sábado, 11 de julho de 2015

Apple libera beta público do iOS 9; saiba como atualizar sistema

Versão de testes do novo sistema móvel da Apple já pode ser baixado por usuários.
Podem comemorar, usuários de iPhone e iPad. A Apple liberou nesta quinta-feira, 9/7, o beta público do iOS 9.
Mas vale lembrar sempre que um beta é um beta. Não se perca em animação e esqueça que esse software ainda não é a versão final e pode ter alguns bugs. Por isso, você pode querer pensar duas vezes antes de instalá-lo no seu iPhone. Dito isso, os desenvolvedores estão no seu terceiro beta do iOS 9 e ainda não os vimos falando de nenhum grande problema. Então se você estiver se sentindo corajoso, veja abaixo como fazer o upgrade do iOS.
O que é o beta do iOS 9?
A Apple possui um programa chamado Beta Software Program, que começou com o OS X 10.10 Yosemite e agora está fornecendo betas do OS X 10.11 El Capitan. O iOS 9 é a primeira versão do iOS 9 disponível como um beta público. Antes, era preciso entrar para o programa de desenvolvedores por 99 dólares ao ano para conseguir os pré-lançamentos do iOS. O beta público te permite fugir dessa despesa, e ainda torna o processo de instalação mais fácil.
Tenha em mente que, como já dissemos, esse software ainda não é uma versão final. Está perto de estar pronto para lançamento, mas ainda precisa de testes. Você pode ver alguns bugs, seu iPhone ou iPad pode travar mais frequentemente, e alguns dos seus apps e serviços podem não funcionar. 
O que devo fazer antes de instalar o update?
Back up! Faça back up do seu aparelho. Mas vale lembrar que a Apple recomenda que você instale o iOS 9 beta em um aparelho secundário.
Estou perto para viver perigosamente. Como faço isso?
Basta ir até a página do Beta Software Program e mostrar interesse ao entrar com sua Apple ID e senha. Você também precisa concordar com os termos e inscrever seu aparelho iOS.

Ataque aéreo mata comandante do Estado Islâmico no Afeganistão

CABUL (Reuters) - Um importante comandante do Estado Islâmico foi morto por um ataque aéreo no leste do Afeganistão, disseram oficiais de inteligência neste sábado, na quarta morte de um membro do alto escalão do grupo militante naquela região em menos de uma semana.
Hafez Saeed era o líder do Estado Islâmico no "chamado Estado de Khorasan", segundo a Direção Nacional de Segurança do Afeganistão, referindo-se a um termo antigo para descrever o Afeganistão e o Paquistão.
Ele foi morto com outros 30 militantes enquanto se reuniam no distrito de Achin, na província de Nangarhar, no fim da sexta-feira, disse a agência de inteligência. Nenhum detalhe sobre o ataque aéreo foi divulgado.
Saeed, que era paquistanês, estava entre um pequeno mas crescente número de militantes sêniores do Taliban que juntaram-se ao Estado Islâmico no Afeganistão.
Esses líderes têm sido alvos de ataques de drones norte-americanos, que já mataram três outros comandantes do Estado Islâmico na mesma área na semana passada, incluindo Shahidullah Shahid e Gul Zaman.
(Por Mirwais Harooni)

O ‘campo minado’ de Dilma Rousseff CPI, tribunais analisando irregularidades e impeachment são os desafios da presidenta M. S. Braga: “Oposição deveria parar de agir como criança” F. Azevedo: “Governo tem de recompor sua base no Congresso”

Rousseff durante encontro dos BRICS, na Rússia. / IVAN SEKRETAREV (AFP)
Uma CPI investigando o escândalo da Petrobras, dois tribunais analisando denúncias eleitorais e supostas contas irregulares, além de uma oposição batendo panela ao insistir na tese do impeachment. Tudo isso, aliado à crise econômica que só deve começar a passar no ano que vem e a um Congresso Nacional rebelde, mostra que a presidenta Dilma Rousseff (PT) não terá folga nas próximas semanas. Por mais que diga que não “vai cair”, ela precisará montar uma boa estratégia política para ao menos melhorar sua avaliação popular.
Na última pesquisa de opinião divulgada no início deste mês, Rousseff atingiu o pior índice de popularidade desde o início de seu primeiro mandato: 68% da população avaliam sua gestão como ruim ou péssima. A série de notícias negativas só ampliaram o campo minado que a presidenta tem adiante. Eis o que a aguarda nos próximos dias:

TSE ouve delator

Um dos mais recentes réus confessos a assinar o termo de delação premiada com a Justiça na Operação Lava Jato, o empreiteiroRicardo Pessoa, da Construtora UTC deverá depor no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo no próximo dia 14 de julho no processo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) investiga, a pedido do oposicionista PSDB, se houve abuso do poder político e econômico da  campanha de Rousseff, entre outros aspectos, investiga se seu caixa eleitoral recebeu recursos ilegais na eleição do ano passado.
Aos investigadores que apuram o escândalo da Petrobras, Pessoa afirmou que parte das propinas que pagou para manter contratos com a Petrobras foram mascaradas em forma de doações eleitorais oficiais, que ele também fez ao oposicionista Aécio Neves e a seu vice na chapa, Aloysio Nunes Ferreira. No caso de Rousseff, por exemplo, o delator diz ter pago 7,5 milhões ao tesoureiro de sua campanha, o hoje ministro da Comunicação Social, Edinho Silva. Tanto a presidenta como o ministro negam as irregularidades.
O PSDB deseja que o TSE considere a campanha de Rousseff culpada e anule a eleição do ano passado, convocando novas eleições, um desfecho considerado, por ora, drástico. Por anos, o tribunal vem aprovando prestações de contas de campanha com "ressalvas", mas a coexistência da investigação da Petrobras complica as coisas. Ainda assim, em declarações recentes, integrantes do tribunal dizem que serão necessárias provas "robustas" para anular a eleição.O PT, partido de Rousseff, tentou impedir o depoimento de Pessoa, mas no último dia 8 o Supremo Tribunal Federal autorizou que o empreiteiro depusesse neste caso. Outras três pessoas já falaram na Justiça Eleitoral de São Paulo sobre este caso: os delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que afirmaram terem pago propinas, e Herton Araújo, ex-diretor do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (o IPEA, que é um órgão público, ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presincia da República).  Araújo afirmou que no ano passado foi obrigado a adiar a divulgação de dados sobre o aumento da miséria no Brasil para evitar que eles fossem usados na campanha eleitoral.

TCU julga “pedaladas”

Previsto inicialmente para o próximo dia 21 de julho, o julgamento do Tribunal de Contas da União sobre as finanças do ano passado do Governo Rousseff deve ser adiado por algumas semanas. No entanto, o relatório do ministro Augusto Nardes indica que as contas da Presidência da República deverão ser completamente rejeitadas, o que é algo incomum. Geralmente, a rejeição é parcial e pouco interfere no andamento de uma gestão.
A principal razão para a reprovação seria as “pedaladas fiscais”. A prática consistiu em atrasos, pelo Tesouro Nacional, de pagamentos de compromissos a bancos públicos que precisaram utilizar recursos próprios para pagar beneficiários de despesas do governo, como as relacionadas ao programas Bolsa Família, seguro desemprego e abono salarial. O relatório de Nardes mostra que o levantamento desses recursos junto aos bancos públicos configura operação de crédito, um ato proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Independentemente de quando será julgado, o Governo tem até o dia 21 para apresentar sua defesa. O veredito do TCU será analisado pelo Congresso, mas dificilmente poderia embasar um pedido de impeachment, já que se referem a contas do mandato anterior. De todo modo, os analistas e constitucionalistas repetem que o processo de impedimento tem enorme componente político.

CPI da Petrobras

Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os bilionários desvios de recursos da Petrobras descobertos na Operação Lava Jato convocou os presidentes das duas maiores construtoras do Brasil: Marcelo Odebrecht, da Odebrecht, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez.
Ambos são investigados por pagar propinas a autoridades para garantir contratos com as empreiteiras. Odebrecht é considerado um dos empresários mais próximos ao PT e, se ele resolver mudar sua estratégia de defesa e acusar o partido, pode complicar a vida da presidenta.
Outro convocado para depor foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, homem-forte da gestão Rousseff. No caso dele, o pedido foi porque a Polícia Federal, que é subordinada ao ministro, supostamente grampeou a cela de um dos réus confessos e delatores do esquema ilegal, o doleiro Alberto Youssef.
Há um certo alívio para Rousseff até o momento porque a CPI,  sob influência de aliados dela e outros interessados em trancar as investigações, pouco acrescentou ao que a operação Lava Jato já apurou. Uma parte dos depoentes que vão até ela nada falam e os que falam, praticamente só repetem o que já disseram aos policiais e procuradores federais, apesar de ganhar os holofotes e impor mais desgaste político no noticiário. Para a consultoria internacional Eurasia Group, que analisa o risco político para agentes do mercado financeiro, o maior risco segue sendo a implicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato. Na semana passada, a Eurasia aumentou de 20% para 30% a chance de Dilma Rousseff não terminar o mandato.

Oposição batendo panela

Desde o início deste segundo mandato de Rousseff, as vozes do impeachment e anti-PT ressoam, inclusive reforçados por protestos que, em ao menos duas ocasiões, levaram milhares 'as ruas. As mesas lideranças radicais divulgam uma nova convocatória para o dia 16 de agosto.
Nesta semana, os pedidos de impeachment voltaram a ganharam força após a convenção do partido oposicionista PSDB que reelegeu Aécio Neves para a presidência da legenda. Até o momento, porém, nenhum argumento jurídico definitivo foi apresentado. Os próprios tucanos esperam o andamento dos julgamentos na Justiça Eleitoral e no Tribunal de Contas da União para dar o próximo passo. Enquanto isso, tratam de propalar notícias negativas contra a gestão petista e de dificultar votações no Congresso Nacional sempre que possível.
“Do ponto de vista jurídico o impeachment é possível. Se decretado a irregularidade das contas do Governo, ela [Rousseff] pode ser condenada por crime de responsabilidade. E isso é passível de perda de mandato”, disse o líder da minoria na Câmara, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE).
Para esse parlamentar, a autoconfiança da presidenta não é capaz de evitar um impeachment. “Quando ela chama uma entrevista para dizer que não vai cair, ela chamou o impeachment para sua sala. Para mim, é claro que ela não tem liderança política para sair sozinha dessa crise”.
Já os aliados da petista e a própria presidenta entendem que a ação da oposição é uma tentativa de golpe. “Passaram do limite da legalidade para atingir o limite do golpismo”, afirmou a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR).

Fernando Azevedo: “Governo tem de recompor sua base”

O cientista político Fernando Antônio de Azevedo, professor na Universidade Federal de São Carlos, diz que os principais desafios de Dilma Rousseff diante dessa crise serão recompor sua base no Congresso Nacional e adotar medidas para acelerar o ajuste fiscal.
Pergunta. Dilma Rousseff disse em uma entrevista que não vai cair do cargo. Como o senhor avalia a estratégia dela? Ela se sente segura ou apenas se manifestou para “marcar posição” diante de tantas críticas?
Resposta. O tema do impeachment ressurgiu no último fim de semana na convenção do PSDB e ganhou grande destaque na mídia por ser um evento partidário do maior partido da oposição. Nesse contexto, o governo tinha duas opções: ignorar o assunto, como fez no início do ano, ou reconhecer que o tema entrou na agenda política e reagir politicamente. A entrevista de Dilma, ao lado de outros movimentos, como a reunião com os líderes políticos da base governista e a nota de apoio dos presidentes de partidos aliados, faz parte da estratégia do governo de marcar posição e mostrar que tem ainda apoio e força política suficiente para se contrapor à ameaça de impeachment da oposição.
P. Por qual razão a oposição insiste nessa discussão de impeachment? É uma tentativa de emplacar um terceiro turno, como dizem alguns petistas? O Governo demorou a reagir?
R. A discussão do impeachment nesse momento, em que não há nenhum elemento concreto para tal, interessa mais a Aécio Neves e as correntes mais radicalizadas da oposição do que aos setores mais moderados e com interesses eleitorais a longo prazo, como [Geraldo] Alckmin e [José] Serra. O cenário mais favorável para Aécio seria o impedimento conjunto da Dilma e do [Michel] Temer e a convocação de novas eleições. Sem dúvida, nesse caso, uma nova eleição poderia ser interpretada como um terceiro turno. Além do mais corre o risco de ser vista também como um golpe branco, pois a impressão que se tem é que se procura um pretexto jurídico qualquer para legitimar à vontade política de derrubar o governo.
P. Quais são os próximos grandes desafios da gestão Rousseff? Se defender das pedaladas fiscais? Reverter algumas derrotas no Congresso?
R. Do ponto de vista político acredito que recompor minimamente a base de apoio no Congresso para assegurar a governabilidade; no âmbito do TCU aprovar as contas do governo para sustar a discussão do impeachment e no plano da economia adotar novas medidas que acelerem o ajuste fiscal e a recuperação da confiança dos investidores na economia brasileira.
P. Na sua opinião, como a oposição deveria se posicionar? Deveria insistir na tese do impeachment ou fazer algum outro tipo de contraponto?
R. Como o presidente Fernando Henrique Cardoso publicou no EL PAÍS, em seu artigo “A responsabilidade das oposições”, nada justifica arruinar ainda mais o futuro do país com uma política do quanto pior, melhor. Ao invés disso, a oposição deveria se contrapor ao governo propondo políticas e medidas alternativas, como um governo paralelo (shadow cabinet) a exemplo do que existe na Inglaterra.

Maria Braga:“Oposição deveria parar de agir como criança”

A professora Maria Sousa Braga. / ARQ. PESSOAL
A cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, professora na Universidade Federal de São Carlos, acredita que os opositores de Dilma Rousseff agem como crianças que perderam um jogo. “A oposição deveria se organizar como um time coeso e programático ao redor de um projeto político para o país”, diz.
Pergunta. Dilma Rousseff disse em uma entrevista que não vai cair do cargo. Como o senhora avalia essa declaração? Ela se sente segura ou apenas se manifestou para “marcar posição” diante de tantas críticas?
Resposta. Penso que a presidente manifestou-se com muita propriedade diante de uma conjuntura onde setores até hoje não aceitaram a vitória legítima dela. E precisava fazer isso nessa direção já que tentam por todos os meios deixa-la impedida de continuar no governo.
P. Por qual razão a oposição insiste nessa discussão de impeachment? É uma tentativa de emplacar um terceiro turno, como dizem alguns petistas? O Governo demorou a reagir?
R. O governo é muito maior que essa busca desses setores que buscam instabilizar a ordem pública, e tem outras preocupações. A oposição está buscando um meio de impeachment porque não aceitou a sua própria derrota. E pior, essa postura raivosa e ilegal do ponto de vista das instituições eleitorais, mostra o quanto estão sendo irresponsáveis e nada propositivas. Infelizmente o Brasil está com uma oposição muito fraca programaticamente, e ao não terem o que propor de forma a construir uma alternativa exequível, ao eleitorado tão segmentado como o Brasileiro, ao que tivemos nesses últimos 12 anos resolveram apelar para outros meios. Alguns desses meios parte da própria oposição também lançou mão quando estava no poder. Diria que foram apenas mais hábeis ao conseguirem que a opinião pública não tivesse conhecimento.
P. Quais são os próximos grandes desafios da gestão Rousseff? Se defender das pedaladas fiscais? Reverter algumas derrotas no Congresso?
R. Os grandes desafios da presidente é manter as conquistas sociais alcançadas ao longo dos anos petistas e buscar equilibrar as contas públicas. Todos os aspectos dos quais a oposição busca lançar mão para desestabilizar o governo dependem de ações políticas e menos da presidente, com certeza a parte dela já está em desenvolvimento tendo em vista a distribuição de cargos que vem ocorrendo para os partidos aliados, especialmente para o PMDB.
P. Na sua opinião, como a oposição deveria se posicionar? Deveria insistir na tese do impeachment ou fazer algum outro tipo de contraponto?
R. A oposição deveria parar de agir como uma criança que não sabe perder um jogo. Em vez disso deveria se organizar como um time coeso e programático ao redor de um projeto político para o país. E sempre que necessário criticar e também propor alternativa aquilo que não concorda, visando não as ambições pessoais de algumas lideranças mas o bem comum. de uma República.

“São Paulo está menos desigual, mas elites estão mais segregadas” Para Eduardo Marques, da USP, desafio é melhorar qualidade de serviços públicos “Casa popular em áreas nobres, não!”

O professor da USP, Eduardo Marques.
São Paulo, a maior metrópole da América Latina, mudou nos últimos 20 anos. As elites se tornaram ainda mais segregadas e as classes médias e baixas se misturaram mais, num processo intimamente relacionado com o crescimento econômico, a distribuição de renda e o investimento governamental em políticas públicas nas áreas periféricas. A análise é parte do livroA metrópole de São Paulo no século XXI: espaços, heterogeneidades e desigualdades (Ed. Unesp/CEM), organizado pelo professor de ciência política da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Marques, pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole (CEM).
Para ele, o desafio da metrópole (e do país como um todo) é dar o passo seguinte ao da expansão universal das políticas públicas: melhorar a qualidade dos serviços ofertados, além de tornar a cidade mais compacta e criar subcentros de qualidade urbanística.
Pergunta: O livro mostra que as desigualdades diminuíram em São Paulo. Como foi esse processo?
Resposta: Nos últimos 20 anos, o período analisado, as desigualdades reduziram na cidade, mas se recompuseram. Elas foram organizadas em torno de outras dimensões, diferentes das de antes. A década de 90 foi muito negativa, em termos econômicos e sociais, mas a década de 2000, muito positiva. As políticas públicas, sobretudo nas periferias, foram se expandindo cada vez mais. Antes havia um problema de falta de políticas e agora há um problema de qualidade delas.

R.
 Uma primeira dimensão é essa questão do acesso aos serviços. As desigualdades de gênero tenderam a se reduzir, mas as desigualdades raciais permaneceram. Os padrões gerais de segregação socioespacial na metrópole permaneceram relativamente estáveis. Tem aí um padrão de evitação e de segregação muito forte. As elites estão mais segregadas. As elites brancas mais segregadas ainda. E os grupos de menor renda e médios estão mais misturados. P. Em quais dimensões essas desigualdades se recompuseram?
P. As periferias se tornaram mais heterogêneas. Isso significa que as classes mais altas estão expulsando os pobres para mais longe?
R. Não. O que a gente tem na maior parte das periferias é uma combinação de três processos que não temos como separar. Primeiro, o processo de mobilidade ascendente, de baixa envergadura: filhos de trabalhadores manuais desqualificados não foram transformados em profissionais de nível alto e, sim, numa certa classe média baixa. Segundo, o processo de transformação dos próprios espaços, principalmente pela ação do Estado provendo infraestrutura —é um processo que ainda não está completo porque falta muito investimento para que as periferias tenham um padrão comparável ao conjunto da cidade, mas elas vêm melhorando muito; e tem uma terceira dimensão associada com a produção imobiliária pelo setor privado: na última década, especialmente em periferias consolidadas, nos subcentros, aconteceu uma atividade imobiliária expressiva do setor privado, orientada para a classe média baixa. Há ainda um quarto elemento, que é a presença nesses lugares dos condomínios fechados, que também produzem uma heterogeneização da periferia.
P. Você se refere aos condomínios de regiões como Barueri, Alphaville...
A sociedade brasileira continua sendo fortemente hierárquica e alguns grupos tentam experimentar uma sensação de exclusividade, se afastando da cidade. Isso não é só no Brasil. O fenômeno do condomínio fechado é das Américas e do Sudoeste da Ásia. Na Europa se tem muito pouco.
R. Isso. E mesmo nessas regiões há uma heterogeneidade razoável. Tem condomínios padrão de classe AAA, de altíssimo padrão. Mas também loteamentos com um padrão de classe média.
P. Por que a elite procurou se fechar em condomínios?
R. Primeiro pelo medo da violência e pela sensação de risco, que são fenômenos distintos da violência em si. Segundo, pela busca de um padrão de exclusividade. A sociedade brasileira continua sendo fortemente hierárquica e alguns grupos tentam experimentar uma sensação de exclusividade, se afastando da cidade. Isso não é só no Brasil. O fenômeno do condomínio fechado é das Américas e do Sudoeste da Ásia. Na Europa se tem muito pouco. A expressão em inglês para isso é gatedcommunity [comunidade murada]. Mas no caso norte-americano se tem uma ideia de community [comunidade] mesmo, com atividades que são comuns entre os moradores. Existe lá um condomínio na Flórida, para aposentados, com uma marina, e as pessoas que gostam de velejar se aposentam e vão morar lá para praticar uma atividade em comum. No caso brasileiro, o grau de comunidade nesses lugares é muito próximo do zero. O espaço público e as áreas de uso comum não são utilizadas. Não há nem calçada para pedestres.
P. Porque isso acontece no Brasil?
R. Pelo medo da violência e pela busca de uma sensação de exclusividade.
P. Uma certa parte da população hoje protesta contra equipamentos que poderiam democratizar seus espaços, como o metrô de Higienópolis, a abertura da avenida Paulista aos domingos, as ciclovias...
R. Contra essa questão do Plano Diretor do uso misto (comercial e residencial num mesmo bairro)... As áreas habitadas pela elite, em geral, se tornaram ainda mais exclusivas, mais homogêneas. A proporção relativa de elites morando em área de elite aumentou nessas duas décadas.
P. E abrir a Paulista aos domingos e criar um espaço gratuito para que diversas classes possam conviver, por exemplo, pode ser uma forma de reverter essa tendência de exclusividade?
R. Abrir o espaço público e produzir mais vida nesse espaço público é uma dimensão positiva, certamente. É louvável e deve ter todo o apoio político possível. Mas eu não sei se isso é exatamente uma solução para esse problema. O combate à segregação passa por produzir políticas que tornem a cidade mais compacta, constituam subcentros de qualidade urbanística em outros lugares, melhore os transportes, especialmente o público. Para que a cidade melhore tem que combinar essas políticas, como as que a prefeitura vem fazendo com o Plano Diretor, com as políticas de transporte. A segregação produz um efeito de distanciamento muito grande dos grupos.
P. A segregação produz o preconceito entre as classes?
Se for um ajuste com uma intensidade e uma duração similar ao dos anos 90, pode se ter efeitos muito negativos. (...) O mercado de trabalho piora, as pessoas têm menos renda. Então, as soluções habitacionais se tornam mais precárias, a favelização aumenta, o encortiçamento aumenta...
R. Uma coisa é irmã da outra. A segregação produz o preconceito, mas também é produzida por ele. E tudo o que estamos falando agora são processos de transformação bastante lentos. Mexer na segregação e, especialmente, no preconceito, leva muito tempo. Não são transformações que acontecem da noite para o dia.
P. É possível projetar o que acontecerá daqui pra frente, com a crise econômica e os ajustes?
R. É muito arriscado fazer esse exercício, porque depende da duração e da intensidade dos ajustes. Se for um ajuste com uma intensidade e uma duração similar ao dos anos 90, pode se ter efeitos muito negativos. Mas isso depende muito do tamanho e da extensão da duração.
P. Esses efeitos negativos, em termos espaciais, se configurariam como?
R. Eles têm a ver, por um lado, com a redução de uma disponibilidade de recurso para políticas, um aumento da redução do ritmo de melhora da infraestrutura porque o Estado tem menos recurso para as políticas, nos três níveis de Governo. E, além disso, o mercado de trabalho piora, as pessoas têm menos renda. Então, as soluções habitacionais se tornam mais precárias, a favelização aumenta, o encortiçamento aumenta...

Papa quebra protocolo e faz parada em presídio no Paraguai

Papa foi recebido por centenas de pessoas no Paraguai (foto: ANSA)
Papa foi recebido por centenas de pessoas no Paraguai (foto: ANSA) ASSUNÇÃOZGT
(ANSA) - O papa Francisco quebrou o protocolo e fez uma rápida parada em frente ao presídio feminino Bom Pastor, após desembarcar nesta sexta-feira (10) em Assunção, no Paraguai.

Passando com o papamóvel por diversas estradas da capital, ele foi saudado por centenas de paraguaios pelo caminho. No centro de detenção, ele viu um coral com mais de 50 presidiárias entoando cantos religiosos.

Jorge Mario Bergoglio foi até a Nunciatura da capital e de lá segue para uma visita de cortesia ao presidente local, Horacio Cartes, no palácio presidencial. O argentino fará um discurso à população após o encontro.

Essa é primeira visita de um Pontífice ao país desde 1988, quando João Paulo II foi ao Paraguai. (ANSA)http://www.papafrancesconewsapp.com/por
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Trégua humanitária entra em vigor no Iêmen


Uma trégua humanitária entrou em vigor no Iêmen nesta sexta-feira para que uma ajuda de urgência chegue aos civis vítimas do violento conflito no país, que enfrenta a ameaça da fome
Uma trégua humanitária entrou em vigor no Iêmen nesta sexta-feira para que uma ajuda de urgência chegue aos civis vítimas do violento conflito no país, que enfrenta a ameaça da fome.
A pausa nos combates teve início às 23h59 de sexta-feira (17h59 de Brasília) e seguirá até o fim do Ramadã, em 17 de julho.
O anúncio ocorre oito dias após as Nações Unidas declararem no Iêmen o nível 3 de emergência humanitária, o maior em sua escala, com cerca da metade das regiões do país enfrentando uma crise alimentar.
"É imperativo e urgente que a ajuda humanitária chegue às pessoas vulneráveis do Iêmen sem obstáculos e através de uma pausa humanitária incondicional", disse na quinta-feira o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, recebeu garantias dos rebeldes xiitas huthis e de outras partes de que "a pausa será respeitada completamente e que não irão ocorrer violações de nenhum combatente sob seu comando", acrescentou.
Mais de 21,1 milhões de pessoas, mais de 80% da população do Iêmen, precisam de ajuda humanitária, com 13 milhões sofrendo com escassez de alimentos, enquanto outros 9,4 milhões têm dificuldades para ter acesso à água.
O caos no Iêmen se aprofundou depois que a coalizão árabe, liderada pela Arábia Saudita, lançou bombardeios no fim de março para evitar o avanço dos rebeldes huthis, que levaram o presidente Abedrabbo Mansour Hadi ao exílio e são apoiados pelo Irã.
A Arábia Saudita e seus aliados do Golfo exigem que os huthis retrocedam no território tomado em sua ofensiva e que Abedrabbo Mansour Hadi volte ao poder.

Líder sérvio é perseguido por multidão enfurecida em cerimônia de Srebrenica

Por Daria Sito-Sucic e Maja Zuvela
POTOCARI, Bósnia (Reuters) - Uma multidão atirando garrafas e pedras perseguiu o primeiro-ministro da Sérvia em um cerimônia na Bósnia neste sábado que marcava o vigésimo aniversário do massacre de Srebrenica, destacando o grau de rancor com a contínua negação de Belgrado de que houve um genocídio.
Guarda-costas escoltaram Aleksandar Vucic através de enlutados enfurecidos que gritavam e vaiavam, enquanto uma multidão subiu a colina atrás da delegação, que corria para seus carros. Uma fonte do governo bósnio disse que a delegação havia deixado o local.
A cena marcou uma cerimônia para comemorar o dia em que Srebrenica, designada como um refúgio seguro pelas forças de paz das Nações Unidas, foi invadida pelas as forças bósnias da Sérvia nos meses finais da guerra que durou de 1992 a 1995.
Cerca de 8.000 homens e meninos muçulmanos foram executados ao longo dos cinco dias seguintes, com seus corpos jogados em covas, apenas para serem desenterrados meses mais tarde e espalhados em túmulos menores em um esforço para ocultar o crime. Mais de mil ainda não foram encontrados.
Os restos de 136 vítimas identificadas recentemente foram enterrados neste sábado.
A Sérvia, que apoiou as forças bósnias da Sérvia com homens e dinheiro durante a guerra, conseguiu na semana passada que a sua aliada Rússia vetasse uma resolução da ONU com apoio britânico que teria condenado a negação de Srebrenica como genocídio, como um tribunal da ONU decidiu que era.