quarta-feira, 23 de setembro de 2015

OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo Valeria Perasso Repórter especial do Serviço Mundial

Thinkstock
"As pessoas simplesmente pensam que é um crime ter pensamentos suicidas. Não deveria ser assim", diz Lauren Ball, uma mulher de 20 anos que já tentou se matar várias vezes.
Seis, para ser mais preciso. A mais recente tentativa foi no ano passado.
"Sei que foi muito difícil para minha família", contou Ball ao programa de rádioNewsbeat, da BBC, voltado para o público jovem.

'Gatilhos'

Gabbi Dix sabia que sua única filha, Izzy, estava sofrendo com a chegada da adolescência, mas não imaginou que o suicídio rondasse seus pensamentos.
"Acho que nunca vou conseguir superar isso", conta a mãe da adolescente de 14 anos, que em 2012 deu fim à própria vida, numa cidade costeira do sul da Inglaterra.
Para muitos especialistas, o suicídio juvenil tem contornos epidêmicos. E, para a Organização Mundial de Saúde, precisa "deixar de ser tabu": segundo estatísticas do órgão, tirar a própria vida já é a segunda principal causa da morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade - ainda que, estatisticamente, pessoas com mais de 70 anos sejam mais propensas a cometer suicídio.
BBC
No Brasil, o índice de suicídios na faixa dos 15 a 29 anos é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes, uma taxa relativamente baixa se comparada aos países que lideram o ranking - Índia, Zimbábue e Cazaquistão, por exemplo, têm mais de 30 casos. O país é o 12º na lista de países latino-americanos com mais mortes neste segmento.
"O suicídio é um assunto complexo. Normalmente, não existe uma razão única que faz alguém decidir se matar. E o suicídio juvenil é ainda menos estudado e compreendido", diz Ruth Sunderland, diretora do ramo britânico da ONG Samaritanos, que se especializa na prevenção de suicídios.
De acordo com a OMS, 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. E para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas.
"Para a faixa etária de 15 a 29 anos, apenas acidentes de trânsito matam mais. E se você analisar as diferenças de gênero, o suicídio é a causa primária de mortes para mulheres neste grupo", diz à BBC Alexandra Fleischmann, especialista da OMS.

Diferenças

O Brasil, neste ponto, passa pelo fenômeno oposto: índice de suicídios nesta faixa etária para mulheres é de 2,6 por 100 mil pessoas, mas a taxa salta para de 10,7 entre a população masculina. Mas, entre 2010 e 2012, o mais recente período de análise de dados da OMS, o índice feminino cresceu quase 18%.
Em termos globais, uma variação chama atenção: 75% dos suicídios ocorrem em países de média e baixa renda. E as diferenças socioeconômicas parecem ter impacto mais forte entre adolescentes.
BBC
Análise de gráficos sobre suicídios mostra picos dramáticos entre a população de 10 a 25 anos em países de baixa renda.
Tais "saltos" não são vistos em sociedades mais afluentes, o que sugere maior risco de suicídio entre populações mais pobres.
Ainda no segmento juvenil, a OMS diz que mais homens cometem suicídio que mulheres.
"A masculinidade e as expectativas sociais são os principais motivos para essa diferença", explica Fleischmann.
Mas essa diferença entre os gêneros é menor em países mais pobres, onde mulheres e jovens adultos estão particularmente vulneráveis.
Em países mais ricos, homens se matam três vezes mais que mulheres, mas em países de média e baixa renda, a relação cai pela metade.
A intensidade também tem variações regionais.
Para especialistas, suicídios são mais do que fatalidades. Pesquisas acadêmicas revelam que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental. Eles variam da depressão - a principal causa para suicídios neste grupo - e passam por ansiedade, violência ou vício em drogas.

O que mata mais os jovens?

1,3 milhão
de jovens morrem no mundo anualmente, vítimas de causas evitáveis ou tratáveis
  • 1. Trânsito: Acidentes são a principal causa de morte – 11,6% do total
  • 2. Suicídio fica em segundo, responsável por 7,3% das mortes
  • 3. HIV/Aids e infecções respiratórias
  • 4. Violência: O Brasil é o 6º país do mundo com mais homicídios em que vítimas são jovens
Mas há "gatilhos" que podem ser sutis como mudanças no ambiente familiar ou escolar, passando por crises de identidade sexual.
Por isso, os especialistas recomendam prestar atenção nos sinais iniciais. E, não por acaso, a mais recente campanha dos Samaritanos foi dirigida a estudantes britânicos iniciando o período letivo nas universidades.
Também recomenda-se atenção a questões com o bullying, incluindo suas manifestações pela internet. Especialistas também argumentam que o sensacionalismo na mídia pode encorajar imitações.
"Neste caso, um efeito positivo inverso seria encorajar as pessoas a procurar ajuda", argumenta Sutherland.
Grupos envolvidos com a questão também argumentam que o suicídio deveria se tornar uma questão de saúde pública. No entanto, apenas 28 países têm estratégias nacionais de prevenção.
"A Finlândia, por exemplo, em uma década viu seus índices caírem 30%", conta Fleischmann.

Obama elogia papa por ajudar os pobres e combater mudanças climáticas

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu as boas-vindas ao papa Francisco na Casa Branca nesta quarta-feira com elogios ao trabalho do pontífice no socorro aos pobres e a seu comprometimento no combate às mudanças climáticas.
Obama agradeceu o papa por ajudar a reaproximar os EUA e Cuba e classificou sua mensagem de “misericórdia” como algo que enfatiza a necessidade de acolher refugiados e imigrantes.
O presidente destacou os esforços de Francisco na ação contra o aquecimento global, um tema que divide democratas e republicanos nos Estados Unidos.
“Santo Padre, você nos lembra que temos a obrigação sagrada de proteger nosso planeta, a dádiva magnífica de Deus para nós”, disse Obama em seu pronunciamento escrito.
“Apoiamos seu apelo para que todos os líderes mundiais apoiem as comunidades mais vulneráveis a um clima em alteração e se unam para preservar nosso precioso mundo para as gerações futuras”.
(Por Jeff Mason)

Dilma distribui ministérios e garante vitória parcial em sessão do Congresso Já na madrugada, oposição esvazia plenário e evita a análise de pontos polêmicos

O presidente do Congresso, Renan Calheiros, na sessão unificada. / L. MACEDO (CÂMARA DOS DEPUTADOS)
Governo Dilma Rousseff (PT) prometeu cargos de peso ao PMDB, se demonstrou disposto a negociar com outras legendas da base e conseguiu manter os 26 dos 32 vetos presidenciais durante sessão unificada no Congresso Nacional que ocorreu entre a noite de terça e a madrugada de quarta-feira. Foi uma meia vitória governista, já que a oposição esvaziou a sessão e evitou que fossem votados dois vetos a projetos de leis polêmicos, o do reajuste salarial de até 78% para funcionários do Judiciário e o que equipara o aumento de aposentadorias ao percentual de ampliação do salário mínimo.
A manutenção desses 26 vetos impediu, segundo as contas governamentais, um aumento nodéficit público de pelo menos 13 bilhões de reais só no ano que vem. Entre os vetos que foram mantidos estão o que alterava regras de aposentadoria (o chamado fator previdenciário) e o que previa a isenção de tributos sobre o óleo diesel. Com relação ao fator previdenciário, o cálculo do Governo era de que ele poderia gerar um rombo de 135 bilhões de reais a partir do ano de 2035. A decisão sobre os vetos ocorreu após seis horas de discussões.Foi o final de um maratona tensa em que o Governo oscilou entre duas estratégias: se manobrava para evitar a sessão ou juntava força para fazer valer os vetos. O esforço se construiu de olho no mercado financeiro, que teve mais um dia de dólar recorde alimentado, entre outros fatores, pelas dúvidas sobre a capacidade do Planalto de levar adiante o programa de ajuste das contas públicas. Foi mais um dos testes de fogo para uma presidenta fragilizada pela crise política e acossada constantemente pela ameaça de um processo deimpeachment.
O fiel da balança na sessão do Congresso Nacional foi exatamente o PMDB, partido que tem o vice-presidente, Michel Temer, e há meses flerta com a oposição. Com 67 deputados e 17 senadores, as bancadas das duas casas legislativas concordaram em defender o Governo porque Rousseff se abriu para indicações deles para a composição de seu novo ministério. Essa era uma briga antiga dos deputados peemedebistas que viviam reclamando que não se sentiam representados no primeiro escalão do Governo federal.
Os senadores foram um pouco mais reticentes em apontar nomes, já que as três principais lideranças da legenda – o vice Michel Temer e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros – não o fizeram. Mas trataram de enviar nos próximos dias sugestões para a presidenta. Dessa forma, o PMDB que hoje tem seis ministérios, passará a ter cinco após a reforma administrativa quecortará 10 das 39 pastas e deve ser anunciada ainda nesta semana. Se perde em números, ganha em importância. Um dos ministérios que passará para o comando do partido do vice-presidente será o da Saúde, atualmente com o petista Arthur Chioro. A tendência é que o partido ainda mantenha as pastas das Minas e Energia, da Agricultura e do Turismo, além de ter algum representante na área de infraestrutura.

Venda ou negociações

Opositores, como o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), reclamaram da manobra da gestão Rousseff. “O Governo foi vendido. Ministérios foram entregues porque eles querem que o preço dessa conta caia sobre os trabalhadores”, afirmou o senador. Governistas como a líder do PC do B, Jandira Feghali, defenderam as negociações. “Não há nenhum crime em negociar indicações com os partidos aliados”.
Uma outra estratégia adotada pelo Governo foi envolver a própria presidenta nas conversas com parlamentares, o que dificilmente acontece nesta gestão petista. Dilma telefonou para senadores independentes como Ana Amélia (PP-RS) e Blairo Maggi (PR-MT) e pediu que eles mantivessem os vetos.
A mandatária solicitou ainda que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do Governo no Senado, e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, apelassem para os representantes da oposição. E assim o fizeram. Como a sessão se prolongou pela madrugada, os governistas não conseguiram manter o quórum adequado para a análise dos pontos mais polêmicos. Eram quase 2h20 de quarta-feira quando os oposicionistas notaram que não teriam os 257 votos de deputados para derrubarem, principalmente, o veto dos servidores do Judiciário e decidiram deixar o plenário. Com menos da metade dos deputados e senadores presentes, coube ao presidente do Congresso, Renan Calheiros, encerrar os trabalhos. Ainda não há data para retomada da votação.
Durante a sessão, as discussões extrapolaram as questões pautadas. Foram desde a valorização dos professores, passando pelos projetos de atualização salarial dos servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus e chegando ao pedido de impeachment presidencial. “Esse país só vai mudar quando o PSDB governar”, disse o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) ao criticar a orientação da bancada governista de não derrubar os vetos.
Manifestantes no entorno do Congresso Nacional. / L. BERNARDO JR. (CÂMARA DOS DEPUTADOS)

Protesto

Do lado de fora do Congresso Nacional, cerca de 3.000 servidores do Judiciário fizeram um protesto ao som de vuvuzelas e apitos para tentar convencer os parlamentares a derrubarem o veto 26, que tratava do reajuste salarial dessa categoria profissional. Durante boa parte da tarde e da noite, os manifestantes ocuparam a frente e as laterais do prédio do Congresso Nacional. Em alguns momentos trancaram uma das vias de acesso à Esplanada dos Ministérios.
Dentro da Câmara e do Senado, havia outros grupos de funcionários que tentavam pressionar os congressistas a votarem pela derrubada. Quando viam um deputado ou senador o cercavam e gritavam insistentemente “derruba o veto”. Se tivessem um sinal de apoio, aplaudiam. Se não, continuavam a gritar até perder o parlamentar de vista.
Minutos antes do início da sessão conjunta, os manifestantes fizeram um corredor humano para receber os parlamentares que entravam no plenário da Câmara. Quase todos os legisladores que participaram da sessão tiveram de ouvir os insistentes pedidos dos servidores do Judiciário.

Japonês bate recorde mundial dos 100 metros na categoria acima de 105 anos



Miyazaki comemora o recorde mundial
Um japonês entrou nesta quarta-feira para o Livro Guinness dos Recordes ao estabelecer uma nova marca mundial dos 100 metros na categoria de pessoas com mais de 105 anos.
Hidekichi Miyazaki, chamado de "Golden Bolt", em referência ao atleta jamaicano Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo, completou a distância em 42,22 segundos em Kyoto.
"Não estou satisfeito com o tempo", reclamou, depois de cruzar a meta.
"Ia tão devagar durante a prova que tive vontade chorar", completou.
"Talvez esteja envelhecendo um pouco", disse, com um sorriso no rosto.
"A velhice terminar por pegar a todos", afirmou, um dia depois de completar 105 anos.
Hidekichi Miyazaki, vestido de vermelho, sua cor preferida, iniciou a prova lentamente, mas depois entrou seu ritmo normal, com passadas elegantes. Ele completou a corrida sob os aplausos de seus bisnetos, que o receberam com flores.
Para satisfação do público, Miyazaki imitou, antes de receber o certificado oficial do Guinness, a pose de relâmpago que Usain Bolt tornou famosa.
"Quero disputar uma corrida com Usain Bolt", afirmou, com um sorriso, Miyazaki.
O recorde mundial de Bolt para os 100 metros é de 9,58 segundos.

Sem-teto e servidores vão às ruas enquanto o PT tenta sair das cordas Partido cria conselho de ‘notáveis’ para avaliar sua situação diante da crise de Rousseff Ao mesmo tempo, movimento anti-impeachment racha e sem-teto protestam nesta quarta

O ex-presidente Lula, ao lado dos outros membros do novo conselho. / RICARDO STUCKERT (INSTITUTO LULA)
Imersa em uma grave crise econômica e diante de enormes dificuldades políticas, a presidenta Dilma Rousseff enfrenta um dilema que aflige seu partido: como realizar os cortes orçamentários necessários para conter o rombo do Orçamento sem atingir mais a sua já combalida base social, que poderia ajudá-la a segurar nas ruas o impeachment articulado pela oposição? Diante de um cenário decabo de guerra, que nesta quarta-feira ganha mais um puxão com protestos da esquerda contra o Governo, o Partido dos Trabalhadorestenta agora tomar medidas para tentar reerguer sua imagem.
A situação tornou-se crítica. Ao mesmo tempo em que o cerco do impeachment se fecha e os aliados políticos ameaçam pular do barco, a frente de esquerda que foi às ruas em 20 de agosto defender a permanência de Rousseff, ainda que com críticas a sua política econômica, rachou. O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que levou grande parte dos participantes do ato, não ficou feliz com a falta de metas do Governo para a terceira fase do Minha Casa, Minha Vida, principal bandeira petista para a área da habitação, lançada sob pressão do próprio movimento no último dia 10. O MTST havia garantido incendiar o país caso o lançamento fosse cancelado por causa dos cortes. Para evitar isso, Rousseff lançou a nova etapa do programa, mas o fez discretamente, para evitar críticas de que estava ostentando gastos. Também não deu nenhuma garantia de quantas novas casas serão construídas, ou prazo para fazê-lo. 
O movimento decidiu, então, aumentar o tom de suas críticas ao Governo. Nesta quarta pela manhã, em local ainda mantido em sigilo, realizará atos em diversas capitais do país para pressionar Rousseff a se comprometer. “O MTST está chamando grandes mobilizações em todo o país contra os cortes que foram anunciados pelo Governo, um pacote que ataca investimentos sociais e que aprofunda um ajuste fiscal feito no lombo dos mais pobres, dos trabalhadores”, disse o coordenador nacional do movimento,Guilherme Boulos, que liderou o ato do último dia 20 com o PT.
Ao MTST, juntam-se ao protesto desta quarta-feira funcionários públicos federais, entre eles docentes das universidades que estão em greve há quase quatro meses por conta da falta de reajuste salarial. Eles também criticam a decisão do Governo de suspender a realização de concursos públicos por causa da falta de verba.
A baixa dos sem-teto deve trazer um enorme impacto nos atos em defesa do Governo liderados pelo PT. O partido, que aos poucos também tem subido as críticas contra as medidas econômicas de Rousseff, organiza um novo contra o que chama de “golpe” do impeachment no próximo sábado, dia 26. Mas na página do evento do Facebook o número de confirmados não chegava aos mil. O partido ainda terá a seu lado outras legendas de esquerda aliadas e movimentos sociais ligados aos petistas, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), que também criticam a forma como o Governo tem realizado os cortes.

Reação

Diante do atual cenário político e sem uma base sólida para sustentá-lo nas ruas, o partido decidiu reavaliar seus rumos. Nesta terça-feira, 18 petistas de diversas áreas se reuniram em torno de um ex-presidente Lula abatido e vestido de preto, cor que se tornou habitual em seus trajes, para analisar o que é preciso fazer para se sair dessa situação. Foi a primeira reunião do recém-formado Conselho Consultivo da Presidência Nacional do PT, com 31 membros, que deverá assessorar o presidente da legenda, Rui Falcão, e o próprio Lula em reuniões periódicas. Segundo o partido, farão parte do conselho nomes como o do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, considerado agora um dos nomes cruciais para vencer as eleições municipais do próximo ano, o governador Wellington Dias, dono de uma votação expressiva no Piauí no ano passado, além de notáveis como a professora de filosofia da USP Marilena Chauí (não presente nesta terça) e o economista Marcio Pochmann.
Em uma coletiva de imprensa depois do encontro, Falcão afirmou que o conselho buscou fazer uma avaliação do atual cenário político econômico do país e do partido e traçou os desafios enfrentados pela legenda. “Na opinião da maioria, é importante que haja mudanças na política econômica”, disse o presidente do PT, citando como propostas a queda da taxa de juros e mudanças tributárias, como a taxação de grandes fortunas, algodefendido há tempos pela esquerda, mas que até o momento não avançou na Câmara dos Deputados.Uma das avaliações do grupo é que diante das medidas do ajuste que afetam trabalhadores e movimentos sociais tornou-se muito difícil pedir para as pessoas irem para as ruas defenderem a presidenta contra o impeachment, afirmou um dos participantes da reunião, que foi cercada de silêncio. Abordados pela imprensa na saída, todos se negaram a falar. O próprio ex-presidente Lula, que comandou o encontro, também saiu sem fazer declarações, como tem feito com frequência.
Nos bastidores do encontro, por onde circularam outros políticos petistas, fontes confirmaram que o ex-presidente tem viajado à Brasília para ajudar na articulação política necessária para recompor a base parlamentar do Governo. Ele teria se reunido, inclusive, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, para tentar uma reaproximação com o partido que é crucial para a governabilidade. Nesta terça, os jornais brasileiros traziam a informação de que os peemedebistas poderão ganhar, finalmente, uma pasta de peso no Governo nesta próxima reforma ministerial que está sendo gestada no Planalto, em troca de uma maior colaboração. O Ministério da Saúde, segundo maior Orçamento federal, poderá ganhar o comando do PMDB. A pasta costuma ser reservada a nomes do PT, por ser considerada estratégica para a implementação de políticas sociais –a grande marca de propaganda do partido. Caso isso se confirme, a transição deverá levar mais reforço para a ala dos movimentos sociais descontentes.

Sem 13° salário para governador, vice, secretários e administradores regionais

DA COLUNA EIXO CAPITAL
Além do corte de 20% nos contracheques anunciado no pacote amargo, o governador Rodrigo Rollemberg, o vice-governador Renato Santana, secretários e administradores regionais vão ficar sem receber o 13º salário e o abono de férias.
A decisão foi tomada com base em parecer da Procuradoria-geral do Distrito Federal.
O pagamento da chamada gratificação natalina, que deveria ocorrer na data de aniversário do integrante do governo, não foi depositado para ninguém neste ano. E nem será.
O argumento é de que cargos de natureza política recebem subsídios e não têm direito a nenhum outro benefício no contracheque. No fim do ano, a equipe de Rollemberg vai ter de sonhar com tempos melhores.
A suspensão do 13ª salário e do pagamento de férias causa controvérsia na equipe de Rollemberg.
Historicamente, governadores, vices, secretários e administradores sempre usufruíram desses benefícios, da mesma forma que presidentes da República, vices, ministros, deputados federais, senadores e distritais recebem.
Juízes, promotores de Justiça do DF, procuradores da República e conselheiros do Tribunal de Contas do DF também ganham a verba extra. Estão nessa lista até mesmo os ministros do Supremo Tribunal Fedederal (STF).
Entre os secretários, há protestos nos bastidores. O corte passou a vigorar no primeiro dia do atual governo.

Congresso adia análise de vetos sobre reajuste do Judiciário e aumento para aposentados

Vista geral do Plenário da Câmara dos Deputados em Brasília. 03/12/2014 REUTERS/Ueslei Marcelino
BRASÍLIA (Reuters) - O Congresso adiou, na madrugada desta quarta-feira, a análise dos vetos da presidente Dilma Rousseff aos projetos de lei sobre reajuste de 78,6 por cento para o Judiciário e aumento para aposentados pelo mesmo índice de correção do salário mínimo, prolongando as preocupações do governo com o possível impacto das medidas nas contas públicas.
Em uma sessão longa e marcada por muito debate, que começou na noite de terça-feira e avançou pela madrugada, deputados e senadores mantiveram a maior parte dos vetos da presidente, mas adiaram dois dos itens mais polêmicos para uma data futura, ainda a ser definida, de acordo com a Agência Câmara de Notícias.
Se derrubado, o veto ao reajuste do Judiciário vai gerar gastos de 36 bilhões de reais até 2019, segundo cálculos do governo, enquanto a eventual queda do veto à extensão da política de reajuste do salário mínimo a todos os aposentados terá impacto de 11 bilhões de reais até 2019.
Esses gastos complicariam ainda mais o esforço fiscal do governo, no momento em que o Executivo busca o reequilíbrio das contas públicas depois de enviar ao Legislativo uma peça orçamentária para o ano que vem com um rombo de 30,5 bilhões de reais.
Foram mantidos, entre outros, os vetos a uma medida que tornava isento da contribuição de PIS/Cofins o óleo diesel e outra que alterava o mecanismo do fator previdenciário, que limita o valor da aposentadoria de pessoas mais novas.
O impacto estimado pelo governo se o veto à mudança no fator fosse derrubado era de 135 bilhões de reais até 2035.
Para derrubar um veto presidencial, são necessários 257 votos contra na Câmara e 41 no Senado.
Temendo sofrer uma derrota, o Planalto vinha trabalhando para adiar a sessão do Congresso, esforço que contou com a participação pessoal de Dilma nas negociações.

Desde a semana passada, a presidente vinha conversando e se reunindo com parlamentares, incluindo os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recentemente rompido com o governo. Na avaliação do Executivo, uma derrota seria “um desastre” e comprometeria todo o ajuste fiscal.