sábado, 7 de novembro de 2015

ONU alerta Brasil sobre emissões em cidades

Foto: Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas
O Brasil terá de estabelecer uma estratégia para reduzir a emissão de gases de seu complexo industrial e de suas cidades, e não apenas se limitar à promessa de redução o desmatamento. Quem faz o alerta é Achim Steiner, diretor executivo do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), que indicou que o compromisso apresentado por governos antes da Conferência do Clima, em Paris ainda está “distante” do que será necessário fazer para modificar a tendência de aquecimento do planeta.
Steiner, brasileiro naturalizado alemão, insistiu que o mero fato de governos apresentarem compromissos e planos de redução de emissões já é “algo histórico”. “Isso é uma demonstração da confiança que eles têm no sistema da ONU”, indicou. Em setembro, a presidente Dilma Rousseff revelou os planos brasileiros durante sua passagem pela Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Mas as metas praticamente apenas se referiam ao corte das taxas de desmatamento.
Rota prevista
Para ele, o Brasil “merece todo o reconhecimento e admiração por ter agido para reduzir o desmatamento, como nenhum outro país do mundo fez nos últimos anos”. “Não estou negando que ainda exista o desmatamento e que, em certos momentos, a taxa aumenta”, explicou. “Mas, ao longo dos anos, muitos olham a redução do desmatamento no Brasil como uma das ações mais significativas adotadas por um país para se desviar da rota prevista pelo IPCC (Painel Internacional de Mudanças Climáticas)”, disse. Mas Steiner alerta que apenas reduzir desmatamento não será suficiente para o Brasil.
“É de interesse dos brasileiros que essa taxa de queda de desmatamento continue. Mas vamos também ser claros: dado os níveis atingidos pelo Brasil, o foco da economia e desenvolvimento será sua infraestrutura industrial”, afirmou. “A sua infraestrutura urbana, a agricultura, e o transporte.” Para ele, o desafio do governo será o de elaborar estratégias para tentar conter emissões nesses segmentos.
Estadão Conteúdo 

Lama das barragens de Mariana poderá chegar ao mar na terça-feira

Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
A lama das duas barragens da empresa de mineração Samarco que se romperam no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, poderá chegar ao mar na terça-feira (9). Relatório de monitoramento divulgado pela Câmara Técnica de Gestão de Gestão de Eventos Críticos (CTGEC) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) afirma que os dejetos alcançarão Linhares, no Espírito Santo, na noite de 9 para 10 de novembro. A cerca de 60 quilômetros de Linhares, por estrada de rodagem, está o distrito de Regência, onde o Rio Doce desemboca no mar.
Na tarde deste sábado (7), a lama, ainda conforme o relatório, deverá chegar a Belo Oriente, Leste de Minas, a 154 quilômetros de Mariana. Conforme o CTCEC, “a natureza do resíduo em questão implica em prováveis alterações temporárias nas características da água bruta, especialmente com relação a parâmetros de turbidez, cor, entre outros. De acordo com informações preliminares repassadas pela Samarco, o rejeito é composto, em sua maior parte, por sílica (areia) proveniente do beneficiamento do minério de ferro. Estamos acompanhando e aguardando o resultado das análises de água e sedimentos que estão sendo realizadas na região afetada”.
Cenário
O risco de rompimento das barragens do Fundão e Santarém da mineradora Samarco em Mariana (MG) foi alvo de alerta em 2013 pelo Instituto Prístino, instituição particular sem fins lucrativos que realizou um estudo na região a pedido do Ministério Público Estadual (MPE).
Análises do Serviço Geológico do Brasil indicam a possibilidade de os rejeitos de minério chegarem ao Espírito Santo nas próximas 48 horas. É possível que a enxurrada de lama já tenha atingido afluentes do Rio Doce, 100 quilômetros longe de Mariana.
A lama lançada dos reservatórios deixou cerca de 300 famílias desabrigadas. Três distritos de Mariana foram atingidos – Camargos, Paracatu de Baixo e Bento Rodrigues -, além da cidade de Barra Longa. Pelo menos 500 pessoas tiveram de ser resgatadas só de Bento Rodrigues, que fica mais perto da mina da Samarco, segundo balanço divulgado na sexta-feira (6).

Energia elétrica fica mais cara para consumidores de 31 municípios do Rio

Foto: Reprodução
As contas de luz de consumidores de 31 municípios atendidos pela Light, no Rio de Janeiro, incluindo a capital, vão sofrer a partir deste sábado (7), um reajuste médio de 16,78%. O aumento aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) será aplicado de forma diferenciada por classe de consumo. Para os clientes residenciais, será de 15,99%. Na área rural, o percentual chegará a 21,69% e, para os clientes comerciais, a 19,57%. Entre os clientes abastecidos em alta-tensão, os percentuais vão variar entre 11,10% e 20,07%.
A Light informou que os percentuais foram definidos com base na inflação dos últimos 12 meses e também levaram em conta os efeitos da escassez hídrica sobre o custo da energia comprada e a variação dos encargos setoriais, em especial, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Contribuiu também para o cálculo a variação cambial. A compra de energia de Itaipu, cotada em dólar, é o principal efeito sobre as despesas da Light – equivale a 17% da energia comprada pela empresa.
Impacto na inflação
O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz disse que a energia é uma das principais despesas e compromete, aproximadamente, 4% do orçamento das famílias. “No Rio de Janeiro, o reajuste anual previsto agora para novembro coloca essa taxa mais próxima à variação acumulada por outras cidades que já fizeram as suas revisões em 2015”, disse. Braz calculou que o impacto na inflação provocado pelo reajuste de 15,99%, para clientes residenciais, será de 0,7 ponto percentual, no fim de novembro e início de dezembro.
“A repercussão disso vai ser em dois meses: 0,5 ponto em novembro e 0,25 desse impacto fica para dezembro”, afirmou o economista. “Vai influenciar muito no índice da cidade, que é a segunda no índice da FGV e também no IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo]. A primeira é São Paulo e a segunda, o Rio de Janeiro, em representatividade no índice nacional”, completou.
O economista destacou ainda que, para os clientes da área rural, o impacto pode ser na produção leiteira, nos casos dos produtores que precisam usar energia para conservar o leite. “Tem câmaras que resfriam o leite em regiões onde o escoamento da produção não é diário. Essas câmaras usam energia elétrica na maior parte delas. Isso acaba contaminando o preço de outros itens e ainda porque este aumento vem depois de tantos outros que aconteceram este ano”, disse.
Segundo ele, além desse reajuste anual, houve a introdução das bandeiras tarifárias e os reajustes extraordinários que ocorreram em março. “Quando a gente soma estes três movimentos, a conta soma mais de 50%”, destacou. Segundo a Light, os aumentos que ocorreram neste ano somam 56%.
Na avaliação de André Braz, quando é aplicado um reajuste, os consumidores podem usar menor energia, mas, com aumentos nesse patamar, fica difícil reduzir a impacto nas contas. “A gente não tem condições, com toda a economia que ainda é possível fazer, de driblar um aumento de 50%. Com um aumento de 5% ou 10%, é fácil administrar com a redução do consumo de energia e a conta fica, relativamente, estável sem grandes movimentos.”
Para os consumidores residenciais da empresa Ampla Energia e Serviços S.A., que distribui energia elétrica para 66 municípios do estado do Rio de Janeiro, o reajuste médio foi em março e ficou em 30,25%, incluindo o contratual praticado uma vez por ano e o extraordinário. A empresa cobre 73% do território estadual, na região metropolitana de Niterói e de São Gonçalo e os municípios de Itaboraí e Magé, atendendo a 2,92 milhões de clientes.
Política de energia
Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmar de Almeida, pesquisador da área de energia, além do impacto na inflação, os reajustes elevados nas tarifas de energia elétrica são consequência de uma decisão do governo federal em 2012 de transferir para o Tesouro Nacional diversos encargos e de não liberar reajustes conforme a necessidade do custo da energia. “O Tesouro não teve condição de bancar estes custos e agora eles estão voltando para as tarifas”, disse. “Se esses reajustes tivessem acontecido lá atrás, os consumidores teriam tomado a decisão de adaptar o seu consumo, especialmente as pequenas empresas.”
Edmar de Almeida lembrou que, também em 2012, houve o lançamento da política para geração distribuída, que incentivava a implantação de painel de energia solar nas residências, e o excedente pode ser emprestado para a rede. Mas, como as tarifas foram reduzidas no mesmo ano, passou a não valer a pena fazer a instalação do equipamento. “Nós perdemos três anos aí de oportunidade de adotar a energia solar e ter uma tarifa normal. Para muita gente isso, não era um problema e não fez a eficiência energética. Agora vem uma avalanche de tarifas na cabeça das empresas”, completou.
Agência Brasil 

Cães e gatos são resgatados em distrito de Mariana após tragédia ‘População não abandonou os animais’, diz veterinária voluntária. Duas barragens se romperam em Bento Rodrigues nesta quinta-feira.

Cães foram resgatados em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, após rompimento das barragens.  (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal )Cães foram resgatados em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, após rompimento das barragens. (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal )
Um grupo de voluntários resgatou cães e gatos em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na Região Central de Minas Gerais, nesta sexta-feira (6), após o rompimento das barragens da mineradora Samarco. “A população não abandonou os animais. As pessoas que conseguiram sair (andando ou em carros de resgate) levaram os animais”, disse a veterinária Carla Sássi, de Conselheiro Lafaiete.
Formado por estudantes, veterinários, bombeiros civis e membros da Associação Ouropretana de Proteção Animal (Aopa), o grupo de voluntários passou a madrugada na base policial montada próximo ao distrito e teve a entrada permitida por volta das 7h30, de acordo com Carla. “Infelizmente, muitos equinos e bovinos vieram a óbito”, disse a veterinária.
Ao todo, cerca de 50 animais foram resgatados. Carla disse que 32 deles, salvos por seus próprios donos, foram vacinados, vermifugados e receberam anti-pulgas. O grupo conseguiu retirar mais de 15 cães e gatos do lugar nesta manhã. A maior parte dos bichos foi identificada por seus donos ainda na base policial. Aqueles que não conseguiram abrigo foram levados para o canil de Mariana, onde também receberam cuidados.
Cães em estado delicado receberam atendimento em clínica de Ouro Branco  (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)Cães receberam atendimento em clínica de
Ouro Branco (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)
Dois cachorros em estado mais delicado foram levados para uma clínica veterinária na cidade de Ouro Branco. “Um estava soterrado, repleto de barro, só conseguimos fazer o atendimento inicial no local, estava muito debilitado”, descreveu a veterinária. No outro, da raça poodle, ela identificou uma infecção nos olhos. Ambos foram medicados, limpos e irão para adoção.
“Dez cães mais ariscos e quatro ou cinco gatos não conseguimos resgatar. Colocamos ração e vasilhas de água [em áreas não atingidas] e vamos retornar na segunda-feira”, contou Carla Sássi. A ideia dos voluntários é fazer um mutirão de castração.
Cachorro sujo de lama após resgate em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)Cachorro sujo de lama após resgate em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)
Voluntários resgataram animais em Bento Rodrigues, nesta sexta-feira (6). (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)Voluntários resgataram animais em Bento Rodrigues, nesta sexta-feira (6). (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)
Aproximadamente 50 animais foram salvos após rompimento das barragens (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)Aproximadamente 50 animais foram salvos após rompimento das barragens (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)
População não abandonou os animais, disse veterinária Carla Sássi (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)'População não abandonou os animais', disse veterinária Carla Sássi (Foto: Carla Sássi/Arquivo pessoal)

OMS declara fim da epidemia de Ébola na Serra Leoa

Na Serra Leoa foram infectadas com o vírus 14.089 pessoas, das quais 3.955 morreram.
OMS declara fim da epidemia de Ébola na Serra Leoa
A Serra Leoa foi declarada este sábado livre da transmissão do vírus do Ébola pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 42 dias depois de ter dado negativo o segundo teste de diagnóstico ao último paciente infectado no país.
Na Serra Leoa foram infectadas com o vírus 14.089 pessoas, das quais 3.955 morreram.
O vírus surgiu em Dezembro de 2013 numa zona arborizada da Guiné, que faz fronteira com a Libéria e a Serra Leoa, pelo que rapidamente se espalhou pelos três países.

"Humano, vejo que estás chorando porque chegou meu momento de partir."

"Humano, vejo que estás chorando porque chegou meu momento de partir. Não chores por favor, quero te explicar algumas coisas.
Tu estás triste porque eu fui embora, e eu estou feliz porque te conheci.
Quantos como eu morrem diariamente sem ter conhecido alguém especial?
Os animais as vezes passam tanto tempo sozinhos a nossa própria sorte.
Só conhecemos o frio , a sede, o perigo, a fome. Temos que nos preocupar em como conseguiremos algo para comer e aonde passaremos a noite protegidos. Vemos muitos rostos todos os dias, que passam sem nos olhar, e as vezes é melhor que nem nos vejam, antes de se darem conta que estamos aqui e nos maltratem.
A vezes temos a enorme sorte que entre tantas pessoas passa um anjo e nos recolhe.
Às vezes, os anjos vêm e são organizados em grupos, às vezes há outros anjos longe e enviam muita ajuda para nós. E isso muda tudo. Se necessário nos levam a outro tipo de anjo que sabem muito, e nos dão remédios para nos curar.
Nos escolhem uma palavra que pronunciam cada vez que nos vêem. Um NOME. Eu acho que o que você diz, é que somos "especiais", deixamos de ser anônimo, para ser um de muitos, e um de vocês.
E conhecemos o que é um lar! Você não tem idéia de como isso é importante para nós? Nós já não temos que ter medo nunca mais, não temos mais fome, ou frio, ou dor, ou perigo.
Se você pudesse calcular o quão feliz que nos faz. Para nós qualquer casa é um palácio! Nós já não nos preocupamos se vai chover, se vai passar um carro muito rápido ou se alguém vai nos ferir. E, principalmente, não estamos sozinhos, porque nenhum animal gosta de solidão, o que mais se pode pedir?
Eu sei que te entristece a minha partida, mas eu tinha que ir agora.
Quero te pedir que não se culpe por nada; te ouvi soluçar que deveria ter feito algo mais por mim.
Não diga isso, fez muito por mim! Sem você não teria conhecido nada da beleza que carrego comigo hoje.
Você deve saber que nós, animais, vivemos o presente intensamente e somos muito sábios: desfrutamos de cada pequena coisa de cada dia, e esquecemos o passado ruim rapidamente. Nossas vidas começam quando conhecemos o amor, o mesmo amor que você me deu, meu anjo sem asas e duas pernas.
Saiba que mesmo se você encontrar um animal que está gravemente ferido, e que só lhe resta apenas um pouquinho de tempo neste mundo, você presta um enorme serviço ao acompanhá-lo em sua transição final.
Como te disse antes, nenhum de nós gostamos de estar só, menos ainda quando percebemos que é hora de partir.
Talvez para você não seja tão importante, que um de vocês esteja ao nosso lado nos acariciando e segurando a nossa pata, nos ajuda a ir em paz.
Não chores mais por favor. Eu vou feliz. Tenho na lembrança o nome que você me deu, o calor da sua casa que neste tempo se tornou minha. Eu levo o som de sua voz falando para mim, mesmo não entendendo sempre o que me dizia.
Eu carrego em meu coração cada caricia que você me deu.
Tudo o que você fez foi muito valioso para mim e eu agradeço infinitamente, não sei como dizer a você, porque eu não falo sua língua, mas certamente em meus olhos pôde ver a minha gratidão.
Eu só vou pedir dois favores. Lave o rosto e começa a sorrir.
Lembre-se que bom que vivemos juntos estes momentos, lembre-se das palhaçadas que fazia para te alegrar.
Reviva como eu todo o bem que compartilhamos neste tempo.
E não diga que não adotará outro animal porque você tem sofrido muito com a minha partida.Sem você eu não viveria as belezas que vivi.
Por favor, não faça isso! Há muitos como eu esperando por alguém como você.
Dê-lhes o que você me deu, por favor, eles precisam assim como eu precisei de ti.
Não guarde o amor que tens para dar, por medo de sofrer.
Siga o meu conselho, valorize o bem que compartilha com cada um de nós, reconhecendo que você é um anjo para nós os animais, e que sem pessoas como você a nossa vida seria mais difícil do que às vezes é.
Siga a sua nobre tarefa, agora cabe a mim ser o seu anjo.
Eu vou estar acompanhando você no seu caminho e te ajudarei a ajudar os outros como eu.
Eu vou falar com outros animais que estão aqui comigo, vou lhes contar tudo o que você tem feito por mim e eu vou apontar e dizer com orgulho: "Essa é a minha família".
Hoje à noite, quando você olhar para o céu e ver uma estrela piscando quero que você saiba que sou eu piscando um olho; avisando a você que cheguei bem e dizendo-lhe "obrigado pelo amor que você me deu".
Eu me despeço agora não dizendo "adeus", mas "até logo".
Há um céu especial para pessoas como você, o céu para onde nós vamos e a vida nos recompensa tornando a nos encontrar lá.
Eu estarei te esperando!

A solução mais provável da crise brasileira pode ser inesperada Para um ex-presidente da República, o Brasil está no meio de uma crise que ninguém sabe como vai acabar: “A solução mais provável é o inesperado”

Oposição entrega ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, novo pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, em 21 de outubro. / LULA MARQUES (AGÊNCIA PT)
Aqui e no exterior perguntam ao jornalista qual pode ser a solução mais provável da crise, cada dia mais emaranhada e complexa.
E o jornalista encaminhou a pergunta para alguém que está na política há várias décadas, que já foi presidente da República e que dessa vez preferiu o anonimato.
Sua resposta, por escrito, foi: “Estamos no meio de uma crise nacional que ninguém sabe como vai acabar”, e acrescentou, enigmático: “A solução mais provável é o inesperado”.
Afirmou ainda: “De qualquer forma, este não é o Brasil que nós sonhamos”.
Confesso que a palavra que me impressionou na boca de um político com tanta experiência de voo foi “inesperado”.
Como o Brasil é uma democracia, com uma Constituição sólida da qual ninguém pode escapar sem romper as instituições do Estado, essa possível solução inesperada deveria acontecer dentro desses limites constitucionais: o Governo, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Qualquer solução imprevista deveria vir de um deles para que não possa ser condenada como um golpe.
Tal como a crise está configurada hoje, a solução imprevista para a crise por parte do Governo poderia ser apenas a renúncia dapresidenta Dilma Rousseff, já que hoje ninguém acredita nela por mais que já tenha sido alvo da oposição.
E o Congresso? Difícil imaginar uma solução por parte do legislativo que não seja a aprovação do impeachment de Dilma, que deveria ser apresentado por um presidente como Eduardo Cunha, execrado pela opinião pública e por todos os democratas do país. Além disso, essa solução está prevista, não seria inesperada.
Sobraria apenas a possibilidade de que o Supremo Tribunal Federal acabasse surpreendendo com uma solução — essa sim, inesperada —, como ocorreu com o caso Collor, e que aponta com sagacidade neste jornal o meu colega Rodolfo Borges — à época, o STF adequou a lei do impeachment, de 1950, à Constituição de 1988, alterando a forma do julgamento no Congresso.
Seria constitucional porque o STF tem poderes especiais para isso, e seria ao mesmo tempo inesperada e não golpista porque hoje, apesar de todos os problemas e críticas, a mais alta corte do país ainda possui o último halo de credibilidade por parte da opinião pública — 75% dela não confia nos partidos políticos nem no Congresso, e dá à presidenta da República e ao Governo as migalhas de uma das mais baixas aprovações da história da democracia.
Qualquer outra solução passaria, inevitavelmente, pela humilhação de um golpe, seja qual fosse sua cor política. O golpe militar está completamente descartado.
Restaria, e talvez fosse o que preocupava o ex-presidente ao afirmar que a solução para a crise poderia ser inesperada, que na próxima eleição presidencial, seja agora ou em 2018, a sociedade, cansada dos políticos profissionais, apoiasse algum candidato “inesperado” com a incógnita de que pudesse se tratar de algum “aventureiro”, como aconteceu e está acontecendo em alguns países, que em vez de resolver acabasse complicado e agravando a crise política.
De acordo com a maioria dos analistas, a crise começou sendo econômica e estrutural, porque o que está esgotado é o modelo, e acabou se complicando politicamente.
Nessa situação, e já que a crise econômica — seja ela mais grave ou não que a política — não se resolveria sem antes resolver a crise política, o mais provável é que essa tarefa hoje realmente imprevisível e inesperada possa acabar caindo nas mãos do STF, que já foi capaz neste país de resolver positivamente outras crises iguais ou mais difíceis em que a opinião pública era mais exigente e aberta que o Congresso, como em relação ao aborto, as células-tronco, ocasamento entre pessoas do mesmo sexo e agora sobre a liberação das drogas, todos estes temas tabu para o Congresso e o Executivo.
Não é impossível, portanto, que a crise possa realmente acabar tendo um fim imprevisível e cuja solução esteja em grande medida na pressão exercida pela sociedade como um todo sobre os três poderes da Nação.
Tudo isso porque o Brasil dessa crise não é o mesmo país das crises anteriores. É um Brasil mais dividido e exasperado com os poderes públicos, porque o país e a sociedade estão numa luta para sair da apatia e da fictícia unanimidade do passado e começaram a enfrentar os desafios da modernidade. Estamos diante de uma sociedade que não apenas quer ser ouvida, mas também participar na solução da crise cujas consequências econômicas e sociais já começam a penalizar fortemente as famílias.