quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Supremo proíbe doação de empresas para campanhas eleitorais Dos 11 ministros, 8 entenderam que contribuição contraria Constituição. Dilma terá de decidir se veta ou sanciona lei que libera doação a partidos.

Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (17), por 8 votos a 3, declarar inconstitucionais normas que permitem a empresas doar para campanhas eleitorais.
Com isso, perdem validade regras da atual legislação que permitem essas contribuições empresariais em eleições.
A decisão do STF não proíbe que pessoas físicas doem às campanhas. Pela lei, cada indivíduo pode contribuir com até 10% de seu rendimento no anterior ao pleito.
Ao final da sessão, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, afirmou que a decisão valerá já a partir das eleições de 2016 e não invalida eleições passadas (veja no vídeo acima).
A decisão também dá à presidente Dilma Rousseff respaldo para vetar trecho de uma proposta recém-aprovada pelo Congresso Nacional que permite a doação de empresas para partidos políticos.
Chegamos a um quadro absolutamente caótico, em que o poder econômico captura de maneira ilícita o poder político."
Ministro Luiz Fux, relator  da ação que pede o fim da doação de empresas para campanhas
Se a nova lei for sancionada sem vetos, outra ação poderá ser apresentada ao STF para invalidar o financiamento político por pessoas jurídicas.
No julgamento, votaram a favor da proibição o relator do caso, Luiz Fux, e os ministros Joaquim Barbosa, Dias Tofffoli e Luís Roberto Barroso (em dezembro de 2013); Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski (em abril do ano passado); além de Rosa Weber e Cármen Lúcia, que votaram nesta quinta.
A favor da manutenção das doações por empresas votaram somente Gilmar Mendes (em voto lido nesta quarta), Teori Zavascki, que já havia se manifestado em abril do ano passado, e Celso de Mello.

Na sessão desta quinta, Fux, como relator, relembrou seu entendimento sobre as doações por empresas, argumentando que a proibição levaria à maior igualdade na disputa eleitoral.
"Chegamos a um quadro absolutamente caótico, em que o poder econômico captura de maneira ilícita o poder político", afirmou na sessão.
Rosa Weber, por sua vez, argumentou que a influência do poder econômico compromete a "normalidade e a legitimidade das eleições".
"A influência do poder econômico culmina por transformar o processo eleitoral em jogo político de cartas marcadas, odiosa pantomima que faz do eleitor um fantoche, esboroando a um só tempo a cidadania, a democracia e a soberania popular", afirmou a ministra.
Entendo que não contraria a Constituição o reconhecimento da possibilidade de pessoas jurídicas de direito privado contribuírem mediante doações para partidos políticos e candidatos, desde que sob sistema de efetivo controle que impeça o abuso do poder econômico."
Ministro Celso de Mello, ao votar contra a proibição da doação de empresas
Ao votar, e citando a Constituição, Cármen Lúcia afirmou que o poder emana do povo. "Há uma influência que eu considero contrária à Constituição, é essa influência que desiguala não apenas os candidatos, mas desiguala até dentro dos partidos. Aquele que detém maior soma de recursos, é aquele que tem melhores contatos com empresas e representa esses interesses, e não o interesse de todo o povo, que seria o interesse legitimo", disse.

Apesar de já ter votado, Teori Zavascki complementou seu voto, no sentido de limitar as empresas que poderiam contribuir.
Para ele, deveriam ser impedidas aquelas que possuem contratos com a administração pública. Ele também propôs que, caso pudesse doar, a empresa escolhesse somente um dos candidatos que disputam determinado cargo.

Celso de Mello, o último a votar, entendeu, por sua vez, não haver incompatibilidade com a Constituição a doação por pessoa juridica, desde que não haja abuso de poder econômico.
Entendo que não contraria a Constituição o reconhecimento da possibilidade de pessoas jurídicas de direito privado contribuírem mediante doações para partidos políticos e candidatos, desde que sob sistema de efetivo controle que impeça o abuso do poder econômico", afirmou.
Nesta quarta, em longo voto, o ministro Gilmar Mendes se posicionou contra a proibição, argumentando que ela beneficiaria só o PT, prejudicando a disputa eleitoral. Ele argumentou que as doações privadas viabilizam uma efetiva competição eleitoral no país, já que, para ele, o PT não precisaria mais das contribuições, por ser financiado com desvio de dinheiro público.
Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coêlho, saudou a decisão do Supremo.
“A partir de agora, os mandatos dos políticos pertencerão efetivamente a seus eleitores, e as empresas poderão se dedicar integralmente àquilo que sabem fazer de melhor: gerar empregos para a população”, disse.
Para valer e virar lei, no entanto, a regra ainda depende da sanção da presidente Dilma Rousseff.Nova lei
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a permissão para que empresas doem a partidos políticos, porém não mais diretamente a candidatos, como atualmente.
A decisão do STF de derrubar as doações por empresas não afeta diretamente a permissão dada pelo Congresso, mas, na prática, deverá invalidá-la no futuro.
Se a permissão dada pelo Legislativo for sancionada por Dilma, bastará que outra ação seja impetrada no STF para derrubá-la com base no novo entendimento do tribunal.
De outro modo, a própria presidente poderá vetar o trecho que permite as doações empresariais, com base no entendimento dos ministros.
Atualmente, o financiamento de campanha no Brasil é público e privado. Políticos e partidos recebem dinheiro do Fundo Partidário (formado por recursos do Orçamento, multas, penalidades e doações) e de pessoas físicas (até o limite de 10% do rendimento) ou de empresas (limitadas a 2% do faturamento bruto do ano anterior ao da eleição).

Carlos Manga morre aos 87 anos Diretor de TV e cineasta estava em sua casa, no Rio de Janeiro. Manga foi um dos principais diretores de cinema na época das chanchadas.

Morreu nesta quinta-feira (17), em sua casa no Rio de Janeiro, o diretor de televisão Carlos Manga, aos 87 anos. A informação foi confirmada pela Central Globo de Comunicação. A causa da morte não foi divulgada.
Manga fez carreira no cinema antes de se interessar por televisão e foi um dos principais diretores na época de ouro das chanchadas (veja no vídeo abaixo crônica de Nelson Motta no Jornal da Globo sobre o diretor).
Junto com Watson Macedo, foi um dos principais diretores dos anos 1950 da Atlântida, onde esteve à frente de clássicos como "Nem Sansão nem Dalila" (1954), "Matar ou correr" (1954) e "O homem do Sputnik" (1959). Sua estreia foi em um filme produzido em 1952 pela antiga companhia, dirigido por José Carlos Burle: "Carnaval Atlântida" (1952). No total, trabalhou em 32 filmes no cinema.

“Eu só pensava em cinema. Eu via quatro filmes no sábado, quatro no domingo”, disse em entrevista a Jô Soares.

Televisão
Na televisão, começou a carreira no início dos anos 1960. Em 1980, foi contratado pela Globo, onde dirigiu a segunda versão do humorístico "Chico City", de Chico Anysio. Ainda no humor, dirigiu também "Os Trapalhões".
Na década de 1990, já como diretor artístico de minisséries da Globo, foi responsável por produções como "Agosto" (1993), "Memorial de Maria Moura" (1994) e "Engraçadinha... Seus amores e seus pecados" (1995). Dirigiu ainda "A Madona de Cedro (1994)", "Incidente em Antares (1994)" e "Decadência" (1995), de Dias Gomes.

Manga tornou-se diretor de núcleo e foi responsável pela produção de duas novelas: o remake de "Anjo Mau" (1997), escrita originalmente por Cassiano Gabus Mendes em 1976 e adaptada por Maria Adelaide Amaral. A segunda novela foi Torre de Babel (1998), de Silvio de Abreu.

Também tem no currículo o programa "Zorra Total" (1999) e as séries "Sandy & Junior" (1999) e "Sítio do Picapau Amarelo" (2001). Em 2004, voltou a trabalhar como diretor artístico na minissérie "Em um só coração", de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.

“Eu lembro das coisas com beleza, com amor, com carinho. Mesmo os erros. E não tem nada que eu tenha que omitir, eu não tenho que esconder nada”, disse em depoimento ao Memória Globo.
Três filhos
Filho do advogado Américo Rodrigues Manga e de Maria Isabel Aranha, José Carlos Aranha Manga nasceu em 6 de janeiro de 1928, no Rio de Janeiro. Ele deixa três filhos: Paula Manga, Carlos Manga Jr. e Maria Eduarda Manga.
Começou a trabalhar como bancário, porém sua paixão pelo cinema logo o levaria para a indústria cinematográfica, através do cantor Cyll Farney. Foi contra-regra, assistente de montagem, assistente de revelação e, finalmente, diretor. Seu nome artístico foi sugerido pelo então presidente da companhia, Luiz Severiano Ribeiro Júnior.
O diretor morou na Itália onde trabalhou com Federico Fellini. Também foi diretor dos programas de auditório, como o Domingão do Faustão (1989), e de seriados como "Sandy & Junior" (1999) e "Sítio do Picapau Amarelo" (2001).
O diretor Carlos Manga (de gravata vermelha) brinca com a própria estátua diante do também diretor Neville D'Almeida (Foto: Alexandre Durão/G1)Carlos Manga (de gravata vermelha) brinca com a própria estátua diante do também diretor Neville D'Almeida, no Festival do Rio de 2011 (Foto: Alexandre Durão/G1)
Repercussão
"O grandioso Diretor Carlos Manga faleceu...Uma honra ter estreado na Tv, no seriado Sandy e Jr sob o comando dele como diretor de núcleo", postou a atriz Fernanda Paes Leme em sua conta no Twitter.
Diretor durante uma gravação  (Foto: Divulgação Nelson di Rago/TV Globo)Diretor durante gravação (Foto: Divulgação Nelson
di Rago/TV Globo)
"Grande, grande, grande Carlos Manga!" publicou o ator Thiago Rodrigues, no Instagram.
Homenagens
O diretor foi homenageado pelo autor Silvio de Abreu  quando completou 50 anos de carreira, em 2006. Ele fez o papel dele mesmo na novela "Belíssima". Quatro anos mais tarde, participou como ator no seriado "Afinal, o que Querem as Mulheres?"
No seriado "Dercy de Verdade", Carlos Manga foi personagem. A homenagem ocorreu porque o diretor foi quem levou Dercy Gonçalves para a televisão. No especial ele foi interpretado pelo ator Danton Melo.
Em 2011, o cineasta foi homeanageado com uma estátua no Cine Odeon, no Centro do Rio. Manga foi à inauguração, no dia da premiação do Festival do Rio. Aplaudido de pé, posou para os fotógrafos ao lado da reprodução e também se emocionou ao se referir à nova geração brasileira de cineastas.
"Em uma noite que tantos diretores novos precisam vencer, torço por vocês todos. Continuem tentando, porque não há nada mais lindo no mundo do que você pegar uma criança, que é um filme, e fazê-la chorar, falar e ser aplaudida. É uma profissão maravilhosa", declarou.
Carlos Manga (Foto: Reprodução/Globo)Carlos Manga foi um dos grandes diretores das chanchadas (Foto: Reprodução/Globo)

Veja alguns trabalhos da carreira de Carlos Manga:

Novelas
"Anjo mau" (remake, 1997)
"Torre de Babel" (1998)
"Belíssima" (2006)
"Eterna Magia" (2007)
Minisséries
"Agosto" (1993)
"Memorial de Maria Moura" (1994)
"A Madona de Cedro" (1994)
"Incidente em Antares" (1994)
"Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados" (1995)
"Decadência" (1995)
"Um Só Coração" (2004)
"Afinal, o que Querem as Mulheres" (2010)
Seriados
"Sandy & Junior" (1999)
"Sítio do Picapau Amarelo" (2001)
Programas
"Domingão do Faustão" (1989)
"Chico City" (1973)
"Os Trapalhões" (1979)
"Zorra Total" (1999)

Cinema  
"Carnaval Atlântida" (1952)
"A Dupla do Barulho" (1953)
"Nem Sansão nem Dalila" (1954)
"Matar ou Correr" (1954)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"O Marginal"
"Assim era Atlântida"
"A Dupla do Barulho" (1953).
"Nem Sansão nem Dalila" (1954)
"Matar ou Correr" (1954)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"O Marginal"
"Assim era Atlântida"

Lançamento do Apple WatchOS 2 foi adiado após erro crítico ser descoberto

Acompanhando a atualização do iPhone, iPad e iPod Touch para iOS 9, Apple iria lançar ainda nesta quarta-feira, 16 de setembro, a versão renovada da plataforma de seu relógio inteligente: Watch OS 2. Entretanto, isto não acontecerá. A estreia pública do sistema operacional desenvolvido especialmente para o Apple Watch foi adiada, e a explicação é a descoberta de um erro pelos desenvolvedores que fazem parte do time do software. Desta forma, os donos do acessório inteligente que aguardavam a grande mudança para esta semana, terão que aguardar um pouco mais antes de experimentar todas as novidades embutidas no ambiente virtual. A nota é oficial e foi cedida à equipe do site especializado na gigante de Cupertino, 9to5Mac.
Galeria completa com as novas faces e ferramentas do primeiro e, até o presente momento, único, relógio inteligente da Apple
Nós descobrimos um erro no desenvolvimento do WatchOS 2 que está tomando um tempo maior para ser arrumado do que o esperado. Não iremos lançar o Watch OS hoje, mas iremos em breve — diz a Apple em nota. Infelizmente, a data específica de estreia pública da atualização ainda é um mistério, e a empresa liderada por Tim Cook pode levar meses para se preparar novamente antes de divulgar os arquivos necessários no update. Quem segue de perto as notícias da Maçã pode ser lembrar que uma situação similar aconteceu em 2014, quando os aplicativos compatíveis com a plataforma de saúde do iOS, HealthKit, demoraram semanas a mais para chegarem à loja virtual de apps da marca.
Outra informação que falta sobre o motivo da Apple ter adiado o envio do Watch OS 2 é qual, exatamente foi o erro encontrado. Entretanto, como o problema está sendo capaz de mexer com o calendário da companhia dos Estados Unidos, estima-se que a falha localizada pelos desenvolvedores seja crítica. Em relação às mudanças implementadas pela mesma em seu relógio inteligente por meio da atualização, estas são algumas das alterações mais importantes: conexão às redes Wi-Fi sem precisar parear com o iPhone, dez novos temas, mostrando detalhes adicionais na 'face' do gadget, modo 'relógio de mesa' quando está carregando, resposta a e-mails e afins.
Quando a empresa retornar a público para falar sobre a atualização do Apple Watch, voltaremos a comentar acerca do Watch OS 2.

IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF » Oposição quer analisar pedidos de impeachment de Dilma esta semana Expectativa é que Cunha arquive pedidos, e oposição entraria com recurso

Deputados lançam a frente Pró Impeachment. / ZECA RIBEIRO/AG. CÂMARA
A oposição à presidenta Dilma Rousseff voltou à carga com a estratégia de colocar o processo de impeachment na pauta do Congresso. O rebaixamento da nota de investimento do país, divulgado pela agência Standard & Poor’s, e o anúncio do orçamento com um déficit de 30 bilhões de reais para 2016, fez o assunto voltar com força. As engrenagens que movem o processo de uma eventual cassação da presidenta andam rápido ou devagar de acordo as idas e vindas da crise do Governo. Se por um lado o acordo do Planalto com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a já esquecida Agenda Brasil ajudaram a arrefecer os ânimos do Congresso, os episódios dos últimos 15 dias colocaram mais lenha na fogueira. Assim, esta semana pode ser decisiva para o futuro do Governo.
Caso a estratégia traçada tenha sucesso, Dilma terá o prazo de 10 sessões para se defender, e em seguida uma comissão especial de deputados daria seu parecer sobre o assunto, que em seguida vai para votação no plenário. Caso dois terços dos deputados votem favoravelmente, será instaurado um processo de impeachment, que segue para o Senado. Dependendo da celeridade dada por Cunha às sessões, todo o processo descrito acima pode chegar ao seu desfecho em questões de semanas, tendo em vista que o presidente da casa pode abrir e encerrar várias sessões em um mesmo dia. Ele nega que irá arquivar pedidos de impeachment nesta semana. Ao blog do jornalista Fernando Rodrigues ele afirmou que “Não está no meu horizonte proferir decisão nesta semana”. Mas o histórico de enfrentamento entre ele e o Planalto e o desgaste do Governo levam a crer que o assunto pode avançar na Câmara.Na Câmara dos Deputados a expectativa é de que haja movimentação dos pedidos de impeachment enviados à Casa. Os parlamentares da oposição – e alguns dissidentes da base - esperam que o presidente Eduardo Cunha(PMDB-RJ) arquive alguns dos requerimentos para colocar sua estratégia em andamento. A ideia é entrar com um recurso para derrubar a decisão do líder peemedebista, e então dar continuidade à tramitação dos pedidos. Dessa forma, Cunha, que rompeu com o Planalto meses atrás, não ficaria com a pecha de artífice do impeachment, mas colheria os frutos do impedimento.
Além disso, ele será pressionado para agir com celeridade. O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), afirma que “a oposição pretende instar o Cunha a se manifestar sobre o pedido do Hélio Bicudo, anexado com o parecer do Miguel Reale Junior, ainda nesta semana”. Bicudo é um dos fundadores do PT, que rompeu com o partido em 2005. Pestana não acredita, no entanto, que o processo de abertura de recurso e o prazo para que a presidenta se manifeste será finalizado ainda nesta semana.
A oposição pretende instar o Cunha a se manifestar sobre o pedido do Hélio Bicudo ainda nesta semana
O anúncio da equipe econômica nesta segunda de que o Governo vai apertar mais o cinto poderia dar tempo à presidenta, acredita Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos.  “[O pedido deimpeachment de Dilma na Câmara] é uma manobra regimental trivial, é só uma questão de oportunidade. Como o Governo está anunciando cortes, acho que a oposição vai avaliar antes de agir”, afirma o cientista político. Ele acredita que caso o Planalto aposte na redução de custos e não no aumento de impostos, haverá uma tendência a arrefecer os ânimos. “Até porque o impeachment é definido pelo número de votos que eles conseguem arregimentar. E no momento não me parece que a oposição tenha os votos para isso”, diz. Pestana discorda. Para ele, ainda que o Governo tenha mostrado disposição para ampliar cortes, o ímpeto da oposição não deve ser apaziguado: “o Governo é tão ruim, que mesmo quando faz a coisa certa faz do jeito errado. Cada semana para o Planalto é uma emoção”.
Já o deputado Mendonça Filho, líder do DEM na Câmara e uma das vozes mais ativas na defesa do impeachment, acredita que esta semana ainda será preciso tirar dúvidas com relação ao procedimento. “Esta semana vamos protocolar uma questão de ordem para entender o passo a passo: prazos para recurso, quem tem legitimidade para fazer este questionamento, se é só o autor do pedido ou os deputados”, afirma. Ele acredita que o pedido do Hélio Bicudo reforçado por um parecer do TCU com relação às pedaladas é o melhor caminho para tirar Dilma do poder. “Acho pouco provável que a impugnação da chapa Dilma/Temer avance no Tribunal Superior Eleitoral”, diz, mencionando uma ação que o PSDB move na corte para investigar financiamento irregular e abuso de poder da campanha da petista em 2014. O processo é turbinado pelas investigações da Lava Jato. A dúvida, porém, é como um pedido de impeachment com base em pedaladas cometidas  no ano passado, ou seja, no último ano do primeiro mandato, pode bloquear o segundo mandato. No entendimento de diversos juristas, a cassação de mandato de um presidente só pode acontecer a partir de erros cometidos durante o mesmo mandato que estiver em julgamento.
No dia 10, um dia depois da perda do grau de investimento do Brasil, cerca de 50 deputados da oposição e dissidentes da base de Dilma criaram uma frente parlamentar pelo impeachment. No ato de lançamento da iniciativa, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirmou que “a saída da presidente é inevitável, e é importante que o PMDB tome consciência disso para dar o exemplo”. A saída da presidenta, no entanto, não é consenso dentro da legenda de Vasconcelos. O próprio vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), em viagem oficial a Moscou, afirmou que a petista irá completar o mandato, e o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, assinou um manifesto de apoio à mandatária nesta terça, ao lado de parlamentares do PC do B, PP, PSD e Pros. No ato, ele garantiu que Dilma está “100% forte no cargo”.
Ainda nesta semana delator da Lava Jato que afirmou ter camuflado propina como doação oficial ao PT irá à CPI da Petrobras
O senador Aécio Neves não compareceu ao evento da frente anti-Governo, embora não perca a oportunidade de apoiar um processo do gênero quando questionado. No ato da oposição também foi lançado um site para coletar assinaturas para uma petição pró-impeachment. O grupo aposta suas fichas no requerimento de impeachment feito pelo fundador do PT Hélio Bicudo. No texto, o advogado fundamenta seu requerimento citando as pedaladas fiscais do Governo Dilma – que usou recursos de bancos públicos para pagar programas sociais – e o eventual conhecimento da mandatária com relação ao escândalo da Petrobras.
Na sexta-feira, os movimentos pró-impeachment Nasruas, Movimento Liberal Acorda Brasil, Brasil Melhor e Avança Brasil Maçons chamaram a imprensa para anunciar que iriam pedir a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para anexar seus pedidos de impeachment ao pedido que Bicudo protocolou no último dia 1. "Do ponto de vista social é de grande importância [essa junção dos pedidos]", afirmou Carla Zambelli, dos Nasruas. Ela disse ainda que o pedido do Hélio Bicudo "é muito importante, porque ele começou uma história como fundador do PT, e achamos relevante que agora ele finalize essa história", informou Marina Rossi.
A linha de ação da oposição ganhará ainda mais força caso oTribunal de Contas da União rejeite as contas de Dilma relativas a 2014 em função das pedaladas fiscais. Isso fortaleceria a abertura de um processo de impeachment por suposto crime de responsabilidade. Na semana passada o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, entregou à corte a nova defesa do Governo, após o relator do processo, ministro Augusto Nardes, questionar alguns pontos da justificativa anterior. No novo texto o Planalto se compromete a acolher recomendações do TCU, mas também insiste na tese de que as pedaladas foram adotadas por outros governos e nunca foram questionadas. Nos bastidores, porém, petistas já dão a derrota na corte como certa. 
No front da Lava Jato, o Planalto também se prepara para mais notícias desagradáveis. Também para esta terça-feira está marcado o depoimento do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC na CPI da Petrobras da Câmara. Ele é apontado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal como o coordenador do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras - embora a Odebrecht seja apontada como a empresa líder do cartel - , e em depoimentos prestados em decorrência de seu acordo de delação premiada teria afirmado que pagou propina por meio de doações oficiais a partidos e políticos. O PT teria sido beneficiário de 3,6 milhões de reais, e segundo o executivo o partido recebe dinheiro de propina desde 2004. Na comissão ele deve ser pressionado a falar sobre pagamentos feitos à campanha de Dilma, o que pode desgastar ainda mais a petista.