quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Dois serviços públicos prestados pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) aumentaram mais que a inflação este ano.

André Violatti/Esp. CB/D.A Press
 

Dois serviços públicos prestados pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) aumentaram mais que a inflação este ano. O par de placas, que antes custava R$ 111,58, de acordo com as empresas credenciadas, hoje é comercializado por R$ 146 (crescimento de cerca de 30%). O registro do contrato de alienação fiduciária de motocicletas — obrigatório para quem compra veículos sobre duas rodas a prestação — era de cerca de R$ 145 e agora passam a ser cobrados R$ 290 (100% de aumento).

A mudança consta nas instruções nº 478 e 479, ambas publicadas em 16 de julho de 2015, e, desde então, está em vigor. Quando houve licitação para a escolha das empresas que forneceriam as placas, eram cobrados dos usuários cerca de R$ 55 por unidade. Mas, desde que as empresas foram escolhidas sem licitação, o mercado passou a operar com valores maiores. Atualmente, em qualquer loja de emplacamento cobram-se R$ 73 por placa. Além disso, há uma taxa de R$ 13 do Detran para emitir a autorização de emplacamento.

Ouvidos pelo Correio, alguns vendedores afirmam haver muitas reclamações do usuário que já fez o serviço antes e agora paga mais caro. Caso do servidor público Gustavo da Costa, 35 anos. Há dois, ele emplacou o carro pela primeira vez. Este mês, voltou a procurar o serviço porque queria fazer uma nova placa. “Além da cobrança, o usuário tem que acertar ainda o valor do lacre, que é de R$ 33. “Todo ano aumenta tudo, não dá para segurar isso”, reclama.

Por ser um serviço obrigatório, os proprietários de veículos não têm para onde fugir. O economista e advogado Altamir Oliveira, 59, não sabia da mudança. Ele comprou um carro de presente para a filha. Quando foi fazer o emplacamento, calculou o índice de reajuste do serviço e se surpreendeu. “Já pagamos vários impostos e tantas taxas. Esse aumento é significativo, mas, infelizmente, temos que pagar. Não tem jeito”, conclui.

Por meio de nota da Assessoria de Imprensa, o Detran explicou que os preços dos serviços públicos são atualizados anualmente, conforme prevê o artigo 1º da Lei Complementar nº 435, de 2001. Sobre o aumento no custo do emplacamento, “o TCDF determinou, neste ano, que o Detran-DF retirasse o valor da sua tabela de preços públicos, por se tratar de serviço praticado por entidades credenciadas. Logo, o Detran não tem gerência sobre o preço cobrado pelos fabricantes”.

Financiamento


Quanto aos contratos de alienação, antes havia uma distinção entre o valor pago por proprietários de veículos de quatro rodas e o preço para motos. Os donos de veículos de duas rodas pagavam R$ 145. Agora, o valor é o mesmo nos dois casos — R$ 290. O valor é cobrado quando existe a transição do registro de contrato dos cartórios para o Detran. “A diferença não tinha argumento para ser mantida, uma vez que recursos despendidos para o registro de um veículo de quatro rodas são iguais aos de duas rodas, o que levou o Detran-DF a unificar o preço. Esclarecemos que o registro de contrato realizado no Detran é cobrado das instituições financeiras credenciadas no órgão e não do proprietário”, informou a assessoria de imprensa do órgão.

Colaborou Adriana Bernardes

Banco do Brasil lucra R$3 bi no 2º tri e inadimplência sobe

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil, anunciou nesta quinta-feira que teve lucro líquido de 3,008 bilhões de reais no segundo trimestre, alta de 6,3 por cento ante igual período de 2014.
Em bases recorrentes, o lucro do maior banco do país em ativos somou 3,04 bilhões de reais no período, alta de 1,3 por cento sobre um ano antes. A previsão média de analistas ouvidos pela Reuters era de 2,978 bilhões de reais.
No fim de junho, a carteira de crédito ampliada do BB somava 776,799 bilhões de reais, avanço de 8 por cento sobre um ano antes, mas estável sobre março. Os destaques de alta foram o financiamento imobiliário e ao governo, enquanto as linhas de cheque especial e para compra de veículos encolheram ano a ano.
O índice de inadimplência acima de 90 dias fechou o trimestre a 2,04 por cento, pouco acima do 1,99 por cento de igual etapa de 2014.
A despesa com provisão para perdas com calotes foi de 5,53 bilhões de reais de abril a junho, avanço de 21 por cento no comparativo anual, mas recuo de 7,8 por cento na sequencial.
O BB teve rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 14,1 por cento no trimestre, queda de 2 pontos percentuais ante mesma etapa do ano passado. Na mesma comparação, a rentabilidade ajustada caiu 2,9 pontos, para 14,2 por cento.
O BB elevou a previsão para a margem financeira bruta em 2015, da faixa de 9 a 13 por cento para a de 11 a 15 por cento, e também a de provisão para perdas com inadimplência, da faixa de 2,7 a 3,1 por cento da carteira para a de 3,1 a 3,5 por cento.
O Conselho de Administração do BB aprovou a distribuição de 39 milhões de reais em dividendos e 347,3 milhões em juros sobre capital próprio aos acionistas, com pagamento em 1º de setembro.
(Por Aluisio Alves)

STF julga artigo da Lei de Drogas e discute se é crime posse para usuário Caso é de detento condenado por porte de 3 gramas de maconha em cela. Decisão a ser tomada terá de ser aplicada em processos de outros tribunais.



Um ex-detento pode fazer o Supremo Tribunal Federal (STF) mudar o entendimento sobre o consumo pessoal de drogas no país. Hoje o usuário é um criminoso, mesmo não estando sujeito à prisão. Essa conduta está no artigo 28 da Lei de Drogas. Se o STF julgar esse artigo inconstitucional, o porte de drogas para uso próprio deixa de ser crime. O relator é o ministro Gilmar Mendes.
Cronologia do processo
---2009---

21.jul – no interior da cela 3, CDP de Diadema, é encontrado um saco plástico (trouxinha) com uma “erva verde” dentro de um marmitex. O detento Francisco Benedito de Souza assume a posse da droga para consumo próprio.

22.jul – laudo contata se tratar de 3 gramas de maconha. Souza assina termo circunstanciado pela posse da droga para consumo próprio.

24.ago – Peritos do Instituto de Criminalística de São Bernardo do Campo concluem se tratar de ‘Canabis sativa L’.

13.nov  - O Ministério Público oferece denúncia contra Souza pelo art.28 da Lei 11.343/06, porte de drogas para consumo próprio. Ele vira réu em ação penal.

---2010---

26.fev – Souza é julgado pelo crime. Em seu interrogatório, afirmou que, como nenhum dos 33 detentos manifestou ser dono da droga, ela ficou sob sua responsabilidade, dizendo que não era viciado nem usuário.

As testemunhas, os dois agentes penitenciários, disseram que Souza assumiu a propriedade da droga.

A juíza considerou a conduta de “ínfimo” potencial ofensivo, mas, como prevista em lei, aplicou pena de 2 meses de prestação de serviços gratuitos, com recurso em liberdade.

22.mar – O defensor público recorre da sentença alegando que porte de drogas não é crime.

5.abr – O MP dá parecer contra o recurso.

18.jun – O Colégio Recursal do Juizado Especial Cível nega o recurso. Segundo o acórdão, a lei não pune quem “usa” drogas, portanto, não houve ofensa à liberdade individual.
9.ago – chega ao STF o recurso extraordinário questionando a Lei de Drogas.

2015

O recurso no Supremo já tem diversas entidades como 'amicus curiae', ou seja, podem opinar: ONG Viva Rio, Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), Associação Brasileira de Estudos Sociais do Uso de Psicoativos (Abesup), Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), Conectas, Instituto Sou da Paz, Instituto Terra, Trabalho e Cidadania e a Pastoral Carcerária.
 
Levantamento do G1 sobre presos por tráficomostra que, após a Lei de Drogas, de 2006, o tráfico de entorpecentes passou a ser o crime que mais encarcera no Brasil. Os processos também mostram prisões de usuários como traficantes e penas de sete anos por quantidades mínimas de drogas apreendidas.
O caso julgado pelo STF é o de um presidiário que cumpria penas que somavam mais de dez anos de prisão no CDP de Diadema e foi solto em janeiro deste ano. A polícia encontrou 3 gramas de maconha em um marmitex em sua cela.
O preso foi condenado como usuário de drogas à prestação de serviços à comunidade, mas sua defesa não se conformou. No recurso, seu defensor alega que ninguém pode ser punido por ser usuário, pois o que se faz na vida privada não afeta terceiros.
Os ministros do Supremo devem responder à seguinte questão: o usuário de drogas afeta outras pessoas com sua conduta?
- Se sim, deve ser punido, em nome da saúde pública. É o argumento dos que acreditam que o usuário alimenta o tráfico.
- Se não, sua vida privada não deve ser invadida pelo estado, portanto, usar drogas não é crime.
“A maioria dos casos é assim. Quantidade muito baixa, sempre em locais pobres, pessoas jovens, geralmente primárias. Daria para fixar a pena de 1 ano a 8 meses. A gente está enxugando gelo”, diz o defensor público Leandro de Castro Gomes, que apresentou o recurso extraordinário do preso ao STF.
Na verdade, essa decisão tem um caráter simbólico, para mostrar que a gente precisa repensar a política pública em relação as drogas"
Leandro de Castro Gomes, autor do recurso extraordinário no STF
A palavra do STF sobre o tema terá repercussão geral, ou seja, valerá para os casos semelhantes. Ao todo, 96 processos esperam por essa decisão final.
Mas o primeiro beneficiado pelo futuro entendimento, se aceita a tese da Defensoria, pode sequer vir a saber seu destino. Seu defensor mudou de cidade e perdeu contato com o atendido. Segundo a Vara de Execuções Penais de Itu, interior paulista, Francisco Benedito de Souza está em liberdade desde 23 de janeiro de 2015.
Ele ainda responde a processos, mas a própria Justiça não conseguiu encontrá-lo depois que ele deixou a prisão. Seu último endereço informado fica em Itu, onde dois oficiais de Justiça tentaram, em vão, notificá-lo. No local, ninguém confirma conhecer Francisco Benedito de Souza.
Julgamento
Segundo o defensor, uma decisão do STF não significa a liberação das drogas. "Se o STF entender que é inconstitucional, o tráfico continua sendo crime", explica. "O que pode acontecer são alguns efeitos reflexos. A rigor, uma pessoa poderia fazer um pequeno cultivo para o seu próprio uso. Mas vai haver uma insegurança jurídica. Porque sempre vai ficar na valoração de um policial, porque a lei não tem critérios objetivos. Então se eu tiver uma hortinha, o PM pode entender que é para o tráfico", avalia Gomes.
"Na verdade, essa decisão tem um caráter simbólico, para mostrar que a gente precisa repensar a política pública em relação as drogas", complementa. "Países como os EUA, onde se iniciou esse proibicionismo, já estão tendo essa modificação."

O que diz o art.28
- Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1o  Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

O STF já forçou mudanças na Lei de Drogas. A liberdade provisória a presos por tráfico só foi permitida em 2012, quando a Corte, por maioria de votos, derrubou um dispositivo da lei que impedia a concessão. “A regra é a liberdade e a privação da liberdade é a exceção à regra”, disse o então ministro Ayres Britto.
O crime continua sendo inafiançável e sem possibilidade de sursis (suspensão condicional da pena), graça (perdão da pena pelo presidente da República), indulto e anistia, o que se aplica tanto ao usuário preso como ao traficante.

Número de presos por tráfico aumentou muito mais do que os de outros crimes nas prisões brasileiras (Foto: Arte/G1)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O melhor preço

Bolsas caem com a nova desvalorização da moeda chinesa

Tela com informações do mercado de ações em Tóquio, nesta quarta. / FRANCK ROBICHON (EFE)
A nova desvalorização da moeda chinesa teve um efeito imediato nas Bolsas internacionais. O Banco Popular da China reduziu nesta quarta-feira em mais 1,62% a taxa de câmbio de referência do yuan em relação ao dólar, depois de já ter desvalorizado na terça-feira em 1,9%, o que fez com que se prolongassem as quedas de ontem. O índice alemão DAX, que reúne as 30 maiores empresas do país, estava entre os principais afetados entre as grandes Bolsas do continente, com uma queda de 2% ao meio-dia, horário local. Na França, o índice CAC 40 perdia mais de 2,3%. O britânico FTSE 100 registrava um melhor desempenho limitando as quedas a cerca de 1,18%. O Ibex 35, da Espanha, abriu com um declínio próximo aos 2%, mas por volta das 13h (8h, horário de Brasília) tinha diminuído parcialmente as perdas, que eram de 1,55%.
Antes do anúncio da nova desvalorização da moeda chinesa, com a qual o Governo quer dar nova energia ao setor exportador, o grande motor do crescimento nas últimas décadas, as Bolsas já refletiam a inquietude com a intervenção do yuan. A primeira desvalorização da moeda, anunciada na terça-feira, fez pouco para estimular as Bolsas chinesas, com seus dois principais índices no vermelho e com quedas de mais de 1%. Nos EUA, o índice tecnológico Nasdaq perdeu 1,27%, uma queda semelhante à do Dow Jones, com retração de 1,21%. Na Ásia, o Nikkei japonês fechou em 1,58% negativo.Já faz algumas semanas que a China está agitando os mercados internacionais. Primeiro foram as vertiginosas quedas em suas Bolsas e, nesta semana, foi sua moeda, o yuan. As dúvidas sobre os efeitos que a desaceleração da economia asiática pode exercer sobre os mercados piorou no início de julho, quando uma sucessão de quedas nos principais índices de ações do país levou o Governo chinês a intervir, injetando liquidez e comprando títulos de grandes empresas estatais. Agora, decidiu reformar o seu sistema de cálculo da taxa de câmbio em relação ao dólar, porque acredita que “não é inteiramente coerente com as expectativas do mercado”. O problema é que sua força está baseada demais nas vendas ao exterior, que caíram 8,3% até julho em comparação com o mesmo período do ano passado. A esperança é voltar a impulsioná-las com uma moeda mais barata.
O euro reagiu com alta de 1% e já ultrapassa os 1,11 dólares, porque entre as possíveis consequências da intervenção inesperada da moeda chinesa está o atraso no aumento das taxas nos Estados Unidos por parte do FED, que os analistas esperam para setembro, mas que poderia ser adiada para evitar que um fortalecimento excessivo do dólar atrapalhe o setor exportador dos EUA.

Prefeito da capital de MS vira réu em processo de corrupção e lavagem Ministério Público denunciou Gilmar Olarte e mais dois por crimes. Advogado de Olarte diz que vai pedir anulação do processo ao STJ.

Seis desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul aceitaram, na manhã desta quarta-feira (12), em Campo Grande, denúncia do Ministério Público Estadual contra o prefeito Gilmar Olarte (PP).
Olarte admite crise em Prefeitura de Campo Grande (Foto: Maria Caroline Palieraqui/G1 MS)Prefeito de Campo Grande
(Foto: Maria Caroline Palieraqui/ Arquivo G1 MS)
O chefe do executivo municipal agora é réu nas ações que investigam corrupção passiva e lavagem de dinheiro, junto com outros dois investigados.
Por unanimidade, a denúncia do MP foi aceita por seis dos nove desembargadores do TJ-MS. Três alegaram ter ligação com os envolvidos na denúncia, por isso, não julgaram o pedido. O advogado de Olarte, Jair Azambuja, informou ao G1 que vai pedir a anulação do processo.
"Olarte foi aceito como réu, porém não existem provas e sim investigações contra ele. Nós vamos declarar a ilicitude na colheita das provas e dar continuidade no Superior Tribunal de Justiça (STJ)", informou o advogado.
Os valores obtidos com a suposta lavagem de dinheiro, segundo a investigação, teriam sido usados para a “compra de vereador”. Na época, Jail Azambuja, advogado de Olarte, afirmou que o prefeito não seria alvo da investigação e seria ouvido na condição de testemunha.Investigação
Segundo o Gaeco, a investigação começou em outubro de 2013, mas veio à tona após a prisão de Ronan Feitosa no dia 11 de abril de 2014, em São Paulo. Ele foi solto cinco dias depois, após prestar depoimento. Também no dia 11 de abril, os agentes cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Olarte, recolheram documentos, pendrives e computadores.
Disse ainda que não houve compra de vereador, não há relação do prefeito com os empréstimos e que as pessoas “utilizaram o nome do político para obter vantagens”.
No dia 12 de abril de 2014, um pastor, um jornalista e um funcionário de uma empresa de factoring também foram ouvidos por causa da investigação. Pelo menos 12 pessoas prestaram depoimentos, entre elas, os vereadores Otávio Trad, Flávio César e Eduardo Romero, todos do PT do B.
O advogado que representava os parlamentares, Valdir Custódio da Silva, afirmou na época que os clientes foram ouvidos como testemunhas e não como investigados.
Também foram convocados um secretário da prefeitura, além de um ex-assessor parlamentar que trabalhou na Assembleia Legislativa. No dia 1º de agosto de 2014, Olarte foi ouvido no gabinete do desembargador Ruy Celso Barbosa Florence. O depoimento teria durado cerca de três horas.
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) recebeu, no dia 13 de novembro de 2014, denúncia contra Olarte, feita pela Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público Estadual. O processo tem mais de três mil páginas.
No dia 6 de fevereiro de 2015, o TJ-MS divulgou o teor da ação penal proposta pelo MP-MS contra o prefeito de Campo Grande e mais duas pessoas.

Lewandowski acerta reajuste de até 41,47% para servidores do Judiciário Presidente do STF negociou índice com Executivo e enviará ao Congresso. Em junho, Senado aprovou reajuste entre 53% a 78,5%, mas Dilma vetou.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, informou nesta quarta-feira (7) que enviará ao Congresso uma nova proposta de reajuste salarial para os servidores do Judiciário, em greve desde junho.
Após reunião com os demais ministros, ele anunciou um reajuste entre 16,5% e 41,47%. O maior índice se aplica ao salário do cargo efetivo do servidor, que não inclui gratificações e valores acrescidos por funções de chefia, por exemplo. Como esses adicionais não serão reajustados, servidores que os acumulam terão aumento no menor índice sobre o total da remuneração.
Em junho, o Senado aprovou reajuste que variava de 53% a 78,5%, de acordo com o cargo, a ser pago em seis parcelas até 2017, mas a presidente Dilma Rousseff vetou.
Durante toda a tarde desta quarta, servidores em greve e sindicalistas protestaram em frente ao STF com buzinaço e música em alto volume. Para diminuir o ruído, a Polícia Militar começou a empurrar a grade de proteção para afastar os manifestantes, que reagiram lançando pedras sobre os policiais.
Em resposta, a PM usou gás de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar e conter o protesto. Dois manifestantes e quatro policiais se feriram, de acordo com os servidores e a PM, respectivamente. Uma pessoa foi presa.
Essa proposta, ainda não negociada com o Executivo, deverá ser discutida no Congresso junto com projeto da Lei Orçamentária Anual, que prevê as despesas de pessoal dos três poderes. Tanto a proposta de salário dos ministros quanto a dos servidores serão encaminhadas ao Congresso até sexta-feira (14) na forma de dois anteprojetos.Ministros do Supremo
proposta de salário para os ministros do STF é de R$ 39.293,38 - reajuste de 16,38% em relação aos atuais R$ 33.763. O salário de um ministro do STF corresponde ao máximo que um servidor público pode receber por mês. Se aprovado pelo Congresso, o aumento valeria a partir de 1º de janeiro de 2016.

Durante a reunião com os ministros, Ricardo Lewandowski explicou que o reajuste dos ministros corresponde à inflação de 2009 a 2015 medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA).

A despesa extra somente para os 11 ministros do STF será de R$ 2,17 milhões. Levando em conta outros magistrados de tribunais superiores da União - como ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Superior do Trabalho (TST), Superior Tribunal Militar (STM), por exemplo, que têm salários vinculados aos do STF - o impacto total chega a R$ 717 milhões.

Lewandowski afirmou que o aumento, se aprovado, não levará automaticamente a um “efeito cascata” para magistrados da Justiça Estadual ou outras categorias do funcionalismo com que tomam o salário do STF como referência.
"Não significa automaticamente que haja o efeito cascata. Somente por lei formal é que os aumentos dos servidores podem ser colocados em prática. Não há nenhum efeito automático cascata", disse.
Reajuste escalonado
De acordo com nota do Ministério do Planejamento, a proposta prevê que o reajuste será concedido em oito parcelas semestrais ao longo de quatro anos, a partir de janeiro de 2016.
Segundo o Planejamento, o maior percentual de aumento (41,47%) será pago, conforme a proposta, aos servidores que ganham menos (os que ingressaram na carreira nos últimos anos e não têm incorporações).
O impacto orçamentário após o pagamento da última parcela será de R$ 5,99 bilhões ao ano, informou o Planejamento.
Veto
No mês passado, a presidente Dilma Rousseff vetou um projeto de lei aprovado no Congresso que previa um aumento médio de 59%, variando de 53% a 78,5%, conforme o cargo. Os servidores reclamavam de estar sem aumento real (acima da inflação) há nove anos.
Cálculos do Executivo previam que o aumento vetado custaria R$ 25 bilhões nos próximos quatro anos. Ao justificar o veto, Dilma afirmou que o projeto aprovado no Congresso não indicava de onde sairia a receita. "Um impacto dessa magnitude é contrário aos esforços necessários para o equilíbrio fiscal na gestão de recursos públicos", registrou a presidente à época.