles que já se politizaram.
Não queremos ser oficiais! Tampouco agentes de policia. Não! Queremos ser tratados com igualdade. Queremos um ambiente de trabalho salubre, seguro, semelhante as demais repartições públicas, ascensão profissional proporcional a dos oficiais, tanto no interstício como na diferença salarial, educação continuada, gratificação por tempo de serviço, gratificação em face de pós graduação, mestrado, doutorado, saúde eficiente, equipamentos novos e modernos, guarnição composta por 4 policiais (viatura) conforme doutrina de radio patrulhamento, assistência jurídica, odontológica e psicológica eficientes, reajuste na etapa alimentação congelado há tantos anos, auxilio moradia digno e algo que nos trará um QUÊ a mais: a extensão desses benefícios à nossa inatividade, pois o ativo de hoje será o inativo de amanhã...
Queremos dignidade, pois entramos na polícia para ser policial, não pedreiro, lavador de carro, faxineiro, digitador, secretário, entre outras funções alheias a nossa profissão. Esclareço, por oportuno, que não tenho o objetivo de menosprezar as referidas profissões, mas deixar evidente que as funções constitucionais afetas ao policial militar não são aquelas.
Nossos anseios não diferem dos anseios das demais categorias de trabalhadores. Porém, o nosso direito de buscar melhorias é cerceado pelo militarismo, pois a própria lei veda a possibilidade sindicalização e greve.
As demais carreiras públicas usufruem, senão de todos, da maioria dos benefícios acima mencionados, por que não teríamos direito? Indiferença política, inércia de nossos representantes ou ambas?
Se existem tantas mazelas na instituição a culpa deve ser atribuída aos respectivos responsáveis, ou seja, aos maus administradores. No entanto, somos nós que arcamos com o fracasso da firma. Somos nós que “carregamos o piano”. O ônus sempre recai sobre nossos ombros.
Por fim, queremos apenas poder ser policial militar e ter orgulho da carreira que abraçamos; ser valorizados para então vestirmos realmente a camisa da corporação e prestar um serviço de excelência a sociedade, se adequando e atendendo, dessa forma, aos princípios constitucionais, em especial ao da eficiência.
Felizmente, a era do chicote está se encerrando, e muito rapidamente.