quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Deputados aprovam proibição do aborto até em casos de estupro



  • 09/11/2017




A comissão especial da Câmara que analisa a ampliação da licença maternidade em caso de bebê prematuro aprovou nesta tarde, por 19 votos a 1, o texto principal de proposta que, além de aumentar o período de afastamento da mãe de 120 dias para até 240 dias, insere na Constituição a proibição de todas as formas de aborto no País. Falta analisar 11 destaques.

Ao examinar duas propostas de emenda à Constituição que tratam da licença maternidade – PEC 181/15, do senador Aécio Neves (PSDB-MG), e PEC 58/11, do deputado Dr. Jorge Silva (PHS-ES) –, o relator do colegiado, deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), optou por um novo texto.

Nele, Mudalen estabelece que o princípio da dignidade da pessoa humana e a garantia de inviolabilidade do direito à vida, ambos já previstos na Constituição, deverão ser respeitados desde a concepção – ou seja, do momento em que o óvulo é fecundado pelo espermatozoide –, e não apenas após o nascimento. “Isso significa que nós somos favoráveis à vida”, disse. Segundo ele, o Código Penal não é alterado pela proposta.

Segundo a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), a medida poderá inviabilizar o aborto nos casos permitidos pelo ordenamento jurídico brasileiro. Atualmente, o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) não considera crime o aborto praticado nos casos em que a gestação decorre de estupro ou põe em risco a vida da mulher. Em abril de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que não é crime a interrupção da gravidez quando o feto apresentar má formação do cérebro (anencefalia).
Criada em 30 de novembro do ano passado, a comissão especial da Câmara surgiu como resposta a uma decisão da Primeira Turma do STF que, um dia antes, havia decidido não considerar crime a prática do aborto durante o primeiro trimestre de gestação.

Tentativas de adiamento

Durante as quase quatro horas de discussão nesta quarta-feira, deputados da oposição tentaram adiar a votação da proposta. A deputada Erika Kokay (PT-DF) apresentou questão de ordem argumentando que o parecer de Mudalen trata de tema estranho à proposta original.

O presidente da comissão especial, Evandro Gussi (PV-SP), decidiu que o relator pode incluir ponto que não estava na PEC original desde que guarde relação com o tema. Segundo ele, se o plenário da comissão entendesse que o parecer extrapola o tema, deveria se manifestar contrariamente por meio do voto.

Para Kokay, a decisão configura “fraude”, ao desrespeitar os 171 deputados que assinaram a proposta original que apenas amplia a licença maternidade para mães de bebês prematuros. O deputado Givaldo Carimbão (PHS-AL) rejeitou a acusação de “fraude” e disse que a posição dos deputados religiosos têm que ser respeitada. O deputado João Campos (PRB-GO) acusou de “intolerância religiosa” aqueles que são contrários ao parecer de Mudalen.

O deputado Glauber Braga (Psol-RJ), por sua vez, questionou a legalidade do funcionamento da comissão, mesmo sem a deliberação, pelo presidente da Câmara, de requerimento de Gussi para prorrogar o prazo dos trabalhos. “Se uma mulher que sofreu um estupro coletivo e realizou interrupção da gravidez, vocês acham que ela deve ser presa?”, questionou. Em resposta, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) afirmou ser “a favor da vida” e contra “a morte dos indefesos”.
Para Diego Garcia (PHS-PR), o relatório contempla grande parte da sociedade brasileira, “contrária ao aborto”, inclusive as mulheres. “Se as mulheres tivessem representação maior na Casa, o resultado dessa discussão seria outro. Não legislem por nós”, contra-argumentou Luiza Erundina (PSB-SP).

Análise da constitucionalidade

Já a deputada Pollyana Gama (PPS-SP) defendeu que a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara se manifeste também sobre o parecer de Mudalen. A CCJ, que tem como atribuição examinar preliminarmente a constitucionalidade das PECs, aprovou a admissibilidade apenas da versão original apresentada pelo deputado Dr. Jorge Silva.

Durante o debate, Dr. Jorge Silva destacou que 12% dos nascimentos hoje são de crianças prematuras e que muitas ficam internadas por mais de 240 dias. Atualmente, o texto constitucional estabelece que a gestante tem direito, sem prejuízo do emprego e do salário, à licença maternidade com a duração de 120 dias. Já a Lei 11.770/08 autoriza a prorrogação dessa licença por 60 dias para a funcionária de empresas que aderirem ao Programa Empresa Cidadã.



Por Aguiasemruo: Romulo Sanches de Oliveira

Parabéns pela defesa da vida!

Aborto é uma sentença de morte sumária, sem defesa, sem clemência! É aviltante o assassinato de seres indefesos.

Se tratando de vida não se discuti política de desejo de A, B, etc....

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Temer não está “privatizando”, está entregando o Brasil nas mãos dos Chineses, nas mãos da China Comunista.




  • 09/11/2017



Para os maluquetes que foram às ruas gritar “é golpe, é golpe”, o PT agora reponde com aliança com o PMDB golpista em pelos menos seis estados: Alagoas, Ceará, Piauí, Sergipe, Minas Gerais e Paraná com o aval de Lula, que, com isso, acha que pode tirar o partido do esgoto, onde ambos os partidos estão metidos. Essa aliança justifica o silêncio do Partido dos Trabalhadores as mazelas do governo Temer e a negociata do patrimônio brasileiro como a Eletrobras, a maior holding de energia elétrica do Planeta que, certamente, cairá nas mãos dos chineses.
Esses mesmos maluquetes que se esgoelaram para denunciar o “golpe”, estão passivos diante da liquidação das empresas brasileiras que começou com os aeroportos e estão chegando ao patrimônio estratégico do país, como o setor de energia – hidrelétrico e petrolífero. Este ano, os chineses já investiram 8,5 bilhões de dólares em empresas brasileiras, participando com 12% de todos os leilões realizados até agora. Mas, na verdade, os olhos chineses visam o domínio energético, estratégico em qualquer nação. De uma só tacada eles compraram quatro usinas hidrelétricas este ano.

O grupo chinês Spic pagou apenas pela usina São Simão, da Cemig, 7 bilhões de reais no pregão. Eles também se movimentam para arrematar as áreas mais promissoras de petróleo nas bacias produtoras do Brasil. De 2009 a 2016, a fatia de participação dos chineses nas compras e fusões em empresas brasileiras nunca havia ultrapassado os 4%. Mas, este ano, 35% do valor gasto pelos estrangeiros no Brasil vieram do bolso dos chineses.
E os maluquetes? Continuam silenciosos. Apenas para lembrar, na eleição que disputou com Lula, Geraldo Alckmin chegou até se fantasiar de estatal (portava as logomarcas das grandes empresas estatais na camisa) para negar que iria privatizá-las, como alardeava o Lula nos seus programas eleitorais. Descobriu-se, depois, que o PT tinha um interesse peculiar para defender essas empresas: roubá-las. E assim os militantes fizeram durante quatorze anos, saqueando os cofres da Petrobrás, da Eletrobras e de empresas termonucleares, apenas para citar algumas.
E os maluquetes? Durante todo esse período, os maluquetes também se locupletaram da baderna financeira. A República Sindical ocupou postos estratégicos nas empresas estatais e de lá saíram com as burras cheias de dinheiro. Muitos estão em cana. Um deles, o Vaccari, ex-tesoureiro do PT, acaba de sofrer um revés. Viu os desembargadores gaúchos dobrarem a sua pena. Para quem já se achava com os pés fora do presídio, não deixa de ser um balde de água fria nas suas pretensões de liberdade. A expectativa agora é de delação.
E os chineses? Sim, os chineses. No governo de Temer, os chineses estão deitando na sopa porque conhecem a dificuldade financeira do Brasil para fechar suas contas. Por isso pretendem ampliar “legalmente” o espaço deles nesse setor: o de energia. A exemplo do que aconteceu com as rodovias brasileiras que pioraram com a privatização – algumas delas até foram devolvidas ao governo -, não existe nenhuma garantia dos chineses de grandes investimentos no setor hidrelétrico. Além disso, não é correto o país entregar seu patrimônio estratégico (segurança nacional) a estrangeiros, sujeito a um apagão numa situação de conflito.
Isso ocorre, evidentemente, porque o Temer é o governo do faz de conta. Ele senta na cadeira de presidente, mas quem manda na economia é o Henrique Meirelles, o banqueiro, fantasiado de liberal e boa “gente” que está liquidando o país em nome da recuperação econômica e da inflação controlada. Só um idiota não percebe que Meirelles transformou o Brasil em um balcão de negócios, onde a voz mais ouvida é a do “quem dá mais” do leiloeiro.  Para o Temer, que governa, mas não manda, o importante é se segurar na cadeira de presidente mesmo que para isso transforme-se no governo mais “entreguista” desse século.
Para quem nunca imaginou chegar à presidência da república pelo voto, tudo é lucro para ele e seus asseclas. E lucro mesmo!

Ah, e os maluquetes? Continuam dormindo. Quando acordarem, vão descobrir, espantados, que nunca passaram de massa de manobra.

Câmara Federal Pede O Fim Da Lava-Jato




“O Brasil Não Vai Aguentar Isso Para O Resto Da Vida” Diz Deputado

  • 08/11/2017


Operação Lava Jato é um conjunto de investigações em andamento pela Polícia Federal do Brasil, que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução.
A operação tem em seu conjunto responsável pelos processos o juiz federal Sergio Moro.
Já dentro dos quatro anos (4) a operação atingiu o nível máximo quando condenou o ex presidente Luiz inacio lula da silva, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a nove anos e seis meses de cadeia.


O juiz federal Sergio Moro já disse que a operação se aproxima do fim, enquanto isso não acontece, a esquerda no meio politico tenta encurtar o tempo pedindo o fim da lava-jato.

“O Brasil Não Vai Aguentar Isso Para O Resto Da Vida”

O vice-presidente da Câmara dos Deputados e substituto imediato de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), defende um “prazo de validade” para a Lava Jato. “O Brasil não vai aguentar isso para o resto da vida“. Ela (Lava Jato) não pode ser indeterminada. Ela já fez o seu trabalho.”
O jornal gazeta publicou no dia [23/07/2017] as seguintes palavras do deputado Fábio Ramalho, “Nenhuma denúncia contra o presidente Michel Temer será aceita pela Câmara,  o governo não perde de jeito nenhum.”
Então diante do aparato que se instalou na câmara federal em defesa de Temer, percebe-se que os deputados não somente protege o governo Temer, mas querem o fim da lava-jato o mais rápido possível.
Armação dos deputados
Agora nesta semana a câmara federal barrou uma homenagem a Sergio Moro, e  aprovou requerimento apresentado pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ) para ouvir Rodrigo Tacla Durán. Como está na Espanha, a oitiva será feita por videoconferência, em a CPMI da JBS.
Operador financeiro da Odebrecht entre 2011 e 2016, Durán acusa Carlos Zucolotto Junior, advogado, padrinho de Sergio Moro e ex-sócio de sua esposa, de intermediar negociações paralelas dele com a força-tarefa da Operação Lava-Jato.

CAMPANHA DE CONVOCAÇÃO PARA O DIA 15 DE NOVEMBRO REVELA NÚMERO SURPREENDENTE





  • 08/11/2017


Há diversas opiniões e críticas e até mesmo acusações de radicalismo sobre a #Intervenção militar. Mas o que está acontecendo na verdade é que na mesma proporção que as pessoas vão tomando conhecimento dos escândalos em que aparece sempre um político envolvido em corrupção, elas vão ficando também cada vez mais desacreditadas e acaba crescendo o número de pessoas que creem que a única solução realmente é uma intervenção militar.
Há cerca de dois meses, um instituto de pesquisas chamado Paraná Pesquisas constatou que cerca de quarenta por cento dos brasileiros, ou seja, aproximadamente oitenta milhões de pessoas querem uma intervenção militar.
Infelizmente, a situação política do Brasil está muito conturbada, chegando ao ponto de um fato que nunca havia acontecido na história do Brasil, com comandantes e generais fazendo convocações e incentivando o povo a ir para as ruas pedir uma intervenção militar e tirar o país do poder político
O General Pujol, Comandante Militar do SUL, disse que uma intervenção não seria necessariamente a solução para os problemas que vem sendo enfrentados pelo país, mas que o povo deve ir para as ruas fazer manifestações de forma ativa.
O comandante disse também que existem várias maneiras de fazer uma mudança no país, e citou como exemplo o povo da Venezuela, que não tem saído das ruas fazendo manifestos.
Segundo o General Pujol, não adianta quase nada ficar usando as redes sociais para se manifestarem; tem que sair para as ruas e mostrar que não estão satisfeitos com a situação, mas de forma passiva.
Hashtag foi usada 5 milhões de vezes no twitter
Mesmo com tantos generais e comandantes dizendo que uma intervenção não é a solução, tem uma grande massa de juristas e especialistas de diversas áreas convencidos de que a saída da crise que o país vivencia é a tomada do poder.
O apoiadores usam suas redes sociais para fazer divulgações de vídeos e investindo recursos para poder alcançar o máximo de pessoas no intuito de convencê-las da ideia de intervenção e tem gerado bons resultados, pois cada dia que se passa, os grupos de apoiadores vão crescendo.
Segundo uma pesquisa feita através de ferramentas especificas que fazem análises em redes sociais , a Revista Sociedade Militar constatou que nos últimos seis meses, o número de pessoas que usaram o termo “intervenção militar” continuou crescendo no país.
Esta análise foi baseada apenas na hashtag “#Dia15PeloBrasil”, que foi usada para fazer uma convocação de um manifesto que acontecerá no dia 15 deste mês. Esta tag conseguiu cerca de cinco milhões de impressões nesta última segunda-feira (06). #Manifestação

Temer anuncia troca do comando da PF; Fernando Segóvia assumirá posto



Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito

Carro com empresário Joesley Batista chega à sede da Polícia Federal em BrasíliaCarro com empresário Joesley Batista chega à sede da Polícia Federal em Brasília 11/9/2017 REUTERS/Adriano Machado
Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer oficializou nesta quarta-feira a troca do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, pelo delegado Fernando Segóvia, ex-superintendente da PF no Maranhão.
O Ministério da Justiça confirmou em nota a troca do diretor-geral, como informou a Reuters mais cedo com base em duas fontes com conhecimento do assunto.
"O Ministério da Justiça comunica que o senhor presidente da República escolheu nomear o delegado Fernando Segóvia como novo diretor-geral do Departamento de Polícia Federal", diz o texto, em que o ministro da Justiça, Torquato Jardim, ainda agradece o trabalho de Daiello.
Segóvia, que era adido da PF na África do Sul até poucos meses atrás, é delegado da corporação desde 1996, mas estava sem cargo no momento. O delegado, que tem um bom relacionamento pessoal com Daiello mas não era do grupo mais próximo ao atual diretor-geral, dedicou os meses de sua volta ao Brasil para trabalhar pela indicação, inclusive com relações políticas.
Ex-superintendente no Maranhão, Segóvia desenvolveu um bom relacionamento com o grupo peemedebista do ex-presidente José Sarney, contou à Reuters uma fonte que acompanhou a movimentação do delegado.
A troca de comando na PF estava sendo negociada desde o início do governo Temer, mas se intensificou quando Torquato assumiu o ministério. Já de início, o ministro deu a entender que a mudança seria feita.
O nome preferido de Daiello --e também de Torquato-- era do número 2 do atual diretor-geral, Rogério Galloro. Segóvia, no entanto, também era um dos nomes que corriam nos corredores da PF.
Há cerca de dois meses, o ministro chegou a anunciar que Daiello ficaria no cargo. No entanto, a pressão pela troca cresceu nas últimas semanas.
De acordo com uma fonte, Daiello --que não está em Brasília-- foi pego de surpresa pelo anúncio. Na carreira, segundo fontes ouvidas pela Reuters, delegados e agentes da PF também foram surpreendidos pela escolha neste momento. Entre os delegados, não era visto como o nome de maior preferência da categoria.
Ainda assim, os agentes viram um lado bom na escolha: por ser um nome que não estava na lista tríplice da Associação dos Delegados da PF, delegados não poderiam reivindicar a ideia de respeito à chamada lista tríplice da categoria, nos moldes do que ocorre na escolha para procurador-geral da República.
Mais longevo diretor-geral da PF, Daiello foi beneficiado pelo temor dos governos, tanto de Dilma quanto, inicialmente, de Temer, de parecer que estariam tentando interferir nas investigações tocadas pela corporação, especialmente a operação Lava Jato.
Daiello era visto externamente como um fiador da operação, apesar de, dentro da própria PF, não ser tratado desta maneira e ter sua liderança bastante questionada.
Segóvia foi apresentado formalmente nesta quarta-feira a Temer, acompanhado de Torquato. Logo após o rápido encontro, o Ministério da Justiça divulgou a nota oficializando a mudança.

O que a Revolução Russa de 1905 ensina à de 1917?




Revolução Russa de 1905 relaciona-se com a Revolução vitoriosa de 1917 na medida em que esse processo representou um ganho de consciência política para os trabalhadores e também deixou como legado os sovietes

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      Luiz Enrique Vieira de Souza*, Opera Mundi


O marco inicial da Revolução Russa de 1905 foi o episódio conhecido como “Domingo Sangrento”. Nesse dia, uma multidão de trabalhadores de São Petersburgo participava de um protesto pacífico que se encaminhava até o Palácio de Inverno para apresentar suas reivindicações ao czar. Essas reivindicações diziam respeito à melhoria das suas condições de trabalho, incluindo redução da jornada e melhores salários.
O protesto era pacífico, mas mesmo assim o czar reagiu com violência e ordenou que as tropas atirassem nos manifestantes. Houve centenas de mortos e feridos, e a consequência disso foi a radicalização dos protestos. Os trabalhadores organizaram greves massivas nos principais centros urbanos da Rússia, e agora suas reivindicações já não eram de natureza apenas econômica, mas também política. Os trabalhadores perderam a confiança no governo e passaram a exigir uma série de liberdades democráticas, como o direito de organização nos locais de trabalho, a liberdade de imprensa e a convocação do parlamento.
Apesar de essas demandas serem similares às demandas das revoluções burguesas do Ocidente, os empresários industriais sentiram-se acuados em face do protagonismo político dos trabalhadores e preferiram uma aliança com o governo czarista enquanto uma estratégia de preservação dos seus interesses econômicos.
É verdade que esses protestos foram derrotados. Os trabalhadores não tiveram suas reivindicações atendidas e o governo conseguiu recompor suas forças e manter-se no poder por mais de uma década. Mas a Revolução Russa de 1905 relaciona-se com a Revolução vitoriosa de 1917 na medida em que esse processo representou um ganho de consciência política para os trabalhadores e também deixou como legado os sovietes, organismos de democracia direta nos quais os trabalhadores se reuniam para discutir os seus problemas, encontrar as soluções que julgavam mais adequadas e implementar essas decisões enquanto um esforço coletivo.
Tanto Max Weber como os teóricos da social democracia interessaram-se pela Revolução Russa de 1905, não somente pelo que ela representava no contexto do império czarista, mas também porque eles tomaram esse processo revolucionário como base para refletir sobre as condições específicas das questões políticas e sociais na Alemanha.
Em meu livro, fruto de minha tese de doutorado defendida na USP e de um período de investigação na Alemanha, discuto autores que desenvolveram análises originais sobre o assunto. A maneira pela qual cada um deles refletiu sobre a Revolução Russa para pensar as especificidades do desenvolvimento alemão foi orientada por seus próprios valores e concepções políticas.
Max Weber empolgou-se com a Revolução de 1905 porque acreditava que ela poderia representar um sopro de liberdade e se contrapor ao enrijecimento da vida social e à crescente burocratização das instituições políticas na Europa Ocidental. Ele procurou analisar as chances de sucesso da democracia na Rússia, mas constatou com certa amargura que os defensores da liberdade não contavam com o apoio das classes economicamente emergentes.
Ao mesmo tempo, Weber analisou a Revolução Russa sob um ângulo nacionalista, tentando apreender em que medida os conflitos em curso poderiam acirrar as tensões políticas e até mesmo militares entre a Rússia e a Alemanha.
Já no interior do Partido Social Democrata Alemão, as discussões foram marcadas pela seguinte pergunta: em que medida a greve de massas, instrumento de luta dos trabalhadores russos contra o czarismo, poderia ser incorporada com sucesso pelos organismos políticos e sindicais da classe trabalhadora alemã?
Rosa Luxemburgo celebrou os acontecimentos revolucionários na Rússia e interpretou a greve de massas como um fenômeno espontâneo que revelava os descontentamentos dos trabalhadores com suas condições materiais e os cerceamentos políticos que lhes eram impostos. Dessa forma, ela defendia que o Partido Social Democrata Alemão se aproveitasse desse fenômeno para estimular a consciência de classe dos operários alemães e ao mesmo tempo enxergasse na greve de massas uma estratégia que viabilizaria a transição revolucionária para o socialismo.

O olhar de Karl Kautsky variou conforme as circunstâncias. Durante a ascensão revolucionária, ele julgava que as condições para o socialismo na Rússia eram precárias, mas que o movimento dos trabalhadores russos poderia funcionar como um estopim para a radicalização dos trabalhadores na Europa Ocidental. Nesse caso, a revolução social poderia tornar-se uma realidade na Alemanha e assim retroagir sobre o cenário russo. Se a revolução alemã fosse bem-sucedida, as condições para uma transição socialista na Rússia também seriam favorecidas.
Mas, com a derrota da revolução de 1905 e o crescimento eleitoral do Partido Social Democrata Alemão, Kautsky adota uma estratégia defensiva e passa a considerar a greve de massas como uma arma contraproducente para a estratégia eleitoral e institucionalista desse partido.
Por fim, Eduard Bernstein, que ganhou notoriedade como teórico do reformismo no interior do movimento operário alemão, julgava que a greve de massas era um recurso que deveria ser utilizado com parcimônia, apenas em circunstâncias muito excepcionais. Ele era um defensor ferrenho da estratégia parlamentar e a seu ver a greve de massas teria alguma validade apenas para reagir às tentativas das camadas dominantes de colocar obstáculos à democratização da Alemanha. Bernstein enfatizava as diferenças entre os contextos desses dois países e criticava aqueles discursos que no seu entender buscavam romantizar a greve de massas.
Durante a Revolução de Outubro de 1917, esses autores mais uma vez escreveram sobre a Rússia com a preocupação de analisar as consequências daquele processo para a situação da Alemanha.
Neste momento, os dois países estavam num conflito militar e Weber esforçou-se para evitar que os acontecimentos na Rússia interferissem nos esforços de guerra da Alemanha. Ele temia que o setor hegemônico do movimento operário alemão quebrasse o pacto de união nacional, suspendesse a trégua dos conflitos de classe e enveredasse pelo exemplo dado pelos bolcheviques.
No campo da social-democracia alemã, o debate girou em torno das relações tensas entre a revolução de outubro e os pressupostos da democracia. Tanto Kautsky como Bernstein caracterizaram o governo bolchevique como uma ditadura militar que não deveria se confundir com os esforços da classe trabalhadora alemã na consolidação de uma república democrática.
Embora Rosa Luxemburgo tenha polemizado contra o que lhe parecia uma excessiva concentração do poder nas instâncias superiores do governo bolchevique, ela defendeu a Revolução de Outubro, suas conquistas, e principalmente a ousadia dos trabalhadores russos em se contrapor à guerra entre as potências imperialistas por meio da revolução social.
*Luiz Enrique Vieira de Souza é doutor em sociologia pela USP e professor da UFBA. Especialista em processos de modernização e teoria sociológica clássica, foi bolsista do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) na Universidade Técnica de Berlim. Em seu novo livro, Espelho Convexo (Alameda) realizou um estágio de pesquisas em Berlim, onde consultou os originais em alemão dos textos dedicados por Max Weber, Rosa Luxemburgo, Karl Kautsky e Eduard Bernstein, à Revolução Russa de 1905 – alguns deles jamais traduzidos integralmente para o português.

PROCURADORIA APONTA 20 ANOS DE ‘OMISSÕES E DESÍDIAS’ DO MINISTÉRIO DA CULTURA








  • 08/11/2017

Na denúncia que levou à Justiça Federal contra 32 investigados da Operação Boca Livre – investigação sobre fraudes e desvios de R$ 21 milhões via Lei Rouanet – a Procuradoria aponta vinte anos de “omissões e desídias” do Ministério da Cultura.
“Foram quase duas décadas repletas de aprovações, pelo MinC, de projetos culturais irregulares, marcadas pela ausência de análise da correspondente prestação de contas e da devida e aprofundada fiscalização, em especial, no que toca aos projetos do Grupo Bellini Cultural, cujas prestações de contas, na sua quase totalidade, não restaram concluídas”, assinala a procuradora Karen Louise Kahn, do Ministério Público Federal de São Paulo.

Segundo a Procuradoria, uma organização criminosa se formou no Grupo Bellini para a prática de estelionatos contra a União e falsidade ideológica. Empresas tradicionais se valeram, na condição de patrocinadoras, de parcerias com o Grupo Bellini para alcançar generosos incentivos fiscais.
A Procuradoria dedica um capítulo inteiro ao Ministério da Cultura. “Da omissão na fiscalização pelo Ministério da Cultura e da continuidade delitiva na execução de projetos fraudulentos.”
A denúncia de Karen insere-se em “um contexto de desvirtuamento dos objetivos da Lei Rouanet, os quais, inobstante a regular captação de recursos instituída para a promoção de projetos culturais em nível nacional, deixaram de ser atingidos por conta dos desvios de recursos públicos promovidos por parte dos denunciados, especialmente, a partir dos falsos registros de pagamentos e da pactuação, entre eles, de contrapartidas ilícitas, dentre outras fraudes detectadas”.
A Lei Rouanet, ao instituir o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) teve como escopo a criação de mecanismos para facilitar a arrecadação de recursos, visando a promoção de projetos culturais que difundissem a cultura brasileira, facilitando à toda a sociedade o livre acesso às fontes de cultura e o pleno exercício dos direitos culturais.
Na dinâmica do processo de aprovação do projeto cultural, a proposta é submetida à Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic), braço do Ministério da Cultura, que avalia a capacidade técnica do proponente – com atuação há pelo menos dois anos na área cultural -, a viabilidade de execução do projeto, seus custos e, por fim, o atendimento à finalidade da Lei Rouanet.
“Incumbe ao Ministério da Cultura, dentre outras atribuições, a aprovação e fiscalização de projetos culturais, dispensando às empresas patrocinadoras o chamado ‘Incentivo Fiscal’, previsto na Lei Rouanet”, destaca a denúncia de 167 páginas. “No presente caso, porém, foi verificada grave omissão do Ministério da Cultura na efetiva fiscalização dos projetos culturais (Pronacs, Programa Nacional de Apoio à Cultura), no bojo dos quais foram detectadas as fraudes denunciadas.”
A Procuradoria assinala que já em 2011, o Ministério da Cultura “fora fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União, que identificou um passivo de 87,94% de Pronacs propostos desde 1992, sem a conclusão da correspondente prestação de contas, e que demandaria cerca de 19 anos para ser efetivada”.
Karen Kahn ressalta que, em 2013, foi constituída uma força-tarefa para a análise das prestações de contas pendentes.
Dentro deste escopo, o Ministério da Cultura fiscalizou 24 projetos do Grupo Bellini Cultural, apresentados no período de 1990 a abril de 2011, “havendo detectado indícios de falsificações nos documentos de comprovação de despesas”.
Tal fato resultou na elaboração da Nota Técnica 01/2013. “Após criar diversos parâmetros para fiscalização, entre 2014 e início 2016, pelos quais somente projetos com captação superior ao valor de R$ 2 milhões seriam submetidos a uma análise financeira completa, o MinC, em 20 de abril de 2016, buscou uma uniformização na análise desse ‘Passivo’, compreendendo as prestações de contas recebidas de 1991 a dezembro de 2011”, segue a acusação formal da Procuradoria.
Nesta linha, aprovou o Manual de Análise de Prestação de Contas Força-Tarefa Passivo, em cumprimento ao Acórdão TCU n.º 1385/2011, “em cujo roteiro o próprio MinC admite que não houve a fiscalização in loco da execução dos projetos”.
“Tal fato revelou a falta de capacidade do Ministério da Cultura em fiscalizá-los, fato este que, facilmente, propiciou o surgimento de associações e organizações criminosas, como a ora denunciada, com desvio de recursos públicos por mais de uma década e em valores que superam a casa dos R$ 21 milhões”, aponta a Procuradoria.
“Somente a partir de tais constatações, que o MinC decidiu por comunicar as diversas irregularidades à Controladoria-Geral da União, solicitando apuração.”
Estas irregularidades, segundo a Procuradoria, consistiram nos seguintes indícios. a) fotos adulteradas, b) comprovantes de bibliotecas adulterados (as quais teriam sido contempladas com livros de acesso ao público, objeto de diversos Pronacs), c) fraudes de documentos e declarações falsas, d) de emissão de notas fiscais inidôneas; f) apresentação de documentos para comprovação que pertenciam a outros Pronacs; g) utilização das mesmas prestadoras de serviços para dispêndios mais substanciais com recursos do Pronac; h) alternância entre as empresas Amazon Books e Solução Cultural na qualidade de proponentes dos projetos e prestadoras de serviços.
Segundo a denúncia, um dos acusados, Felipe Vaz Amorim, do Grupo Bellini, indicou a ausência de fiscalização do Ministério da Cultura, em seu depoimento prestado à Polícia Federal.
“A clara inércia do Ministério da Cultura em apurar devidamente as irregularidades apontadas na denúncia anônima, encaminhada pelo Ministério Público Federal, evidenciou-se, a partir da continuidade na atuação fraudulenta das empresas do grupo (Bellini), não impedindo a perpetuação de suas fraudes, inobstante diversos indícios das fraudes já tivessem vindo à tona, durante o trâmite do procedimento administrativo interno instaurado. que a estrutura administrativa voltada para tal apenas foi criada após o acórdão do Tribunal de Contas da União em que foi determinada a adoção de providências quanto ao estoque de prestações de contas existente”, segue a Procuradoria.
Felipe Amorim declarou que o MinC “não realizava a análise na prestação de contas dos projetos culturais, esclarecendo que no período de 2001 a 2011 acredita que houve a análise de prestação de contas de somente 5 projetos, dentre dezenas, os quais foram aprovados”.
“Somente depois que o MinC recebeu uma denúncia envolvendo o Grupo Bellini é que começaram a ocorrer análise nas prestações de contas”, disse Amorim. “Até 2012, não havia regulamentação específica na forma como as prestações de contas deveriam ser realizadas.”
A procuradora Karen Kahn é enfática. “Foram quase duas décadas repletas de aprovações, pelo MinC, de projetos culturais irregulares, marcadas pela ausência de análise da correspondente prestação de contas e da devida e aprofundada fiscalização, em especial, no que toca aos projetos do Grupo Bellini Cultural, cujas prestações de contas, na sua quase totalidade, não restaram concluídas.”
Segundo a denúncia, a Operação Boca Livre apurou o descumprimento de diversos procedimentos legais que visavam evitar a utilização indevida de recursos públicos, como: a) o princípio da não-concentração por segmento e por beneficiário, previsto no artigo 19, parágrafo 8º da Lei 8313/91; b) a não fiscalização dos projetos durante sua execução, em descumprimento ao artigo 20, caput, da Lei 8313/9113; c) a avaliação final totalmente extemporânea, em dissonância ao disposto no artigo 20, parágrafo 1º da Lei 8313/91.
“Diante da manifesta desídia e omissão do Ministério da Cultura em empreender a devida fiscalização quanto à aprovação dos projetos culturais que lhe foram, à época, apresentados, persistem fortes indícios da prática de prevaricação e possível corrupção por servidores da Secretaria de Fomento e Incentivo a Cultura, muito embora ainda não identificados, circunstâncias essas que permitiram que o Grupo Bellini Cultural continuasse desviando recursos públicos ao longo de quase vinte anos”, acusa a Procuradoria.
“Estes e outros desvios de recursos públicos, com elevados danos ao erário, vieram corroborados pelo referido Relatório de Auditoria n.º 20160011615 elaborado pela Controladoria Geral da União, indicando a necessidade de melhor apuração de responsabilidades, no âmbito civil e administrativo, em especial, envolvendo a atuação omissão ou ilegal de servidores, inclusive, no tocante à aprovação e fiscalização dos projetos culturais junto à Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic), responsável pela aprovação e fiscalização dos projetos”, argumenta o Ministério Público Federal.
Defesas
O Ministério da Cultura
“Em relação à denúncia realizada nesta segunda-feira (6) pelo Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) de 32 suspeitos de participarem de organização criminosa liderada por Antônio Carlos Bellini, que teria desviado recursos captados via Lei Rouanet para benefício próprio, o Ministério da Cultura esclarece que:
1. O MinC iniciou investigação interna deste caso em 2011, a partir de denúncia recebida pelo Ministério Público. As irregularidades identificadas nos projetos do Grupo Bellini foram informadas ao Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União em 2013, e resultaram na Operação Boca Livre, deflagrada pela Polícia Federal em 2016.
2. O Ministério da Cultura inabilitou as empresas identificadas, que não tiveram mais nenhum projeto admitido.
3. No curso das investigações, os técnicos do MinC descobriram que a organização criminosa desenvolveu novas estratégias: passou a operar com outras empresas, com outro CNPJ. À medida em que o MinC identificava novas empresas, as inabilitava e comunicava ao Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União.
4. O Ministério da Cultura esclarece que não repassa recursos públicos de seu orçamento para realização de projetos culturais via Lei Rouanet. O MinC é responsável por analisar os requisitos objetivos e aprovar os projetos culturais apresentados. Tais projetos são apoiados financeiramente por pessoas físicas ou jurídicas. Em contrapartida, o governo federal abre mão de até 100% do valor desembolsado deduzido do imposto devido (artigo 18 da Lei 8.313/1991), dentro dos percentuais permitidos pela legislação tributária.”
O Grupo Bellini ainda não retornou ao contato da reportagem